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3. Procedimentos Metodológicos

3.2. Construção dos Indicadores Qualitativos

3.2.2. Caracterização Tecnológica da Produção Agropecuária

3.2.2.1. Produção Vegetal

O primeiro passo para construção do indicador para caracterização tecnológica da produção vegetal consistiu na tabulação dos dados relativos ao número de produtores e à área plantada segundo cada cultura agrícola presentes nos estabelecimentos pesquisados (Tabela 7), com o objetivo de montar uma base de dados mais simples e estatisticamente representativa da diversidade de lavouras permanentes e temporárias.

Tabela 7. Número de Produtores e Área Plantada por Cultura Agrícola na Amostra, Microbacias Hidrográficas Selecionadas, Leme/SP, 1994/95.

Culturas Produtores Área plantada

Nº %(*) ha %

Cana-de-açúcar 5 8,20 246,84 8,53

Café 1 1,64 0,73 0,03

Citros 7 11,48 642,22 22,20

Eucalipto 6 9,84 181,62 6,28

Outras permanentes ou semiperenes 0 0,00 0,00 0,00

Algodão 24 39,34 919,60 31,79 Amendoim 0 0,00 0,00 0,00 Arroz 11 18,03 17,57 0,61 Painço 7 11,48 332,27 11,49 Feijão águas 1 1,64 1,21 0,04 Feijão seca 10 16,39 89,54 3,10 Mandioca 2 3,28 19,36 0,67 Milho grão 30 49,18 307,58 10,63 Milho verde 1 1,64 9,68 0,33 Sorgo 1 1,64 4,84 0,17 Vassoura 2 3,28 5,45 0,19

Cana para forragem 22 36,07 63,55 2,20 Milho forrageiro 6 9,84 26,62 0,92

Capineira 15 24,59 23,72 0,82

Horticultura (comercial) 1 1,64 0,60 0,02 Outras temporárias 0 0,00 0,00 0,00

Total 152 249,20 2.893,00 100,00

(*) Calculada em relação ao total de estabelecimentos pesquisados, ou seja 61, e não em relação ao total de produtores que

declararam ter as culturas (152). Fonte: Dados da Pesquisa.

Pela análise dos dados da Tabela 7 decidiu-se por:

a) excluir o amendoim, outras culturas temporárias e permanentes ou semiperenes, em razão da não ocorrência na área;

b) excluir as culturas consideradas marginais que, simultaneamente, não fossem produzidas por pelo menos 5% dos produtores ou representassem menos de 5% da área total cultivada; foi o caso do café, mandioca, sorgo, vassoura e de horticultura comercial e,

c) agregar os cultivos de feijão das águas e da seca, milho grão e milho verde, capineiras, cana e milho forrageiros, sob as denominações genéricas, respectivamente, de feijão, milho e forrageiras, devido à baixa ocorrência de alguns e por não apresentarem diferenças significativas quanto às práticas agrícolas usadas.

Com isso, a base de dados decresceu de vinte e uma culturas agrícolas para as nove seguintes: cana-de-açúcar, citros, eucalipto, algodão, arroz, forrageiras, feijão, milho e painço.

Em seguida, voltou-se a análise para as práticas agrícolas realizadas44, pelos agricultores nessas nove culturas.

A partir do cálculo da freqüência de ocorrência de cada prática agrícola no conjunto de estabelecimentos onde se registrou a existência da cultura, criou-se quatro classes representativas dos níveis de adoção pelos produtores:

práticas generalizadas (adotada por mais de 80% dos agricultores); práticas comuns (até 80% de adoção);

práticas pouco comuns (até 50% de adoção); e, práticas marginais (até 20% de adoção)45.

Se por um lado esse procedimento foi importante por possibilitar a identificação dos níveis tecnológicos de cada cultura, necessários ao detalhamento dos sistemas de cultivo, por outro o seu resultado não foi suficientemente satisfatório para permitir a construção dos indicadores com as características desejadas, especialmente simplicidade associada à representatividade.

Diante disso, agrupou-se as culturas num único conjunto com base no seguinte raciocínio:

a) em geral, cada produtor tinha mais de uma cultura por estabelecimento, num total de 151 cultivos nas 61 unidades pesquisadas (o que representou uma média de 2,5 diferentes tipos de cultivo por produtor);

b) excluindo-se as culturas marginais e contemplado as agregações descritas acima, esse total se reduz para 146 cultivos e,

c) a freqüência de adoção da prática foi, então, calculada em relação a esse total, para posterior enquadramento nas classes de adoção definidas anteriormente (Quadro 13).

44 Práticas Agrícolas Levantadas pelo Questionário de Pesquisa de Campo: cultivo intercalar; cultivo consorciado; subsolagem; plantio direto; plantio em nível; semente comprada; análise de solo; calcário; adubação química; adubação orgânica; adubação verde; adubação em cobertura; adubação com micronutrientes; herbicida; inseticida; fungicida; acaricida; capina manual; capina animal; capina mecânica; queima dos restos das culturas; incorporação dos restos das culturas; rotação de culturas. Para as práticas adotadas pelo agricultor usou-se a notação 1 (um) e nos casos negativos o 0 (zero).

45 O anexo 4 mostra a classificação das práticas agrícolas segundo o grau de adoção pelos produtores, para todas as culturas selecionadas.

Quadro 13. Classificação das Práticas Agrícolas Segundo o Grau de Adoção pelos Produtores para o Conjunto de Culturas Selecionadas, Leme/SP, 1994/95.

Práticas Generalizadas Práticas Comuns Práticas Pouco Comuns Práticas Marginais ou Inexistentes

Descrição (%) Descrição (%) Descrição (%) Descrição (%)

Adubação química 84,2 Incorporação restos 79,5 Rotação de culturas 46,6 Capina animal 18,5 Plantio em nível 83,6 Ad. cobertura 65,1 Herbicida 45,9 Fungicida 14,4 Semente comprada 64,4 Inseticida 45,2 Acaricida 12,3 Capina mecânica 57,5 Adubação orgânica 34,9 Plantio direto 6,85 Capina manual 54,8 Subsolagem 28,1 Queima 6,16 Calcário 53,4 Ad. micronutrientes 24,0 Adubação verde 2,74 Análise de solo 51,4 Cultura intercalar 1,37 Cultura consorciada 1,37 Práticas Generalizadas (adotadas por mais de 80% dos agricultores); Práticas Comuns (adotadas por até 80% dos agricultores); Práticas Pouco Comuns (adotadas por até 50% dos agricultores); Práticas Marginais ou Inexistentes (adotada por nenhum ou por menos de 20% dos agricultores).

Fonte: Dados da Pesquisa.

A partir dessa classificação geral para o conjunto das culturas e guardadas as especificidades de cada uma (anexo 4), criou-se três níveis tecnológicos para produção vegetal com base nas práticas identificadas como discriminantes dos sistemas de cultivos, que foram: adubação, uso de agrotóxicos46 e sementes ou mudas compradas.

O primeiro nível, básico (NT1), representou as situações onde o agricultor não adotava nenhuma das práticas discriminantes; o segundo, intermediário (NT2), correspondeu aos casos em que o agricultor usava pelo menos uma das práticas discriminantes e, o terceiro,

completo (NT3), quando todas as práticas eram adotadas (Quadro 14).

Quadro 14. Níveis Tecnológicos na Produção Vegetal Segundo as Práticas Agrícolas Adotadas, Leme/SP, 1995.

Nível Tecnológico Descrição

NT1: Básico Nenhuma prática discriminante é adotada

NT2: Intermediário Uso de adubação (1) ou de agrotóxicos (2) ou de semente/muda comprada

NT3: Completo Uso de adubação (1) e de agrotóxicos (2) e de semente/muda comprada (1) refere-se a adubação química, orgânica, verde, em cobertura ou com micronutrientes.

(2) herbicida ou inseticida ou fungicida ou acaricida.

Fonte: Dados da Pesquisa.

46 Agrupou-se, sob a denominação genérica de adubação, o uso de adubos químicos, orgânicos, verde, em cobertura e com micronutrientes e, de agrotóxicos, o uso de herbicida, inseticida, fungicida e acaricida. Com isso, o registro positivo nas novas variáveis adubação e agrotóxicos ocorreu quando o agricultor tivesse realizado, no ano de referência, pelo menos uma das formas de fertilização ou de controle fitossanitário.

Dos dez indicadores que compuseram esse item, oito foram criados a partir dessa classificação segundo níveis de complexidade tecnológica da produção. Foram eles: CANA (cana-de-açúcar para a usina), CITROS (citros), ALGOD (algodão), ARROZ (arroz), FORRAG (forrageiras), FEIJAO (feijão), MILHO (milho) e PAINCO (painço) (Quadro 15).

Quadro 15. Descrição dos Indicadores Qualitativos sobre "Caracterização Tecnológica da Produção Vegetal", Leme/SP, 1995.

No Indicador Descrição Modalidades

35 CANA Cana-de- açúcar para usina Presença da cultura de cana-de-açúcar para usina e seu nível tecnológico

CANA1 => o produtor não tem a cultura

CANA2 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT1 CANA3 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT2 CANA4 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT3 36 CITROS

Citros

Presença da cultura de citros e seu nível tecnológico

CITROS1 => o produtor não tem a cultura

CITROS2 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT1 CITROS3 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT2 CITROS4 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT3 37 EUCALI

Eucalipto Presença da cultura de eucalipto EUCALI1 => o produtor não tem a cultura EUCALI2 => o produtor tem a cultura 38 ALGOD

Algodão Presença da cultura de algodão e seu nível tecnológico

ALGOD1 => o produtor não tem a cultura

ALGOD2 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT1 ALGOD3 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT2 ALGOD4 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT3 39 ARROZ

Arroz Presença da cultura de arroz e seu nível tecnológico

ARROZ1 => o produtor não tem a cultura

ARROZ2 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT1 ARROZ3 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT2 ARROZ4 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT3 40 FORRAG

Forrageiras Presença de culturas forrageiras (capineira, milho ou cana para forragem) e seu nível tecnológico

FORRAG1 => o produtor não tem a cultura

FORRAG2 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT1 FORRAG3 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT2 FORRAG4 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT3 41 FEIJAO

Feijão Presença das culturas de feijão (das águas ou da seca) e seu nível tecnológico

FEIJAO1 => o produtor não tem a cultura

FEIJAO2 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT1 FEIJAO3 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT2 FEIJAO4 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT3 42 MILHO

Milho

Presença das culturas de milho (grão ou verde) e seu nível tecnológico

MILHO1 => o produtor não tem a cultura

MILHO2 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT1 MILHO3 o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT2 MILHO4 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT3 43 PAINCO

Painço

Presença da cultura painço e seu nível tecnológico

PAINCO1 => o produtor não tem a cultura

PAINCO2 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT1 PAINCO3 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT2 PAINCO4 => o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT3 44 CULTSEC

Culturas secundárias

Presença dos cultivos secundários (café, mandioca, sorgo e vassoura)

CULTSEC1 => o produtor não tem nenhuma das culturas secundárias

CULTSEC2 => o produtor tem pelo menos uma das culturas secundárias

NT1 = Nível tecnológico básico; NT2 = Nível tecnológico intermediário; NT3 = Nível tecnológico completo (ver descrição dos níveis tecnológicos no Quadro 14).

Todos, com quatro tipos de modalidades: "o produtor não tem a cultura", "o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT1 – Básico", "o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT2 – Intermediário" e "o produtor tem a cultura, a qual se encontra no NT3 – Completo" (Quadro 15).

Os outros dois indicadores, EUCALI (eucalipto) e CULTSEC (culturas secundárias) contiveram apenas duas modalidades ("o produtor não tem a cultura" e "o produtor tem a cultura"), tendo em vista que no caso do eucalipto observou-se, na região, uma forte homogeneidade tecnológica, constituindo-se um padrão produtivo, ou seja, não havia nenhuma prática agrícola diferenciadora dos sistemas e, no caso das culturas consideradas secundárias (café, mandioca, sorgo e vassoura) a reduzida área ocupada e o pequeno número de produtores envolvidos nessas atividades não justificou a partição do indicador em modalidades segundo níveis tecnológicos (Quadro 15).