3 CONTEXTUALIZANDO O PERCURSO METODOLÓGICO
3.5 PROCESSOS PARA A ORGANIZAÇÃO DOS DADOS
Após a etapa de coleta de dados das informações desta pesquisa, que constitui a leitura dos documentos existentes nas escolas e na Secretaria de Educação e Cultura do município, a intervenção no grupo de estudos, entrevistas e observações, realizou-se a análise de conteúdo, tendo como referência os estudos propostos por Bardin (2011). Para a autora, é necessária a criação de categorias relacionadas ao objeto da pesquisa, os quais são responsáveis pela identificação das questões essenciais existentes no conteúdo das mensagens.
De acordo com Valentim (2005), os critérios para a escolha e delimitação das categorias são determinados pelos temas diretamente relacionados ao objeto de pesquisa, bem como aos discursos dos sujeitos pesquisados. Ainda sobre o processo de categorização, Bardin (2011, p.119), saliente que “[...] é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com os critérios previamente definidos”. Ao fazer uma explanação sobre a técnica de Bardin, Minayo (2010, p.317) assevera que as categorias são “[...] expressões ou palavras significativas em função das quais o conteúdo de uma fala será organizado”. Para tanto, essa análise constitui em uma metodologia onde se procura descrever e interpretar o conteúdo dos textos, das falas dos sujeitos envolvidos, e dos conteúdos dos documentos analisados.
um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.
Assim, o pesquisador busca compreender as estruturas, os modelos ou, ainda, as características dos fragmentos das mensagens que devem ser considerados. Esses dados, após serem analisados, auxiliam a criação de espaços de reconstrução, envolvendo dados já existentes e a produção de outros, a partir das entrevistas com os professores que atuam na escola, visando a compreensão e a reconstrução de significados investigados. Para Gonçalves e Meirelles (2004), as realidades investigadas não são dadas prontas para serem descritas e interpretadas, mas são incertas e instáveis, mostrando que ideias e teorias não refletem, mas traduzem a realidade.
Dessa forma, para Bardin (2011), quando há pretensão de usar a análise de conteúdo é necessário que seja seguido o esquema apresentado a seguir (Figura 6).
Figura 6. Análise de conteúdo
Fonte: adaptação própria de Bardin (2011).
A primeira fase, a Pré-análise, consiste em organizar o trabalho com leituras flutuantes, assim denominadas por Bardin (2011). Trata-se dos documentos a serem analisados, a transcrição das entrevistas, das conversas e observações que constituem o corpus da pesquisa. Em seguida, na Exploração do Material são elencadas as unidades que agrupam as informações por meio da codificação,
Pré-análise
Exploração do material
Tratamento dos
resultados, inferência e
interpretação dos
dados produzidos
que compreende o recorte ou seleção do registro das unidades selecionadas para, em seguida, fazer a classificação dos enunciados em categorias de palavras que permitem reunir maior número de informações à custa de uma esquematização e, assim, correlacionar classes de acontecimentos para ordená-los. (CÂMARA, 2013, p. 186).
A partir disso, inicia-se o tratamento dos resultados mediante a inferência e a interpretação dos dados que correspondem aos resultados brutos que o pesquisador procura tornar significativos e válidos. Segundo Bardin (2011, p. 137), “a inferência na análise de conteúdo se orienta por diversos polos de atenção, que são os polos de atração da comunicação.” Trata-se de um instrumento de indução (roteiro de entrevistas) para investigar as causas (variáveis inferidas) a partir dos efeitos (variáveis de inferência ou indicadores, referências). As interpretações dos dados que levam à inferência visam compreender o discurso apresentado, mesmo que seja de forma superficial.
Diante disso, chega-se à interpretação dos dados produzidos a partir da realização de uma síntese das questões da pesquisa, dos resultados obtidos a partir da análise do material produzido sobre as possíveis inferências realizadas e da perspectiva teórica adotada. Os resultados da pesquisa serão apresentados aos professores por meio de um seminário na escola ou eventos programados em parceria com instituições de ensino superior que abordem a mesma temática nessa pesquisa, bem como em eventos com a publicação de artigos científicos. Logo, a investigação a ser desenvolvida pretende contribuir para indicar melhorias nas ações pedagógicas que possam beneficiar diretamente os sujeitos envolvidos a fim de que os discentes incluídos, possam aprender de maneira mais eficaz, respeitando a sua condição bilíngue, sua diversidade linguística e, acima de tudo, com respeito à sua condição cultural.
Para visualizar essa trajetória de modo mais objetivo, o Quadro 4, a seguir, apresenta os caminhos percorridos na construção deste estudo:
Quadro 4. Delineamento metodológico
OBJETIVO GERAL
Identificar as concepções dos professores das salas de AEE e das salas do ensino regular sobre a inclusão e a importância das relações interpessoais entre os docentes e alunos para, assim,
proporcionar práticas potencialmente eficientes na promoção da efetiva inclusão.
Compreender as concepções/compreensões
de professores que atuam no AEE e nas salas do ensino regular sobre a educação inclusiva
Identificar o tipo de relação que os docentes
que atuam no AEE e nas salas do ensino regular possuem com os alunos
incluídos
Verificar se os processos de formação continuada
dão subsídios aos docentes para o desenvolvimento de sua docência em salas
do AEE e do ensino regular
Aprofundar conhecimentos sobre a
teoria de Vygotsky em relação aos processos de aprendizagem e de
desenvolvimento psíquico
PROBLEMA DA PESQUISA
Como os professores do município de Santa Rosa, que trabalham nas salas de Atendimento Educacional Especializado e nas salas do ensino regular, entendem e efetivam a inclusão no
espaço escolar?
INSTRUMENTOS
Leitura de documentos oficiais Observações do espaço escolar Observações no grupo de estudos
Entrevistas semiestruturadas
ANÁLISE DE DADOS
Análise de conteúdo e interpretação de dados Fonte: dados da pesquisa (2018).