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“O método é a alma da teoria”.

LENIN (1965) Pesquisa-se para conhecer uma determinada realidade, a partir da compreensão do problema como uma questão ainda não resolvida no campo do conhecimento. Neste caso, o problema será “uma questão que envolve intrinsecamente uma dificuldade teórica ou prática, para a qual se deve encontrar uma solução” (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p. 75). Entende-se que produzir um conhecimento científico sobre a imagem da biblioteca pública a nível de Estado do Ceará é uma atividade de pesquisa marcada pela complexidade, visto que, nesse contexto, a biblioteca é um objeto social de investigação. Ademais, o conceito de imagem apresenta-se polissêmico e envolve percepções construídas há muito tempo.

A biblioteca é uma organização cujo objeto de trabalho e produto é a informação. A “informação é viva, impulsiona a percepção humana” (VARELA, 2007, p. 31). Na sociedade da informação, as organizações usam a informação como um recurso de competitividade. Neste sentido, a tecnologia é condição sine qua non para a articulação da biblioteca na sociedade da informação, evidenciando as suas potencialidades e configurando sua imagem organizacional. A imagem da biblioteca pública, conforme evidenciado na revisão de literatura, apresenta-se ora por um discurso inflamado de ideal institucionalizado, ora por uma verdadeira apatia e desinteresse. Portanto, conhecer a realidade da biblioteca pública e sua imagem organizacional encontra amparo na Ciência da Informação a partir de seu caráter interdisciplinar, tecnológico e principalmente social.

Para revelar a imagem da biblioteca pública no âmbito das bibliotecas polos do Estado do Ceará é necessário um olhar sobre todos os elementos e sujeitos que compõem este sistema. Neste sentido, a investigação está esquematizada de forma a ouvir as diversas vozes que envolvem o SEBP/CE e as bibliotecas polos. Dessa forma, a pesquisa compreendeu todas as bibliotecas polos do Estado, a coordenação geral do SEBP/CE, uma amostragem (20%) dos municípios atendidos pelas polos e uma amostragem aleatória dos usuários das bibliotecas polos.

Desse modo, a investigação é uma pesquisa social, que de acordo com Minayo, et al. (1999, p. 12) “se faz por aproximação, mas, ao progredir, elabora critérios de orientação cada vez mais precisos”. Neste sentido, seu objeto de estudo deverá ser situado no tempo e no espaço, e apesar do caráter provisório dos resultados neste tipo de pesquisa, apresenta uma forte interação entre o sujeito e o objeto. Ainda segundo Minayo et al. (1999, p. 14) “a

metodologia inclui simultaneamente a teoria da abordagem (o método), os instrumentos de operacionalização do conhecimento (as técnicas) e a criatividade do pesquisador (sua experiência, sua capacidade pessoal e sua sensibilidade)”. Já Richardson et al. (1999), ao explicar a diferença entre método e métodos diz que nas ciências sociais é preciso distinguir a sua finalidade explicativa, em nível mais abstrato e suas etapas mais concretas, discriminando em método de abordagem e métodos de procedimento.

Neste sentido, a abordagem foi delineada a partir do método dialético, por creditar à sociedade o caráter transitório no que concerne às suas percepções sobre as coisas e objetos. Ora, “todas as coisas implicam um processo” como afirma Richardson et al. (1999, p. 84) e ao mesmo tempo em que se movimentam, se transformam e se desenvolvem, assim, para tratar da percepção das pessoas acerca da imagem da biblioteca pública, dentro de um universo específico, como é o caso do SEBP/CE, a dialética se constitui em um método ideal pela mistura dos contrários: imagem positiva e negativa. Quanto aos métodos de procedimento, foi usado concomitantemente o método comparativo – por trabalhar com a teoria estruturalista a partir do isomorfismo mimético; o método monográfico – que permitirá observar aspectos particulares em um grupo específico, que são o grupo de bibliotecas públicas constantes do SEBP/CE; e o método funcionalista – por entendermos que a representação imagética na mente das pessoas a respeito da biblioteca pública, passa obrigatoriamente pela função que esta representa na vida dessas pessoas.

Os procedimentos metodológicos foram observados a partir de uma pesquisa quali- quantitativa (MINAYO et al., 1999; RICHARDSON et al., 1999), partindo das diferentes formas de consciência social do usuário, historicamente construída pela imagem da biblioteca pública, junto a sua comunidade, sobretudo, na tentativa de uma compreensão mais detalhada dos significados e características dessas bibliotecas, descritas pelos entrevistados. Quanto a natureza qualitativa da investigação foi observado o itinerário da pesquisa qualitativa descrito por Minayo et al. (1999) em três etapas: a fase exploratória; o trabalho de campo; e a análise e tratamento do material empírico e documental. A terceira etapa, por sua vez, contemplou os procedimentos de ordenação, classificação e análise dos dados. Para Minayo et al. (1999), a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares e não pretende alcançar a verdade absoluta, entretanto, a partir da compreensão da lógica que permeia a prática, pretendeu compreender a realidade. O estudo foi baseado no fenômeno histórico de atuação das nove Bibliotecas Polos do Estado do Ceará, de forma a permitir o registro das mudanças que por ventura tenham ocorrido após a sua implantação, para que se possa atingir o objetivo da pesquisa no que diz respeito à imagem da biblioteca.

Com isto, a pesquisa qualitativa se justifica no sentido de estabelecer parâmetros para entender a natureza do fenômeno social da representação imagética da biblioteca pública e a pesquisa quantitativa estrutura esse entendimento a partir de dados concretos, que foram analisados tanto qualitativamente quanto quantitativamente com o apoio da triangulação dos métodos quantitativos e qualitativos, de forma que se complementem. Como enfatiza Goldenberg (2007, p. 63),

Enquanto os métodos quantitativos pressupõem uma população de objetos de estudo comparáveis, que fornecerá dados que podem ser generalizáveis, os métodos qualitativos poderão observar, diretamente, como cada indivíduo, grupo ou instituição experimenta, concretamente, a realidade pesquisada.

Como assinalam Goode e Hatt (1975, p. 398) “[...] não importa quão precisas sejam as medidas, o que é medido continua a ser uma qualidade”. O caráter quantitativo da pesquisa foi usado para estabelecer uma imagem da biblioteca pública enquanto organização a partir de um modelo de quantificação adaptado de Villafañe (1998), conforme o Quadro 3. A cada variável foram agregados pesos propostos pelo modelo a partir da Escala de Likert de cinco pontos, que permitiu a mensuração dos elementos que compõem cada variável e com isto, revelar em qual delas a biblioteca pública (organização) mais investe esforços.

Quadro 3 - Modelo de quantificação da imagem organizacional.

IMAGEM DA ORGANIZAÇÃO