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3 REFERENCIAL TEÓRICO

5.5 Procedimentos para coleta de dados

Os dados desta pesquisa foram coletados a partir de dois procedimentos: a) observação de alunos precoces em ambiente escolar; b) entrevista com os pais desses alunos.

As observações foram efetuadas durante o período de março a outubro de 2012, enquanto as entrevistas ocorreram no mês de janeiro de 2013.

5.5.1 Observações

A fim de identificarmos comportamentos e desempenhos indicativos de precocidade e situações de sala de aula que (des)favoreciam a manifestação do

desempenho, bem como para verificarmos se os participantes apresentavam indicadores de AH/SD, permanecemos por 18 horas em cada uma das escolas, perfazendo um total de 54 horas no campo, onde observamos os alunos participantes da pesquisa em situações de sala de aula, recreios e em atividades extraclasse15.

As sessões de observação duravam de duas a três horas e eram semanais. Alternávamos os dias e horários em que íamos à escola, visando a favorecer a naturalidade do ambiente, de modo que as situações de sala de aula não pudessem ser previamente organizadas em virtude de nossa presença. No entanto, tomamos a precaução de comparecer por, no mínimo, uma vez em cada um dos dias da semana, a fim de observar os alunos nas mais variadas atividades da rotina escolar. Com o intuito de não interferir na dinâmica de sala de aula, optamos por empregar a observação não participante, técnica em que o pesquisador atua apenas como um espectador, que, pautado nos objetivos da pesquisa, vê e registra o maior número de fatos que interessam ao seu estudo (RICHARDSON, 1999). Contudo, nem sempre era possível somente observar e, assim, acabávamos por interagir com o ambiente, por exigência das situações. Isso ocorria em virtude da aproximação dos alunos, os quais queriam saber o que estava sendo escrito no diário de campo, perguntavam sobre as atividades que deveriam realizar, solicitavam ajuda para amarrar os calçados, reclamavam de algum colega ou procuravam estabelecer um diálogo. Assim como as professoras, que nos questionavam sobre a pesquisa, faziam relatos sobre os alunos observados, pediam opiniões e auxílio para “cuidar” dos alunos, quando precisavam se ausentar da sala. Dessa forma, concordamos com Tureta e Alcadipani (2011), quanto à existência de gradações entre a observação participante e não participante, as quais rejeitam a oposição radical entre elas, pois, embora não intencionalmente, passávamos a participar de maneira ativa no grupo. Essa participação tornava-se favorável na medida em que contribuía para o estabelecimento de uma relação mais próxima entre os envolvidos, uma vez que, segundo Richardson (1999), é imprescindível que o observador (participante ou não participante) mantenha uma relação de confiança com os observados.

Previamente ao início das observações, elaboramos um roteiro a partir de hipóteses e características de AH/SD apontadas na literatura (APÊNDICE C), para

15 Chamamos de atividades extraclasses aquelas desenvolvidas fora da sala de aula, como brincadeira livre no parque, feira do livro, peças de teatro, etc.

que esse direcionasse nosso olhar. Entretanto, não podíamos prever a riqueza de situações e comportamentos com que nos depararíamos; por essa razão e em virtude de nosso aprofundamento teórico, fomos percebendo que o roteiro era extremamente limitado e que não poderíamos nos deter a ele. Por isso o ampliamos, passando a registrar, na medida do possível, todos os comportamentos e desempenhos dos participantes, assim como o contexto em que estes eram apresentados (APÊNDICE D). As informações obtidas por meio das observações foram registradas em diários de campo e os nomes dos observados foram substituídos, com o intuito de preservá-los.

5.5.2 Entrevistas

Inicialmente, acreditávamos que as observações seriam suficientes para a coleta das informações necessárias, porém, algumas das características de AH/SD que teríamos de verificar nos participantes diziam respeito a situações passadas ou ocorridas fora do ambiente de ensino. Sendo assim, foi preciso que obtivéssemos informações junto aos pais dessas crianças. Tais informações foram coletadas através de entrevistas semiestruturadas, com a utilização de roteiro (APÊNDICE E).

O roteiro que fora elaborado incluía somente questões abertas, as quais versavam sobre a precocidade da criança, desde o seu nascimento, e eventos da vida cotidiana. Após ser submetido à revisão do orientador, realizamos um estudo piloto visando à adequação do roteiro. Optamos por esse procedimento devido à pouca experiência que possuíamos com entrevistas, pois, segundo Manzini (2003), a entrevista piloto, além de permitir a adequação do roteiro por meio da verificação da necessidade de alterar, incluir ou excluir questões, propicia a aquisição da experiência de entrevistar àqueles que não a possuem ou que pouco a vivenciaram. Nessa ocasião, percebemos a necessidade de promover algumas alterações na redação de determinadas perguntas, de modo a clarificá-las.

A entrevista teve por objetivos caracterizar os participantes do estudo e verificar a presença de determinados indicadores de AH/SD. Ao se realizar com os pais de Breno, teve duração de 20min51s, com os pais de Vinny, 1h18min18s e, com os pais de Iara, 41min37s. Ambos os pais estavam presentes nas entrevistas realizadas sobre Breno e Vinny. Os pais de Iara também foram entrevistados,

porém, não em conjunto. Por questões particulares, a mãe da aluna preferiu que cada um fosse entrevistado individualmente.

As entrevistas foram transcritas pela pesquisadora de forma integral e com ajustes. Conforme Queiroz (1983, p. 80-81), a transcrição é entendida como “a reprodução num segundo exemplar, de um documento, em plena e total conformidade com sua primeira forma, em total identidade, sem nada que o modifique [...]”. Assim, para que a gravação seja reproduzida da forma mais fiel possível, a tarefa de transcrever cabe ao pesquisador que realizou a entrevista.

A fim de preservamos a identidade dos participantes da entrevista, optamos por adotar as seguintes identificações: MV – Mãe de Vinny; PV – Pai de Vinny; MI – Mãe de Iara; PI – Pai de Iara; MB – Mãe de Breno; PB – Pai de Breno.