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Procedimentos de análise dos dados

Os dados coletados foram organizados por meio de uma análise qualitativa, que possibilitou elucidar o que os professores declararam fazer quando atuam com grupos em que há alunos com deficiência intelectual. Vale destacar que a presente pesquisa não pretendia conhecer a prática dos professores junto a tais grupos de alunos, mas investigar o que poderia aparecer de maneira organizada e sistematizada em seu discurso sobre suas intervenções justificadas especificamente em função da presença de tais alunos.

Essa perspectiva permitiu investigar informações pontuais a respeito da experiência que cada entrevistada declarou ter em uma classe comum em que havia alunos com deficiência intelectual (um em cada classe, no caso), como também possibilitou conhecer alguns aspectos relacionados às idéias que tais professoras expressaram a respeito do atendimento a esses alunos em escolas regulares, e principalmente sobre o currículo desenvolvido. Assim, consideramos que há nas escolas um processo em andamento que explicita influências entre a ação docente (a prática individual das professoras entrevistadas) e o que já puderam conhecer a respeito do paradigma da inclusão escolar ou da questão da educação de crianças com deficiência, o que acaba sendo traduzido em ações em sala de aula e em formas discursivas. Este último aspecto foi objeto de análise de nossa pesquisa.

Com isso em mente, ao tratar os dados obtidos, organizamos categorias de análise tendo como primeira referência as perguntas feitas nas entrevistas, conscientes de que o entendimento e a forma de gerenciar as informações colhidas são intensamente permeados pela interpretação que fizemos daquilo que foi possível conhecer durante o processo de investigação, além de saber que a investigadora também se inclui como sujeito profundamente implicado na ação da pesquisa e na busca de significados (LÜDKE e ANDRÉ, 1986).

Tendo a preocupação de alcançar os sentidos que foram compartilhados pelas professoras entrevistadas, optamos por agrupar as informações colhidas por meio das respostas a cada pergunta, montando grupos principais que organizassem o resultado do olhar da pesquisadora sobre os dados das entrevistas, compondo, assim, subtítulos nos quais foram organizados os resultados da análise, e que serão apresentados em capítulo posterior. No entanto, em três das categorias de análise (itens 4, 5 e 6 descritos adiante), foram agrupadas respostas de mais que uma única pergunta, pois, na compreensão da pesquisadora e segundo a abordagem teórica adotada neste trabalho, suas respostas mantinham estreita relação entre si, conforme é explicado mais profundamente a seguir: 1. Compreensão de currículo escolar

Nesse item, foram agrupadas e analisadas as respostas à pergunta 12, específica sobre a concepção de currículo que permeia a prática de cada entrevistada.

2. O significado de adaptação curricular: qualquer mudança?

A compreensão que as entrevistadas têm de “adaptação curricular” foi abordada por meio da pergunta 13, e a análise das respostas está sistematizada neste subtítulo. 3. O currículo de referência em questão: que objetivos para a educação infantil?

Nesse item é apresentada a análise das falas das professoras referentes aos objetivos que consideram centrais nas salas de pré-escola, procurando estabelecer relações entre o que foi citado e discussões teóricas a respeito da função deste segmento da escolaridade (pergunta 1).

4. A ação do professor frente ao currículo

Neste item, a análise das respostas às perguntas 2 e 3 é sistematizada. Questionando sobre os objetivos do trabalho desenvolvido junto aos alunos com deficiência e sobre modificações no trabalho junto ao grupo de maneira geral em função da presença de tal aluno (com deficiência intelectual), as respostas possibilitaram a percepção sobre a existência ou a inexistência de algum tipo de diferenciação do trabalho pedagógico, partindo do princípio de “educação para todos”.

5. Em foco: adaptações curriculares em ação?

A partir do estudo das entrevistas, havia intenção de agrupar sob esse subtítulo a análise das respostas dadas às perguntas 7, 8, 9, 10 e 11, por tais perguntas abordarem

aspectos da prática pedagógica que, segundo documentos do MEC analisados em capítulo específico, podem ser objeto de adaptação no trabalho com alunos com deficiência (no caso, utilização de recursos e / ou materiais específicos ou diferenciados para alguns alunos, agrupamentos e o tempo das atividades). Em vista disso, a opção foi manter suas respostas em uma única categoria de análise, de modo que fosse possível enxergar mais detalhadamente a situação exposta pelas entrevistadas a esse respeito frente às orientações do governo federal. Entretanto, informações valiosas a esse respeito encontraram-se também dispersas no corpo das entrevistas como um todo, sendo destacadas em meio a outras perguntas.

Assim, neste item estará organizada a análise a respeito das modificações que as professoras entrevistadas declararam fazer no currículo em função da presença de alunos com deficiência intelectual em seu grupo, mesmo que tais informações ultrapassem os limites das cinco questões referidas.

6. Aluno com deficiência: sujeito da aprendizagem?

Agrupando os dados obtidos com as perguntas 4, 5 e 6, pudemos organizar a análise das respostas sob o questionamento a respeito da percepção das professoras, exposta por meio de suas falas, ao referir-se aos alunos com deficiência, e sua possibilidade de construir aprendizagens: acredita-se que são capazes de aprender? Tais perguntas nos possibilitaram investigar a noção de sujeito com deficiência que perpassa o discurso das professoras, determinante para a constituição de uma prática pedagógica que vise à educação para todos.

No capítulo seguinte, apresentam-se, então, os resultados da presente pesquisa e a discussão feita, entrelaçando aquilo que se ouviu das professoras entrevistadas com aspectos da discussão teórica já apresentada, que sustenta o caminho que fui percorrendo com o propósito de desvendar significados.

5 DO DIREITO À EDUCAÇÃO PELA VIA DO ACESSO AO CURRÍCULO ESCOLAR: sobre práticas de professores

A concretização do direito à educação de todos os alunos passa essencialmente pela inclusão de alunos com deficiência em escolas regulares, o que vem sendo proposto com diretriz da política educacional brasileira. A entrada de tais alunos em classes comuns e sua necessária educação na instituição escolar (o que deve incluir fundamentalmente aprendizagem e avanços em todos os aspectos do currículo, considerando-se sempre as possibilidades e limitações dos educandos) dão novos contornos à relação pedagógica estabelecida nesses espaços, mesmo que esse fato possa ainda ser desconsiderado por muitos profissionais da educação.

Os professores vêm recebendo o referido alunado e, frente à sua chegada, assumem posições e posturas muito variadas em função de diversos aspectos, dentre os quais gostaria de destacar suas experiências anteriores, sua formação, as oportunidades que puderam ter de refletir sobre a educação de alunos com deficiência e a maneira como se sentem desafiados por tal situação.

Neste capítulo, apresento a análise das entrevistas realizadas e a forma como as informações que recebemos por meio da fala das professoras que participaram desta investigação foram tratadas e sistematizadas.

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