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A princípio, o procedimento da amostragem teórica foi utilizado pelo professor- pesquisador para analisar os dados coletados por meio do registro de indicadores, palavras, termos, expressões e frases que emergiram no decorrer da fase analítica desse estudo. Assim, após o levantamento inicial dos dados brutos que foram coletados na amostragem teórica desse estudo, os procedimentos de codificação e categorização foram iniciados de maneira sistemática e simultânea até a ocorrência da saturação teórica, pois os dados começaram a se repetir e informações novas ou relevantes não foram determinadas (GASQUE, 2007).

Nesse contexto, a codificação é um dos processos mais importantes da Teoria Fundamentada, pois equivale ao emprego de códigos em fragmentos de textos que são adequadamente estruturados, como, por exemplo, uma palavra, uma frase, uma página ou um texto completo. De acordo com a estratégia escolhida, os pesquisadores podem ler um determinado trecho de um documento com o objetivo de identificar uma palavra ou uma frase para analisá-las e decidir se existem sobre a ocorrência de informações pertinentes para serem aplicadas no processo de categorização (COFFEY; ATKINSON, 1996).

Conforme Glaser e Strauss (1967) afirmam, a codificação pode ser executada linha a linha, frase a frase, parágrafo a parágrafo, seção por seção ou página por página. No entanto, quanto menor for a aplicação da unidade de análise, como, por exemplo, um trecho dessa linha, mais numerosas podem ser as categorias descritivas que emergem do processo analítico. Portanto, a análise processada linha a linha garante que a codificação, a categorização e a elaboração da teoria emergente sejam fundamentadas nos dados ao invés de se serem prescritas pelos pesquisadores.

Nesse sentido, Strauss e Corbin (1990) mencionam que se os pesquisadores codificarem parcelas maiores de texto, como, por exemplo, um parágrafo ou uma página, a sua atenção pode ser direcionada para uma ocorrência particularmente específica e, como consequência, pode haver a definição de categorias menos óbvias, mas, da mesma maneira, importantes para auxiliar os pesquisadores na fase interpretativa do estudo para que não sejam desperdiçadas.

Nesse contexto, os códigos são legendas utilizadas pelos pesquisadores para possibilitar a emergência de unidades de análise para a determinação das informações que são compiladas ao longo da gestão de um determinado estudo. Frequentemente, os códigos estão implícitos nos fragmentos de textos de tamanhos variados, como, por exemplo, palavras, frases, termos, expressões, frases e parágrafos, que estão conectados ou desconectados por meio de uma estrutura textual específica dos instrumentos de coleta de dados (MILES; HUBERMAN, 1994).

Continuando com esse trabalho metodológico, os códigos preliminares foram organizados em categorias conceituais. Nesse procedimento, os dados brutos foram decompostos e conceitualizados para que se pudessem demonstrar as suas relações. O principal objetivo desse procedimento de análise é oportunizar o desenvolvimento do rigor necessário para esse método científico por meio do exame minucioso dos dados brutos (STRAUSS; CORBIN, 1990).

Desse modo, os códigos determinados nesse processo analítico são de dois tipos: os preliminares que auxiliam na conceituação da essência empírica da pesquisa e os conceituais que auxiliam os pesquisadores a transitarem de um referencial prescritivo para uma representação descritiva mediante a elaboração de categorias conceituais, possibilitando a abstração dos dados para a obtenção de informações consideráveis para a compreensão da problemática do estudo (GLASER, 1978).

Posteriormente, a análise dos dados brutos foi realizada mediante os instrumentos de coleta de dados utilizados nesse estudo para a composição de sua amostragem teórica.

As informações originadas nos dados brutos foram analisadas e relacionadas entre si (PINHEIRO, 2017).

O processamento dessas informações se iniciou com a Codificação Aberta por meio da qual os dados foram examinados cautelosamente e verificados linha a linha, frase a frase e parágrafo a parágrafo, sendo realizado manualmente por meio da leitura e do registro das informações contidas nos dados coletados durante a condução do trabalho de campo.

Essa abordagem analítica auxiliou o professor-pesquisador na codificação de trechos do texto por meio de expressões ou frases que pudesse expressar a essência do discurso dos participantes desse estudo. Consequentemente, esse procedimento de leitura e análise dos dados brutos foi meticuloso, possibilitando que o professor-pesquisador “examinasse, refletisse, comparasse e conceituasse os códigos preliminares determinados nessa codificação” (PINHEIRO, 2017).

Portanto, essa codificação baseou-se em abrir os dados brutos, permitindo um trato mais próximo entre a amostragem teórica e o professor-pesquisador. Por exemplo, essa abordagem possibilitou que o professor-pesquisador determinasse os códigos preliminares que emergiram durante a fase analítica desse estudo. O quadro 06 mostra um exemplo desse processo de codificação aberta.

Quadro 06: Exemplo de codificação aberta

Dados Brutos Coletados Codificação Aberta

(Códigos Preliminares)

Obviamente não acho a [matemática] melhor matéria (1), mas é legal (6).

A parte de trigonometria (5) eu amo (6), agora a parte de geometria espacial (5) eu não gosto (6), tenho muita dificuldade em entender os conceitos e de gravar as fórmulas (2).

Gosto de Matemática (6) devido ao raciocínio lógico que é desenvolvido (4) e que possibilita diversas interpretações (3).

Eu gosto de estudar Matemática (6) no momento em que eu tenho controle (1), e sei resolver os conteúdos aplicados (3).

(1) Relação dos participantes com a matemática.

(2) Dificuldade ou facilidade com os conteúdos matemáticos. (3) Valorização de saberes matemáticos. (4) Importância da Matemática. (5) Conteúdos e conceitos matemáticos.

(6) Motivação e interesse para a aprendizagem.

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Em seguida, os dados brutos foram desmembrados em grupos distintos e comparados entre si para que o professor-pesquisador pudesse estabelecer semelhanças e diferenças entre as informações obtidas nesse processo (STRAUSS; CORBIN, 1990).

Esse tratamento permitiu a determinação dos códigos preliminares que emergiram a partir da análise desses dados.

Prosseguindo com o processo analítico, a codificação axial foi iniciada mediante o desenvolvimento de uma análise apurada dos códigos preliminares adquiridos através da codificação aberta realizada. Dessa forma, esses códigos foram reagrupados de novas maneiras, pois se buscou relacionar as categorias que originaram outros códigos conceituais (STRAUSS; CORBIN, 1990).

O principal objetivo desse processo foi reorganizar os códigos preliminares em um nível maior de abstração por meio do desenvolvimento da codificação axial, que originou as categorias conceituais. O quadro 07 mostra um exemplo da codificação axial utilizada nesse estudo.

Quadro 07: Exemplo de codificação axial

Codificação Aberta (Códigos preliminares)

Codificação Axial (Categorias Conceituais)

(2) Dificuldade ou facilidade com os conteúdos matemáticos.

(4) Importância da Matemática.

(5) Conteúdos e conceitos matemáticos.

Matemática no contexto escolar

(1) Relação dos participantes com a matemática. (6) Motivação e interesse para a aprendizagem.

Ação pedagógica da modelagem

Fonte: Arquivo pessoal do professor-pesquisador

Os métodos de coleta e de análise dos dados brutos ocorreram concomitantemente durante todas as etapas da condução dessa pesquisa, pois esse é um aspecto importante da Teoria Fundamentada. De acordo com esse contexto, apresenta-se a organização e a análise dos dados brutos que foram coletados nos instrumentos utilizados durante a condução do trabalho de campo dessa pesquisa.