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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.3 Procedimento

No dia 30/09/2015 a Coordenadora da Atenção Básica reuniu-se com as Coordenadoras da Equipes de Saúde da Família e as comunicou a respeito da realização da presente pesquisa com os ACS em cada USF.

O trabalho de campo ocorreu de 5 a 16/10/2015 e consistiu em 2 etapas:

 ETAPA 1: ordenação dos sujeitos para entrevista, por meio de um indicador sobre a experiência de cada sujeito com o cuidado a pessoas que fazem uso nocivo ou abusivo de drogas;

 ETAPA 2: entrevista semi-estruturada.

Na ETAPA 1, todos os ACS pertencentes às EqSF cobertas pelo NASF que não se encontravam de férias ou afastados foram convidados a participar, totalizando 53 profissionais. Todos eram servidores públicos municipais maiores de 18 anos de idade.

Os ACS foram abordados para o convite à participação como sujeitos na pesquisa nas dependências das USF onde atuam em dia/hora acordado com a Coordenação da Atenção Básica e segundo os termos do TCLE.

Todos os ACS que aceitaram colaborar como sujeitos da pesquisa assinaram o TCLE e participaram da ETAPA 1, durante a qual foi feito o levantamento de dados para caracterização amostral dos participantes e para o cálculo do indicador sobre a experiência de cada sujeito com o cuidado a pessoas que fazem uso nocivo ou abusivo de drogas, segundo a estrutura mostrada no Apêndice D. Durante tal etapa, os ACS foram abordados sobre seus dados sócio demográficos, tempo de experiência no cuidado com usuários de drogas e número de usuários de drogas que o ACS já acompanhou em sua trajetória profissional.

Após o levantamento das informações do Apêndice D a pesquisadora calculou o valor do citado indicador para o respectivo respondente.

Para levantar esse indicador, os sujeitos informaram quantos dias acumulados possuíam de experiência em trabalhar com usuários de drogas e a quantidade de usuários com os quais trabalha e já trabalhou em toda sua vida profissional (Apêndice D). A partir dessa informação, realizou-se o seguinte cálculo com o objetivo de

hierarquizar os sujeitos para entrevista, segundo a ordem decrescente de experiência no trabalho com usuários de droga: E = TE x NU, onde:

E = Experiência no trabalho com usuários de droga;

TE = Tempo de Experiência de trabalho com usuários de drogas em dias;

NU = Número de usuários de drogas que já acompanhou ao longo de sua experiência profissional, incluindo os que acompanha atualmente.

Em cada EqSF, os sujeitos foram hierarquizados de acordo com a pontuação obtida por meio desse indicador, de modo que aquele ACS que obteve a maior pontuação foi o primeiro membro da equipe a ser entrevistado; o que obteve a segunda maior pontuação foi o segundo dentro da equipe a ser entrevistado após terem-se entrevistados todos os primeiros classificados de todas as equipes e assim sucessivamente.

Na prática, foram inicialmente entrevistados todos os ACS que obtiveram o maior escore no indicador em cada equipe; portanto, um ACS de cada equipe. Após entrevistado pelo menos um ACS de cada equipe. Quando foi necessário entrevistar mais de um sujeito por equipe (sendo convidado aquele que obteve o segundo maior escore em cada equipe). Após entrevistado pelo menos um ACS de cada equipe (o de maior experiência no trabalho com usuários de droga) passou-se a entrevistar mais um de cada equipe (o segundo mais experiente de cada equipe). Desse modo, foi garantida a representatividade equilibrada de cada EqSF, a partir do seu ACS mais experiente na atenção aos usuários de droga, em sequência (FIG. 1). As entrevistas foram interrompidas quando foi alcançada a saturação dos achados.

Os que aceitaram participar foram convidados para o levantamento do indicador de experiência na atenção aos usuários de droga (E). Feito esse levantamento, os ACS foram

hierarquizados em ordem decrescente do valor do indicador obtido:

- Convidados para a primeira rodada de entrevistas;

- Convidados para a segunda rodada de entrevistas, caso não sature na primeira rodada;

FIGURA 1. Síntese da estratégia de inclusão de sujeitos.

Nove equipes de saúde da família = 53 ACS convidados mediante TCLE

EqSF E ACS 1: E = 24 ACS 2: E = 22 EqSF D ACS 1: E = 20 ACS 2: E = 14 EqSF C ACS 1: E = 22 ACS 2: E = 16 EqSF B ACS 1: E = 18 ACS 2: E = 17 EqSF A ACS 1: E = 20 ACS 2: E = 17

Assim exposto, os critérios de inclusão de sujeitos foram:

A) Ser ACS lotado em uma das nove EqSF cobertas pelo NASF de Rio Claro; B) Aceitar participar do estudo mediante TCLE. Entre estes, foram excluídos os

que estavam em férias ou afastados do trabalho e aqueles que por qualquer razão não puderam ser alcançados pela pesquisadora durante o trabalho de campo;

C) Ter experiência no cuidado de usuário de drogas.

Desse modo, todos os ACS alcançados pela pesquisadora que satisfizeram os critérios A e B acima e estavam trabalhando no período em que se foi a campo participaram da ETAPA 1. Entre estes, os que satisfizeram o critério C participaram da ETAPA 2 segundo a ordem decrescente do escore obtido na ETAPA 1 até o ponto de saturação dos achados, com a garantia da participação de representantes de todas as EqSF cobertas pelo NASF de Rio Claro conforme já descrito e sintetizado na Figura 1.

Na ETAPA 2 utilizou-se entrevista semiestruturada como técnica para o trabalho de campo, uma vez que se trata de uma abordagem que permite não só coletar as informações necessárias, mas, também, captar a dimensão subjetiva que o objeto de estudo suscita nos participantes, considerando suas opiniões, sentimentos, condutas e projeções (MINAYO; DESLANDES; GOMES, 2012). O roteiro da entrevista semi- estruturada encontra-se no Apêndice E.

A escolha por se utilizar a entrevista semi-estruturada está em consonância com a fundamentação teórica delineada no estudo, pois entendeu-se que o momento da entrevista também se constituiu como um encontro entre a pesquisadora e os ACS. A clínica do sujeito entende ser fundamental a interação entre os diferentes atores sociais (trabalhadores, usuários, gestores) e a escuta qualificada, ou seja, aquela capaz de acolher as queixas dos usuários (BRASIL, 2007). A etapa da entrevista semi-estruturada partiu desse pressuposto, uma vez que a pesquisadora cuidou para que tal escuta qualificada dos ACS ocorresse, dando espaço para os mesmos expressarem suas crenças, o impacto das mesmas em suas práticas profissionais e a compreensão que os ACS possuíam sobre o fenômeno do uso de drogas, correlacionando-o com as diversas esferas que eles julgavam intrínsecas às questões abordadas.

Na entrevista semiestruturada a pesquisadora possui a liberdade de explorar alguma questão em especial, solicitar esclarecimentos ou ainda suspender perguntas do roteiro que possam já ter sido respondidas em outro momento pelo profissional

entrevistado. Optou-se pela entrevista semiestruturada a fim de oportunizar ao sujeito expor com liberdade suas idéias sem perda da garantia de manutenção da entrevista focada no objetivo da pesquisa e pela possibilidade da pesquisadora ter um roteiro para se organizar ao longo da entrevista (MINAYO, DESLANDES; GOMES, 2012).

Todas as etapas (ETAPA 1 e ETAPA 2) os ACS foram abordados em sala individual dentro da própria USF onde atuam e em horário mais adequado para os participantes.

No momento da entrevista semi-estruturada a pesquisadora esclareceu possíveis dúvidas, orientou sobre a condução da entrevista e reforçou a utilização do gravador. Os usuários foram informados sobre o início da entrevista e início da gravação da mesma e não foi estabelecido tempo limite para a execução desta tarefa. Assim, foram os próprios sujeitos que determinaram o final de cada entrevista.

Após a realização das nove primeiras entrevistas avaliou-se se o critério de saturação foi contemplado. Como não havia saturado, a pesquisadora voltou às EqSF em busca de mais sujeitos para entrevistar entre os que já tinham assinado o TCLE e participado da ETAPA 1. Desta vez, o convite para entrevista foi feito ao ACS que ficou em 2o lugar no cálculo dos indicadores do grau de experiência na atenção aos usuários de droga dentro de cada equipe.