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APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

2. Procedimentos de observação de aulas

2.8. Procedimentos durante o encontro de pós-observação

Mais uma vez, o Manual de Procedimentos da Avaliação do Desempenho Docente da Direcção Regional da Educação e Formação (2010) recomenda que no encontro de pós-observação sejam explorados os aspetos constantes do Quadro 4.11. Por conseguinte, no sentido de determinar se os aspetos referidos são ou não abordados, foi solicitado aos inquiridos que selecionassem aqueles que o foram, no seu caso. Os resultados são os seguintes.

Procedimentos durante o encontro pós-observação

Contextualização da observação. 82.7%

Discussão dos aspetos mais positivos da aula/razões explicativas. 98.1%

Relato de incidentes críticos (descrição narrativa de situações particularmente relevantes). 64.2%

Discussão dos aspetos menos positivos da aula/razões explicativas. 77.4%

Reflexão sobre estratégias/metodologias alternativas. 66%

Identificação de áreas de melhoria. 62.3%

Corresponsabilização do docente na sua formação e desenvolvimento. 54.7%

Quadro 4.11 - Aspetos focados no encontro de pós-observação

O Quadro 4.11 mostra que na quase totalidade dos casos (98.1%) houve a

Discussão dos aspetos mais positivos da aula/razões explicativas. Mas, por

contraponto, a Discussão dos aspetos menos positivos da aula/razões explicativas apenas foi abordada em 77.4% dos casos. Um outro aspeto que também foi muito valorizado foi a Contextualização da observação (82.7% dos casos). O aspeto menos explorado foi a Corresponsabilização do docente na sua formação e desenvolvimento (54.7% dos casos).

Quanto aos CD entrevistados, de uma maneira geral, referiram que as reuniões de pós-observação constituíam uma conversa informal em que inicialmente o professor observado dava a sua opinião acerca do decorrer da aula (“A primeira coisa que a gente fazia era perguntar a opinião (…) do colega que foi avaliado”, B1), depois o coordenador referia também os aspetos mais positivos e menos positivos (“Depois, o colega faz a sua auto-avaliação primeiro, argumenta o que tem que argumentar e depois eu digo se concordo ou não”, C1) e poderia dar pistas de resolução (“Olha, na minha opinião, eu acho que se fosses por este caminho, se calhar, chegavas mais rapidamente àquilo que era o teu objetivo”, D1). Este encontro terminava sempre com a discussão dos níveis de desempenho a atribuir na parte C do formulário de avaliação (“Olha, dei tanto aqui, quanto é que deste? A nota é igual, ótimo (…). É diferente…, vamos ver porquê e quem é que tem mais razão”. Às vezes mudo eu, às vezes muda o colega. E às vezes cada um fica na sua”, E1).

Quando questionados acerca da Corresponsabilização do docente na sua

têm este hábito e os outros dois não, o que vai ao encontro dos resultados do questionário.

Resumindo, o encontro de pós-observação consiste essencialmente numa conversa informal dos pontos mais positivos e menos positivos da aula observada, tentativas de resolução/partilha de estratégias a implementar no futuro e uma discussão da parte C do formulário de avaliação.

2.9. Opinião global dos entrevistados sobre a observação de aulas

Nas entrevistas também foi perguntado qual a opinião dos coordenadores sobre a observação de aulas, tendo todos referido que não é uma situação em que se sintam à vontade por várias razões:

E esta coisa de estar do outro lado, eu, a primeira vez que eu fui (…) ansiosa, porque eu não sabia o que é que eu ia fazer. Como é que eu ia fazer? (B1);

Na parte de observação de aulas, eu não me sinto muito bem, porque os miúdos estão sempre a olhar para trás, do género, “ Ai, que ela é que está a avaliar”. O colega, por mais que uma pessoa o deixe à vontade, diz sempre: “ Ah, vocês deixam-nos à vontade, mas é sempre alguém que está lá atrás”. É, não é assim nada muito agradável, não é? (…) É assim um bocadinho constrangedor (C1);

Não é uma tarefa fácil (…), eu gosto muito pouco de errar (…), eu não gosto de sentir que fui injusto para a pessoa que está a ser avaliada, e isso é o que me pesa, é o ser injusto para o professor (…). Foi uma das principais preocupações que tive, era tentar ser o mais justo possível para com o professor (…) Depois, nas aulas que não são da minha disciplina tive algum receio (D1);

Agora, estar alguém a observar, para avaliar, para dar uma nota, para aquele peso… A pessoa está lá em cima, está nervosa, não gosto, não sei se concordo ou discordo, não gosto. Não me sinto à vontade, nem como avaliadora nem como avaliada, que já fui, já tive aulas assistidas (E1).

No entanto, os coordenadores também reconhecem que a observação de aulas comporta pontos positivos:

Foi gratificante… Foi, foi, e eu gostei. Aprendi bastante, aprendi, a sério, houve coisas que ver os colegas a fazer “Ah, na minha aula, se calhar se… (B1);

A observação de aulas é excelente numa perspetiva formativa (…). É uma forma até de quem está a assistir, pensar assim “Eu também faço assim, se calhar, afinal aquilo não é muito bom, os alunos não estão a reagir bem. Esse tipo de alunos, se calhar...”, porque a gente está lá em cima, a ver, não está a pensar e não está a ver as coisas... (E1).

Por outro lado, a Coordenadora da Escola E referiu também que não concorda com a parte C do formulário de avaliação do desempenho porque: “é um pesadelo avaliar aqueles pontos todos em duas aulas (…), portanto, aquilo está muito mal feito para os 90 minutos, mas muito mal feito. (…) Aquilo tinha que ser tudo reformulado”.

Por tudo o que ficou referido nesta secção, poderemos concluir que, do ponto de vista dos entrevistados, a observação de aulas é muito importante numa perspetiva formativa, pois permite uma partilha de experiências profissionais, mas que, numa perspetiva sumativa, os CD não se sentem muito à vontade no papel de observadores, pelas seguintes razões: por estarem a avaliar um seu par; pelo facto de a observação de aulas não relevar para a avaliação a partir do 3º escalão; por não estarem bem por dentro da metodologia de observação de aulas; pelo receio de cometerem injustiças e por não estarem a par dos conteúdos lecionados, situação esta que ocorre em escolas mais pequenas. Também foi referido que a observação de aulas seria mais fidedigna se não houvesse uma calendarização prévia e que deveria haver uma reformulação da parte C do formulário de avaliação.

3. Aspetos do desenvolvimento profissional promovidos pela avaliação do