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1 RESUMO EXECUTIVO

3. REVISÃO TEÓRICA

4.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS

As evidências documentais e as entrevistas forneceram muitas informações para a pesquisa. No entanto, não foram, em geral, informações quantitativas, mas qualitativas. Para tratá-las e transformá-las em dados passíveis de avaliação, foi usada a técnica da análise de conteúdo.

A análise de conteúdo é definida por Bardin (2004, p. 33) como

um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Ela tem como ponto de partida mensagens verbais (orais e escritas), gestuais, figurativas, documentais ou diretamente provocadas, segundo Franco (2008). Documentos e entrevistas forneceram mensagens orais e escritas para esta pesquisa.

Bardin (2004) coloca como duas as funções principais da análise de conteúdo. Uma é a de enriquecer a exploração do tema da pesquisa. A outra é confirmar ou não hipóteses. Essas duas maneiras podem coexistir de maneira complementar. A análise de conteúdo, no entanto, não exige que se tenham hipóteses pré- concebidas para que seja realizada: pode ser feita “às cegas”, como diz Bardin.

Segundo Franco (2008), a análise de conteúdo pode ser usada como

procedimento de pesquisa, no âmbito de uma abordagem metodológica crítica e epistemologicamente apoiada numa concepção de ciência que reconhece o papel ativo do sujeito

na produção do conhecimento. Isso não significa descartar os requisitos de qualidade e de sistematização, o que, ao contrário, devem ser resguardados para garantir a possibilidade de generalização dos dados interpretados mediante a análise de conteúdo. (p.10)

A técnica da análise de conteúdo possui algumas etapas. Na pré-análise, são escolhidos os documentos a ser submetidos à análise, formulam-se hipóteses ou objetivos e elaboram-se indicadores que fundamentam a interpretação final (FRANCO, 2008). Essas três ações não se sucedem cronologicamente, mas estão estreitamente relacionadas. Os índices podem surgir das hipóteses e vice-versa.

Ao conjunto de documentos escolhidos para análise, dá- se o nome de corpus. As principais regras para escolher os documentos, segundo Bardin (2004), são a exaustividade (deve- se reunir todo o material possível), a representatividade (uma amostra que pode ter seus resultados generalizados), homogeneidade (deve haver critérios comuns que liguem os documentos escolhidos) e pertinência (devem ter relação com o objetivo da análise).

A codificação é uma etapa seguinte e corresponde à transformação dos dados brutos do texto em conteúdo passível de análise. São necessárias três escolhas para codificar os dados, para Bardin (2004): recorte (escolha das unidades), enumeração (escolha das regras de contagem) e classificação e agregação (escolha das categorias).

As unidades podem ser divididas em dois tipos. As unidades de registro são segmentos de conteúdo que servem como unidade de base para categorização e contagem frequencial, como palavras, temas, objetos, personagens, acontecimentos, documentos e respostas. Já as unidades de contexto servem para compreender a unidade de registro e codificá-la.

Para tornar mais claras essas definições, Bardin (2004) exemplifica que palavras e temas podem ser unidades de registro que têm, respectivamente, a frase e o parágrafo como suas unidades de contexto.

A categorização do conteúdo considerada por Franco (2008) um processo longo e um ponto crucial na análise, que exige constantes consultas à teoria e ao material de análise. Não há fórmulas prontas para a criação de categorias, mas seus critérios são, em geral: semânticos (temas), sintáticos (verbos, adjetivos), léxicos (classificação de palavras segundo seu sentido) ou expressivos (perturbações na linguagem). Usou-se categorização do conteúdo nesta pesquisa e, por isso, esse tema será aprofundado mais adiante, no item 5.7.

A etapa seguinte à categorização é a inferência, por meio de indicadores quantitativos ou qualitativos. O pesquisador deduz de maneira lógica conhecimentos adquiridos a partir das mensagens tratadas (BARDIN, 2004). Por fim, vem a etapa de interpretação, na qual as características do texto ganham significado.

A análise do conteúdo para esta entrevista foi orientada pelo mapeamento dos processos e pela identificação dos problemas relacionados a eles por parte dos entrevistados. De acordo com Ranson, Hinings e Greenwood (1980), somente ao examinar o que as pessoas de fato fazem é que se pode compreender a estrutura organizacional. Por isso, o foco das entrevistas foi a identificação e mapeamento dos processos nos quais os setores se envolvem.

Buscou-se elencar principalmente os processos que geram produtos ou serviços de comunicação, mas alguns entrevistados destacaram processos administrativos, ou de gerenciamento, que são importantes nos seus setores, e que acabaram mapeados também.

Para a pesquisa, trabalhou-se com processos que começam e terminam dentro dos setores de comunicação. Por isso, o processo Editorar Livros, por exemplo, da Coordenadoria

de Programação Visual, foi considerado um processo cujo dono é a CPV, embora ele faça parte de um processo maior, que é da publicação de livros pelo IFSC, coordenado pela Coordenadoria de Publicações da Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação.

O tipo de envolvimento dos setores com os processos foi dividido em dois: quando os setores são “donos” dos processos e quando eles são “colaboradores” dos processos. Eles são donos quando são os responsáveis por coordenar os processos. E são colaboradores quando apoiam outro setor na execução do processo. Esses processos nos quais os setores de comunicação são colaboradores também foram identificados e mapeados.

Nas entrevistas feitas na Dircom e nos campi, buscou-se conhecer os processos que passam por cada setor, quais atividades os compõem, quais são as entradas (inputs) e seus fornecedores, quais são as saídas (outputs) e seus clientes, os problemas encontrados para executar cada atividade e nas entradas e saídas. Também foi questionado aos entrevistados o número de pessoas que trabalham no setor. O roteiro das entrevistas está disponível no Apêndice A.

A pergunta sobre as dificuldades encontradas era feita para cada etapa do processo identificada. Alguns desses são subprocessos de processos maiores da organização, que perpassam setores de outras áreas, mas essas outras etapas não foram consideradas para essa pesquisa.

Os próprios entrevistados definiram onde começavam (input) e onde terminavam (outputs) os processos dentro do seu setor, pois, conforme Harrington (1993), o dono do processo deve definir seus pontos inicial e final.

Depois de feitas as entrevistas presenciais, o pesquisador identificou quais eram os processos mais comumente citados pelos entrevistados. Esses dados serviram para a análise da estrutura da área comunicação do IFSC e também para uma terceira etapa de entrevistas, feita por meio de questionário estruturado.

Como critério para definir os processos “mais comuns”, foram identificados aqueles que foram citados nas entrevistas presenciais em pelo menos três campi diferentes. O total de processos que atenderam a esse critério foi de 13.

O questionário foi aplicado com os servidores que trabalham com comunicação na organização nos campi onde não foram feitas as entrevistas presencialmente (Caçador, Canoinhas, Chapecó, Geraldo Werninghaus, Itajaí, Palhoça Bilíngue, São Carlos, São Miguel do Oeste, Urupema e Xanxerê). Por isso, foi elaborado questionário com questões sobre as atividades desenvolvidas pelos setores e as dificuldades que encontram para executá-las.

O objetivo do questionário foi identificar outros possíveis problemas estruturais nos processos mais comuns e confirmar se esses processos eram executados também nos campi onde não foram feitas entrevistas presenciais. O questionário está disponível no Apêndice B.

Foram feitas perguntas adicionais sobre natureza das atividades do setor – alguns ainda atuam com extensão - e carga horária que o servidor possui para desempenhar suas atividades de comunicação organizacional, entre outros. Houve, ainda, espaço para que os respondentes indicassem outros processos de comunicação, além daqueles mais comuns, nos quais o seu setor atua, mas nenhum dos respondentes indicou um processo adicional.

Foi feito um pré-teste com três servidores dos setores de comunicação dos campi – Chapecó, São Carlos e Xanxerê – para conferir se havia alguma dificuldade quanto ao preenchimento do questionário, ou à compreensão das perguntas e das opções de respostas. Nenhuma dificuldade foi apontada pelos três servidores.

O questionário foi construído por meio da ferramenta “Formulário” da plataforma online Google Drive e aplicado entre os dias 14 e 22 de agosto. Todos os 10 servidores que receberam o questionário responderam-no nesse período.

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