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3 REFERENCIAL TEÓRICO

5.6 Procedimentos de Análise dos dados

Os dados foram analisados qualitativamente, a partir de leituras atentas, repetitivas e minuciosas dos registros em diários de campo e das transcrições das entrevistas.

Identificamos as características de AH/SD apresentadas pelos participantes, apoiando-nos nos quadros de características de AH/SD (Quadro 2, Quadro 3, Quadro 4). Os quadros foram elaborados a partir de levantamento bibliográfico de literatura nacional e internacional, onde os autores de livros, artigos, teses e dissertações apontavam características encontradas em pessoas com AH/SD. As características encontradas eram listadas e prosseguíamos com a busca de outras características. O levantamento chegou ao fim quando já não encontrávamos outras características, além das inseridas em nossa lista. Por fim, a exemplo da publicação do MEC (BRASIL, 2002), elaboramos três quadros de características, a fim de dividi- las em características gerais, de pensamento criativo e de aprendizagem. Nessa fase de categorização, contamos com a participação de cinco juízes que atendiam aos critérios: apresentar titulação mínima de mestre em Educação e estar envolvido com a área das AH/SD. Os juízes (J1, J2, J3, J4 e J5) receberam uma lista com todas as características, devendo assinalar a categoria onde cada uma delas melhor se encaixava. Das 109 características que compunham a lista entregue aos juízes, oito delas não obtiveram a concordância mínima de 60% entre eles e, por isso,

foram consideradas como passíveis de se integrarem a mais de uma categoria, sendo identificadas com asteriscos.

Durante as leituras dos diários e das entrevistas transcritas, identificávamos os trechos que indicavam a presença das características de AH/SD; estes eram recortados e colados em quadros que ilustravam a manifestação das mesmas. Assim, foram elaborados vários quadros para cada um dos participantes, conforme a quantidade e o tipo de características apresentadas. Cada quadro referia-se a uma característica e continha todos os trechos que a demonstravam, como elucidam os organogramas16 a seguir:

Figura 1 – Exemplificação dos quadros de análise das características de AH/SD dos participantes

Fonte: Elaboração própria.

O mesmo procedimento foi seguido na identificação de outras características além das que compunham a lista de características de AH/SD, as quais eram marcantes no comportamento dos participantes.

A fim de garantirmos a fidedignidade de nossa análise, contamos com a participação de cinco juízes (J1, J2, J3, J4 e J5). Quatro deles (J1, J2, J3 e J4)

16 Os organogramas ilustram a variação ocorrida entre a quantidade e o tipo de característica que os participantes apresentam, porém, não é fiel ao número de características que cada um demonstra.

receberam uma lista com as características identificadas, seguidas dos trechos dos diários de campo ou das entrevistas transcritas, que, a nosso ver, as evidenciavam. Todas as características identificadas em cada um dos participantes eram exemplificadas pelo recorte de uma única situação, embora pudesse haver várias outras que demonstrassem determinada característica.

Solicitamos que os juízes assinalassem se concordavam ou não com a presença da característica em destaque, no trecho apresentado. Nos casos de discordância, o juiz deveria apontar o motivo.

Dessa maneira, aplicamos o índice de concordância (IC) com base na seguinte fórmula:

IC = (número de concordâncias/(concordâncias+discordâncias)) x 100

A concordância medida se referiu à comparação entre a análise realizada pela pesquisadora (P) e os apontamentos dos juízes (J1, J2, J3, J4), assim como à análise dos juízes entre si. Consideramos como aceitável o índice de concordância igual ou superior a 70%. Os resultados obtidos entre pesquisadora e juízes são expostos na tabela a seguir:

Tabela 1 – Índice de concordância entre pesquisadora e juízes Pesquisadora e Juízes Índice de concordância

P – J1 75,40%

P – J2 96,92%

P – J3 99,21%

P – J4 92,06%

Fonte: Elaboração própria

O índice de concordância atingido na análise dos juízes entre si pode ser visualizado na Tabela 2:

Tabela 2 – Índice de concordância entre juízes Juízes Índice de concordância

J1 – J2 75,40% J1 – J3 71,43% J1 – J4 70,63% J2 – J3 96,03% J2 – J4 93,65% J3 – J4 91,27%

Fonte: Elaboração própria

Além dos índices de concordância, ativemo-nos ainda à concordância entre os juízes em cada um dos 126 trechos que foram examinados. Assim, estabeleceu-

se como parâmetro a concordância mínima de 75% para cada trecho. Nos casos em que esse percentual não era alcançado, descartávamos a característica observada, com exceção daquelas que obtinham um índice de 50%, pois estas eram submetidas à avaliação do quinto juiz (J5).

Para identificarmos os comportamentos e desempenhos indicativos da precocidade dos alunos observados, utilizamos apenas os registros em diário de campo. Chamamos de comportamentos e desempenhos indicativos de precocidade aqueles que estão associados às habilidades do aluno e que fazem com que ele se sobressaia perante o grupo.

Dessa forma, destacávamos os comportamentos e desempenhos nos diários de campo e os registrávamos sinteticamente, em quadros. Havia um quadro para registro de comportamentos e desempenhos para cada participante.

Concomitantemente à identificação de comportamentos e desempenhos indicativos de precocidade, verificávamos nos registros a existência de situações de sala de aula que favoreciam essa manifestação da precocidade. Exemplo:

Comportamento: Ocupa seu tempo ocioso com números e letras móveis,

jogos pedagógicos, escrita e leitura, entre outras coisas.

Situação favorecedora: A sala dispõe de vários jogos pedagógicos e

materiais de leitura ao alcance dos alunos.

Quando existiam, essas situações eram destacadas nos textos e sinteticamente registradas em quadros apropriados. Havia um quadro para cada um dos participantes, como mostra a figura a seguir:

Figura 2 – Exemplificação dos quadros de análise dos comportamentos e desempenhos indicativos da precocidade e situações favorecedoras desta manifestação.

Durante as leituras dos diários de campo, também localizávamos situações que desfavoreciam a manifestação da precocidade, as quais eram registradas como observações abaixo dos quadros de registro das situações favorecedoras.

Os resultados desta pesquisa serão apresentados de forma descritiva.