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Capítulo IV: Etnografia na escola

4. Processo da Recolha de dados

Quem faz investigação deve ter presente um conjunto de princípios (valores) que sejam reconhecidos pela comunidade científica como importantes e que orientem o desempenho do investigador. Isto poderá contribuir para a formação da identidade profissional e de uma prática investigativa de maior qualidade. Uma das questões que se levanta, e que é muito importante para qualquer investigação, prende-se com os direitos e os deveres dos implicados no processo investigativo: o investigador e o participante, assim como as relações que se podem estabelecer entre eles que poderão vir a comprometer ou não a investigação.89

Tendo em conta o aspecto ético da investigação houve a preocupação de garantir um determinado número de pré-requisitos de forma a assegurar que as várias etapas do trabalho de campo, e respectivos procedimentos pudessem decorrer em conformidade com os adoptados para a realização de um trabalho de investigação e de acordo com a legislação em vigor90.

Neste sentido, foi pedido junto do Ministério da Educação, a necessária autorização para aplicação das entrevistas em meio escolar,91 foi pedido à Presidente do Conselho Executivo do Agrupamento autorização para a realização do estudo (Anexo IV), foi pedida a colaboração na realização das entrevistas aos Professores Titulares de Turma do 1º e 4º ano de escolaridade (Anexo V) e aos Directores de Turma do 5º, 6º, 7º, 8º e 9º ano de escolaridade (Anexo VI), das turmas que constituíram a amostra e também foi solicitado a autorização aos Encarregados de Educação para a realização das referidas entrevistas (Anexo VII).

89http://fatimaleitao700984.blogspot.com/2008/06/questes-ticas.html

90 Despacho N.º 15847/2007, de 19 de Junho, do Gabinete da Ministra da Educação 91http://mime.gepe.min-edu.pt/Private/Inqueritos.aspx

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Após as autorizações do Ministério da Educação, da Presidente do Conselho Executivo do Agrupamento, e dos Encarregados de Educação e a aceitação de colaboração por parte dos Directores de Turma e Professores Titulares de Turma, iniciámos o nosso trabalho de campo.

No início do mês de Março de 2009 começámos as observações dos intervalos em horários distintos e terminámos por volta dos finais de Março. À medida que as observações foram sendo realizadas, os dados foram transcritos e organizados em notas de campo e posteriormente em grelha de análise de dados.

Em meados de Março de 2009, foi feita uma reunião informal, com os Directores de Turma e com os Professores Titulares de Turma, para apresentação do projecto e para definir os critérios que estariam na base da escolha dos entrevistados que constituiriam a amostra do estudo. Ficou acordado que os critérios para a selecção dos alunos a entrevistar, seriam o comportamento (assertivo e disruptivo) e a aprendizagem (bons alunos e alunos menos bons) uma vez que o nosso estudo incidiria sobre estas grandes categorias.

No decorrer do mês de Abril, elaborámos os guiões das entrevistas e realizámos o pré-teste, tendo sido utilizado, para o efeito, uma amostra composta por 6 (seis) alunos, dos quais 2 (dois) do 4º ano de escolaridade (1º ciclo), 2 (dois) do 6º ano de escolaridade (2º ciclo) e 2 (dois) do 9º ano de escolaridade (3º ciclo), tendo havido o cuidado de assegurar que os alunos pertencentes a esta amostra, nenhum participava nas entrevistas que constituiriam a amostra do nosso estudo, evitando assim, a repetição da entrevista ao mesmo aluno.

O pré-teste permitiu - nos fazer algumas adaptações ao guião inicial da entrevista, adequando as questões aos níveis etários dos alunos e reduzindo o número de questões, no caso específico do 1º ciclo. Depois das devidas alterações chegámos à versão final do guião de entrevista semi-estruturada que submetemos ao Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação 92 para aprovação no dia 20 de Abril de 2009 e cuja resposta (Anexo VIII) com a respectiva autorização nos foi dada em 15 de Maio de 2009 o que fez com que fosse preciso reajustar o plano da realização das entrevistas, conseguindo assim, cumprir com o que estava predefinido, ou seja até ao final do ano

92http://mime.gepe.min-edu.pt/

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lectivo que estava eminente. Assim, iniciámos as entrevistas em 22 de Maio de 2009 e terminámos em 4 de Junho de 2009.

O local escolhido para a realização das entrevistas, foi a sala de reuniões dos Directores de Turma, por ser a mais acolhedora e a que estava menos exposta ao ruído exterior.

Antes de iniciar a entrevista propriamente dita, o investigador, fazia a sua apresentação explicando a finalidade da entrevista ao mesmo tempo que enfatizava a importância da colaboração do entrevistado no estudo. Informava também do carácter anónimo da entrevista e da não divulgação dos dados a terceiros. Por fim, perguntava a idade e tentava criar alguma empatia e à-vontade para depois dar início à entrevista propriamente dita. No fim, o investigador agradecia a participação do entrevistado no estudo e premiava93 a sua colaboração.

Ao longo das entrevistas foi necessário “incitar” alguns dos entrevistados de forma a “ reconduzir a entrevista aos seus objectivos e a recuperar a sua dinâmica “ Quivy (1988: 73). Da mesma forma que alguns entrevistados permaneciam em silêncio durante alguns segundos o que por vezes, levou a que fosse necessário fazer uso do que este autor chama de “empurrões”. Segundo este autor” não se devem temer os silêncios (…) pequenas pausas numa entrevista podem permitir ao entrevistado reflectir mais calmamente, reunir as suas recordações e, sobretudo, aperceber-se de que dispõe de uma importante margem de liberdade” (ibid:74)

O instrumento utilizado para a gravação das entrevistas foi o Mp3, o que facilitou muito a transcrição das entrevistas de áudio para texto, uma vez, que permitia a utilização directa no computador.

A transcrição das entrevistas foi um processo bastante moroso, devido ao número elevado de entrevistas realizadas. No cabeçalho de cada transcrição de entrevista consta o código do entrevistado, a idade, o ano de escolaridade, a data de realização da entrevista e a duração da entrevista e observações. Do mesmo modo, o uso de um software (Nvivo8) com o qual não tínhamos tido qualquer contacto e não dominávamos, também fez com que o processo de tratamento dos dados das entrevistas

93 O investigador premiou os entrevistados com um “Chupa-Chupa”, como forma de agradecimento pela colaboração. De modo a não haver “distracções”durante a entrevista os alunos não tinham conhecimento prévio do prémio.

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se alongasse. No entanto, este software, constituiu uma mais-valia para o nosso estudo uma vez que nos permitiu ir mais além, recuperando-se assim, o tempo investido na sua exploração.

Também foi solicitado, oralmente, à Presidente do Conselho Executivo do Agrupamento o acesso às Pautas de Avaliação, referentes aos três trimestres dos alunos que constituíram a amostra do nosso estudo. Foi autorizada a fotocópia das pautas94, mas não a sua cedência em formato digital.

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