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4.5 Restrições operacionais

4.5.2 Procedimentos pré-decolagem

As tarefas para gerenciamento de pista visam o agendamento eficiente das deco- lagens, sendo imprescindível a elaboração de um plano de decolagem para cada aeronave. Este plano de decolagem é composto essencialmente pelo planejamento de gate (atribuição de posição operacional em solo e início e duração do embarque

de passageiros ou carga)3, pelo plano de taxiamento para o deslocamento da aero-

nave até a pista de rolagem e pelo plano de runway4, que efetivamente conduz a

aeronave até a cabeceira da pista, de onde a mesma deixa o solo [36].

Destas três tarefas de planejamento, destaca-se o plano de runway, do qual é possível derivar o planejamento de gate e o planejamento de taxiamento. Aqui, é feita a especificação de qual pista de rolagem cada aeronave utilizará para decolar, e em que momento. Um dos elementos a se considerar nesta especificação é a esteira de turbulência gerada por aeronaves em operações anteriores de pouso ou decolagem.

O processo de rolagem da aeronave no trajeto compreendido entre a plataforma de embarque/carregamento e a pista de decolagem é chamado de táxi. Em ter- mos técnicos, o táxi é definido como o movimento autopropulsado de uma aeronave sobre a superfície de um aeródromo, excetuando-se os instantes de decolagem ou aterrissagem [37]. Portanto, a aeronave está em processo de taxiamento enquanto a mesma se desloca pelo solo entre partes distintas do aeródromo.

O processo de taxiamento tanto ocorre após a aterrisagem quanto antes da de- colagem, sendo chamado de taxi-in no primeiro instante e de taxi-out no segundo. Como o escopo deste trabalho é a partida das aeronaves, trata-se aqui apenas do procedimento de taxi-out. Antes de decolar, a aeronave precisa solicitar a autori- zação antes mesmo do acionamento dos motores. Neste ponto, é definido o meta do tempo de partida (TTD - Target Time for Departure), que é o horário desejado da decolagem, e a meta do tempo de off-block (TOBT - Target Off-block Time), que é o horário desejado para o push-back da aeronave, ou seja, o momento em que a mesma abandona sua posição de embarque e inicia a movimentação em solo.

O controle de Ground (solo) é responsável pelo tráfego da aeronave neste ínte- rim, sendo sua tarefa evitar que:

• aeronaves utilizem simultaneamente a mesma rota, em sentidos e direções distintas;

• uma aeronave se desloque com velocidade superior a outra que esteja à sua frente na mesma rota e mesmo sentido de deslocamento;

• duas aeronaves trafeguem simultaneamente em sentidos opostos na mesma rota, uma direção à outra.

Estas características da movimentação em solo trazem à tona a questão da ca- pacidade aeroportuária, que geralmente é o gargalo nas situações de saturação e congestionamento. Observa-se que a infraestrutura destinada à ocupação das ae- ronaves em solo é fundamental para a eficiência das operações de pousos e decola- gens, uma vez que a taxa de liberação das aeronaves para decolagem (throughput) muitas vezes esbarra na limitação da quantidade de aeronaves que podem estar em atividade nas pistas do aeródromo.

3A meta de início da operação da aeronave no aeródromo é chamada de TSAT (Target Start-Up

Approval Time)

Tempo de taxiamento

Os tempos de taxiamento são essenciais para os seguintes cálculos:

• horário estimado de ingresso na posição de estacionamento (EIBT - Estimated In-Block Time);

• horário estimado de decolagem (ETOT - Estimated Take-Off Time), conside- rando o horário esperado de off-block e o tempo previsto de taxiamento até a cabeceira da pista (EXOT - Estimated Taxi-out Time;

• meta de horário de decolagem (TTOT - Target Take-Off Time), considerando o tempo a ser transcorrido entre o horário de aprovação inicial e o EXOT; • tempo de decolagem calculado (CTOT - Calculated Take-Off Time), resultado

da alocação tática de slots, que reflete o tempo em que se espera que a aero- nave já esteja no ar.

Em areoportos mais complexos, é comum a grande diferença entre os tempos de táxi entre as aeronaves. Portanto, o tempo necessário para o taxiamento deve ser calculado de maneira individualizada para cada aeronave [28]. Naturalmente, este cálculo depende das características locais do aeródromo.

O horário estimado de taxi-in (EXIT - Estimated Taxi-in Time), agregado ao ho- rário real de aterrissagem, é fundamental para o cálculo do EIBT, o que favorece a coordenação das operações de gate e, portanto, contribui para o processo colabora- tivo em solo. O mesmo vale para as decolagens, onde o horário estimado de taxi-out (EXOT), agregado ao horário estimado de off-block (EOBT - Estimated Off-block Time), é fundamental para o cálculo do horário estimado de decolagem (ETOT). Deste modo, o órgão ATC pode atualizar o perfil de voo da aeronave em questão e trabalhar de maneira mais eficiente no gerenciamento da capacidade da malha.

No processo decisório colaborativo, o tempo de taxiamento é tratado como segue: • Para voos chegando ao terminal: o tempo real de taxi-in (AXIT) é o período entre o horário real de aterrissagem (ALDT) e o horário real de parada total da aeronave (AIBT);

• Para voos saindo do terminal: o tempo real de taxi-out (AXOT) é o período entre o horário real de início da movimentação (AOBT) e o horário real de decolagem (ATOT);

Os parceiros que lidam diretamente com a movimentação das aeronaves (ATC e operadores de solo e gates) são as mais precisas fontes de informação. Conforme eventos são observados, os parâmetros operacionais tratados no período de taxi- amento podem ser alterados, o que requer monitoramento e eventual regulariza- ção da situação do tráfego, influenciando diretamente o horário de autorização de push-back. Quanto mais completa a monitoração, mais realistas serão os valores calculados para o EXIT e o EXOT. Alguns parâmetros que podem afetar o tempo de taxiamento são a infraestrutura aeroportuária, as pistas em uso, condições mete- orológicas, tipo e peso da aeronave, densidade de tráfego, procedimentos operacio- nais locais, dentre outros.

Cálculo do período de taxiamento

Em aeroportos menores, é perfeitamente possível utilizar um período de taxia- mento padrão. No caso de aeroportos maiores, a configuração das pistas de rolagem pode impactar o tempo de táxi de maneiras distintas para as aeronaves. Então, faz- se efetivamente necessário o cálculo dos EXIT e EXOT.

Os principais parâmetros que devem ser utilizados neste cálculo são:

• os tempos padronizados de taxiamento;

• dados provenientes dos órgãos de controle relativos à movimentação das ae- ronaves na TMA;

• tipo ou categoria da aeronave; • histórico de taxiamento;

• tempos de taxiamento específicos para as condições operacionais correntes; • rotas para taxiamento.

De fato, na maioria dos aeroportos é utilizado um tempo de referência padroni- zado para o taxiamento, que é, em média, igual a cinco minutos, no caso de uma pista de aterrissagem, e igual a nove minutos, no caso de uma pista de decolagem, podendo variar conforme a configuração do aeródromo [28]. Não há distinção de categoria de aeronave nestas características5. No entanto, esta medida pode ser

aperfeiçoada ao serem considerados dados históricos de taxiamento para cada con- figuração de pista. É feita a média de utilização da pista de acordo com períodos específicos do ano, dias da semana, períodos do dia etc. Obviamente, a velocidade de deslocamento da aeronave também é um parâmetro essencial para este cálculo.