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II. TEORIAS DE MASLOW SOBRE GERENCIAMENTO

3.10. Problemas no Comando

O gerente deve estar atento e reconhecer todos os fatos ocorridos durante o projeto. Deve saber decifrá-los, conhecendo seus tipos e para cada tipo, seus remédios, estudar os aspectos da natureza humana, suas motivações, frustrações e necessidades.

Sun Tzu (500 a.C.) fez observações quanto aos problemas de comando e seus impactos, que vão de encontro aos estudos de Maslow (1962) sobre os problemas identificados nas empresas.

“Quando as suas tropas se mostram desordenadas, o seu general não goza

de prestígio”. (SUN TZU, 500 a.C.).

“Quando as suas bandeiras e estandartes se agitam sem cessar, é porque

se encontra desorganizado”. (SUN TZU, 500 a.C.).

“Se os oficiais se mostram irritados, é porque estão exaustos”. (SUN TZU,

500 a.C.).

“Quando o general se agarra a planos desnecessários, todos ficam cansados”. (CH’EM HÃO Ibid. SUN TZU, 2004).

“Quando não existe consistência na administração e nas ordens, o moral dos homens cai, e os oficiais exaltam-se em excesso”. (CHANH YÜ Ibid.

SUN TZU, 2004).

“Quando os soldados se reúnem em pequenos grupos e sussurram entre si, tudo indica que o general já não tem a confiança da sua gente”. (SUN TZU,

500 a.C.).

“Prêmios demasiado freqüentes indicam estar o general no fim das suas capacidades; castigos demasiado freqüentes indicam estar profundamente aflito”. (SUN TZU, 500 a.C.).

“Quando os oficiais lidam com os homens a princípio violentamente e mais

tarde deles se mostram temerosos, o limite da indisciplina foi alcançado”.

(SUN TZU, 500 a.C.).

Nas guerras existem sinais que podem identificar a real situação de um exército, mesmo que muitos estejam inertes a esta percepção. Maslow (1962) identificou sinais que também podem identificar as situações nas empresas, o que chamou de “resmungos” e “metarresmungos”. Ele observou que os tipos de reclamações existentes em uma empresa ou setor poderiam determinar o seu grau de evolução e o grau de evolução das pessoas nos diversos níveis motivacionais. O que a pessoa deseja tende a ser aquilo que está além dela na hierarquia motivacional, ou seja, se as necessidades básicas forem satisfeitas, elas são ignoradas e novas necessidades são identificadas.

Esses níveis estão relacionados aos níveis da hierarquia das necessidades. Nos níveis mais baixos, na base da pirâmide, dizem respeito a frio, umidade, riscos à vida, fadiga, falta de abrigo, todas essas necessidades biológicas básicas. Nos níveis mais elevados, no topo da pirâmide, diz respeito à dignidade, autonomia, respeito próprio,

respeito pelo outro, sentimentos de valor, questões relacionadas a receber elogios, recompensas e crédito pelas realizações e coisas do gênero. As reclamações de nível mais elevado são chamadas por Maslow (1962) de metarresmungos.

Não existe limite para as necessidades humanas, ou seja, assim que elas vão sendo satisfeitas, novas necessidades surgem, e assim sucessivamente, está relacionado com a evolução do ser humano. Portanto, na implantação ou migração para a gerência esclarecida, não se deve esperar que as reclamações cessem, pois isso jamais ocorreria. As reclamações de alto nível devem ser usadas para indicar todas as pré-condições que foram satisfeitas para tornar a reclamação possível.

A coleta dessas informações na empresa pode ser de extrema importância para determinar valores que, muitas vezes, não está em conformidade com o que se imaginava, ou seja, pode fornecer ricas informações sobre a real situação do foco em questão, como opinião de clientes, funcionários, nível de um determinado setor e da empresa como um todo.

“Eu acho que posso generalizar que a saúde ou o nível de desenvolvimento de qualquer organização humana interpessoal pode, em tese, ser julgado por esta mesma técnica de classificação do nível das reclamações e resmungos na hierarquia”. (MASLOW, 2001).

IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Três obras de épocas bem distintas. “A Arte da Guerra” escrito há mais de dois milênios por Sun Tzu (500 a.C.) e, “O Príncipe” escrito há quase meio milênio por Maquiavel (1532), apresentam grandes similaridades nas abordagens sobre comportamento humano em situações críticas de guerra. “Maslow no gerenciamento” escrito há quase meio século por Maslow (1962) apresenta a análise das relações entre liderança e comportamento humano sob diferentes perspectivas e seu impacto para a sociedade. As obras de períodos remotos foram relacionadas e complementadas entre si e analisadas em relação a um aspecto do cotidiano, o Gerenciamento de Projetos. Tal relação foi possível devido à existência de um ponto fundamental em guerras, projetos ou qualquer outra situação que demande ações para conquista de objetivos, o de que empreendimentos são essencialmente realizados por pessoas.

As obras de Sun Tzu (500 a.C.) e Maquiavel (1532) ganharam repercussão em todo o mundo não somente para assuntos relacionados à guerra, mas também para estratégias que envolviam concorrências e conflitos diretos no mundo empresarial. As passagens escritas de forma simples e de tom filosófico conseguiram chamar a atenção para pontos extremamente importantes, que aconteciam nas guerras, mas também em várias situações do cotidiano. E se tais conceitos eram utilizados em cenários tão críticos e complexos como as guerras, onde as atitudes do comando definiam o destino dos impérios e a vida ou morte das pessoas, eles também seriam relevantes o suficiente para serem aplicados em diversas outras áreas e situações.

Mas a abrangência das passagens não estava restrita somente a situações de confronto direto, como as próprias guerras ou as concorrências, mas também às que lidam com qualquer adversidade, qualquer situação que envolva uma meta e exija o esforço e a organização de pessoas para alcançá-las, e o Gerenciamento de Projetos se encaixa neste contexto. Como foi dito, as passagens chamam atenção para pontos centrais de alta importância que podem ser abstraídos para vários conceitos mais específicos e detalhados, porém, a essência é mantida. Ao relatarem, por exemplo, para as guerras e batalhas, a importância da prevenção de problemas, o mapeamento das possíveis vantagens de batalha e a definição de estratégias para garantia da vitória com o menor esforço possível, abordam aspectos que vão diretamente de encontro ao Gerenciamento de Riscos e aos Planos de Gerenciamento do Projeto. Esses estruturam e detalham as particularidades de tais assuntos para a visão do Gerenciamento de Projetos, mas em essência, também visam minimizar ao máximo os improvisos, identificar as oportunidades e garantir que os esforços

sejam aplicados de forma eficaz. As passagens abaixo apresentam alguns dos exemplos dos autores.

“Aquele que se revela superior na resolução de dificuldades, fá-lo antes de elas surgirem. Aquele que se revela superior no vencer os inimigos, triunfa antes de as ameaças começarem’”. (TU MU Ibid. SUN TZU, 500

a.C.).“Filopémenes, príncipe dos Aqueus, entre as qualidades que os

escritores lhe atribuem, estava a de que em tempos de paz não deixava nunca de pensar na arte da guerra. E quando se achava no campo com os amigos, ponderava: “Se os inimigos estivessem ali, naquele monte, e o nosso exército estivesse onde estamos, quem teria vantagem? Como atacá- lo, mantendo nossas tropas em ordem? Se tivéssemos de nos retirar, como deveríamos fazer? E se eles se retirassem, iríamos ao seu encalço? ”Formulava, assim, todas as hipóteses que pode enfrentar um exército em campanha, dava suas opiniões e ouvia a de seus companheiros. Discutia. E o fazia de tal maneira que, quando comandava exércitos, sempre tinha saída para qualquer imprevisto”. (MAQUIAVEL, 1532).

“Porque obter uma centena de vitórias numa centena de batalhas não é o cúmulo da habilidade. Dominar o inimigo sem o combater, isso sim é o cúmulo da habilidade”. (SUN TZU, 500 a.C.).

Muitos dos fatores de sucesso para os “projetos guerra”, de mais de dois milênios, continuam sendo essenciais também para os projetos da atualidade. Compreensão do comportamento humano e conceitos como organização, estratégia, respeito, dignidade, perseverança e amor pelo que fazem, continuam e continuarão fazendo a diferença para aqueles que buscam o sucesso e a prosperidade como líderes.

Enquanto as obras de Sun Tzu (500 a.C.) e Maquiavel (1532) se destacaram pela simplicidade dos conceitos e a abstração, os trabalhos e pesquisas de Maslow (1962) seguiram o caminho inverso, se aprofundando no campo do comportamento humano e da liderança.

Sem aceitar superficialidades, Maslow (1962) mudou a forma de pensar de autores e pesquisadores e criou uma nova perspectiva para motivação e potencial humano, onde toda a relação de líderes, liderados e o ambiente e situação onde se encontravam deveria ser analisada. Exigia que se pensasse em um âmbito realmente significativo para essa área e não somente a pequenos e restritos exemplos, como no trecho abaixo em que critica a superficialidade das obras de sua época.

“... são escritos em termos de uma fábrica em particular, de um lugar em particular ou de um grupo de 20 pessoas em particular; todos esses autores e pesquisadores têm que aprender a pensar em termos de dois bilhões de

pessoas e de 20 gerações ao invés de pensar em termos das operações de um pequeno armazém que estão gerenciando”. (MASLOW, 1962).

Neste trabalho, além de contribuir com vários exemplos e observações sobre aspectos da natureza e comportamento humano, Maslow (1962) permitiu que as referências de Sun Tzu (500 a.C.) e Maquiavel (1532) fossem analisadas com mais profundidade e cuidado.

Assim como as teorias de Peter Druker (1954) e outros autores citados por Maslow (1962) estavam restritas à existência de condições favoráveis, com predomínio dos Valores- B, como a verdade, a beleza, o amor, a integridade e a plenitude (ligadas ao topo de sua hierarquia das necessidades), alguns dos relatos de Sun Tzu (500 a.C.) e Maquiavel (1532) podem pressupor condições opostas, relacionadas à base de sua pirâmide. E, embora a importância e a relevância dos trabalhos dos autores sejam aplicáveis a vários contextos, é importante analisar a situação, as condições e as possíveis relações envolvidas, evitando-se a aplicação errônea e a adoção de verdades absolutas. Maslow (1962) enfatizou em seu trabalho a necessidade dessa análise minuciosa, o que chamou de “exigências objetivas da situação”, segundo ele, o principal determinante de uma política de liderança ou de seguidores, que é reforçada por uma teoria mais recente, a da Liderança Situacional (HERSEY; BLANCHARD, 1986) que preconiza a consideração das circunstâncias da situação para tomada de decisão do líder.

Maslow (1962) tinha uma meta para mudar o mundo, mas como dito pelo próprio autor, ela poderia ser utópica ou revolucionária. A complexidade no campo das relações humanas, suas aspirações, medos, necessidades e os aspectos que determinam suas motivações, fraquezas e potencialidades exigem que esforços sejam empregados para a melhor compreensão desses fatores e seus impactos no cenário mundial. Nesse contexto, o Gerenciamento de Projetos tem papel importante visto sua representatividade na economia global envolvendo pessoas dos mais variados perfis, culturas, países e classes sociais. Compreendendo melhor a natureza humana, é possível pensar em uma sociedade melhor onde a relação de líderes e liderados se completam em direção a essa meta tão audaciosa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DRUKER, Peter F. Principles of Management. Harper & Row. Nova York. 1954.

GOLDRATT, Eliyahu M.; COX, Jeff. A Meta: um processo de melhoria contínua. Tradução de Thomas Corbett Neto. Editora Nobel. São Paulo. 2002.

HERSEY, P. Blanchard, K. Psicologia para administradores: a teoria e as técnicas da

liderança situacional. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1986.

MACHIAVELLI, Nicoló Di Bernardo Dei. O Príncipe. Tradução de Brasil Bandecchi. Editora Centauro. São Paulo. 2001.

MASLOW, Abraham H. Maslow no Gerenciamento. 1ª Reimpressão. Qualitymark. Brasil. 2001.

MCGREGOR, Douglas. The Human Side of Enterprise. Hill Book. Nova York. 1960. PMI. PMBOK – Project Management Body of Knowledge. 3 ed. USA. PMI. 2004.

SANTOS, Gustavo O.; PABST, Glauco D. Gerenciamento de Projetos por Sun Tzu e

Maquiavel. Artigo Apresentado no Seminário sobre Gerenciamento de Projetos.

Universidade Federal do Rio de Janeiro - SEGRAC. Rio de Janeiro. 2007.

TZU, Sun. A Arte da Guerra. Título original: The Art of War. Tradução de Pietro Nasseti. Editora Martin Claret. São Paulo. 2004.

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS

http://pt.wikipedia.org/wiki/Abraham_Maslow. Abraham Maslow, acessado em 10/09/2007. http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_Maquiavel. Nicolau Maquiavel, acessado em 10/09/2007.

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