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Processo de elaboração das normas técnicas brasileiras

D. metodologia a ser utilizada

4. NORMAS TÉCNICAS

4.5. Processo de elaboração das normas técnicas brasileiras

As normas técnicas são elaboradas nos Comitês Brasileiros da ABNT (ABNT/CB) ou em Organismos de Normalização Setorial (ONS) por ela credenciados. Os ABNT/CB e os ONS são organizados numa base setorial ou por temas de normalização que afetem diversos setores, como é o caso da qualidade ou da gestão ambiental296.

Os textos das normas são desenvolvidos em comissões de estudos (ABNT/CE), no âmbito dos ABNT/CB; ou, quando se justifica e o assunto é restrito, em CE Especiais Temporárias (ABNT/CEET), independentes. A participação é aberta a qualquer interessado, independentemente de ser associado da ABNT. A sociedade colabora no processo de desenvolvimento de normas. As normas técnicas são estabelecidas por consenso entre os interessados e posteriormente são submetidas à sociedade por processo de consulta pública297.

296Segundo informativo virtual ABNT www.abnt.org.br. 297Vide Boletim da ABNT ou Diário Oficial da União.

A composição das comissões de estudos é matéria estatutária298, formada em geral por figuras como produtores e consumidores de insumos básicos, matérias-primas em geral, bens e serviços; órgãos técnicos, profissionais e entidades governamentais e privadas. Qualquer cidadão interessado, como qualquer entidade observadora poderá ser credenciada para atender as reuniões de uma comissão de estudos para a elaboração de uma norma.

Neste processo de produção da norma não se insere a característica pessoal e espiritual de cada um dos membros voluntários que trabalharam na comissão.

Os membros das comissões seguem parâmetros ao aplicarem o conhecimento técnico e informações de necessidade funcional para a formatação de cada NBR. As sugestões obtidas na Consulta Pública são analisadas pela Comissão de Estudo (CE) e o Projeto de Norma é aprovado e encaminhado à Gerência do Processo de Normalização da ABNT para homologação e publicação como Norma Brasileira - NBR.

As normas ABNT NBR podem ser classificadas em seis funções, ora vejamos:

a) As normas de classificação são aquelas que classificam o espaço físico para o uso do solo urbano, com vistas à elaboração de levantamentos, planos e legislação a respeito.

b) As normas de especificação objetivam fixar as condições exigíveis para antena VHF, de baixo perfil, para veículo metro-ferroviário, para comunicação terra-trem.

c) As normas de método de ensaio prescrevem o método de determinação da massa específica e do teor de ar do concreto fresco, pelo processo gravimétrico.

d) As normas de padronização padronizam os princípios gerais para o preenchimento da ficha de declaração de carga para o transporte ferroviário de mercadoria perigosa.

e) As normas de simbologia estabelecem os símbolos para identificação da resina termoplástica, utilizada na fabricação de embalagens, que facilite a

seleção de recipientes e embalagens plásticas em geral, de acordo com a sua composição.

f) As normas de terminologia relacionam e definem os termos que devem ser utilizados nas atividades de projeto e execução de redes telefônicas internas, compreendendo a parte das tubulações e da rede de cabos e fios telefônicos.

A classificação de normas técnicas colabora para a melhor compressão da definição internacional proposta, a qual se limita a considerá-la como um documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido que fornece, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou para seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto299.

As normas técnicas além de materializar resultados de práticas experimentais, fornecem um método de padronização, isto é, procedimentos para se obter máxima qualidade, produtividade e segurança de produtos e serviços e a sua reunião é mera facilitação de acesso ao conteúdo pelo usuário ou interessado, enquadrando-se no conceito de “idéias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos”, de que trata o art. 8º, da Lei n. 9.610/98.

O processo de elaboração da norma é funcional, baseado em estudos de temas previamente elaborados, obedientes a diretrizes técnicas preestabelecidas e decididamente baseadas em experiências.

4.6. Da forma de expressão

A padronização do texto da norma técnica ABNT NBR no Brasil é determinada pela Resolução CONMETRO 06 de 24 de agosto de 1992 (vide nº 7, letra “a”) que, por sua vez, baliza-se no padrão da Organização Internacional de Normalização - ISO, conforme tradução da Diretiva 3 ABNT/ISO/IEC.

299Vide site CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI. Disponível em: <www.normalizacao.cni.org.br>.

Este documento elucida que a disposição sistêmica das normas técnicas não segue a livre inspiração da criatividade humana, uma vez que toda norma deverá obedecer a seguinte ordem de descrição:

a) Princípios gerais,

b) Esquema geral, estrutura e conteúdo. c) Divisões e subdivisões.

d) Regras redacionais. e) Redação dos títulos.

f) Redação e apresentação dos termos e das definições. g) Formas verbais.

h) Normas Internacionais fundamentais.

i) Exemplo de numeração de divisões e subdivisões. j) Exemplo de apresentação de um texto datilografado. k) Equivalências terminológicas.

l) Exemplo de apresentação de Normas Brasileiras.

A adoção de uma forma de expressão convencional denota a inexistência de ato criativo, fruto da imaginação do homem. É fato que os países membros do organismo internacional de normalização - ISO convencionaram a disposição das informações a comporem um texto de normas técnicas, não se permite a liberdade criativa. É um trabalho de reprodução de informações e experiências bem sucedidas.

Recorda-se que as normas técnicas são textos em que a respectiva forma de expressão é originária de uma convenção internacional, não há criatividade alguma ao se estabelecer a forma de expressar as instruções inerentes a cada norma.

Todos os textos de normas técnicas publicadas pela ABNT são elaborados após a informação técnica ali contida ter sido exaustivamente conhecida, testada, experimentada por muitos do seguimento requerente, para assim ser declinada como norma pela Comissão de Estudos, e, posteriormente homologada pela ABNT.

Silveira300 analisa a matéria e ao final conclui que o Direito Autoral tutela as obras literárias e artísticas, excluídas aquelas que constituem forma necessária à expressão do conteúdo técnico ou científico.

Considera inexistente o caráter criativo na norma técnica, e, portanto não protegível pelo Direito Autoral, e, não podendo ser considerada uma obra literária ou artística, uma vez que a originalidade e criatividade são por ele designados como requisitos tanto para a proteção das criações no campo da técnica, quanto para a das obras literárias e artísticas. Entende o autor que os procedimentos normativos, quando relativos à técnica e à funcionalidade, compreendem as normas técnicas, destinadas à obtenção de um resultado na área técnico-industrial.

Tais normas são realizadas com a cooperação de entes da sociedade e se destinam à própria sociedade. O direito exclusivo não é compatível com a formação da norma e sua destinação.