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Capítulo 4 Método

4.3 Etapa 3 Busca de evidências de validade psicométrica

4.3.2. Procedimento de análise dos dados

Inicialmente, foram construídos dois aquivos de dados no software estatístico

EANAHES-Professor e outro a EAIHES-Estudante. Após o lançamento manual das respostas dos participantes no SPSS, foram investigados os possíveis problemas de digitação e

inconsistências na tabulação das informações coletadas, por meio de histogramas e gráficos de caixa. Foram observados também a distribuição das variáveis, dados extremos e omissos. (Dancey & Reidy, 2006).

Cabe mencionar que as respostas da pergunta aberta, presentes em ambas as escalas, tinham um caráter opcional de preenchimento. Em virtude da baixa frequência das respostas em relação ao valor total das amostras, optou-se por não analisá-las neste estudo, porém estão descritas nos Apêndices M e N. Em momento posterior à organização dos dados, foram realizadas as análises de estatísticas descritivas (média e desvio padrão), que permitiram caracterizar as informações extraídas das dimensões presentes nas escalas. Foram realizados também testes exploratórios para análise da viabilidade da análise fatorial nas duas escalas. O teste de normalidade de Kolmogorov Smirnov foi executado para verificar as premissas de normalidade dos itens das escalas (Field, 2013).

Em seguida, procedeu-se com a análise das estruturas empíricas das escalas, utilizando o método de extração de fatores e fatoração dos eixos principais (Principal Axis Factoring - PAF), com o intuito de identificar o número de fatores que poderiam ser extraídos, assim como a fatorabilidade da matriz de dados, a partir do Teste de Esfericidade de Barrlett’s e valor de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO). Foram testadas as análises com cinco, quatro e três fatores, visando encontrar a melhor solução fatorial nas escalas. Para identificação dos fatores extraídos, foram adotados os seguintes critérios: autovalores (eingevalues) maiores que 1, gráficos de sedimentação (scree plot), mínimo de 3% de variância explicada por fator

(Harman, 1967), além da interpretabilidade do fator. Foi executada também a Análise Paralela de Horn (APH), conforme indicado por Laros (2012), visando comparar os valores empíricos fornecidos pelo PAF e os valores aleatórios obtidos por meio de software RanEigen,

disponível no site www.smishra.faculty.ku.edu/parallelengine.htm (Patil et al., 2007). Dessa forma, foi realizada a Análise Fatorial Exploratória (AFE) a fim de verificar a estrutura fatorial de cada escala. Buscando aumentar a qualidade psicométrica dos

instrumentos sem que houvesse perda do conteúdo semântico, optou-se por excluir todos os itens que não alcançaram cargas fatoriais de 0,30 na EAIHES-Estudantes e de 0,40 na EANAHES-Professor (Hair Jr., Anderson, Tatham & Black, 2009).

Foi utilizado, inicialmente, nas duas escalas, o método PAF com rotação oblíqua (direct

oblimin), visando verificar as correlações entre os fatores. De acordo com Pasquali (2008), este

tipo de rotação é bastante recomendado nas ciências psicossociais, em virtude da mesma não forçar a independência de fatores. No entanto, na EANAHES-Professor, foram testadas as rotações Varimax, uma vez que as correlações entre os fatores eram baixas, e a Promax, uma vez que a rotação oblíqua não viabilizou soluções fatoriais (empírica e teoricamente) satisfatórias. De acordo com Sass e Schimitt (2010), o critério de rotação adotado pode produzir resultados significativos nas correlações entre os fatores e nas cargas fatoriais dos itens. Foram realizadas também análises da consistência interna, a partir do índice de confiabilidade Alfa de

Cronbach.

Além disso, foram realizados testes t de amostras independentes na EAIHES- Estudante, para testar hipóteses quanto às diferenças significativas entre percepções de importância das habilidades de ensino de estudantes dos cursos de Medicina e Enfermagem, assim como daqueles que estudam em IES públicas e privadas. Da mesma forma, foram realizados os testes t na EANAHES-Professor, com o objetivo de verificar diferenças

significativas entre grupos de docentes separados pelas seguintes variáveis: tempo de atuação como docente, cursos que ministram aula, tipo de IES e realização de supervisão de atividades práticas em cenários reais.

importância de estudantes e docentes, uma vez que os itens da escala de pontuação de importância eram os mesmos. Foram consideradas as médias dos fatores presentes nas escalas, assim com um nível de significância estatística de p< 0,05 para as diferenças encontradas. A Tabela 8 apresenta as hipóteses de diferenças entre grupos, as quais servirão de referência para a descrição desses resultados.

Tabela 8.

Relação de hipóteses de diferenças entre grupos

Hipótese Descrição da Hipótese

H1 Haverá diferença entre as percepções de importância das habilidades de ensino de estudantes de Enfermagem (eenf) e estudantes de Medicina (emed).

H2 Haverá diferença entre as percepções de importância das habilidades de ensino de estudantes de IES públicas (epub) e estudantes de IES privadas (epriv). H3 Haverá diferença entre as percepções de importância das habilidades de ensino

de docentes (doc) e estudantes (est).

H4 Haverá diferença entre as percepções de importância das habilidades de ensino de docentes que atuam no curso de Enfermagem (denf) e docentes que atuam no curso de Medicina (dmed).

H5 Haverá diferença entre as percepções de importância das habilidades de ensino de docentes que atuam em IES públicas (dpub) e docentes que atuam em IES privadas (dpriv).

H6

H7

Haverá diferença entre percepções de importância das habilidades de ensino de docentes que possuem até 10 anos de atuação (até10) e docentes que possuem mais de 10 anos de atuação (maisde10).

Haverá diferença entre percepções de importância de docentes que

supervisionam atividades práticas (sap) e docente que supervisionam atividades teóricas (sat).

H8 Haverá diferença entre as autoavaliações de domínio das habilidades de ensino de docentes que atuam no curso de Enfermagem (denf) e docentes que atuam no curso Medicina (dmed).

H9 Haverá diferença entre as autoavaliações de domínio das habilidades de ensino de docentes que atuam em IES públicas (dpub) e docentes que atuam em IES privadas (dpriv).

H10 Haverá diferença entre as autovaliações de domínio das habilidades de ensino de docentes que possuem até 10 anos de atuação (até10) e docentes que possuem mais de 10 anos de atuação (maisde10).

H11 Haverá diferença entre as autoavaliações de domínio das habilidades de ensino entre docentes que supervisionam atividades práticas (sap) e docentes que supervisionam atividades teóricas (sat).

Com o intuito de investigar as demandas de aprendizagem dos docentes, foi realizada uma análise dos fatores das estruturas empíricas das escalas de Domínio e Importância da

EANAHES-Professor. Ambas as escalas possuem os mesmos três fatores (Uso de NTICs, Didática e Ensino em Cenários de Prática), sendo possível gerar médias dos fatores e comparações entre os dados das escalas. Dessa forma, foi possível realizar o cálculo de IPG de necessidades de aprendizagem docente. Para realização do cáculo IPG, foi utilizada a fómula proposta por Borges-Andrade e Lima (1983): N = i x (e - d), sendo N= necessidade de aprendizagem; i = importância; d = domínio; e o valor extremo da escala utilizada. A fórmula gera um índice que contempla a autoavaliação do domínio e da importância nas habilidades de ensino, sugerindo, portanto, que quanto menor o domínio na habilidade de ensino, maior a sua importância, isto é, maior será a necessidade de aprendizagem do docente (Mourão & Abbad, 2016).

Em análise preliminar dos resultados da aplicação da EANAHES-Professor, foram observadas poucas respostas em pontos intermediários das escalas de pontuação de 0 a 10. Dessa forma, para realização do cálculo do IPG, foi realizado um agrupamento dos pontos da escala, por meio do recurso no SPSS recodificação de variáveis, para que, dessa forma, os resultados pudessem variar em uma escala de apenas quatro pontos (0 a 3). Diante dessa recodificação, os escores da aplicação da fórmula podem variar agora de 0 a 9, de modo que zero indica fraca necessidade de aprendizagem e nove forte necessidade de aprendizagem. Foi adotado ainda o critério de Borges-Andrade e Lima (1983), o qual indica que todos os escores iguais ou superiores a 3,5 sinalizam necessidades de aprendizagem. No capítulo seguinte serão descritos os resultados das análises estatísticas realizadas.