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Mapa 2: Localização geográfica do município de Marapanim-PA na microrregião do Salgado – Nordeste Paraense.

1.6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Quando pensamos trabalhar a referida temática partimos do pressuposto de que o território constitui uma categoria de análise central para o entendimento da gestão e sua dimensão espacial ligada à pesca cujo desdobramento torna mais evidente as múltiplas dimensões que estão envolvidas no processo de produção e reprodução dos espaços em comunidades de pesca.

Para tanto, realizamos uma revisão na literatura do ponto de vista teórico e metodológico acerca do conceito de território e seu uso, da gestão dos recursos naturais utilizando a coletânea intitulada “Caminhos e Lugares da Amazônia”, organizada por Mota et

al. (2009), destacando o artigo escrito por Silva (2009), o qual trata sobre “O conceito de território nos estudos sobre pesca”; e o artigo de Lopes et al. (2009), intitulado “Ribeirinhos do Mapuá”, onde se discute a categoria Modo de Vida. A obra intitulada “o Mito da Desterritorialização – Do ‘Fim dos Territórios à Multiterritorialidade’” de autoria do Profº Rogério Costa (2007) para discutir o conceito de território e territorialidade. Além dessa literatura, foram consideradas experiências particulares relacionadas às comunidades pesqueiras na “zona do Salgado Paraense”, a exemplo dos trabalhos desenvolvidos por Torres (2004), intitulado “Envelhecimento e Pesca – redes sociais no estuário amazônico”; Furtado

(2001), denominado “Ocupação humana do litoral amazônico” e “Formas Organizativas e Estratégias de Vida no Litoral paraense”, de autoria de Santana (2001), ambos presentes na obra de Prost e Mendes, Ecossistemas Costeiros: Impactos e Gestão Ambiental.

Metodologicamente, foram escolhidas duas comunidades – Guarajubal e Vista Alegre – localizadas no Município de Marapanim-PA, onde foram levantadas informações com dados qualitativos e quantitativos junto às mesmas, levando em consideração seus modos de vida, suas práticas espaciais coletivas ligadas ao desenvolvimento socioeconômico local e regional e suas estratégias de sobrevivência entre outros aspectos.

As pesquisas de campo foram realizadas no ano de 2009, nos meses de Maio/Junho/ Julho, continuando em 2010 e 2011, junto aos moradores das vilas de Guarajubal e Vista Alegre, mediante a aplicabilidade das técnicas de entrevistas abertas, semi-estruturadas, aplicação de questionários – vide apêndices –, uso de máquinas para registro fotográfico de lugares, tipos de embarcações, apetrechos de pesca, tipos de residências que nos levaram a somatória de uma gama de elementos acerca da realidade dos lugares em que o papel de investigador/pesquisador em ciência requer um aprimoramento, único no ato da pesquisa: reconhecer a diversidade a partir da alteridade, ou seja, valorizar as diferenças de modo a reconhecê-las a partir da existência do outro.

Para fins de compreensão e análise metodológica foram focados os seguintes aspectos: 1. Percepção territorial e ambiental de pescadores;

2. Socioeconomia e produção do espaço na vila de Guarajubal e de Vista Alegre. Quanto aos procedimentos adotados para a realização da pesquisa, considerando os aspectos acima mencionados, utilizamos os seguintes:

 Levantamento bibliográfico das referências científicas mais recentes relativas à gestão sustentável de recursos florestais de manguezais na região Nordeste do Pará;

 Levantamento nos órgãos do Município e do Estado a respeito das regulamentações e legislações vigentes relativas à gestão ambiental na região nordeste do Pará;

 Coleta e análise de dados sócio-econômicos nos órgãos responsáveis pela pesca artesanal no município e no Pará;

 Coleta e análise de dados ambientais nos órgãos responsáveis pela gestão ambiental no Município e no Pará, e nas Organizações Não-Governamentais;

 Análise da ocupação atual dos solos e das transformações na paisagem por levantamento fotográfico na área em estudo;

 Entrevistas com comerciantes do pescado no município;

 Análise e integração dos dados multidisciplinares obtidos, e tabulação dos dados coletados em trabalho de campo.

 Elaboração de mapas e croquis temáticos representando as diferentes formas de uso e ordenamento territorial;

 Confrontação dos resultados obtidos com a literatura pesquisada para alimentar a reflexão sobre os termos de uma gestão do uso e o ordenamento territorial das comunidades selecionadas.

A dissertação foi iniciada com as pesquisas em andamento no programa de Pós- graduação em Geografia (2009) estendendo-se inicialmente à vila de Guarajubal e, posteriormente, Vista Alegre, com a intenção de realizar comparações relativas ao uso do território e gestão da pesca, por sugestão do orientador.

A Vila de Guarajubal e de Vista Alegre são comunidades que apresentam em sua organização espacial uma diversidade de elementos naturais e sociais expressos em suas diferentes paisagens, marcadas por suas características peculiares, como as formas de sociabilidade e solidariedade, que lhes garantem unidade, sendo constituída por um sistema de objetos e de ações.

Tentamos acompanhar desde o início o organograma estabelecido na construção do projeto de pesquisa. Todavia, no ano de 2009, quando participávamos das disciplinas do programa, algumas etapas foram sendo postergadas em função das dificuldades encontradas pelo caminho. Ao retomarmos o trabalho ao longo do ano de 2010, escolhemos os meses de Janeiro e Julho para realizar as pesquisas de campo, objetivando alcançar o maior número de dados possíveis para alimentar nossos conhecimentos quanto à realidade dimensionada das referidas coletividades locais.

Entendemos que a pesquisa não se resume às descrições e informações sobre o objeto estudado. Para isso, tivemos que percorrer alguns caminhos que nos levaram a um envolvimento maior com as informações a serem transcritas pelo método da oralidade desenvolvido junto aos pescadores/pescadoras artesanais.

Do mesmo modo, investimos nas conversações em áreas livres com os moradores das comunidades trabalhadas (ver apêndices). Como resultado desse trabalho de campo, transcrevemos e reproduzimos, em várias passagens dos capítulos desenvolvidos, as informações prestadas na íntegra pelos entrevistados. Nesse processo, desenvolvemos uma pesquisa participante, caracterizada pelo envolvimento do pesquisador com pessoas das

comunidades, estabelecendo um contato mais permanente por meio do diálogo. Fomos cobrados a dar o devido retorno dessa pesquisa, uma vez que os informantes acreditaram na possibilidade desta contribuir de alguma forma para melhorias de suas condições de vida.

No final do ano de 2010, as investidas nos trabalhos de campo não evoluíram como o esperado. Trabalhamos na elaboração do projeto de qualificação e nos estendemos até Outubro, qualificando em Novembro do mesmo ano. Retomamos os trabalhos nos meses de Março a Junho de 2011 para produzir os capítulos três e quatro a partir dos dados coletados na pesquisa. Realizamos, ainda no mês de Março, visita a campo com a colaboração de 20 (vinte) alunos do Curso de Biologia do IFPA – Campus de Abaetetuba, Turma de 2009, para aplicar os questionários. Foram três dias de trabalho nas áreas de coleta e conseguimos aplicar 80 (oitenta) questionários no total divididos entre as duas áreas pesquisadas, correspondendo a 40 (quarenta) para cada comunidade. Neste questionário exploramos a socioeconomia e a percepção territorial-ambiental das respectivas áreas de estudo.

Nos meses de Julho/Agosto de 2011 realizamos uma das etapas finais e mais importante da pesquisa, o conhecimento in loco dos Territórios de Pesca das coletividades de pescadores/pescadoras artesanais de Marapanim, ou seja, as fontes da pesca que abastecem a município como um todo. Deste modo, percorremos em média de 5 a 10 Km de extensão, passando por estradas, rios, furos e lagos ao longo dos principais mananciais das referidas comunidades – rio Marapanim, Cajutuba e Camará.

A experiência junto aos pontos de pesca e pesqueiros permitiu relacionar os saberes de tradição e a percepção territorial-ambiental de pescadores/pescadoras artesanais ao conjunto das ideias, categorias, conceitos e ao método da pesquisa adotado.

Todo esse trabalho resultou na elaboração de 5 (cinco) produtos cartográficos relacionados aos objetivos da pesquisa. Assim, listamos os produtos cartográficos:

 Mapa de Localização Geográfica do Município de Marapanim e Áreas de Estudo;  A Territorialidade da Pesca e das Coletividades Locais de pescadores/pescadoras Artesanais de Guarajubal e Vista Alegre;

 Territórios-Rede de Pescadores/pescadoras Artesanais - Rede entre-Lugares;  Mapa de Uso Social dos Recursos Naturais nas áreas de Estudo;

 Mapa de Fluxos da Pesca Artesanal de pescadores/pescadoras Artesanais de Guarajubal e Vista Alegre;

Esses produtos cartográficos foram elaborados a partir do uso das geotecnologias como o programa ARC GIS versão 9.3 e 10 tendo como base de dados o SIPAM (2006); IBGE (2006); Cartas do IBGE/DSG. As coordenadas geográficas foram elaboradas a partir das escalas geográficas de 1:100.000; 1:250.000. Além dessa geotecnologia, utilizou-se também a ferramenta CAD.

De posse desse aparato metodológico partimos para a elaboração do trabalho finalmente. Sabemos que as dificuldades estão presentes a todo instante nas etapas do trabalho. Procuramos de todas as formas, encontrar saídas, e devo-lhes dizer, que para muitas não encontrei respostas, mas tive algumas pistas, que com a ajuda de professores de curso e de outras áreas do conhecimento, foram valiosas. Desse modo, podemos dizer que através das pesquisas de campo foram gerados muitos dados quantitativos, como gráficos, tabelas, e figuras. Trabalhamos com a intenção de melhor aplicar os resultados da pesquisa.

Enfim, a pesquisa é movimento e como tal, procuramos desenvolvê-la em seu movimento relacionado ao caminhar da sociedade. Acompanhar esse movimento significa mergulhar no universo da pesquisa de modo a captar os sentidos diversos atribuídos a um mesmo objeto, foi o que tentamos fazer neste trabalho.

As “facetas” da modernidade, alcunhada pela ciência moderna e alicerçada pelos ditames da globalização, não nos impediu que desenvolvêssemos a análise interpretativa acerca da complexidade do viver territorial, isto é, do sentido tradicional de viver o coletivo junto a essas comunidades pesqueiras da região do “Salgado Paraense”, nem tampouco, de reconhecer-se como parte delas, o que demonstra um sentimento de pertencimento, de respeito mútuo, apesar de viver na capital.

A dimensão territorial da pesca nessas comunidades se define pela natureza das relações sócio-espaciais produzidas e projetadas pelas ações conduzidas por aqueles que vivenciam a atividade cotidianamente, como é o caso dos pescadores/pescadoras artesanais de Marapanim.

Vejo-me, assim, na obrigação de responder à sociedade marapaniense com a produção dos resultados alcançados, seja de forma positiva ou negativa, uma vez que ao fazer ciência corremos esse risco de forma imparcial. Do mesmo modo, cumprir com minhas obrigações acadêmicas como geógrafo e aluno do curso junto a este programa de Pós-graduação em Geografia – PPGEO, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Pará (IFCH/ UFPA) do qual tive muito orgulho em participar.

Para pensar o encaminhamento do objeto de pesquisa elegemos por conceito para fins de discussão teórica o território. Como não há unanimidade acerca do mesmo, faz-se necessário discutir de qual concepção de território partiremos.