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Capítulo V- Análise e discussão dos resultados

5.1.7. Processo de internacionalização da Delta

Depois de rever um pouco a história e a evolução da marca, foi questionado sobre o processo de internacionalização da Delta, a empresa tem vindo a sofrer um processo de internacionalização cada vez mais forte com ligações diretas e ligações indiretas, por isso foi questionado a opinião acerca desta aposta de internacionalização para o crescimento sustentável da organização. Os participantes, de um modo geral, acham este avanço na internacionalização um processo natural, pois o mercado português é um mercado pequeno para a dimensão desta empresa e, por isso, tinha de partir em busca de novos mercados. E fê-lo de forma cautelosa, em que a primeira internacionalização foi feita no nosso país vizinho, a Espanha, pois tem a vantagem da proximidade geográfica que facilita as questões de logística e distribuição, mas também porque existe uma proximidade cultural entre os dois países. Os participantes 3 e 4 reforçam a ideia de uma

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internacionalização inevitável e um facto curioso que o que pode ajudar muitas vezes neste processo é o facto de haver muitos portugueses emigrados por todo o mundo, o que ajuda na divulgação da marca.

Tabela 21- Frase ilustrativa de participantes de grupo de foco Frases ilustrativas

Participante 3 “É natural, o querer chegar a novos mercados é natural, uma empresa crescer, sendo líder e tendo uma estrutura e é líder num mercado, é um processo natural querer chegar a outros mercados. Hoje em dia no mundo em que vivemos…”

Participante 4 “No nosso mercado nacional, é pequeno, por outro lado, lá fora não faltam portugueses espalhados pelo mundo para divulgar a marca e eles próprios conhecem a marca e divulgam nos países onde estão.”

Fonte: autor

O que também merece destaque é o facto de o café Delta ter conseguido entrar num mercado difícil como o mercado do Brasil, apesar de ser um grande país quer em termos de área quer em termos populacionais, é também um país com uma grande produção de café e até mesmo nos países vizinhos, no entanto é o segundo maior país de consumo do café no mundo, o que mostra que existe mercado para se poder crescer. A Delta em 2012, lançou-se no mercado brasileiro no centro comercial de Vitória, no estado do Espírito Santo, cidade onde a Delta é a maior vendedora de cafés em cápsulas, ou monodoses, uma ideia muito bem recebida neste mercado, a Delta neste país apostou de duas formas: a abertura de lojas próprias em locais estratégicos como aeroportos e através de franchising numa parceria com a Eurobrasil que detém a exploração em bares, hotéis e restaurantes. E acabou por se mostrar uma aposta certa pois é um mercado que não pára de crescer e consequentemente, a abertura de novas lojas com a marca própria Delta Q, tal como Rui Miguel Nabeiro afirmou: “Somos cada vez mais uma empresa e marca de referência na comercialização de café no mercado brasileiro”

Uma prova deste crescimento é que já está presente em vários pontos de venda e supermercados no estado de São Paulo e tal como os participantes dizem pode sempre ir tomar um café num estabelecimento que venda café Delta porque sabe que vai ser um café com qualidade.

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Tabela 22- Frase ilustrativa de participantes de grupo de foco Frases ilustrativas

Participante 2 “Na minha opinião, conseguir entrar no mercado do Brasil que é um grande produtor de café e esta marca conseguir chegar lá, penso que é uma grande conquista.”

Participante 1 “Eu sou uma das pessoas que posso dizer que tomei café Delta no Brasil... Para mim foi um bocado chocante, pois sendo um país e até com vários países vizinhos com produções de café muito grandes, por exemplo, Venezuela que exportam o café, e a Delta entrar nesse mercado não é fácil mas é de louvar, e vai de encontro ao que o participante 4 disse, muitos dos portugueses que estão lá fora acabam por ver uma marca portuguesa e que pode ser consumida, a pessoa até pode dizer: “neste país o café é fraco”, mas se vir o café da Delta, vai lá porque sabe que ali vai tomar um bom café e então isso é de louvar.”

Fonte: autor

Ainda acerca deste assunto, a internacionalização no Brasil, o participante 4 acrescentou que no fundo quem vai e prova este café Delta gosta, e quem gosta vai passando a palavra a sua opinião e, sem querer, esse consumidor torna-se também numa espécie de “rede social” no terreno, no fundo é a publicidade e a recomendação para novos clientes.

Para ilustrar ainda melhor estes processos de internacionalização de marcas portuguesas o gestor de produção deu um contributo exemplificado com a marca Paladin que se inicia em 1982, uma marca tal como a Delta familiar, mas que aqui em Portugal tinha dificuldades em se destacar no mercado, então em 2000, a empresa Mendes e Gonçalves comprou a marca Paladin e em 2013, relançou-a muito virada também para um processo de internacionalização da empresa, muito virada para mercados como o médio oriente onde é um mercado com poder de crescimento pois consomem bastantes molhos e, mesmo em Portugal, adotou uma postura bastante diferente, com uma imagem mais marcante, como “ketchup à portuguesa”, mas também um grande investimento em molhos com sabores diferentes e claro, uma grande aposta na publicidade. Tabela 23- Frase ilustrativa de participantes de grupo de foco

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Frases ilustrativas

Participante 3 “Conheço o caso da Paladin, uma marca portuguesa também que já existe há vários anos, é uma marca antiga aqui em Portugal, só há alguns anos atrás é que houve o “boom” da Paladin, por causa da neta do fundador, entrou na empresa, e mudou a estrutura, “nós somos uma população que consome molhos?, então vamos vocacionar o nosso mercado para consumidores de molhos, para países do médio oriente” (pensamento da gestora da empresa) e estes países do médio oriente colocam molhos em tudo, em que há um mercado muito maior e a Paladin cresceu imenso depois do processo de internacionalização, depois de se terem virado para países que são grandes consumidores, e depois de ter crescido fora, começa então a crescer em Portugal, pois tem fundo de maneio para que possa fazer uma aposta na publicidade e que começou a resultar.”

Fonte: autor

Podemos verificar que a Paladin e a Delta têm vários pontos em comum: os seus fundadores vêm de origens humildes, sem grandes fortunas para investir, são empresas que se orgulham de trabalhar no interior de Portugal, na Golegã e em Campo Maior, ambas apostam na internacionalização como ponto de parida para o crescimento de vendas cada vez maior, e são empresas que se preocupam com o bem- estar dos seus colaboradores, empresas com grande sustentabilidade, e um modelo pra outras seguir.