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II. TEORIAS DE MASLOW SOBRE GERENCIAMENTO

3.3. Relacionamento com a Equipe

Uma das mais gratificantes e compensadoras habilidades que um gerente de projeto pode adquirir é a de obter a excelência e a satisfação de sua equipe. Todo projeto é formado por pessoas (sempre) e seu sucesso ou fracasso está, na grande maioria das vezes, relacionado à capacidade de se obter as maiores virtudes de cada integrante concomitantemente à sinergia do grupo.

“Porque esse general considera os seus homens como crianças e eles marcharão a seu par até os mais profundos dos vales. Trata-os como filhos amados, e eles morrerão a seu lado”. (SUN TZU, 500 a.C.).

“Se lhes quiser deste modo, deles obterá toda a sua força. Tal como o visconde de Ch’u, a quem bastava uma palavra para que os seus soldados se sentissem como que envoltos em roupagens de seda”. (LI CH’ÜAN Ibid. SUN TZU, 2004).

“No tempo dos Estados Guerreiros, sendo Wu Ch’i general, comia a mesma comida e usava as mesmas roupas que os menos classificados dos seus soldados. Na sua cama não havia esteira, quando marchava fazia-o a pé e não no seu cavalo, e ele próprio carregava as suas rações de combate. Compartilhava a exaustão e o esforço com os seus homens”. (TU MU Ibid. SUN TZU, 2004).

“[...] É por isso que o Código Militar diz: ‘No exército, o general deve ser o primeiro quanto a esforços e fadigas. Durante o calor do verão, não se protege com guarda-sóis, e no frio do inverno, não enverga roupa quente. Nos pontos perigosos, desmonta e caminha. Espera que os poços para as tropas tenham sido abertos e só depois bebe, que as tropas tenham comido para, então, comer, que as defesas estejam prontas antes de se abrigar’”. (CHANG YÜ Ibid. SUN TZU, 2004).

Um gerente que demonstra seu real e sincero envolvimento, compartilhando das mesmas dificuldades e alegrias, permitindo-se conhecer cada um suas habilidades e limitações, se tornando realmente parte integrante da equipe é capaz de obter sua cumplicidade e dedicação, de distribuir as pessoas no que elas fazem e se identificam melhor.

“Escolhe os seus homens para que explorem a situação”. (SUN TZU, 500

a.C.).

“[...] Os valentes lutam, os cautelosos se defendem e os sábios aconselham. De nenhum se perde o talento”. (LI CH’ÜAN Ibid. SUN TZU, 2004).

“O melhor método para se empregarem homens consiste em utilizar os avarentos e os estúpidos, os inteligentes e os corajosos, responsabilizando cada um de acordo com as situações que mais convenham ao seu modo de ser. Selecionem-se segundo as suas capacidades”. (CHANG YÜ Ibid. SUN

TZU, 2004).

“Deve ainda um príncipe mostrar-se amante das boas qualidades e exaltar aqueles que se destacarem em qualquer arte. A par disso, deve incutir nos seus súditos de confiança para com tranqüilidade exercerem suas atividades, no comércio, e na agricultura, ou em qualquer outro ofício, de modo que, primeiro, não tema de aprimorar sua propriedade com receio de perdê-la e, segundo, não deixe de desenvolver seu comércio devido ao fantasma dos impostos”. (NICOLAU MAQUIAVEL, 1532).

“Nas épocas próprias do ano deve proporcionar ao povo festas e se faz necessário que o príncipe demonstre interesse por elas, visitando-as algumas vezes, como prova de carinho e munificência, porém, conservando, em todos os momentos, sua dignidade e sua majestade”. (NICOLAU

MAQUIAVEL, 1532).

“Todo o tipo de caráter, todo tipo de habilidade, de talento, de inteligência pode ser usado e deve ser usado; na verdade, este é um pré-requisito para a mudança social total”. (MASLOW, 2001).

Em uma equipe onde as pessoas respeitam e admiram a liderança, que estão envolvidas com as metas do projeto e realmente se sentem parte importante e essencial dele, elas tendem a se motivarem, a serem mais criativas, a se compreenderem dentro do contexto, a assumirem responsabilidades, a respeitarem e contribuírem com as demais pessoas do grupo. Em equipes com essas características predomina a sinergia frente ao individualismo, ao egoísmo, o foco passa a ser os objetivos do projeto e as pessoas se sacrificariam por eles, caso fosse necessário. Porém, este pensamento não é compartilhado por todos os gerentes, e muitos, por vaidade, incompetência ou outros fatores, se restringem

a delegar, ficando distantes das realizações e tolhendo-se de uma das maiores conquistas de um líder: o respeito e admiração de sua equipe.

Sobre a motivação das pessoas para determinado desafio, Maslow (1962), relata a eficiência em se criar metas em que as pessoas sejam capazes de se identificarem, de se envolverem. Ele também dá exemplos conhecidos sobre situações de guerra, onde o indivíduo está acima de qualquer egoísmo, colocando a própria vida em risco em nome de uma causa na qual considera nobre. Onde existe patriotismo perfeito, assim como o conhecimento de todos os fatos e onde cada um tenha a mesma meta final de vitória, as pessoas usam a si mesmas e suas capacidades singulares da melhor forma possível, em direção à meta final da vitória, mesmo que isso signifique autossacrifício. Certamente que isto está centrado no problema e não no ego, a prioridade passa a ser o que é melhor para a solução do problema ou para a realização da meta, em vez de o que é melhor para “meu” ego ou para “minha” pessoa.

Voltando aos exemplos da guerra, o soldado não é um indivíduo observado isoladamente, ele é parte de algo maior, ele toma para si a representatividade de sua causa, e se sente importante, determinado, devotado, orgulhoso. O líder habilidoso é capaz de estabelecer, engrandecer e incentivar a representatividade de seus objetivos, se neles ele acredita e faz acreditar, aumenta suas chances de sucesso.

“Este é um remédio fácil para a auto-estima: tornar-se parte de algo importante. Quando você pode dizer ‘Nós, psicólogos, provamos que...’ você participa da glória, do prazer e do orgulho de todos os psicólogos”.

(MASLOW, 2001).

Maslow (1962) ainda afirma que esta identificação com causas importantes ou com tarefas importantes, esta identificação com elas e sua introjeção fazendo o “eu” crescer e tornando-o importante é também uma forma de superar faltas existenciais verdadeiras, como, por exemplo, falta de Q.I., de talento e de habilidade. Ele dá o seguinte exemplo: a ciência é uma instituição, com divisão de trabalho e coleguismo e exploração de diferenças ‘caracterológicas’, esta é uma técnica para transformar pessoas não criativas em criativas, para permitir que homens não-inteligentes se tornem inteligentes, que homens pequenos se tornem grandes, que homens limitados se tornem eternos e cósmicos. Qualquer cientista deve ser tratado com certo respeito, não importa o quão insignificante seja em termos de contribuição, porque ele é membro de uma grande empresa e demanda respeito por sua participação nela. Ele a representa, por assim dizer. Ele é embaixador. O embaixador de uma potência é tratado diferentemente do embaixador de um país estagnado, ineficiente, ineficaz e corrupto, embora ambos sejam indivíduos com limitações individuais.

O mesmo se aplica a um único soldado que é membro de um exército grande e vitorioso em contraste com um único soldado membro de um exército derrotado. Então, todos os cientistas, intelectuais e filósofos embora sejam figuras limitadas se consideradas isoladamente, coletivamente são muito importantes. Eles representam um exército vitorioso, estão revolucionando uma sociedade; estão preparando o novo mundo. Então se tornam heróis pela participação em empresas heróicas. Eles encontraram uma forma de fazer com que homens pequenos se tornem grandes. E uma vez que hoje, no mundo, só existem homens pequenos (em vários graus), talvez alguma forma de participação ou identificação com uma causa válida pode ser essencial para qualquer ser humano apresentar autoestima forte e saudável. “(É por isso que trabalhar em uma ‘boa’ empresa [prestígio, produto bom, etc.] é bom para a auto-estima)”. (MASLOW, 2001).

No âmbito da gerência esclarecida, o maior desafio para os projetos e a empresa é fazer com que as metas do indivíduo se fundam com as metas da organização. As metas elaboradas superficialmente pelo topo da empresa, na maioria das vezes chegam à sua base de forma inadequada e sem significado.

Maslow (1962) faz uma analogia sobre condições sociais e ambientais ruins, sinergia, e as duas concepções hindus do Buda.

“... é perceber que implica uma fusão em uma das diferentes concepções hindus do Buda. Uma é da pessoa que busca sua auto-realização sozinha, de forma privada e egoísta, e busca o nirvana para si, concentrando-se em si mesma. A outra, sustenta a lenda que diz que Buda chegou aos portões do nirvana era tão não-egoísta que não entrou, pois achava que só poderia fazê-lo quando as outras pessoas também conseguissem alcançar tal estágio e então ele voltou do nirvana para ensinar e ajudar às outras pessoas”. (MASLOW, 2001).

O gerente de projetos deve ser exemplo para a valorização das metas do grupo sobre as metas individualistas, planejando metas nas quais a equipe possa se identificar e, concomitantemente, o objetivo do projeto possa ser alcançado.

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