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5 PERCURSO METODOLÓGICO

5.4 PROCEDIMENTOS DE CONSTRUÇÃO DOS DADOS

também as legendas relativas aos códigos utilizados para cada participante na análise dos dados.

Foram utilizadas as letras E para estudante e D para docente. A numeração seguiu a ordem em que as entrevistas foram realizadas – somente a pesquisadora teve acesso à essa informação.

No Quadro 3 são informados os códigos de cada participante, iniciados por E por representarem estudantes. O quadro contém também o curso e o semestre em que cada um estava matriculado no período das entrevistas.

Quadro 3 – Informações sobre os estudantes

Licenciatura que representa Semestre na universidade*

E1 Estudante E1 Matemática 10º semestre

E2 Estudante E2 Química 7º semestre

E3 Estudante E3 Química 9º semestre

E4 Estudante E4 Física 8º semestre

E5 Estudante E5 Matemática 10º semestre

E6 Estudante E6 Física 8º semestre

Fonte: elaborado pela autora (2022)

*A quantos semestres estava no curso, o que pode diferir do semestre equivalente às disciplinas previstas na grade curricular

O Quadro 4 apresenta também os códigos dos participantes, iniciados em D por se referirem a docentes. Além do curso que representam, está informada a formação de cada um, a nível de graduação, mestrado e doutorado.

Quadro 4 – Informações sobre os docentes

Licenciatura que representa

Formação

D1 Docente 1 Matemática Licenciatura em Matemática

Mestrado em Matemática Aplicada

Doutorado em Engenharia Elétrica

D2 Docente 2 Química Licenciatura em Química

Mestrado em Engenharia e Ciência dos Materiais

Doutorado em Engenharia e Ciência dos Materiais

D3 Docente 3 Física Licenciatura em Física

Mestrado em Física

Doutorado em Educação Científica e Tecnológica

Fonte: elaborado pela autora (2022)

O convite aos participantes ocorreu após o contato com os coordenadores dos três cursos de licenciatura da área de ciências exatas – Física, Matemática e Química. Foi enviado um e-mail identificando-se e contextualizando a pesquisa a ser realizada. Foi informado que a pesquisa havia sido autorizada pela direção da área dos cursos e autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Foi solicitado, então, que cada coordenador indicasse dois estudantes e um docente, conforme os critérios estabelecidos. O estudante deveria estar regularmente matriculado no curso na modalidade presencial e cursando os dois últimos semestres. Os critérios para participação do docente foram ter formação no curso de licenciatura envolvido e atuar em disciplinas dos dois últimos semestres do curso.

A quantidade de participantes foi definida por considerar-se suficiente para a realização de um estudo de caso que respondesse ao problema de pesquisa. Foram convidados tanto estudantes quanto docentes para haver diferentes visões sobre o mesmo tópico, de modo que os estudantes pudessem falar sobre si mesmos e os docentes fizessem considerações sobre o desenvolvimento da autonomia dos estudantes.

Os critérios de participação definiram estudantes do final do curso por terem uma maior trajetória da qual pudessem discorrer. Foram convidados também docentes dos últimos semestres do curso pois acompanham e visualizam os estudantes na trajetória final, podendo avaliar o desenvolvimento da autonomia próximo à finalização do curso.

Após o envio dos e-mails para os coordenadores, estes retornaram com a indicação de um docente e dois ou mais estudantes, justificando que algum dos estudantes poderia não concordar com a participação na pesquisa. Foi enviado um convite por e-mail para os docentes e para os dois primeiros estudantes das listas recebidas dos coordenadores.

No e-mail enviado aos seis estudantes e três docentes, foi feita a identificação da pesquisadora e da pesquisa e um convite à participação, indicando que as questões da entrevista iriam se referir a percepções sobre a formação inicial de professores. Foi informado que a entrevista tinha previsão de duração de 60 a 90 minutos e que seria realizada por meio do Google Meet16, possivelmente no horário vespertino ou noturno. Foi anexado um arquivo pdf contendo o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e disponibilizou-se a esclarecer quaisquer dúvidas. Finalizou-se com a declaração de que havia boas expectativas para o aceite à entrevista e que era esperado que fosse uma boa experiência para o participante.

Todos os convidados retornaram por e-mail confirmando a participação na pesquisa, anexando também o TCLE assinado. As datas das entrevistas foram agendadas conforme

16 Serviço de videoconferências on-line desenvolvido pelo Google.

disponibilidade dos convidados. Com exceção de uma, que foi realizada à tarde, todas as demais ocorreram no vespertino ou à noite, como previsto inicialmente. As entrevistas foram realizadas entre outubro e novembro de 2021, tendo duração média de 1 hora e 7 minutos. O link de acesso ao Google Meet foi enviado aos participantes dois dias antes de cada entrevista.

Antes de cada entrevista, a pesquisadora realizava um checklist em preparação à entrevista. Consistia em reiniciar o modem e o roteador da internet, assim como o computador, para garantir que não houvesse lentidão ou travamento em ambos. O computador foi mantido conectado a uma fonte de energia e anteriormente carregado completamente, para evitar desligamentos em caso de falta de energia elétrica na região.

No momento da entrevista, foram utilizadas duas telas no computador, sendo que em uma havia a visualização da entrevista e em outra estavam as questões do roteiro previamente elaborado. Antes da entrevista foram liberadas nas configurações do computador o uso do microfone e da câmera. Foram utilizados fones de ouvido para melhor audição.

Foi elaborado um pequeno roteiro inicial para a entrevista com lembretes e para guiar a acolhida. O documento de texto contendo o roteiro inicial ficou aberto no computador juntamente com a imagem da tirinha que seria compartilhada nas questões iniciais da entrevista.

O roteiro com as questões da entrevista foi impresso e a pesquisadora utilizou para fazer pequenas anotações a lápis durante as falas, para a partir delas realizar novos questionamentos aos participantes para que estes aprofundassem o que estavam apresentando. Posteriormente, a pesquisadora utilizou as anotações também para realizar registros sobre a entrevista.

Cada entrevista iniciou com uma introdução feita pela pesquisadora, que se apresentava, contextualizava a pesquisa e explicava a dinâmica da entrevista. Seguia-se então com a apresentação do participante, que poderia falar sobre informações pessoais, seu percurso acadêmico e profissional e demais informações que julgasse pertinentes.

As entrevistas foram organizadas em uma estrutura que desafiasse os participantes a refletir, guiando-os de forma provocativa e instigando o aprofundamento do assunto. Evitou-se referir-se diretamente à palavra “autonomia”, para não direcionar a resposta dos participantes.

A primeira parte das questões focou em discorrer sobre a educação em geral. Além de dados mais abrangentes para a pesquisa, possibilitou que os participantes gradualmente se sentissem mais à vontade, para então serem propostas as questões específicas sobre os cursos de licenciatura – estrutura prevista no roteiro, mas flexível conforme o fluxo das respostas.

As entrevistas iniciaram com a apresentação de uma tirinha (Figura 1), de Alexandre Beck, em que o personagem Armandinho lê em um livro uma frase de Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”.

Figura 1 – Tirinha: frase de Paulo Freire

Fonte: https://www.facebook.com/tirasarmandinho/ (2019)

Os participantes foram convidados a responder se concordavam ou não com a afirmação, justificando seu posicionamento. Em seguida foram feitas perguntas sobre a educação, com relação às possíveis contribuições para realizar transformações no mundo, dificuldades e potencialidades da educação e o papel do professor na sociedade. A partir disso, questionou-se como as licenciaturas se inserem nesse cenário e como os participantes se posicionam a partir disso, como estudantes e como docentes.

Foi questionado aos estudantes como percebem seus percursos ao longo do curso de licenciatura em relação ao assunto abordado. Aos docentes, foi questionado como percebem os estudantes nesse aspecto. Em seguida, foi perguntado a ambos se consideram que as licenciaturas preparam os futuros professores para atuar pessoal e profissionalmente na sociedade e o que consideram necessário na formação inicial de professores para que os estudantes possam se desenvolver nesse sentido. A percepção sobre o curso em que estudam ou atuam também foi abordada quanto às mesmas questões.

O roteiro da entrevista previa na sequência abordar os estágios curriculares obrigatórios e a experiência em cursar ou lecionar os mesmos. Aos docentes foi questionado por que decidiram lecionar em uma licenciatura e por que na licenciatura em questão, e aos estudantes foi perguntado se atuavam como professores, quais suas experiências ou expectativas e se sentiam estar preparados para a atuação.

Em seguida, estudantes e docentes foram convidados a falar sobre as motivações para envolver-se com a licenciatura. Foi abordada também a visão de ambos sobre o currículo do curso. Na parte final da entrevista, as questões focaram no percurso acadêmico dos estudantes com relação a suas motivações, expectativas e receios, assim como com relação às mudanças percebidas pelos estudantes em si mesmos ao longo de sua trajetória – os docentes foram convidados a relatar como percebem as mudanças nos estudantes. Foram abordadas mudanças pessoais, como estudantes e como futuros professores.

Encerrou-se as entrevistas convidando o participante a realizar outros apontamentos que desejasse sobre o tema. Muitos participantes sentiam-se à vontade para discorrer sobre outros pontos ou desenvolver mais sobre o tema, da mesma forma como durante a entrevista os assuntos se mesclavam e seguiam em diferentes ordens de acordo com as falas dos entrevistados. O roteiro de perguntas foi contemplado em todas as entrevistas, mas em cada uma ocorreu de forma distinta.

Ao final da entrevista foi feito um agradecimento a cada um dos participantes. Logo após o encerramento, também foi enviado um e-mail agradecendo novamente a participação e afirmando que suas contribuições são importantes para os estudos na área da educação.

Os participantes, por e-mail ou durante a entrevista, se mostraram agradecidos pelo convite e se disponibilizaram a contribuir com o que mais fosse necessário.

Percebeu-se que no início das entrevistas os participantes respondiam de forma mais tímida e com o avanço das questões passavam a dar respostas mais longas e mais fluídas. Em todas as entrevistas houve boa conexão de internet, não prejudicando o desenvolvimento das entrevistas. Todos os participantes respeitaram a solicitação de encontrar-se em um ambiente silencioso e reservado, o que proporcionou que as vozes ficassem nítidas nas gravações e, por sua vez, facilitou as transcrições.

As entrevistas foram gravadas em áudio e vídeo com recursos da plataforma Google Meet, com autorização dos participantes, para posterior transcrição. A gravação eletrônica permite que os diálogos sejam registrados com maior precisão, justificando-se também pela possibilidade de retorno ao registro para posterior análise. Assim, o pesquisador direciona sua concentração para o que está sendo dito e não para a realização de anotações.

A participação na pesquisa ofereceu risco mínimo aos envolvidos e houve o compromisso de respeitar as condições física, psicológica e social dos participantes. Quanto a condições técnicas, financeiras ou estrutura física, não foi necessária a disponibilização de recursos pela Universidade, pois as entrevistas ocorreram em meio virtual.

Os dados da pesquisa, compostos pelas transcrições das entrevistas, foram analisados por meio da Análise Textual Discursiva buscando possíveis respostas ao problema de pesquisa:

De que modo a formação inicial de professores propicia que os estudantes de licenciaturas da área de ciências exatas desenvolvam sua autonomia em seus percursos acadêmicos? A interpretação dos dados busca ampliar o sentido das falas dos sujeitos da pesquisa, ligando-as aos conhecimentos construídos a partir da fundamentação teórica (GIL, 2010).

A análise dos dados foi realizada por meio da Análise Textual Discursiva, em que estão previstos a unitarização dos dados, a categorização e a escrita de um metatexto. Para a

unitarização dos dados, foi utilizado como recurso de apoio o software Atlas.ti17. A partir da transcrição das entrevistas, foi realizada a leitura atenta dos textos e a organização de códigos no software, realizando uma primeira incursão nos dados. Em seguida, os dados foram revisitados para a categorização dos mesmos.

Nesta pesquisa foram construídas três categorias, apresentadas no próximo capítulo, organizadas quanto aos aspectos: currículo, vivências dos estágios e relacionamentos sociais.

As categorias são apresentadas com a inserção de falas dos sujeitos da pesquisa, em articulação com o referencial teórico que embasa este estudo.

17 Programa com versão de testes disponível em: https://atlasti.com/pt/free-trial-version. Atlas.ti é um software que auxilia na análise de dados qualitativos por meio de ferramentas para organizar e administrar os dados.