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O tipo de amostra utilizada para a escolha dos sujeitos que participaram da pesquisa consistiu na não-probabilística, que de acordo com Marconi (2002, p.52)

versa em “não fazer uso de formas aleatórias de seleção”, assim não fora utilizada a aplicação de fórmulas estatísticas para o cálculo dos sujeitos compreendidos pela amostra. O tipo de amostra não probabilística utilizada foi a intencional, que segundo Gil (2007, p.145) é uma amostra em que os “indivíduos são selecionados com base em certas características tidas como relevantes pelos pesquisadores, mostra-se mais adequada para a obtenção de dados de natureza qualitativa”.

Atualmente, o Estado do Tocantins possui vinte e dois (22) CREAS, distribuídos nas (oito) 0820 regiões que compõem o estado. Para amostra foram escolhidas cinco regiões: Dianópolis, Gurupi, Miracema, Porto Nacional e Rio Formoso, fora escolhido um (01) CREAS por região21, sendo que em cada instituição foram entrevistados 01 coordenador e 02 profissionais22. Também participaram do estudo 02 famílias que estavam em atendimento no Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), totalizando dezessete (17) sujeitos.

Para escolha dos cinco CREAS que compuseram a amostra, fora considerado a classificação do porte dos municípios de acordo com a Política Nacional de Assistência Social (2004, p.19) “Pequeno I: (até 20.000 hab.); Pequeno II: (de 20.001 a 50.000 hab.); Médio: (de 50.001 a 100.000 hab.); Grande: (de 100.001 a 900.000 hab.); Metrópole: (mais de 900.000 hab.). Além disso, para a escolha dos municipios considerou-se também os seguintes aspectos: possuir o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) e realizar atendimentos à crianças, adolescentes e famílias vítimas de violência sexual. O quadro 1 demonstra a distribuição dos municípios que participaram da amostragem da pesquisa.

20 Regiões que compõem o estado do Tocantins: Araguaína, Bico do Papagaio, Dianópolis, Gurupi,

Jalapão, Miracema, Porto Nacional e Rio Formoso.

21 A região do Jalapão fora excluída da amostragem, por não possuir CREAS. O município de

Araguatins da Região Bico do Papagaio, após contatos telefônicos no ano de 2014 com a Secretaria Municipal de Assistência Social fora informado que o municipio não possui CREAS. O município de Araguaína não aceitou participar da pesquisa, alegando não haver interesse em contribuir com o estudo.

22 Os/as profissionais que compuseram a amostra tiveram como critério de escolha ser de áreas

distintas do saber, visando assim apreender de que forma a interdisciplinaridade está constituída nos CREAS.

Quadro 1: Municípios que participaram da pesquisa

Fonte: Sistematização da pesquisadora, 2015.

Para a escolha dos sujeitos que participaram da pesquisa, levou-se em consideração o seguinte aspecto: os sujeitos deveriam ser coordenadores e profissionais vinculados aos CREAS e ao PAEFI dos 05 municípios, na perspectiva de trazer à luz os desafios presentes nas ações destinadas às crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violência sexual.

Também compuseram a amostra, famílias atendidas pelo PAEFI (situações de violência sexual) com a finalidade de desvendar a realidade em que as crianças e adolescentes e seus familiares vivenciam diante das expressões da violência (as percepções, as dificuldades, o acesso à rede de proteção, etc.). A seguir, quadro que demonstra a distribuição dos sujeitos que participaram da pesquisa.

Quadro 2: Sujeitos que participaram da pesquisa

Região Profissionais Sujeitos da Pesquisa Coordenadores Familias

Dianópolis 02 01 02 Gurupi 02 01 Miracema 02 01 Porto Nacional 02 01 Rio Formoso 02 01 Total 10 05 Total: 17 sujeitos Fonte: Sistematização da pesquisadora, 2015.

A escolha das microrregiões e dos municípios esteve calcada no objetivo de oferecer subsídios teóricos para a construção de uma política pública para o enfrentamento à violência sexual, uma vez que estes sujeitos atuam diretamente na formulação, gestão, execução das ações da média complexidade. A figura 2, apresenta um mapa com a localização geográfica do estado do Tocantins no Brasil, as regiões e os municípios escolhidos pela amostra.

REGIÃO MUNICÍPIO PORTE

Dianópolis Dianópolis Pequeno I

Gurupi Gurupi Médio

Miracema Miranorte Pequeno I

Porto Nacional Palmas Grande

Figura 2 – Mapa do Tocantins (Localização no Brasil, regiões e municípios da amostra)

Fonte: Sistematização da pesquisadora, 2015.

Conforme a ilustração no mapa da figura 2, os CREAS dos municípios pesquisados localizam-se em uma distância bastante significativa, possibilitando ao estudo apreender as particularidades do enfrentamento à violência sexual infanto- juvenil nesses municípios. Assim, para clarificar a realidade dos municípios, fez-se uma breve síntese dos principais indicadores sociais levantados pela Secretaria Estadual de Planejamento do Estado do Tocantins (SEPLAN) no ano de 2012.

O município Dianópolis encontra-se entre mais antigos do Tocantins, está situado na região sudeste do Estado, distante 420 km de Palmas (capital) e 650 km de Brasília (Distrito Federal), o início de sua história data do ano 1750, com a fundação de um povoado na aldeia indígena dos Acroás. O Censo de 2012, estimou a população de Dianópolis em 19.112 habitantes, sendo que 9.679 são homens e 9.433 são mulheres.

A população infanto-juvenil corresponde a 8.068 habitantes, sendo 21,55% do sexo masculino e 20,66 % do sexo feminino (SEPLAN a, 2012). No que se refere à mortalidade infantil de 0 a 5 anos, os indicadores apontam 16,55% crianças não ultrapassam os 5 anos de idade, outro indicador bastante significativo diz respeito ao percentual de famílias em situação de pobreza extrema com 17,81% sobre a população total.

O município de Gurupi, localizado a 230 km da capital, fora um antigo povoado da comunidade indígena Xerente, emancipou-se em 1951, tendo na construção da BR 153 sua principal forma de crescimento econômico. O município está entre os mais populosos do Tocantins com uma população de aproximadamente 76.755 habitantes, sendo que 75.000 residem na área urbana e somente 1.755 na zona rural.

A população de crianças e adolescentes do sexo feminino corresponde a 17,17% e a população masculina a 17,04% do total de habitantes. A economia de Gurupi advém do cultivo agrícola de soja e da criação de bovinos, estando entre as principais economias do Estado. Contudo, a distribuição desigual de renda faz com que 59,60% da população viva em condição de pobreza e 7,13% em extrema pobreza, tendo um índice de mortalidade infantil de 13,71% dos nascidos com até 05 anos de idade (SEPLAN b, 2012).

Outro município que compôs a amostra é Miranorte, povoado na década de 1960 em consequência da construção da rodovia Belém-Brasília, distante a 99 km da capital. Atualmente, o município possui uma população de 12.633 habitantes, sendo que 10.702 residem na zona urbana e 1.100 na área rural. No que tange a população de crianças e adolescentes, 18,07% são do sexo masculino e 17,75% do sexo feminino, comportando uma população infanto-juvenil bastante significativa para um município de pequeno porte.

A economia de Miranorte gira em torno das produções agrícolas de abacaxi (principal produto), arroz e da criação de bovinos. O levantamento realizado pela Secretaria de Planejamento do Tocantins em 2012 (SEPLAN c) revelou que 79,60% da população vivem em condição de pobreza e 17,20% em pobreza extrema.

Palmas é a capital do Estado do Tocantins, criada em 1989, após a divisão do Estado de Goiás em 1988. Conforme a Seplan (2012) a capital possui uma população de 228.332 habitantes, sendo que 221.742 vivem na área urbana e 6.590 na área rural do município. No que se refere à população de crianças e

adolescentes, 18,37% são do sexo masculino e 18,56% do sexo feminino. Além disso, Palmas possui o maior Produto Interno Bruto do Tocantins representando 22,8% do PIB estadual.

Palmas foi idealizada para ser o centro administrativo e econômico do Tocantins, devido a isso, o setor de serviços é o principal setor da economia palmense. No município em 2010, o setor de serviços fora responsável por 71,6% do valor adicionado, indústria por 27,7% e a agropecuária 0,7%. A capital apresenta expressiva desigualdade socioeconômica uma vez que 48,89% da população encontra-se em condição de pobreza.

O município de Paraíso do Tocantins localiza-se às margens da BR-153, distante aproximadamente a 63 km de Palmas, fundado em 1940, elevou-se à categoria de município em 1964. Com uma população de 44.417 habitantes, que divide-se em 42.473 vivendo na cidade e cerca 1.944 residindo na área rural do município. A população infanto-juvenil é bastante expressiva, cerca de 17,93% são do sexo masculino e 17,59% são do sexo feminino.

A economia é basicamente composta pelo setor de serviços que foi responsável em 2012 por 59,4% do valor adicionado total do município, pelo setor industrial por 36,5% e o setor agropecuário por 4,1%. Apesar do município estar entre os PIB (Produto Interno Bruto) mais elevados do Tocantins, apresenta expressiva desigualdade socioeconômica, cerca de 65,08% da população paraisense vive em condição de pobreza e 7,73% em extrema pobreza.

O apontamento de alguns indicadores sociais dos cinco municípios que participaram da pesquisa buscou elucidar, ainda que sinteticamente, o contexto no qual os CREAS vêm realizando suas ações. Constata-se que em todos os municípios há índices expressivos de famílias em situação de pobreza, mortalidade infantil e indivíduos/famílias residentes na zona rural.

Chama atenção que, com exceção de Palmas e Dianópolis, os demais municípios localizam-se às margens da BR 153, que liga o Brasil de sul (Rio Grande do Sul) a norte (Pará), tendo sido essa rodovia mapeada em 2002 pela Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de Exploração Sexual Comercial como rota do tráfico interno23 de mulheres, crianças e adolescentes.

23 Reflexões mais aprofundadas sobre as particularidades dos municípios encontram-se no capítulo 5

2.6 AS PARTICULARIDADES DA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E