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Procedimento de Coleta e Análise dos Dados 103

Capítulo 3 – Tecnologias Assistivas 65

4.7 Procedimento de Coleta e Análise dos Dados 103

4.7.1 Procedimento de Coleta

Inicialmente a pesquisadora entrou em contato com a Associação dos Pais e Amigos dos Autistas – ASAS – para dialogar acerca da sua pesquisa e verificar a disponibilidade da instituição no apoio da indicação dos participantes (díades mãe-criança autista). No momento a pesquisadora foi convidada para participar de uma reunião que seria realizada no dia seguinte com os pais e crianças, ocasião na qual a mesma falou acerca do objetivo da pesquisa e da importância da participação deles.

Nesta reunião foram selecionadas algumas díades, considerando os critérios de inclusão das crianças, já mencionados no item 4.2. As mães deram seus telefones e já foram acertadas algumas visitas. Nesta mesma reunião foi assinado o Termo de Consentimento pela presidente da associação (Anexo 2).

No dia acordado para a aplicação dos instrumentos a pesquisadora entrava em contato com a mãe por telefone, com a finalidade de confirmar a sua ida à residência. Nesta primeira visita solicitou-se que a mãe assinasse o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 3).

Em seguida, dava-se início a aplicação dos instrumentos. Primeiramente aplicava-se o questionário biosociodemográfico e, a entrevista semi-estruturada. Em seguida iniciava- se a filmagem da díade em situação de brincadeira livre, na qual a mãe era solicitada a brincar com seu filho, de forma mais natural possível, com brinquedos pertencentes à criança. Ao final desta sessão era marcado um segundo momento para a realização da segunda filmagem em situação de brincadeira livre.

As observações sistemáticas das duas sessões de brincadeira livre conjuntamente com os conteúdos advindos das interlocuções das mães por meio das entrevistas semi- estruturadas possibilitaram à pesquisadora a elaboração de um programa de computador, para cada criança.

Uma vez desenvolvido o programa era marcado um terceiro encontro em situação de uso do computador. Neste, era explicado à mãe como funcionava o programa e qual a atividade que ela iria realizar com sua criança com a intenção de estimular os episódios interativos mãe-criança. Ao término deste era marcado um quarto encontro em situação de uso do computador para verificar a evolução da interação mãe-criança.

Registra-se que foram realizadas quatro filmagens com cada díade, com duração de 20 minutos, cada uma. É importante destacar que dos 20 minutos de filmagens, apenas os 10 minutos centrais (excluídos os cinco primeiros e últimos) foram considerados.

Após a última filmagem era aplicado o instrumento CARS, com a colaboração da mãe, para medir a gravidade do autismo. E para finalizar entregava-se a cada díade a coletânea de programas para autistas desenvolvida durante a execução deste trabalho.

4.7.2 Procedimento de Análise

Ao término da aplicação dos instrumentos, os dados advindos das entrevistas e das filmagens foram processados, respectivamente, pelo modelo de análise temática proposta por Bardin e pelo CHILDES.

Para analisar os conteúdos apreendidos pelas entrevistas, elaborou-se um plano geral de análise e tratamento dos dados segundo o modelo proposto por Bardin (2010), constituído por: (i) Corpus (06 entrevistas); (ii) Leitura Flutuante (primeira leitura de todo o material coletado, sem grande controle para, em seguida, deter-se em leituras mais

orientadas e concisas); (iii) Codificação das Unidades de Análise (codificação dos temas por unidade de registro); (iv) Categorias e Subcategorias (categorização do corpus) e (v) Tratamento dos Resultados (descrição e interpretação das categorias). Por fim, os dados quantitativos, que se referem às frequências simples e percentuais foram computadas a partir das co-ocorrência das unidades temáticas, e tratadas através do programa Excel 2007.

No que se refere ao procedimento de análise das observações em brincadeira livre e computador, inicialmente foi realizado um levantamento das categorias advindas das observações tomando como base as filmagens, os objetivos deste estudo e a literatura específica (Salomão, 1985, 1996, 2010; Nunes, Cunha e Nogueira, 1993; Pine, 1994; Medeiros, 2010). Para realização desta fase foram delineadas três etapas, a saber: (i) Transcrição das observações em brincadeira livre e computador; (ii) Inferência das categorias e subcategorias empíricas; (iii) Verificação das coocorrências das categorias e subcategorias, registrando a frequência e porcentagem de cada díade; e (iv) Registro dos episódios interacionais.

1ª Etapa: Transcrição das observações em brincadeira livre e computador.

Esta etapa caracteriza-se pela transcrição das observações, procurando ser o mais fiel possível aos enunciados e comportamentos registrados nas filmagens. Para isso, utilizou-se as normas do CHAT (Codes for Human Analysis of Transcripts) que consiste em um sistema de transcrição do CHILDES (Child Language Data Exchange System).

Utilizou-se o software Express Scribe para transcrição das filmagens, pois o mesmo proporcionou uma maior agilidade no processo, ao possibilitar a visualização e escrita das falas e comportamentos da díade em simultâneo.

Após a transcrição das filmagens, os comportamentos foram analisados considerando as categorias pré-formuladas, encontradas na literatura (Salomão, 1996, 2010; Braz & Salomão, 2002, 2005, Borges & Salomão, 2003), tendo como base os objetivos do presente estudo e os estilos linguísticos referenciados no item 2.4. Além disso, surgiram categorias pós-formuladas referentes à situação de computador que foram elaboradas especificamente para este estudo.

Nesta etapa realizou-se uma leitura minuciosa dos protocolos de forma que permitisse à pesquisadora definir as categorias. Em seguida, os protocolos foram submetidos à análise de dois outros pesquisadores a fim de verificar o nível de concordância em relação às categorias observadas.

3ª Etapa: Verificação das coocorrências das categorias e subcategorias

Na terceira etapa foi feito um levantamento das frequências das sequências interativas, considerando não apenas a sua ocorrência mas a sua duração. Consistiu em rever os protocolos e verificar as coocorrências das categorias e subcategorias conjuntamente, obtendo a frequência e porcentagem de cada díade.

4ª Etapa: Registro dos episódios interacionais

Nesta etapa foram identificados os episódios interativos (isto é, a sequência de ações e eventos que ocorrem com e entre a díade). Bem como, foram identificados quem iniciou a interação, se a mãe ou a criança. Além disso, foram identificados os momentos de continuidade e descontinuidade, observando quem quebra a interação, como, e de que forma o outro parceiro reage para dar continuidade e retomar a interação.