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AS EXPERIÊNCIAS NA REGIÃO: BOLSA FAMÍLIA E JUNTOS

4.1. Experiência brasileira – Bolsa Família

4.1.2 Processo de expansão e inclusão de beneficiados

Na perspectiva de Paiva, Falcão e Bartholo, (2013b)

“o período de 2003 a 2004 marca o período inicial do Programa, com incrementos de cobertura baseados na migração das famílias já beneficiárias e as primeiras concessões para famílias que ainda não tinham sido incluídas em políticas de transferência de renda. Um período também marcado pelas fragilidades iniciais da construção do CadÚnico [...]. Com a articulação entre o MDS e os municípios, o percentual de cadastros válidos no CadÚnico saltou de 31% para 92% entre março de 2005 e outubro de 2006. Por sua vez, em meados de 2006, o Programa atingiu sua meta inicial de atendimento, cerca de 11 milhões de famílias beneficiárias” (p. 28).

Para os autores (2013b), pode-se observar nesses quase doze anos que, desde a implementação, o Programa passou por um processo de consolidação e de aperfeiçoamento, de maneira especial em duas frentes: o processo de transferência de renda e o acompanhamento de suas condicionalidades. Particularmente em 2006 e 2008, foram adotadas mudanças no desenho do Programa, como a adoção da regra de permanência (que prevê a possibilidade de variação da renda familiar per capita acima

do critério de elegibilidade, dentro de um período de dois anos) e a criação do benefício variável vinculado ao adolescente (BVJ), pago a famílias com membros com idade entre 16 e 17 anos.

Em anos posteriores, de 2009 a 2010, o Programa adotou uma nova perspectiva para elaboração de suas estimativas de atendimento baseada, sobretudo, na compreensão de que a renda dos segmentos menos favorecidos, além de baixa, era também, volátil. Os referidos autores, considerando dados do IBGE (2009), afirmam que por essa perspectiva, as projeções de cobertura deveriam ser “naturalmente ampliadas”. Além disso, incluíram-se informações provenientes de mapas de pobreza do Banco Mundial, um reforço às informações até então restritas ao Censo 2000.

Nesse mesmo período (2009-2010) deu-se início ao processo de revisão dos cadastros das famílias, dados que não eram atualizados há mais de dois anos e que tinham apresentado problemas no processo de sua migração de dados.

Neste período outros avanços institucionais também foram alcançados, como a aprovação do Protocolo de Gestão Integrada de Benefícios e Serviços no Âmbito do SUAS pela Comissão Intergestores Tripartite da Assistência Social, que definiu a prioridade do acompanhamento familiar para famílias do Bolsa Família em situação de descumprimento pela rede de assistência social (PAIVA, FALCAO, BARTHOLO, 2013b, p. 29).

Ao final de 2010, o Programa já havia alcançado praticamente 13 milhões de famílias. Nesse processo, para os autores, também se destaca a criação do Índice de Gestão Descentralizada (IGD), indicador que mostra a qualidade da gestão descentralizada do Programa, além de refletir os compromissos assumidos pelos estados e municípios na sua adesão a ele. Com a gestão do CadÚnico o índice varia entre zero e um; quanto mais próximo de um, melhor a avaliação da gestão desses processos. O IGD possuía duas funções claras: a primeira, acompanhar a qualidade das ações de gestão nos municípios. A segunda, promover o repasse de recursos complementares aos municípios para a execução de projetos que fortaleçam o Programa, por exemplo, otimização de ações de acompanhamento de condicionantes.

Como complemento à iniciativa de luta contra a extrema pobreza, o Governo anunciou a criação do Programa Brasil sem Miséria em junho de 2011, mediante o Decreto 7.492. O objetivo, no primeiro mandato de Dilma Rousseff, consistia em elevar a renda e as condições de bem-estar das famílias extremamente pobres (até R$ 70 por pessoa) que ainda não tivessem sido atendidas e incluídas de forma integrada nos mais diversos programas de acordo com as suas necessidades. Segundo o Censo 2010, 16,2 milhões de brasileiros estariam nessa condição.

São diretrizes do Plano Brasil sem Miséria

I. Garantia dos direitos sociais,

II. Garantia de acesso aos serviços públicos e a oportunidades de ocupação e renda;

III. Articulação de ações de garantia de renda com ações voltadas à melhoria das condições de vida da população extremamente pobres, de forma a considerar a multidimensionalidade da situação de pobreza, e

IV. Atuação transparente, democrática e integrada dos órgãos da administração pública federal com os governos estaduais, distritais, municipais e com a sociedade (BRASIL SEM MISERIA, Decreto Nº7.92, Artigo 4).

Para que tais diretrizes fossem asseguradas, o Governo implementou a “Busca Ativa”, que consiste na procura minuciosa na área de atuação do Programa, com o objetivo de localizar, cadastrar e incluir nos programas, as famílias em situação de pobreza extrema. Tal busca identificava os serviços existentes e a necessidade de criar novas ações, para que essa população alvo pudesse acessar os seus direitos.

Para Paiva, Falcão e Bartholo, (2013b), têm-se que considerar também a promoção de programas paralelos que fortalecem o conceito de intersetorialidade entre distintos Ministérios. Iniciativas tais como os projetos Bolsa Verde24 e Fomento às

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MINISTERIO DE MÉDIO AMBIENTE – Bolsa Verde. O beneficio é destinado àqueles que desenvolvem atividades em reservas extrativistas, florestas nacionais, reservas de desenvolvimento sustentável federais e assentamentos ambientalmente diferenciados da Reforma Agrária. O Programa concede, a cada trimestre, um

Atividades Produtivas Rurais25, lançados pelo Brasil Sem Miséria, tornam-se projetos complementares de interesse, aproveitando já toda a estrutura de pagamento existente.

É importante mencionar que, ainda em 2012, o PBF também passou a contar com um novo benefício, Benefício de Superação da Extrema Pobreza (BSP), destinado às famílias que continuavam com renda familiar per capita igual ou inferior a R$ 70,00 após o recebimento dos benefícios “tradicionais” do programa. Lançado em 2012, no âmbito da Ação Brasil Carinhoso26, o BSP teve como objetivo garantir renda mínima, inicialmente de R$ 70,00 (valor alterado para R$ 77,00 em 2014) por pessoa da família beneficiária do PBF que, mesmo recebendo outros benefícios do Programa (Básico, Variável, Benefício Variável Jovem, entre outros), permaneciam em situação de extrema pobreza. O valor total pago era aquele necessário para que cada pessoa da família tivesse uma renda superior a R$ 77,00. Ainda em 2012, esse benefício foi ampliado para famílias com crianças e adolescentes de até 15 anos e, no início de 2013, alcançou às famílias beneficiárias independentemente da presença de crianças. Desta maneira, dos 12,8 milhões de famílias beneficiadas, o número aumentou para 13,8 milhões em 2013. “O benefício médio, no mesmo período, passou de R$ 95,00 para R$ 152,00, alcançando R$ 216,00 nas famílias que recebiam o Benefício de Superação da Extrema Pobreza”. (PAIVA, FALCÃO, BARTHOLO, 2013b, p.40).

benefício de R$ 300 às famílias em situação de extrema pobreza que vivem em áreas consideradas prioritárias para conservação ambiental. O benefício será concedido por dois anos, podendo ser renovado. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/desenvolvimento-rural/bolsa-verde> Acesso em nov. de 2014.

25 MDS - Fomento às Atividades Produtivas Rurais. O programa é de responsabilidade conjunta do Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Ainiciativa incluye, além de um incentivo econômico (que pode chegar a R$ 2.400,00 pagos em parcelas) o acompanhamento técnico necessário durante o desenvolvimento do projeto produtivo. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/seguranca-alimentar-e-nutricional/fomento-as-atividades- rurais-produtivas/fomento-brasil-sem-miseria> Acesso em nov. de 2014.

26 MDS – Brasil Carinhoso. Considerando os índices de vulnerabilidade entre crianças até 15 anos, o programa

centra seus esforços na atenção de males que atentam o desenvolvimento na primera infancia. No relacionado a educação, Brasil Carinhoso dá incentivos monetários aos municípios e Distrito FEderal para incentivar o aumento de vagas em creches e escolar, com foco nas famílias beneficiadas do PBF. A iniciativa também considera recursos para custear alimentação e ciudados pessoais das crianças. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/brasilsemmiseria/brasil-carinhoso> Acesso em nov. de 2014.