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O presente estudo possui como tema central analisar “as estratégias da Política de Assistência Social a partir das ações dos CREAS para a garantia e promoção dos direitos das crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violência sexual”, tendo como delimitação geográfica o estado do Tocantins. Fora delimitada para esta pesquisa o Tocantins, devido ao fato da pesquisadora residir no referido Estado bem como desenvolver atividade docente (ensino, pesquisa e extensão) no curso de Serviço Social da Universidade Federal do Tocantins.

O Tocantins é a mais nova unidade federativa do Brasil, emancipado de Goiás em 05 de outubro de 1988, tornando-se oficialmente um Estado brasileiro em 1º de janeiro de 1989. Transcorridos vinte e seis anos de sua emancipação, o Tocantins apresenta uma população urbana de 1.090.106 pessoas (78,79%) e uma população rural de 293.339 (21,21%), sendo que 49,22% são mulheres, 50,78% são homens (IBGE, 2012). Quanto à localização das crianças e adolescentes, 342. 653 residem na zona urbana e, 118.923 representando 25,76% residem nas áreas rurais do Tocantins.

O Tocantins é um Estado brasileiro caracterizado pela diversidade cultural e étnica, formado por imigrantes de várias partes do Brasil, indígenas e quilombolas. Atualmente, apresenta uma população aproximada de 10.000 indígenas, distribuídos em oitenta e duas (82) aldeias nas seguintes comunidades: Karajá, Xambioá, Javaé, Xerente, Krahô Canela, Apinajé e Pankararú.

Existem hoje no Estado cerca de vinte e sete (27) comunidades quilombolas distribuídas por todo o Tocantins, necessitando em sua maioria de estrutura básica (energia elétrica, saneamento básico, escolas, etc.). Não há um quantitativo oficial de quantas famílias e indivíduos vivem nas comunidades quilombolas, mas estima- se que existam cerca de 2.935 famílias/indivíduos atualmente no Estado (GOVERNO DO ESTADO, 2014).

O Censo 2012 revela que 163.588 indivíduos e famílias vivem em extrema pobreza, sendo que em 12,18% domicílios a renda mensal per capita é de até um

quarto de salário mínimo. No Tocantins, há 97.727 (24,53%) dos domicílios com renda entre R$ 127,50 e R$ 255,00 mensais. Aproximadamente, 15,56% das residências têm renda mensal per capita de R$ 510,00 a R$ 1.020,00. Na faixa de R$1.020,00 a R$1.530,00, estão 4,94% dos domicílios e, com rendimento per capita de R$1.530,00 a R$ 2.550,00, existem 3,79%. Ainda, 3,18% das residências sobrevivem com renda per capita mensal maior que R$ 2.250,00 (IBGE, 2012).

No que se refere, as necessidades humanas de educação, saneamento básico, energia elétrica e educação, o Estado apresenta os seguintes indicadores:

Com relação à faixa etária, das 399.506 pessoas responsáveis pelos domicílios, uma parcela significativa (50.767 pessoas) estão entre 30 e 34 anos. E 32.624 tocantinenses, com 70 anos ou mais, são responsáveis por um domicílio. Quanto à higiene, o levantamento identificou que, dos 398.367 domicílios, 7,95% não têm banheiro. E dos 366.680 domicílios com banheiro, 62.033 utilizam fossa séptica, 53.610 têm rede geral de esgoto ou pluvial e 251.036 utilizam outra forma de esgotamento sanitário não informado na tabela do IBGE 2010. Em relação à energia e água, o Tocantins tem 21.845 (5,48%) residências sem energia elétrica. O Censo ainda mostrou que, dos 398.367 domicílios do Estado, 62.717 têm forma de abastecimento de água através de poço ou nascente dentro da propriedade e 22.373 são abastecidos de outra forma não informada. 313.277 domicílios têm como forma de abastecimento a rede de distribuição geral. E, em relação à educação, há 129.069 não-alfabetizados no universo de 985.473 tocantinenses. (ALBIERO et al., 2013, p.08).

Diante do cenário tocantinense, evidencia-se a necessidade e a importância de estudos e pesquisas que possam, não somente conhecer a realidade destes sujeitos e famílias, mas que busquem atuar como instrumentos que subsidiem a construção de políticas públicas para o enfrentamento às múltiplas formas de violações aos direitos humanos nas quais estes segmentos sociais vivenciam cotidianamente na conjuntura atual do Tocantins.

Buscando apreender a realidade social, cultural, econômica e política na qual o enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes expressa-se no Tocantins por meio das ações do CREAS, a figura 1 apresenta o caminho metodológico percorrido para a construção da presente tese de doutorado.

Figura 1 – O caminho metodológico da tese Tema Problema de pesquisa QN 3 QN 4 OE 4 OE 3 OE 1 OE 2 QN 2 QN 1 Objetivo Geral Análise Coleta de dados Análise de conteúdo Método de Sistematização da Prática Interpretação Tese da Tese Tese Pressupostos Éticos Análise documental Entrevistas Amostra Intencional Roteiro Formulário Aproximações sucessivas

Fonte: Sistematização da pesquisadora, 2015.

Tomando como base as inquietações oriundas do sistema exposto na figura 1, o problema formulado para responder aos questionamentos que permearam a pesquisa consistiu em desvendar “como a Política de Assistência Social, por meio das ações dos CREAS, está sendo configurada no estado do Tocantins para a promoção dos direitos das crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violência sexual?”.

De forma a complementar o problema de pesquisa e clarificar o caminho percorrido para a investigação, foram formuladas as seguintes questões norteadoras: Quais são as particularidades assumidas pela violência sexual contra crianças e adolescentes? De que forma as equipes dos CREAS vêm atuando interdisciplinarmente seja na identificação, análise, execução e planejamento

coletivo das ações de promoção dos direitos desse segmento social? De que forma a Política de Assistência Social vem buscando materializar a intersetorialidade entre as políticas sociais para o enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes nos serviços de proteção social especial de média complexidade? Como vem sendo garantido à promoção dos direitos e o acesso aos serviços da média complexidade das crianças, adolescentes e famílias residentes nas áreas rurais ou de difícil acesso dos municípios?

A partir da problematização exposta anteriormente, acompanhada pelas questões norteadoras, foram estabelecidos alguns objetivos da pesquisa, sendo eles: objetivo geral que consistiu em “Analisar como a Política de Assistência Social, por meio das ações dos CREAS, vem se configurando para a promoção dos direitos das crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violência sexual, com vistas a contribuir para a ampliação do acesso dessa população aos serviços de proteção social especial bem como subsidiar a construção de estratégias para a melhoria das ações ofertadas ao segmento infanto-juvenil”.

De forma a alcançar o objetivo geral, foram elaborados os seguintes objetivos específicos: Identificar as particularidades assumidas pela violência sexual contra crianças e adolescentes no estado do Tocantins; Desvendar como as equipes dos CREAS vêm atuando no âmbito interdisciplinar para a identificação, análise, execução e planejamento coletivo das ações de garantia dos direitos das crianças e adolescentes e suas famílias.

Outros dois objetivos específicos também foram formulados visando apreender de forma mais ampla o objeto de estudo, que consistiram em: Analisar como a Política de Assistência Social vem buscando materializar a intersetorialidade entre as outras políticas sociais para o enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes nos serviços da proteção social especial de média complexidade; Investigar de que forma vem sendo garantida a proteção aos direitos e o acesso aos serviços da média complexidade às crianças, adolescentes e famílias residentes nas áreas rurais ou de difícil acesso dos municípios.