• Nenhum resultado encontrado

PARTE II: O estudo

3.2. Procedimentos de Coleta

Tendo em vista que a investigação transcorreu em duas etapas distintas, desenvolvidas simultaneamente, os procedimentos de coleta utilizados em cada uma delas serão descritos separadamente, como se vê a seguir.

3.2.1. Procedimentos de Coleta nos Grupos Focais

Antes do contato pessoal com os estudantes para convidá-los à participação, os coordenadores dos cursos foram procurados com o objetivo de informar sobre a finalidade da pesquisa, de modo que eles pudessem autorizar o convite aos alunos. Não havendo oposição das coordenações de curso, procedeu-se a uma visita da pesquisadora a cada uma

17 E3 também ocupou função política eletiva, quando disputou e venceu as eleições para reitoria de uma

das séries dos cursos escolhidos para explicar, em linhas gerais, qual a proposta do estudo e solicitar a manifestação dos interessados em tomar parte.

Uma vez que nossos objetivos não contemplavam a análise das diferenças de proposição verbal entre alunos ingressantes, intermediários ou concluintes, à medida que os voluntários manifestavam interesse em participar, fossem eles de qualquer série, já se agendavam os encontros. Com exceção dos participantes do curso de Psicologia, que formaram um grupo multi-seriado, os demais grupos foram formados por alunos da mesma série, que manifestaram interesse na ocasião do convite. Durante a exposição da pesquisadora sobre o desenvolvimento do trabalho, ainda enquanto o convite era feito, informava-se sobre a quantidade de alunos em cada grupo.

O número de seis participantes foi assim delimitado em função de estudos anteriormente desenvolvidos (Fávero e Abrão, 2005) com a mesma quantidade de indivíduos por grupo, o que nos leva a crer que esta formação é significativa para a manutenção da dinâmica das interlocuções e porque um número maior de interlocutores poderia dificultar a apreensão das falas.

Definidos os grupos, a pesquisadora procedia a uma reunião fora do ambiente da sala, em que detalhes mais específicos sobre a coleta eram apresentados. Nesse momento, informava-se mais detidamente sobre os objetivos da pesquisa, bem como sobre a situação de interlocução nos grupos e a necessidade de registro destas interlocuções em áudio e vídeo, frisando que os encontros só ocorreriam mediante autorização expressa, traduzida na assinatura do Termo de Consentimento (Anexo 1).

Depois da anuência dos participantes, era marcado com eles o encontro nas dependências de suas respectivas instituições de ensino, em data e horário definidos em conjunto.

Os encontros se realizaram entre Outubro de 2008 e Fevereiro de 2009 e, como já dito, foram registrados em áudio e vídeo e as interlocuções produzidas foram transcritas na íntegra (Anexo 2), conservando os caracteres próprios das manifestações verbais dos sujeitos, inclusive quando transgrediam a norma culta da gramática portuguesa.

3.2.2. Procedimentos de Coleta das Entrevistas

Para se chegar às mulheres que participaram desta pesquisa, partimos do critério inicial de que elas deveriam estar participando ou ter participado da política, ocupando ou disputando, preferencialmente, cargo de mandato eletivo. O mandato eletivo apareceu como critério preferencial pelo fato de que ele nos permitiria avaliar dados biográficos a respeito da trajetória dessas mulheres até o ponto em que optaram por lançar sua candidatura. Além disso, contar com pessoas que estavam fazendo ou já tinham feito parte do processo eleitoral na condição de candidatas, nos daria da possibilidade de ter indícios sobre o modo como essas mulheres se colocam (ou se colocavam) no processo de disputa e o modo como se situam (ou se situavam) nos partidos.

Como já mencionado antes, foram várias as tentativas de contatos diferentes, tanto com candidatas em eleições locais à época, quanto com mulheres que já atuavam em cargos não disputados na última eleição, tais como deputadas e senadoras. Além destas, foram contatadas algumas funcionárias de alto escalão dos ministérios, pensando, nesse caso, não no critério de elegibilidade, mas na importância do cargo para indicar o modo como se dá o compartilhamento do poder nas instâncias executivas de decisão política. No caso das deputadas, senadoras e funcionárias ministeriais, o contato ocorreu por meio eletrônico, conseguido em sites de busca da internet e através de uma funcionária da Assembléia Legislativa Federal, que se prontificou a informar alguns canais de acesso mais direto com determinadas parlamentares. Todavia, de todos os contatos realizados nas

esferas de atuação federal e estadual, apenas a funcionária do ministério anuiu em participar, como já demonstrado na Tabela 2.

Quanto às candidatas e ex-candidatas do nível local, o acesso a elas foi viabilizado por intermédio da rede de relações pessoais da pesquisadora, que forneceu as informações necessárias para que o contato com essas mulheres ocorresse. Assim, de posse destas informações que levavam aos possíveis participantes, a pesquisadora fazia o convite ora por telefone, ora em visita ao comitê.

Tanto nas situações de contato eletrônico quanto nos casos de contato pessoal, eram informados os objetivos da pesquisa, esclarecendo-se, assim como ocorreu nos grupos, sobre a necessidade de anuência expressa. Uma vez que a mulher concordasse em participar, era agendado um encontro em data e horário de sua preferência, e realizada a entrevista semi-estruturada, embasada num eixo investigativo, contendo quatro grandes aspectos a serem abordados: objetivos políticos, processos de socialização, diferenças entre homens e mulheres na atuação política, sistema de quotas.

Entendemos que a entrevista possibilita nosso contato com as narrativas pessoais dos sujeitos, nos mesmos moldes do que fez Fávero em outros trabalhos, onde a escuta dos participantes já era privilegiada (Fávero, 1998, 2001) e sua fala tomada como texto. As entrevistas foram registradas em áudio e vídeo e transcritas na íntegra, tais como as interlocuções ocorridas nos grupos.

As entrevistas foram realizadas entre Outubro/2008 e Abril/2009 e as transcrições desta etapa da pesquisa estão apresentadas no Anexo 3. Uma ressalva apenas a ser mencionada com relação à coleta junto à terceira mulher entrevistada: nessa entrevista, a Profa. Maria Helena Fávero também participou. Por isso, como se verá no referido anexo, dividimos as terminologias em Entrevistadora 1, para designar a mim, por ter iniciado as perguntas e Entrevistadora 2 para designar a Profa. Maria Helena.

Documentos relacionados