curva mais acentuada em determinado ponto de seu itinerário, colidiu com veículo estacionado na via pública em local e horário permitidos, ocasionando perda total neste veículo. No presente caso, consoante o mais recente posicionamento do STF,
a) não responderão objetivamente o Município, nem a empresa privada, pois se trata de exercício de atividade econômica lucrativa, situação não albergada pelo tratamento especial da responsabilidade civil do Estado.
b) responderá o município primária e objetivamente pelos danos causados no veículo estacionado, em razão do serviço público prestado ser de titularidade do Município.
c) responderá a empresa privada, direta e objetivamente, seja por se tratar de concessionária de serviço público, seja em razão do risco inerente à sua atividade.
d) responderá a empresa privada objetivamente, com direito de regresso contra o Município, titular do ser viço público prestado.
e) não responderão objetivamente o Município, nem a empresa privada, pois o proprietário do veículo estacionado não é usuário direto do serviço público prestado.
QUESTÃO 13 - FCC - Técnico Judiciário (TRF 3ª Região)/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014 - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos, quanto à responsabilidade por danos causados a terceiro,
a) apenas responderão pelos danos que seus agentes causarem se houver prova de dolo.
b) responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem, independentemente de dolo ou culpa.
c) apenas responderão pelos danos que seus agentes causarem em caso de culpa.
d) não responderão pelos danos causados por seus agentes.
e) responderão pelos danos causados, desde que seus agentes tenham sido condenados em ação anterior ao ressarcimento.
QUESTÃO 14 - FCC - Analista Judiciário (TRT 1ª Região)/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013 - O motorista de um automóvel de passeio trafegava na contra-mão de direção de uma avenida quando colidiu com uma ambulância estadual que transitava na mão regular da via, em alta velocidade porque acionada a atender uma ocorrência. A responsabilidade civil do acidente deve ser imputada
a) ao civil que conduzia o veículo e invadiu a contramão, dando causa ao acidente, não havendo nexo de causalidade para ensejar a responsabilidade do Estado.
b) ao Estado, uma vez que um veículo estadual (ambulância) estava envolvido no acidente, o que enseja a responsabilidade objetiva.
c) ao Estado, sob a modalidade subjetiva, devendo ser comprovada a culpa do motorista da ambulância.
d) tanto ao civil quanto ao Estado, sob a responsabilidade subjetiva, em razão de culpa concorrente.
e) ao civil que conduzia o veículo, que responde sob a modalidade objetiva no que concerne aos danos apurados na viatura estadual.
1.4. Gabaritos
01 - B 02 - C 03 - A 04 - A 05 - B
06 - A 07 - E 08 - B 09 - E 10 - B
11 - B 12 - C 13 - B 14 - A
2. DIREITO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, FONTES E PRINCÍPIOS EXPRESSOS
2.1. Quadro sinóptico
Conceito e Objeto do Direito
Administrativo
Critérios para a definição do Direito Administrativo
Legalista, exegético, empírico, caótico, ou francês: o Direito
Administrativo estruturou-se a partir da interpretação de normas jurídicas administrativas e atos complementares.
Poder Executivo ou Italiano: o Direito Administrativo é o conjunto
de princípios regentes da organização e das atividades do Poder Executivo, incluídas as entidades da Administração.
Relações jurídicas: o Direito Administrativo é responsável pelo
relacionamento da Administração Pública com os administrados. Serviço público: o Direito Administrativo regula a instituição, a
organização e o funcionamento dos serviços públicos, bem como a prestação aos administrados.
Teleológico: o Direito Administrativo é um conjunto harmônico de
princípios que disciplinam a atividade do Estado para o alcance de seus fins.
Hierarquia orgânica: o Direito Administrativo rege os órgãos
inferiores do Estado, enquanto o Direito Constitucional estuda os órgãos superiores.
Definição do Direito Administrativo
Ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública (Maria Sylvia Zanella Di Pietro). É o Direito que rege toda e qualquer atividade de administração, provenha esta do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário.
Administração Pública em sentido subjetivo
Também chamado de sentido orgânico ou formal (quem exerce a
atividade?), diz respeito aos sujeitos, aos entes que exercem a atividade
administrativa. Abrange órgãos, entidades ou agentes, que tenham por papel desempenhar tarefas administrativas do Estado.
Administração Pública em sentido objetivo
Também chamado de sentido material ou funcional (qual a atividade/função exercida?), designa a natureza da atividade, as
funções exercidas pelos entes, caracterizando, portanto, a própria função administrativa, exercida predominantemente pelo Poder Executivo. Alcança as atividades-meio (introversas ou instrumentais) e as seguintes atividades finalísticas (extroversas):
fomento: refere-se à atividade administrativa de incentivo à
iniciativa privada de utilidade ou interesse público, tais como o financiamento em condições especiais, as desapropriações que beneficiem entidades privadas desprovidas do intuito do lucro e que executem atividades úteis à coletividade.
polícia administrativa: abrange as atividades administrativas
restritivas ao exercício de direitos individuais, tendo em vista o interesse de toda coletividade ou do Estado. Não se trata, aqui, das polícias civil, federal e militar, que são órgãos da Administração Pública, e, por consequência, compõem a Administração Pública, mas no sentido subjetivo (ainda que exerçam atividades de polícia administrativa).
serviço público: diz respeito às atividades executadas direta ou
indiretamente pela Administração Pública e em regime predominantemente de direito público, em atendimento às necessidades coletivas.
intervenção: entendida como a regulamentação e fiscalização da
atividade econômica de natureza privada (art. 174 da CF/1988), bem como a atuação do Estado diretamente na ordem econômica (art. 173 da CF/1988). Como regra, essa atuação dá-se por intermédio de empresas públicas e de sociedades de economia mista, instituídas e mantidas pelo Estado. Pode ser dar nas modalidades indireta - realizada em atividade tipicamente regulatória, marcada predominantemente por normas de Direito Público - ou direta - efetua-se por entidades empresariais do Estado, em concorrência com outras empresas do setor, e regidas
predominantemente por normas de Direito Privado.
O sentido objetivo da administração pública pode ser material ou formal.
Material: são levados em consideração os elementos intrínsecos das
funções dos Poderes, nessa ordem:
Legislativo: responsável pela edição de leis, essas dotadas de
generalidade e de abstração (elementos intrínsecos);
Judiciário: definição de litígios, pacificando-os (elemento intrínseco –
resolução dos litígios);
Executivo: cabe-lhe a satisfação dos interesses coletivos.
Formal: as funções do Estado são determinadas pelas
características essenciais, típicas, pelo tratamento normativo que lhe corresponda, nessa ordem:
Legislativo: as leis são originárias, contam com o atributo da
novidade;
Judiciário: a resolução dos litígios é dotada de definitividade;
Executivo: a atividade administrativa caracterizar-se-ia por se
desenvolver em razão de comandos infralegais, e, em alguns excepcionais, infraconstitucionais.
Função administrativa: função que o Estado, ou aquele que lhe
faça às vezes, exerce na intimidade de uma estrutura e regimes hierárquicos e que, no sistema constitucional brasileiro, se caracteriza pelo fato de ser desempenhada mediante comportamentos infralegais ou, excepcionalmente, infraconstitucionais vinculados, submissos ao controle de legalidade pelo Poder Judiciário (Celso Antônio Bandeira de Mello).
Fontes ou formas de expressão do
Direito Administrativo
Lei: é a primordial entre as fontes do Direito Administrativo
Brasileiro, geradora e extintiva de direitos e obrigações, impondo-se tanto à conduta dos particulares, quanto à ação estatal. Tem um sentido amplo, abrangendo todas as normas produzidas pelo
Estado que digam respeito, de alguma maneira, à atividade
administrativa. A Constituição Federal, as leis complementares, ordinárias, delegadas, as medidas provisórias e outras normas com força de lei, como tratados internacionais, são fontes escritas primárias. Regulamentos, resoluções, regimentos e instruções – normas infralegais são fontes escritas secundárias. Jurisprudência: fonte não escrita, resume-se no conjunto de
decisões judiciais ou administrativas reiteradas num mesmo sentido, a respeito de uma matéria. Não se considera jurisprudência uma decisão judicial isolada. No Brasil, a jurisprudência não possui, de
regra, força vinculante, mas sim força moral.
Doutrina: fonte escrita e mediata (secundária), significa o conjunto
dos trabalhos dos estudiosos a respeito do Direito Administrativo, ou seja, os livros, os artigos, os pareceres, elaborados por estudiosos desse ramo jurídico. A doutrina não gera direitos para os particulares; logo, opiniões doutrinárias que sejam desconexas com as leis não podem ser consideradas como fontes para o Direito Administrativo. Entre as leis e a doutrina deve prevalecer o
conteúdo das leis. No entanto, a doutrina contrária às leis pode
servir para clarear a ideia do legislador no caminho de aperfeiçoamento das leis.
Costumes: são os comportamentos reiterados e tidos por
obrigatórios pela consciência popular. No que diz respeito ao Direito Administrativo, o costume é de pouca relevância, tendo em vista a ênfase na aplicabilidade do princípio da legalidade. Os costumes – fontes não escritas e não organizadas - são aplicados quando da deficiência da legislação, sempre segundo a lei (secundum legem) ou para o preenchimento de vácuo legislativo (praeter legem), mas nunca contra a lei (contra legem).
Princípios: são os vetores fundamentais que inspiram todo o modo
de a Administração se conduzir. São de natureza pré-normativa, ou seja, preexistem, inclusive, à produção das leis, e, bem por isso, contam com a função normogenética (colaboram para a formação das leis).
Princípios da Administração Pública Princípios Expressos Legalidade
Administração Pública só pode atuar quando autorizada ou permitida pela lei. Precedem (não prevalecem) os demais princípios em termos interpretativos.
Sentido estrito: significa atuar de acordo com a lei;
obediência ao texto legal.
Sentido amplo: significa obedecer, além do texto legal,
princípios de moralidade e de interesse público.
Situações de restrições ao princípio da legalidade:
o as normas contidas nas medidas provisórias; o o estado de defesa;
o o estado de sítio.
Impessoalidade, finalidade ou isonomia
Significa o dever de isonomia (igualdade) por parte da
Administração Pública, o dever de conformidade ao interesse público e a imputação dos atos praticados pelos agentes públicos diretamente às pessoas jurídicas em que atuam. Moralidade
Conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da Administração (conceito jurídico indeterminado). Possui
distinção em relação ao princípio da legalidade, pois cumprir aparentemente a lei não implica necessariamente a observância da moral.
Publicidade
Administração Pública deve tornar públicos seus atos, na forma prevista na norma. A publicidade, apesar de não ser elemento de formação dos atos, constitui-se requisito de sua
moralidade e eficácia, entendida esta última como aptidão do
ato para produção dos seus efeitos. Não se confunde
com publicação (meios de se dar cumprimento à publicidade). Publicidade geral: requer a publicação dos atos em
órgãos oficiais.
Publicação restrita: ocorre no interior da Administração, por meio de boletins internos, intimações, citações e notificações aos destinatários.
Eficiência
Sintetiza a procura da produtividade e economicidade por meio da exigência de se reduzir os desperdícios de dinheiro público (qualidade dos serviços públicos). Ou seja, é a relação