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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.2. Caracterização dos sistemas de produção

3.2.1. Recursos disponíveis

Neste tópico, consideraram-se os recursos disponíveis para produção. Optou-se por trabalhar com medidas de valor monetário para todos os recursos, inclusive a terra. Esta opção deve-se ao fato da existência de diferenças entre os preços da terra nua nas diferentes mesorregiões. O preço por hectare atribuído à terra nua na mesorregião Sul/Sudoeste de Minas foi o maior entre todas, sendo

pelo menos quatro vezes superior ao da mesorregião Noroeste e duas vezes ao da mesorregião Mucuri. Na Tabela 9 encontram-se os valores referentes à terra para produção.

Tabela 9 - Estatísticas da terra utilizada, em reais, para cada tipo de sistema de produção de leite

Itens Holandês Mestiço Zebu

Média 296.990 273.127 464.796

Desvio-padrão 296.943 263.524 534.971

Máximo 1.436.400 1.185.111 2.118.200

Mínimo 15.300 14.500 67.000

Fonte: Dados da pesquisa.

Os recursos médios em terra utilizados na atividade leiteira foram de R$ 296.990,00, R$ 273.127,00 e R$ 464.796,00 para os sistemas de gado holandês, mestiço e zebu, respectivamente. Observa-se que os valores imobilizados nos sistemas holandês e mestiço são próximos. Já o sistema de zebu é mais intensivo neste recurso em 56,5% que o gado holandês e em 70,2% que o gado mestiço. O hectare de terra mais barato foi encontrado na mesorregião Noroeste, com um valor de R$ 480,00. O mais caro foi na Sul/Sudoeste de Minas com um preço de R$ 4.000,00.

Comparando-se estes sistemas do ponto de vista da área utilizada, encontraram-se para os sistemas de holandês, mestiço e zebu, 108, 221 e 409 hectares em média, respectivamente. Os sistemas de mestiço utilizam na produção o dobro da terra do holandês e, praticamente, a metade da terra do zebu. Desta forma, observa-se que os sistemas de holandês estão localizados em

Comparando-se aos números encontrados por SOUZA (2000), a área das fazendas deste estudo, utilizada na produção pelo sistema holandês, praticamente, dobrou, a do mestiço, aumentou 36,1% e, a do sistema zebu, saiu de 143 para 409 hectares, em média. De acordo com o Censo Agropecuário 95/96 (IBGE, 2001), onde se apresentam os estratos de área de pastagem para a produção de leite, a média do estudo atual está dentro de um estrato de 17,15% dos produtores. Ela é maior que 74,62% das propriedades de Minas Gerais.

Na Tabela 10, apresentam-se os resultados referentes aos gastos com benfeitorias, nos três sistemas.

Tabela 10 - Estatísticas dos valores imobilizados em benfeitorias utilizadas por cada tipo de sistema de produção de leite, em reais

Itens Holandês Mestiço Zebu

Média 132.738 95.195 66.544

Desvio-padrão 201.066 98.722 44.174

Máximo 1.185.700 660.000 170.425

Mínimo 10.962 6.416 18.180

Fonte: Dados da pesquisa.

Os valores médios imobilizados, encontrados para os três sistemas apontam o sistema holandês como mais intensivo neste recurso. O mestiço tem posição intermediária e o zebu é o menos intensivo. Gastaram-se em média, com benfeitorias, R$ 132.728,00 no sistema holandês, o dobro do que foi gasto no sistema zebu. O custo fixo das benfeitorias do sistema mestiço é 28,2% menor que o holandês e 43,1% maior que o zebu.

Os itens principais que compõem as benfeitorias são instalações para manejo do rebanho (currais, estábulos, pistas de alimentação, free stall), cercas,

depósitos e salas de ordenha. As participações relativas das quatro benfeitorias, para os três sistemas foram: 44,6%; 16,7%; 19,8% e 18,9% para o sistema holandês. No sistema mestiço a participação foi de 34,7%; 30,5%, 18,1% e 16,7%. Para o zebu, os gastos com instalações correspondem a 45,6%; 41,4% com cercas; 8,1% com depósitos e 4,6% com sala de ordenha.

Em todos os sistemas, os maiores gastos são com instalações para manejo do rebanho. O gasto relativo das fazendas de holandês estão coerentes com as instalações mais robustas, necessárias aos sistemas mais confinados, onde há muitas estruturas para manejo do rebanho e poucas cercas. Em sistema de zebu, gasta-se mais com curral de manejo e com cerca devido às características extensivas da criação. O mestiço apresenta características intermediárias entre o holandês e zebu. Observa-se que os gastos com depósito e sala de ordenha são muito parecidos para os sistemas de holandês e mestiço, indicando que estes sistemas buscaram se estruturar para produzir leite, com armazenamento de alimentos e instalações mais modernas.

Na Tabela 11, encontram-se os valores imobilizados em máquinas nas propriedades.

Tabela 11 - Valores imobilizados em máquinas utilizadas por tipo de sistema de produção de leite, em reais

Itens Holandês Mestiço Zebu

Média 83.364 69.517 25.128

Desvio-padrão 64.488 77.550 20.461

Máximo 283.000 386.290 71.092

Mínimo 9.724 3.952 3.422

Gasta menos em média, neste recurso, o sistema zebu. Nas fazendas de gado zebu, quem gasta mais, imobiliza menos recursos que a média do holandês e, praticamente, a mesma quantidade que a média dos sistemas mestiços. Os sistemas de holandês imobilizam em máquinas 20% a mais que os sistemas mestiços.

Decompondo máquinas em tratores e veículos, implementos agrícolas, tanques de expansão e ordenha mecânica, tem-se a seguinte distribuição dos recursos nesta ordem: sistema zebu 32,7%; 30,7%; 33,8% e 2,8%. Para o mestiço, a distribuição é 34,9%; 33,3%; 15,0% e 16,8%. No sistema holandês, o capital em máquinas foi distribuído em 42,4% em tratores; 25,2% em implementos; 15,1% em tanques de expansão e 17,3% em ordenha. Chama-se a atenção para o sistema zebu, onde o maior gasto foi com tanque de expansão e o pequeno gasto com ordenha. Os gastos com ordenha e tanques para os outros dois sistemas são praticamente os mesmos. Das fazendas avaliadas, 20% não possuem trator, sendo cinco de gado zebu, 10 de gado mestiço e seis de gado holandês. Todas figuram dentro do estrato de produção menor que 500 litros/dia.

O capital imobilizado em animais encontra-se na Tabela 12.

Tabela 12 - Valores imobilizados em animais pelas propriedades leiteiras de cada sistema de produção, em reais

Itens Holandês Mestiço Zebu

Média 259.914 203.652 221.160

Desvio-padrão 264.918 184.428 241.007

Máximo 1.347.000 1.061.210 1.009.840

Mínimo 32.000 11.523 48.800

Entre todos os recursos disponíveis, os três sistemas se aproximam mais no capital imobilizado em animais. Imobiliza-se mais em animais o sistema holandês, com R$ 259.914,00. Este valor é 17,5% superior ao utilizado pelo zebu. O sistema zebu imobiliza R$ 221.160,00, que é 8,6% a mais que o mestiço. A fazenda que menos imobiliza capital em gado é do sistema de mestiço e é a mesma que tem a menor produção diária.

Analisando as fazendas sob a ótica do número total de vaca, os sistemas de gado holandês têm em média 112 vacas, os mestiços apresentam 115 e os sistemas zebus possuem 121 vacas. As vacas holandesas possuem maior valor agregado, seguido das mestiças e das zebus. O maior capital encontrado para o sistema zebu, quando comparado ao mestiço, deve-se ao maior número de animais deste tipo de sistema na fase de recria de fêmeas e recria - engorda de machos, presentes em algumas fazendas.

Os recursos terra, benfeitorias, máquinas e animais, quando analisados dentro dos grupos, apresentam a seguinte distribuição: Holandês com 37,0% em terra; 16,8% em benfeitorias; 12,0% em máquinas e 34,2% em animais. Mestiço com 40,8%; 15,7%; 10,6% e 32,9% na mesma ordem. O sistema zebu, seguindo o mesmo critério, apresentou 53,7%; 11,1% 4,7% e 30,5%. As maiores diferenças entre os três sistemas são encontradas nos recursos terra e máquinas.

Nesta seção foram apresentados os recursos utilizados pelos três sistemas de produção na atividade leiteira. Todos foram apresentados na forma de valor monetário e discutidos com relação as suas médias. Ressalta-se a grande dispersão dos dados.

No recurso terra, os sistemas de gado zebu foram mais intensivos neste recurso, seguido pelos sistemas holandeses e mestiços. Se analisados do ponto de vista de área utilizada, a ordem entre o sistema mestiço troca de posição com o holandês.

No recurso benfeitoria, o sistema holandês foi o mais intensivo, seguido do mestiço e zebu. Todos os sistemas gastam mais neste recurso, com instalações de manejo. O sistema zebu é o mais intensivo em cercas. Os gastos em depósitos

A imobilização em máquinas seguiu a mesma ordem das benfeitorias. Neste recurso, os sistemas holandês e mestiço apresentam distribuição parecida entre os seus componentes. O maior gasto no sistema zebu é com tanques de expansão. No recurso animais há poucas diferenças.