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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA 3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

No âmbito da abordagem qualitativa, optou-se por combinar dois tipos desta abordagem, quais sejam, a abordagem genérica e o estudo de caso. A primeira, segundo Merrian (1998), possibilita, nesta pesquisa, delinear um cenário, descrevê-lo, interpretá-lo e entendê-lo. O outro tipo permite que o cenário delineado seja um único sistema. Destaca-se que a preocupação maior reside no processo de como as coisas acontecem, principalmente o seu significado.

Acerca da pesquisa genérica, pode-se afirmar que é o tipo que mais exemplifica as já mencionadas características da abordagem qualitativa. É destinado às pesquisas que desejam descobrir e entender um cenário bem como as perspectivas das pessoas envolvidas. Assim, procura-se ouvir várias pessoas envolvidas num mesmo fenômeno, cada qual com diferentes perspectivas e culturas, para se obter a compreensão do mesmo. Os dados são coletados não só de entrevistas, mas de observações e de análises de documentos.

Sobre o estudo de caso, Bruyne, Herman e Schoutheete (1982) ressaltam a possibilidade de reunião de numerosas e detalhadas informações que permitem compreender a totalidade do fenômeno ou situação, sendo possível isolar o fenômeno social constituindo-o num sistema. Merrian (1998) também destaca que o estudo de caso é empregado para entender um fenômeno e os significados das variáveis nele envolvidas.

Os tipos de abordagem escolhidos, ensejam os seguintes procedimentos: a) observações de campo e aquisição de dados de documentos; b) revisão sistemática de literatura; c) revisão bibliográfica; d) entrevista; e) triangulação de entrevistas; f) análise de conteúdos; g) redução sistêmica da realidade; e h) elaboração do relatório da pesquisa. A Figura 04 apresenta a sequência em que tais procedimentos foram ordenados segundo os métodos científicos adotados, no contexto da presente pesquisa:

Figura 04: Diagrama de procedimentos adotados

Fonte: Elaborada pelo Autor (2012)

A lista encadeada de procedimentos enseja, segundo Santos (2010), o caminho a que se sujeita toda atividade que objetiva alcançar determinado fim. É a mais concreta forma de manutenção da disciplina exigida em todo trabalho intelectual. Desta forma, Triviños (1992), Marconi e Lakatos (1999), Cervo e Bervian (2007) e Gil (2008) compreendem este caminho como uma sequência imposta a um rol de procedimentos de forma a se atingir determinado resultado esperado.

Nunca é demais lembrar que o foco da pesquisa em pauta reside na compreensão das relações entre a Estrutura Organizacional, a Gestão do Conhecimento e a Inovação em empresas de base tecnológica. Pode-

se, então, inferir quais fenômenos receberão as abordagens, explorações e descrições feitas após a seleção do objeto de estudos. São eles:

 a empresa de base tecnológica escolhida;

 sua estrutura organizacional;

 seu plano de gestão dos ativos do conhecimento;

 seu processo de inovação.

A revisão sistemática de literatura, já sustentada teoricamente no Capítulo 1, tem seu lastro na necessidade de se conduzir um processo reproduzível, explícito e que segue o rigor científico, onde o autor grava sua convicção (TRANSFIELD et al; 2003). Higgins (2008) complementa que a revisão sistemática da literatura assegura resultados confiáveis de redução da realidade pesquisada, obtidos por método científico transparente.

Importante lembrar os objetivos do procedimento de revisão sistemática de literatura para esta pesquisa:

 limitar o escopo da investigação da qual a presente dissertação é peça resultante;

 demonstrar a importância do estudo aqui realizado;

 pesquisar o estado da arte para a ideia central em questão;

 identificar possível lacuna no conhecimento já produzido acerca dessa ideia central, ampliando estudos anteriores (COOPER, 2003).

O procedimento da revisão bibliográfica, segundo Andrade (2001), sustenta-se pelo suporte à construção dos novos conhecimentos por intermédio do estabelecimento de um ponto de partida, ou seja, de um referencial do qual são extraídos os conceitos, teorias e ideias vigentes. Sobre a exploração decorrente das observações de campo e aquisição de dados contidos em documentos, Vergara (2005) afirma ser uma investigação empírica realizada no local onde acontecem os fenômenos ou onde existem elementos capazes de explicá-los.

A entrevista se fundamenta no ensinamento de Richardson (1989) que enxerga nela um procedimento que permite aumentar a empatia entre as pessoas e possibilita a transmissão de informações de um indivíduo para o outro, onde as dúvidas relativas ao objeto de estudos são esclarecidas pelo entrevistado ao entrevistador. As percepções do

entrevistador observadas durante a entrevista também são consideradas fruto da mesma.

Com relação à triangulação de entrevistas, Fleury et al (1997) e Easterby-Smith et al (1999) entendem se tratar do cruzamento de entrevistas orientadas por um mesmo grupo de questões, de forma a melhor localizar e caracterizar determinado objeto de estudos. Triviños (1992) confirma este entendimento ao afirmar que o objetivo básico da triangulação de entrevistas é maximizar a amplitude da exploração, descrição e compreensão do objeto de estudos.

Relativamente ao procedimento de análise de conteúdos, Oliveira et al (2003) informam ser meio de explicar o conteúdo de fontes não estruturadas de informações, de maneira a possibilitar a sua sistematização a partir da sua origem, do contexto onde foi coletado o conteúdo e os efeitos deste conteúdo. Bardin (1988) complementa, afirmando que, sob o domínio da abordagem qualitativa, a análise de conteúdo permite extrair, como informação, a presença ou ausência de determinada característica de conteúdo. Oliveira et al (2003) salienta a importância de se registrar o conjunto de operações adotadas, fundamentando e justificando todos os procedimentos o que, aqui, é feito.

A redução da realidade a um sistema sustenta-se, segundo Bunge (2003), no modelo Composition, Environment, Structure and Mechanism (CESM) que afirma que uma realidade pode ser representada por seus componentes, seu ambiente, sua estrutura e seus mecanismos. Moretto, Galdo e Kern (2010) completam ao informar que um fenômeno social é representado em seu contexto mais amplo, se direcionando à distinção dos níveis menores do sistema, bem como às suas relações.

Assim, qualquer realidade pode ser reduzida a um sistema, ou a um componente de sistema, destacando que as características que emergem de um sistema não são as mesmas que emergem de um componente deste mesmo sistema. Bunge (2003) também afirma que um sistema pode ter, em seu bojo, outros sistemas. Dentre as várias categorias de sistemas formuladas por Bunge (2003), esta pesquisa adota o sistema social, materializado numa empresa de base tecnológica.

O supracitado modelo CESM é melhor entendido se estabelecidos significados para suas variáveis. Os componentes são partes ou coleções de partes de uma realidade. Segundo Bunge (2003) não existem componentes permanentemente isolados ou perdidos. Para ele, tudo no universo é, foi, ou será um sistema ou um componente de sistema. O ambiente representa os elementos não pertencentes ao sistema mas que,

de alguma maneira, atuam sobre os componentes ou sobre os sistemas menores contidos no sistema maior.

O autor afirma que, à exceção do universo, todo sistema tem um ambiente. A estrutura é percebida pelas ligações dos componentes entre si e destes com os elementos do ambiente. A estrutura também estabelece vínculos entre os componentes e destes com os elementos do ambiente. Quando menor for o sistema, mais fortes serão as ligações (sua estrutura), e vice-versa. Outro ponto relevante diz respeito à constatação da estrutura ser fundamental para organização do sistema.

No que tange ao mecanismo do sistema, Bunge (2003) informa ser uma coleção de processos que define como o sistema se comporta por intermédio da descrição de como sua estrutura se processa, isto é, como as ligações acontecem. Bunge (2003) arremata afirmando que o sistemismo, por sua episteme interdisciplinar, é, também, recomendado para estudos empíricos de sistemas sociais, como no caso da presente pesquisa.

Por fim, sobre a elaboração do relatório da pesquisa, Fávero e Koch (2008) definem o texto como uma passagem falada ou escrita que constitui um significado completo e independente de sua extensão. Entendem os autores que a coerência é a resultante de todos os fatores que diferenciam a textualidade. Van Dijk (1992) considera o texto um reflexo do modelo mental do autor, que transmite por seu conteúdo, os significados dos construtos que absorve.

Koch e Travaglia (2008) reforçam que o texto, posto ser uma unidade formada de elementos linguísticos estruturados que transmitem um sentido global, tem na coerência seu principal fator que, por sua vez, depende de uma série de outros fatores, dentre os quais: a) conhecimento de mundo; b) conhecimento linguistico; c) inferências; d) informatividade; e) consistência; f) contexto; g) intencionalidade; e h) aceitabilidade.