O PROCESSO DE PRODUÇÃO LENHOSA 2.1 A LEI EMPÍRICA DO CRESCIMENTO LENHOSO
2.2. O PROCESSO DE PRODUÇÃO LENHOSA EXPLORABILIDADES TÉCNI CAS E DE JURO NULO
2.2.3. Produção lenhosa e valor
Aceita-se, dum modo geral, que a lei do «crescimento em valor» da produção lenhosa possui «grandes analogias» com a lei empírica do crescimento em volume. O valor de venda duma árvore ou dum povoamento numa idade t, depende, òbviamente, do volume v(t), e do preço unitário u(t) do material lenhoso, com essa idade. Assim, o
rendimento bruto, R (t), proporcionado por uma árvore ou um povoa mento em certa idade será dado por,
R(t) = v(t) X u(t) (2.25)
Se o preço unitário do material lenhoso fosse constante em rela ção à idade é evidente que a expressão analítica da função R(t) teria completa analogia com a da curva do volume. Entretanto, esse preço depende da «qualidade» da madeira, a qual, por sua vez, é um resultado da incidência dos factores de ordem físico-química que a caracterizam como matéria-prima e da incidência de factores de ordem tecnológica que lhe concedem maior possibilidades de aprovei tamento com o aumento de dimensões.
Fig. 2-4 — Repartição do volume (principal)
segundo classes de aproveitamento. Pinheiro
silvestre
2.2.3.I. Na Fig. 2-4, apresenta-se um gráfico, que pode dizer-se clássico, da repartição do volume por classes de aproveitamento do material lenhoso, para espécies resinosas exploradas em revoluções longas. O exemplo é de Huffel [1905:295] e refere-se a povoamentos de Pinus silvestris L. (Baixa-Alsácia). desbastados; a 4.a classe de
madeira, inclui essencialmente material para esteios de minas, a 3.*, para travessas, a 2.a e l.a, a madeira para obra, dizendo respeito a última a toros de diâmetro superior a 50 cm. A elevação da percen tagem de material de maior valor comercial, justifica as taxas de acréscimo sempre crescentes do preço unitário do volume lenhoso.
Fig. 2-5 — Repartição do volume (principal)
segundo classes de aproveitamento. Faia.
O mesmo nos mostra a Fig. 2-5 respeitante ainda a um caso de longas revoluções, agora duma espécie folhosa, a Fagus silvatica L. (Toscana) —Cantiani [1957:2271 —, onde apenas são consideradas duas categorias de madeira.
Assim, uma conclusão geralmente aceite é a de que a curva do «crescimento em valor» tem ainda forma sigmoidal como a do volume, entretanto mais alongada, com concavidades e convexidades mais abertas. Escreve Schaeffer [1960:45]: «Se traçarmos num mesmo gráfico a curva do crescimento em volume dum povoamento e a do crescimento em valor, constatamos que o valor continua a crescer mais e mais ràpidamente para além do ponto de inflexão da curva do volume. A partir de certa idade, o aumento do volume pode
começar a ser fraco, mas o do valor continua importante, em vir- tudo do aumento do peso do metro cúbico com a idade.»
Deve, entretanto, lembrar-se que a evolução contemporânea das utilizações do material lenhoso, a sua diversificação, e sobretudo o aproveitamento para fins industriais de madeiras de menores dimen sões, quer dos chamados produtos secundários das matas quer dos produtos resultantes das matas exploradas sob moldes intensivos, pode trazer «perturbações» a este lei geral do «crescimento em valor»,
IDADE(ano»)
Fig. 2-6 — Repartição do volume segundo clas
ses de aproveitamento. Choupo
sem no entanto a destruir. Mostra-o a Fig. 2-6, referente a um povoa mento de Populus x euro-americana (Vale do Pó) — Saja [1955:104]— com uma densidade de 400 pés por hectare e numa revolução de 20 anos.
Na Fig. 2-7, regista-se uma curva representativa do «crescimento em valor» (rendimento bruto), em comparação com a respectiva curva do volume, referente a um caso-exemplo apresentado por Thomson
[1942:61] para povoamentos de Pseudotsuga menziesii.
2.2.3.2. As Explorabilidades de juro nulo. Ao pretender passar-se a uma análise económica da produção lenhosa sob o ponto de vista do estudo da melhor combinação dos factores produtivos, estamos neste momento já de posse dum elemento fundamental, o do conheci mento dos valores do rendimento bruto e da sua evolução no tempo.
Fig. 2-7 — Curvas do volume e rendimentos.
Exemplo de povoamentos de Pseudotsuga men-
ziesii — sobre dados de Thomson [19421
Antes de passarmos a essa análise, convém referir-nos aos critérios utilizados na definição da explorabilidade que, pelas suas caracterís- ticas, se situam, intermediàriamente, aos critérios de base tipicamente técnica apresentados e aos critérios em que se fundamentam as cha madas explorabilidades financeiras. Trata-se daqueles casos, em que são desprezados os juros dos capitais investidos, isto é, as explorabili
dades de juro nulo.
São esses critérios os que definem a explorabilidade na base dos máximos rendimentos brutos e máximos rendimentos líquidos por unidade de tempo, tradicional e respectivamente classificadas como da explorabilidade mista e da explorabilidade relativa ao rendimento
ou renda florestal. A Fig. 2-8, fornece a solução gráfica da definição
da explorabilidade de acordo com estes dois critérios (2, 3), em com paração com a da explorabilidade absoluta (1). Confrontadas as respectivas curvas (acréscimos médios anuais do rendimento bruto
e do rendimento líquido) com as curvas da evolução dos rendimentos (Fig. 2-7), assim como feita a comparação entre as curvas do volume e valor, sobressaiem claramente as muito diversas revoluções que, segundo cada critério, podem ser definidas. As revoluções serão mais
6 100 200 300
IDADE (anos)
Fig. 2-8 — Expio rabilidade absoluta (1), mista
(2) e relativa à renda florestal (3)
longas quando sc passa dos critérios exclusivamente volumétricos para os critérios que utilizam termos de valor e tanto mais longas quanto menos componentes do custo de produção (incluindo o custo
de tempo) são considerados; são particularmente marcadas as dife
renças, no sentido do alongamento das revoluções, ao passar-se dum objectivo de máxima produção (em termos físicos ou de valor) por unidade de tempo, para máxima produção total.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA TEORIA DA EXPLORABILIDADE FINANCEIRA
3.1. o PROCESSO DE PRODUÇÃO LENHOSA E A TEORIA DO INVESTI