2.1 O percurso metodológico 80
2.1.3 Procedimentos analíticos 93
A produção de um conhecimento novo – no caso, relacionado à natureza da qualidade dos processos de mediação e da AOE na significação do conceito vetor por acadêmicos– na abordagem considerada demanda perceber, no movimento da interdependência e da fluência, a ideia de totalidade do fenômeno. Isso significa, de acordo com Kopnin (1978), considerar o concreto como ponto de partida e de chegada do conhecimento, cujo percurso demanda um processo de abstração. Kopnin afirma que é a abstração que permite perceber o conteúdo real do objeto, no caso, a mediação. Segundo o referido autor, “[...] a tarefa da abstração não é separar um dos outros os indícios sensorialmente perceptíveis, mas através deles descobrir novos aspectos no objeto que traduzam as relações de essência” (KOPNIN, 1978, p. 161) – atrás do sensorialmente perceptível, descobrir propriedades, aspectos, indícios e relações que constituem a essência do objeto. A abstração possibilita apreensões que não seriam possíveis apenas pela percepção sensorial.
De acordo com Araújo (2003), os isolados mostram-se como recursos metodológicos para a abstração autêntica e permitem a compreensão do objeto na dimensão do concretamente pensado. Este entendimento “[...] legitima que o estudo de um conjunto determinado de isolados sirva de referência” (ARAÚJO, 2003, p. 58). A autora ratifica e amplia esta ideia ao trazer Moura quando este diz que o isolado "[...] é assumido como metodologia de análise, como uma regularidade do pensamento ao atuar sobre a complexidade da realidade e não com uma concepção desta." (MOURA, 2000, apud ARAÚJO, 2003, p. 58).
Visando ao conhecimento mais profundo e substancial dos fenômenos investigados, construiu-se um percurso analítico a partir dos isolados: sentidos produzidos no processo de
mediação na significação do conceito vetor por acadêmicos e a atividade em aulas da disciplina Geometria Analítica e Vetores,
Os indicados isolados constituem-se a partir de episódios, e estes, a partir de cenas, como explicitado nas Figuras 1 e 2.
Figura 1 - Isolado: Sentidos produzidos no processo de mediação na significação do conceito vetor por acadêmicos
Isolado Episódios Cenas
Fonte: Produção da pesquisadora.
Sentidos produzidos no processo de mediação na significação do conceito vetor por acadêmicos A significação do conceito vetor por acadêmicos
Vetor: um conceito inserido numa rede de
significações
A formação do conceito vetor: desenvolvimento de um processo único que articula conceitos científicos e espontâneos
O conceito vetor no contexto da geometria
analítica
Vetor: uma classe de equivalência determinada pela relação
de equipolência
Cena 1: grandeza física escalar (M2,
T, 25/02/2015).
Cena 2 – recorte do planejamento:
grandeza e grandeza física escalar (M2, PL, 25/02/2015).
Cena 3: grandezas vetoriais (M2, T,
25/02/2015).
Cena 4: recorte de planejamento:
representação de grandezas vetoriais (M2, PL, 25/02/2015)
Cena 5: representação de vetor (M2,
T, 25/02/2015).
Cena 6: representação de vetor e
relação de equipolência (M2, T, 25/02/2015).
Cena 7:representação de vetor no
plano cartesiano (M1, PL, 22/08/2014).
Cena 8:representação de vetores no
software GeoGebra (M1, PL, 22/08/2014).
Cena 9: representação de vetores no
software GeoGebra (M2, PL, 04/03/2015)..
Cena 10: exploração da
representação de vetor a partir da classe de equivalência (M2, T, 04/03/2015).
... Cena 11: (Excerto 1) relações de
generalidade (M2, TR, AC3 e AC17, 11/03/2015.)
Cena 11: (Excerto 2) relações de
generalidade (M2, TR, AC3 e AC17, 11/03/2015).
Cena 12: registro da adição de
vetores no software GeoGebra (M2, TR, AC24, 18/03/2015)
Cena 17, 18:
... A mediação na significação
do conceito vetor pelos acadêmicos
Figura 2 - Isolado: A atividade em aulas da disciplina de Geometria Analítica e Vetores
Isolado Episódios Cenas
Fonte: Produção da Pesquisadora.
A atividade em aulas da disciplina de Geometria analítica e vetores A formação do acadêmico: produto de uma atividade coletiva Acadêmico em atividade de aprendizagem
Cena 13:: Objetivos gerais dos cursos de
EC, EE e EM (M1. PPC – EC (Versão 2013
– 1º sem); PPC – EE (Versão 2014 – 1º sem); PPC – EM (Versão 2014 – 1º sem).
Cena 14 : Excertos do PPC que revelam
elementos relacionados ao perfil do egresso dos cursos de EC, EE e EM ( PPC – EC
(Versão 2013 – 1º sem); PPC – EE (Versão 2014 – 1º sem); PPC – EM (Versão 2014 – 1º sem).
Cena 15: Princípios básicos norteadores
do planejamento curricular do curso de EC
(PPC – EC (Versão 2013 – 1º sem))
Cena 16: Ementa da disciplina GAV (PPC
– EM (Versão 2014 – 1º sem))
Cena 20: Excerto 1. Apresentação dos Cursos CPC 5 - Quadro do Apêndice 5) Cena 20: Excerto 2. Apresentação dos Cursos CPC 5 - Quadro do Apêndice 5)
Cena 21: ideias essenciais sobre Produto
vetorial. (M2, T, 25/03/2015).
Cena 22: sistematização de ideias
fundantes no estudo da operação produto vetorial (M2, PL, 25/03/2015)
Professor em atividade de ensino
Cena 17: (Excerto 1) apresentação da
disciplina por PA: (M2, T, 25/02/2015)
Cena 17: (Excerto 2) apresentação dos
conteúdos da disciplina por PA: (M2, T, 25/02/2015)
Cena 18: Parte I do Conteúdo
programático da disciplina GAV (PE (GAV), M2)
Organização do ensino como objeto da atividade do professor
Cena 19: excertos de anotações no Diário de Campo (DC) – M1
Atividade orientadora de ensino: unidade dialética entre o ensino e a aprendizagem na significação do conceito de vetor pelo acadêmico em formação acadêmica profissional
Na perspectiva considerada, a investigação só faz sentido quando o pesquisador organiza suas ações de forma intencional e consciente, definindo procedimentos teórico- metodológicos capazes de explicar/tratar suas inquietações acerca do objeto investigado, ou seja, quando o próprio pesquisador se encontra em atividade de pesquisa. Nesse sentido, colocamo-nos em atividade de pesquisa, na medida em que organizamos ações que possibilitam a objetivação dos motivos de nossa investigação, as quais, intrinsecamente, estão relacionadas à escolha de determinadas ferramentas (procedimentos metodológicos) que permitem e viabilizam a condução da pesquisa. Nesse contexto, “a ferramenta não contém como característica inerente a possibilidade de explicar o fenômeno, o que permite tal explicação é o processo teórico de análise e síntese dos dados obtidos por meio dessas ferramentas.” (MORETTI; ASBAHR; RIGON, 2011, p. 484).
O processo teórico de análise e de síntese, na presente pesquisa, estabelece-se a partir de referenciais teóricos fundamentados na perspectiva histórico-cultural, com enfoque especial à teoria da atividade e à Atividade Orientadora do Ensino, que possuem como referência: Lev Semenovich Vigotski, Alexis Nikolaevich Leontiev, Alexander Romanovich Luria e Manoel Oriosvaldo de Moura, bem como estudiosos de suas proposições. Também são considerados teóricos que tratam de conceitos da área da matemática relacionados ao conceito vetor, tais como: Hegenberg (1971); Camargo e Boulos (2005); Caraça (1998); Eves (1992) e Pavanello (1989, 2007).
O tratamento dos dados empíricos produzidos na pesquisa a partir da abordagem teórica considerada é constitutivo de um processo de pesquisa e, assim, da produção de conhecimentos.