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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.2. Caracterização dos sistemas de produção

3.2.3. Produtividades

Serão apresentadas algumas medidas de produtividade para caracterização dos sistemas de produção de leite. Para os fatores, apresenta-se a produtividade das vacas ordenhadas e a produtividade da terra, em litros de leite. Para insumos, apresenta-se a produtividade da mão-de-obra medida em litros de leite pelo gasto com a mão-de-obra. A produtividade de todos os insumos será medida pela renda bruta sobre o custo operacional efetivo e sobre o custo operacional total.

em lactação. A média da produção diária das vacas em lactação do sistema holandês é de 18,9 litros/dia, 50% superior ao do sistema mestiço e, praticamente, três vezes a média diária das vacas do sistema zebu. Os resultados estão apresentados na Tabela 18.

Tabela 18 - Produtividade da vaca em lactação de cada sistema de produção, em litros por dia

Itens Holandês Mestiço Zebu

Média 18,9 12,6 6,6

Desvio-padrão 4,0 2,6 1,3

Máximo 25,9 18,6 8,2

Mínimo 12,1 8,3 4,1

Fonte: Dados da pesquisa.

Os valores encontrados neste estudo são superiores aos nacionais e, também, superiores aos encontrados para Minas Gerais, apresentados por SOUZA (2000). SOUZA (2000) encontrou uma média de 17,0 litros/dia por vaca no sistema holandês, 7,7 litros/dia no sistema mestiço e 4,0 litros no sistema zebu, com base em dados do ano de 1996, principalmente. Comparando as médias entre as fazendas analisadas e a amostra de 1996, a produtividade do sistemas atuais foram superiores em 11,1%, 63,6% e 65,0%, para holandês, mestiço e zebu, respectivamente.

Analisando-se as fazendas estudadas sob a ótica da produtividade do total das vacas, o sistema holandês apresenta média de 13,7 litros/dia, o mestiço de 10,3 e o zebu de 4,6 litros/dia. O sistema holandês apresenta, em média, 72,6% das vacas em lactação ao longo do ano, o mestiço, 74,2% e o zebu, 69,2%. Vale lembrar que esta relação não é constante durante todos os meses do ano,

sobretudo no sistema zebu, que apresenta a maior sazonalidade entre os períodos de seca e água.

Apresentou-se a produtividade da terra em litros de leite por hectare. Neste parâmetro incluiu-se o equivalente leite obtido com as vendas de animais. Dividiu-se o valor das vendas pelo preço médio do litro de leite no período e somou-o aos volumes de leite vendido e autoconsumido. Desta forma, procura-se retratar com maior fidelidade, a produtividade da terra utilizada na atividade de produção de leite. Na Tabela 19 encontram-se os valores obtidos por cada sistema.

Tabela 19 - Produtividade da terra utilizada em cada sistema de produção, em li- tros por hectare

Itens Holandês Mestiço Zebu

Média 6.683 2.873 1.090

Desvio-padrão 5.731 1.775 584

Máximo 28.257 8.484 2.259

Mínimo 866 675 348

Fonte: Dados da pesquisa.

A produtividade da terra foi 6.683, 2.873 e 1.090 litros por hectare, para os sistemas holandês, mestiço e zebu, respectivamente. Observa-se, claramente, que a produtividade da terra cresce à medida que se intensifica zootecnicamente o sistema de produção. Não obstante, as diferentes escalas de produção ocorrida nos três sistemas, há uma grande dispersão nos valores de produtividade da terra em todos os três sistemas. Observa-se que a maior produtividade no sistema zebu, relativamente mais extensivo zootecnicamente, é superior ao mínimo dos

SOUZA (2000) encontrou valores de produtividade da terra para os três sistemas de 6.078 litros/ha para o sistema holandês, 1.219 para o mestiço e 478 para o zebu. Observa-se, novamente, que foram grandes as mudanças nos valores encontrados para os sistemas mestiço e zebu, comparando-se os dois trabalhos.

A produtividade da mão-de-obra foi medida em litros de leite sobre os gastos com mão-de-obra total. Este valor indica quantos litros de leite se produz com cada real despendido em mão-de-obra. Encontraram-se valores de 16,4, 15,7 e 14,6 litros/R$, para os sistemas holandês, mestiço e zebu, respectivamente. Praticamente, não se encontra diferença entre eles, conforme pode ser observado na Tabela 20.

Tabela 20 - Produtividade da mão-de-obra de cada sistema de produção, em li- tros/R$ gastos com mão-de-obra

Itens Holandês Mestiço Zebu

Média 16,4 15,7 14,6

Desvio-padrão 6,3 5,4 4,8

Máximo 33,2 30,4 25,4

Mínimo 7,8 7,7 7,8

Fonte: Dados da pesquisa.

Objetivando-se captar a relação da renda bruta (RB) sobre os custo operacional efetivo (COE) e custo operacional total (COT), obtiveram-se duas medidas de produtividades, RB/COE e RB/COT, que são apresentadas nas Tabelas 21 e 22.

Tabela 21 - Produtividade dos insumos gastos em cada sistema de produção, me- dida RB/COE

Itens Holandês Mestiço Zebu

Média 1,20 1,28 1,65

Desvio-padrão 0,14 0,17 0,25

Máximo 1,49 1,77 2,18

Mínimo 0,94 0,92 1,21

Fonte: Dados da pesquisa.

Em média, para cada real gasto no COE gera-se uma receita de R$ 1,20 no sistema holandês, R$ 1,28 no mestiço e R$ 1,65 no sistema zebu. A relação ou margem do sistema zebu é 28,9% superior à do mestiço e 37,5% superior à do holandês. A margem do sistema mestiço é 6,7% superior à do holandês. Observa- se que há fazendas de gado holandês e de mestiço que possuem relação menor que a unidade. Isto significa que, se elas aumentaram os seus gastos com insumos, não se recupera o valor empregado.

Com relação ao custo operacional total (COT), a mesma tendência foi observada. Obtiveram-se R$ 1,06, R$ 1,13 e R$ 1,37 para cada real gasto nos sistemas holandês, mestiço e zebu, respectivamente. Os resultados são apresentados na Tabela 22.

Tabela 22 - Produtividade dos insumos gastos, depreciações e gasto com mão-de- obra familiar em cada sistema de produção, medida em RB/COT

Itens Holandês Mestiço Zebu

Média 1,06 1,13 1,37

Desvio-padrão 0,10 0,12 0,21

Máximo 1,24 1,39 1,85

Mínimo 0,88 0,84 1,05

Fonte: Dados da pesquisa.

Constata-se uma menor margem nos sistemas tecnificados, indicando a necessidade de maior escala de produção para auferir uma mesma renda líquida. Os custos fixos tiveram a mesma importância relativa nos sistemas holandês e mestiço. Eles reduziram as margens em 11,7% nos dois sistemas. No sistema zebu, a redução da margem provocada pelo custo fixo foi da ordem de 17,0%. A situação de algumas fazendas de holandês e mestiço se agrava com a inclusão dos custos fixos em relação à produtividade de todos os insumos. Observando a posição de mínimo, percebe-se que há fazendas operando com prejuízo nestes sistemas.

Neste tópico, observou-se que as produtividades das vacas e da terra são superiores no sistema holandês, seguido pelo mestiço e zebu. A produtividade do COE e COT é maior no sistema zebu, seguido do mestiço e holandês, indicando que a margem caiu com a intensificação zootécnica da criação. Os sistemas holandês e mestiço necessitam de maior escala para auferir uma mesma renda líquida. Há fazendas de gado holandês e de mestiço operando com prejuízo.