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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.4 PROCEDIMENTOS DE TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados qualitativos obtidos a partir das entrevistas efetuadas foram analisados com a técnica de Análise de Conteúdo, a qual é um método formal para a análise de dados qualitativos por meio da conversão sistemática de texto em variáveis numéricas para a análise quantitativa de dados.

Uma das primeiras tarefas do pesquisador que emprega a análise de conteúdo é efetuar um recorte dos conteúdos em elementos que em seguida serão agrupados em termos de categorias. Estes elementos vão constituir as unidades de análise, no sentindo de que “... cada um desses fragmentos de conteúdo deve ser completo em si mesmo no plano do sentido”. (LAVILLE; DIONNE, 1999, p.216)

Laville e Dione (1999) alertam que pela análise de conteúdo procura-se demonstrar a estrutura e os elementos do conteúdo com o objetivo de esclarecer suas diferentes características e significados. As autoras lembram que a análise de conteúdo não é um método rígido que obriga que se percorra uma seqüência fixa e linear de etapas como forma de se obter os resultados desejados. Ao contrário, “a técnica constitui-se de um conjunto de vias possíveis, mas nem sempre claramente balizadas, para a revelação – alguns diriam reconstrução – do sentido de seu conteúdo” (LAVILLE; DIONNE, 1999, p.216).

Segundo Bardin (2004), o termo análise de conteúdo engloba um conjunto variado de técnicas de análise das comunicações que visam à obtenção, por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (que podem ser quantitativos ou não) e que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. Bardin (2004) lembra que se trata

de técnica sem um modelo pronto, a qual se constrói pela movimentação contínua, devendo ser reinventada a cada momento.

3.4.1 Etapas da Análise de Conteúdo

A análise de conteúdo seguiu a proposta feita por Perez (2006), coerente com a proposta de Bardin (2004). A análise de conteúdo compreende três etapas básicas. A primeira fase consiste na pré-análise, a qual é seguida pela exploração do material e a última fase é o tratamento dos resultados (inferência e a interpretação) (Bardin, 2004).

1) Pré-análise

A pré-análise é a etapa que engloba a organização do material; a escolha dos documentos a serem analisados; a formulação de hipóteses ou pressupostos e preparação dos indicadores que vão fundamentar a interpretação final. Bardin (2004) descreve que neste momento, algumas regras devem ser obedecidas criteriosamente, são elas:

• Exaustividade: não omitir nada;

• Representatividade: a amostra deve representar o universo;

• Homogeneidade: os dados devem tratar do mesmo tema, serem obtidos por técnicas iguais ou colhidos por indivíduos semelhantes;

• Pertinência: os documentos precisam adaptar-se ao conteúdo e objetivo da pesquisa; e

• Exclusividade: um elemento não deve ser classificado em mais de uma categoria. Bardin (2004, p.96) indica que o primeiro contato com os documentos constitui a chamada “leitura flutuante”, é neste momento, que surgem as hipóteses e premissas, as quais são resultantes das teorias já estudadas, porém as hipóteses ou premissas também podem ser formuladas no decorrer da pesquisa.

2) Exploração do material

Conforme Bardin (2004) nesta etapa é que ocorre a codificação, ou seja, os dados brutos são transformados de forma organizada e permitem uma descrição das características referentes ao conteúdo. A codificação compreende a unidade de registro, a seleção de regras de contagem (enumeração) e a escolha de categorias (classificação e agregação).

A codificação é “o coração e alma de uma análise qualitativa de textos” (DENZIN; LINCOLN, 2000). A codificação força o pesquisador a emitir julgamentos sobre o significado dos blocos contínuos de textos. Segundo estes autores, a função básica associada à codificação diz respeito às amostras, identificação de temas, criação de listas de códigos, marcação de textos, construção de modelos (relação entre códigos) e teste destes modelos contra dados empíricos.

Segundo Bardin (2004) categorizar implica em isolar elementos para, em seguida, agrupá-los de forma organizada. Bardin sugere que as categorias devem ser:

a) exaustivas, isto é, devem permitir a inclusão de praticamente todos os elementos, embora nem sempre isso seja possível;

b) mutuamente exclusivas, ou seja, cada elemento só poderá ser incluído em uma única categoria;

c) objetivas, isto é, definidas de maneira precisa, a fim de evitar dúvidas na distribuição dos elementos; e

d) pertinentes, ou seja, adequadas ao objetivo da pesquisa.

Uma vez estabelecidas as categorias, passou-se para a etapa seguinte da análise de conteúdo: o tratamento dos resultados – a inferência e interpretação.

3) Tratamento dos Resultados

Segundo Bardin (2004), a análise de conteúdo é um bom instrumento de indução para se investigarem as causas (variáveis inferidas) a partir dos efeitos (variáveis de inferência ou indicadores, referências no texto. O investigador passa da descrição à interpretação utilizando- se conceitos e proposições. Os conceitos derivam naturalmente da cultura estudada e da linguagem dos informantes, e não de definição científica. Uma proposição é um enunciado geral baseado nos dados. Enquanto os conceitos podem ou não se ajustar, as proposições são

verdadeiras ou erradas, mesmo que o pesquisador possa ou não ter condições de demonstrá-lo. O fato é que as proposições derivam do estudo cuidadoso dos dados.

Para a aplicação da análise de conteúdo utilizaram-se procedimentos previamente elaborados, os quais foram esquematizados de acordo com a Figura 7.

Segundo Bardin (2004), o passo inicial para uma análise de conteúdo consiste na identificação dos documentos que serão analisados. Desta forma, os documentos selecionados para efetuar a análise de conteúdo para esta pesquisa foram as transcrições das entrevistas com os diretores e alta gerência. Bardin (2004) cita a regra da exaustividade, que uma vez definido um corpus (que tipo de documento será analisado), ou seja, é preciso recensear todos os documentos que pertencem aquele corpus. Desta forma, esta pesquisa respeitou a regra da exaustividade ao incluir em sua análise todas as transcrições das entrevistas efetuadas.

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