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Produção e comercialização das lavouras permanentes

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CAPÍTULO 4 ASPECTOS ECONÔMICOS DOS ASSENTAMENTOS RURAIS DO

4.2. Atividades agropecuárias desenvolvidas nos assentamentos

4.2.2. Atividades agrícolas desenvolvidas nos assentamentos

4.2.2.2. Produção e comercialização das lavouras permanentes

Na pesquisa de campo, verificou-se que os assentamentos rurais do município de Areia-PB também se destacam consideravelmente na produção de lavouras permanentes, principalmente de fruteiras.

No PA União, 82,4% das famílias entrevistadas produziram banana, manga e cajú no ano de 2012; 41,2% produziram laranja; 17,6% produziram acerola; além de todas as famílias entrevistadas produzirem outros tipos de fruteiras, como: abacate, maracujá, pitomba, carambola, jaca e coco (Tabela 28).

No PA Socorro, no mesmo ano, 92,9% das famílias entrevistadas produziram banana (Figura 38); 71,4% produziram manga e caju; 42,9% produziram laranja; 21,4% produziram acerola; além de todas as famílias também produzirem outros tipos de fruteiras, como: mamão, limão, coco, jaca, graviola, goiaba, abacate e pitomba (Tabela 28).

Figura 38- Plantação de banana no entorno do PA Socorro. Arquivo: Rejane Ferreira (2013).

No PA Esperança, 91,7% das famílias entrevistadas produziram banana e caju; 58,3% produziram manga; 50% produziram laranja; 41,7% produziram acerola; além de todas as famílias também produzirem outros tipos de fruteiras em seus lotes (Tabela 28).

No PA Celso Furtado, 37,5% das famílias entrevistadas produziram laranja; 25% produziram banana e manga; e todas as outras produziram quantidades pequenas de outros tipos de frutas, dado que o PA está localizado como já mencionado em área pobre em recursos hídricos(Tabela 28).

77,8 % produziram banana e caju; e 22,2% produziram acerola (Tabela 28).

No total, 78,3% das famílias entrevistadas produziram banana no ano de 2012; 70% produziram manga e cajú; 51,7% produziram laranja; 21,7% produziram acerola; além de todas as famílias possuírem pelo menos uma pequena plantação de outras fruteiras, ou lavouras permanentes como aqui denominadas (Tabela 28).

Tabela 26 – Percentual das famílias assentadas que cultivam lavouras permanentes, segundo o tipo de produto, por Projeto de Assentamento -2012

Assentamentos

Assentados com produção de lavouras permanentes (%)

Banana Laranja Manga Cajú Acerola Outras

PA União 82,4 41,2 82,4 82,4 17,6 100,0 PA Socorro 92,9 42,9 71,4 71,4 21,4 100,0 PA Esperança 91,7 50,0 58,3 91,7 41,7 100,0 PA Celso Furtado 25,0 37,5 25,0 0,0 0,0 100,0 PA Emanoel Joaquim 77,8 100,0 100,0 77,8 22,2 100,0 Total 78,3 51,7 70,0 70,0 21,7 100,0

Fonte: Pesquisa de Campo (2013).

Com exceção da produção da banana, todas as outras lavouras permanentes foram cultivadas de forma consorciada no interior dos assentamentos. Da mesma forma que as lavouras temporárias, algumas são destinadas unicamente ao consumo familiar, comercializando-se apenas o excedente, e outras, já foram plantadas em grandes quantidades objetivando a comercialização. Os principais mercados para estes produtos são: os atravessadores que revendem em outros municípios e Estado, as feiras livres e agroecológicas do município de Areia e municípios vizinhos, bem como o Programa de Aquisição de Alimentos.

Em suma, a banana e a cana-de-açúcar caracterizam-se como os produtos mais importantes em termos financeiros, nos assentamentos União, Socorro e Esperança. A produção da banana é o meio pelo qual a maioria das famílias obtém retorno financeiro em curto prazo para manter a casa e a família, dado que a retirada pode ser quinzenal ou mensal. No caso da cana-de-açúcar, o retorno financeiro acontece apenas uma vez por ano. Esse dinheiro é utilizado para gastos que geralmente acontecem apenas no final do ano, como: a pintura da casa, a compra de algum eletrodoméstico, a compra de roupas e calçados para a família, e entre outros, alguma viagem que se planeja fazer.

assentamentos no ano de 2012, as informações obtidas são as seguintes: a) foram comercializados 688 milheiros de banana no PA Socorro; 492 milheiros no PA Esperança; 441 milheiros no PA União; 50 milheiros no PA Emanoel Joaquim; e no PA Celso Furtado, dada a baixa produção, a banana foi destinada apenas ao consumo familiar. Em todos os assentamentos, a produção da banana foi comprometida no referido ano, dados os problemas provocados pela falta de chuva. No entanto, a elevação dos preços da mesma, supriu, em alguns casos, a queda da produção.

No caso do PA Emanoel Joaquim, a banana é comercializada principalmente na feira agroecológica do município de Remígio, ao preço de mercado. Geralmente a R$0,10 a unidade, nos casos em que o assentado vai vendê-la diretamente ao consumidor final. No entanto, como apenas quatro famílias assentadas têm banco na feira agroecológica, estes assumem também o papel de atravessadores dentro do próprio PA, comprando a produção que excede de outros assentados, e revendendo-a na feira, como uma forma de fazer com que o dinheiro fique dentro do assentamento. Geralmente os assentados deste PA utilizam a caixa de banana como medida, cada caixa foi comercializada ao preço de R$15,00.

Nos outros PAs, o processo de comercialização da banana é mais complexo. Nos casos em que a retirada da banana é maior, os assentados contratam jovens dos assentamentos para ajudar no tombamento das plantas. Já nos casos em que a retirada é menor, não precisam contratar ninguém, uma vez que as famílias são grandes e disponibilizam sua força de trabalho para as atividades desenvolvidas nos lotes.

Geralmente, quem vende em grandes quantidades para atravessadores, já tem compradores fixos. Neste caso, destacam-se três: um comprador assentado em um dos assentamentos; outro da Comunidade Distrito de Mata Limpa; e o outro da cidade de Areia.

Verificou-se que a primeira comercialização acontece no próprio lote, entre o assentado e o atravessador; a segunda comercialização acontece entre o atravessador e os mercados para os quais fazem entrega; e a terceira comercialização acontece entre tais mercados e o consumidor final. Os maiores mercados para os atravessadores são alguns municípios do Estado do Rio Grande do Norte, bem como alguns municípios do Sertão Paraibano.

Os preços cobrados pelas bananas quando são comercializadas com atravessadores, dependem em muito da sua qualidade, bem como da época do ano em que a mesma está sendo vendida. No ano de 2012, como houve escassez de banana no mercado, o milheiro chegou a custar R$120,00. Em 2013, no período em que esta pesquisa estava sendo realizada, o milheiro estava custando no mínimo R$40,00 e no máximo R$80,00, dependendo

unicamente da qualidade.

Figura 39: Atravessadores assentados do PA Socorro organizando a produção da banana para transportá-la para o Rio Grande do Norte.

Arquivo: Rejane Ferreira (2013).

Quando a produção de banana é pequena, geralmente os assentados não utilizam adubação química, produzem de maneira orgânica. Dessa forma, vendem para atravessadores que comercializam tanto na feira agroecológica quanto na feira livre e no PAA. No caso das feiras, o menor preço chegou a ser R$ 0,8 e o maior R$ 0,20. Para o PAA, o preço da unidade era R$ 0,77, já o milheiro custava em torno de R$ 154,00.

Além da banana, no PA União foram vendidos para o PAA em 2012: 800 kg de jaca ao preço de R$ 1,00 o quilo; 500 unidades de abacate a R$ 0,18 cada; 300 kg de manga, ao preço de R$ 1,00 o quilo; 300 kg de laranja ao preço de R$1,00 o quilo; 250 kg de maracujá a R$ 2,22 o quilo; 100 kg de caju a R$ 1,00 o quilo; e 50 kg de pitomba a R$1,00 o quilo. Na feira, foram comercializados 60 kg de abacate a R$ 1,00 o quilo; e 200 unidades de laranja, sendo vendidas seis unidades por R$ 1,00. Além desses, foram comercializados nas feiras, aproximadamente 500 kg de castanha de caju, a R$ 1,20 o quilo, sendo este o menor preço, e por R$ 1,80 o kg, sendo este o maior preço.

No PA Socorro, a maioria das frutas tinha como destino o consumo familiar. No entanto, alguns assentados ainda chegaram a vender algumas caixas de frutas para a Fábrica de Polpa de Frutas da comunidade da Chã do Jardim. A relação das frutas comercializadas foi a seguinte: 08 caixas de caju; 04 caixas de goiaba; e 02 caixas de cajá. Além disso, ainda foram comercializados dentro do PA, mais de 100 cocos verdes ao preço de R$1,50 cada, por

sua vez, revendido ao preço de R$ 2,00 pelo atravessador.

No PA Esperança, com exceção da banana, as demais frutas tiveram como destino o consumo familiar, da mesma forma como também aconteceu com todas as frutas do PA Celso Furtado. No entanto, o PA Emanoel Joaquim, além da comercialização da banana, já mencionada anteriormente, destacou-se no ano de 2012, na comercialização de: 500 kg de abacate ao preço de R$ 15,00 cada cento; 345 jacas ao preço de R$ 2,00 a unidade; 130 caixas de manga ao preço de R$ 10,00 a caixa e R$ 0,20 a unidade; 03 caixas de acerola, vendidas a R$15,00 a caixa e R$ 2,00 o litro; 20 kg de caju ao preço de R$ 1,50 o quilo; 450 kg de castanha ao preço de R$ 1,00 para revender por R$ 1,80 cada quilo; 06 caixas de maracujá ao preço de R$ 15,00 cada caixa; e 02 caixas de limão, sendo vendidos a R$ 0,10 a unidade (Figura 40), todos na feira agroecológica do município de Remígío.

Além disso, o PA Emanoel Joaquim destacou-se consideravelmente na produção da laranja, o seu principal produto de mercado (Figura 41). No ano de 2012, segundo os entrevistados, foram comercializadas 1.128 caixas de laranja, tanto na feira agroecológica quanto no PAA. Para a feira, cada caixa era vendida ao atravessador pelo preço de R$15,00, por sua vez repassada para o consumidor final pelo preço do mercado. Nos casos em que foram vendidos para o PAA, o quilo chegava a custar aproximadamente R$ 1,47.

Figura 40- Colheita da laranja no PA Emanoel

Joaquim. Arquivo: Rejane Ferreira (2013).

Figura 41- Organização da produção no

PA Emanoel Joaquim antes de ser levada para a feira. Arquivo: Rejane Ferreira (2013). Verificou-se também neste PA que todas as famílias possuem em seus quintais, as suas hortas medicinais, nas quais se destacam a plantação de capim santo, camomila, erva cidreira, erva doce, endro, hortelã, alecrim, erva babosa, penicilina, terramicina, espiriteira, sabugueira, mirra, entre outras. Quando precisam de algum remédio, tanto para as pessoas, quanto para as

plantas e para os animais, nunca recorrem a medicamentos industriais, desenvolvem, eles mesmos, os medicamentos através das ervas que cultivam, bem como através do saber repassado de geração a geração. É um povo rico em cultura popular, e que antes de qualquer coisa se preocupam com a continuidade das riquezas existentes no assentamento, tanto em forma de produção, como em forma de cultura.

Conforme observado em campo, diferente dos outros assentamentos cujos trabalhos são desenvolvidos apenas de forma individual, o PA Emanoel Joaquim se destaca também com a experiência de um trabalho coletivo, composto por 10 famílias. O grupo existe desde a criação do assentamento, todavia, dadas algumas divergências internas, o mesmo chegou a se desorganizar por um período, voltando a se articular apenas no ano de 2012, a partir da chegada da assessoria técnica da COONAP no PA. Estas famílias são responsáveis por uma plantação de fruteiras obtidas através do COOPERAR, numa área de 5,0 hectares. Entre as fruteiras plantadas, destacam-se principalmente as laranjeiras, as mangueiras, e os cajueiros.

No ano de 2012, com a comercialização dos produtos da área coletiva, este grupo obteve um rendimento de R$ 5.000,00 sendo que 5% foram destinados para a Associação e o restante foi dividido com as famílias envolvidas, conforme os dias e as horas de trabalho de cada uma. Esta divisão é feita sempre após o encerramento das safras, e este controle se torna possível, dado que as atividades do grupo são realizadas apenas nas quartas feiras, nas quais as presenças são registradas através de atas.

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