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PROFA na Rede Municipal de Ensino de São Paulo

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2 DO PROJETO IPÊ AO PROGRAMA LER E ESCREVER – BREVE

2.2 PROGRAMAS DE FORMAÇÃO – PERÍODO 1984 A 2010

2.2.8 PROFA na Rede Municipal de Ensino de São Paulo

Na Secretaria Municipal de Educação (SME) da cidade de São Paulo, o PROFA foi implantado em julho de 2002, através do acordo de cooperação técnica celebrado entre a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e o Ministério de Educação e Cultura, sob n. 2002-0.160.076-1. Esta implantação ocorreu na administração petista, cuja prefeita era Marta Suplicy, na qual atuava como Secretária Municipal de Educação, a Sra. Eny Maia. Após a constatação de que uma porcentagem significativa de alunos terminava o 4º ano do Ciclo I sem saber ler e escrever, esta secretaria firmou parceria entre o Ministério de Educação e Cultura e SME/SP para implantar o PROFA na Rede de São Paulo.

Com o final do governo federal do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), não era mais possível o estabelecimento do convênio com os estados e

1 Em 1990, Rosalinda Soares Ribeiro de Vasconcelos atua como professora da 1ª série da Rede

Municipal de Ensino de São Paulo e participa do “Grupo Referência”. Posteriormente, atua como formadora do PROFA na Abaporu, em parceria com Valéria Aparecida Scorsafava.

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Para a elaboração deste item e inclusão de algumas informações; foi realizado um relato de experiência pela Profª Rosanea Mazzini Correa que foi idealizadora e a coordenadora do PROFA em 2002 e do Programa Ler Escrever, ambos da Rede Municipal de Ensino de São Paulo. A realização deste relatório foi necessária, tendo em vista que não existem registros formais sobre a implantação destes projetos. A transcrição deste relato encontra-se no APÊNDICE 1 – SEÇÃO DE APÊNDICES.

municípios nos moldes em que se desenvolvia até então (disponibilizando material, formadores e interlocutores). A partir desta nova condição, a Secretaria Municipal de Educação recebia apenas o direito de utilizar o material, o que tornou necessária a formação de uma equipe interna.

Em São Paulo, o acordo celebrado conferia a SME/DOT apenas o direito de reproduzir e divulgar os materiais produzidos especialmente para implantação do PROFA e estabelecia como condição para a sua implantação, a garantia das condições estruturais adequadas ao seu desenvolvimento, entre elas, a formação de uma equipe que coordenaria a implementação do Programa. (Trecho de relato de Rosanea Maria Mazzini Correa – Seção de Apêndices)

Para implementar o PROFA, a SME foi obrigada a formar uma equipe de coordenação que organizaria as ações de formação, reprodução de material, elaboração de pautas, entre outras. Era condição do convênio que esta equipe deveria constituir-se de pessoas com experiências anteriores em alfabetização e programas de formação continuada. Atendendo a estes critérios, o MEC indicou Rosanea Maria Mazzini Correa e Elenita Neli Beber, por contarem com a experiência em formação de professores, alfabetização e formação continuada de professores. As duas, além de serem funcionárias da Rede Municipal de Ensino de São Paulo, tinham trabalhado no PROFA /MEC, portanto, atendiam aos critérios propostos.

As Profª Rosânea Maria Mazzini Correa, coordenadora pedagógica e Profª Elenita Neli Beber, diretora de escola foram convidadas a integrar a equipe da DOT/SME para implantar o Programa de Formação de Professores Alfabetizadores na Rede Municipal de São Paulo. Mais tarde, a equipe foi ampliada, sendo convidadas para fazerem parte as professoras da Rede: Vera Lúcia de Lima, Leika Watabe, Alcina Maria Andreo e Angela Maria da Silva Figueredo, todas profissionais com experiencia na formação de professores alfabetizadores. (Trecho de relato de Rosanea Maria Mazzini Correa – Seção de Apêndices)

A etapa seguinte, após a constituição da equipe, foi a realização de um levantamento do número de professores interessados em participar do curso. Chegou-se a conclusão de que seria impossível atender a todos os interessados, por isso, foi necessário estabelecer critérios para priorizar o atendimento.

Priorizou-se atender primeiramente os professores dos 1ºs e 2ºs anos do ciclo I, oferecendo as vagas remanescentes sucessivamente aos demais professores do ciclo I, incluindo a EJA. O critério definido para atender a demanda impossibilitou a participação dos coordenadores pedagógicos. Considerando a importância de envolvê-los nessa ação de formação, foi oferecido um curso que atendeu 445 profissionais, um de cada

unidade escolar, com a finalidade de orientar a sua ação no que diz respeito a formação e acompanhamento dos professores. (Trecho de relato de Rosanea Maria Mazzini Correa – Seção de Apêndices)

Paralelamente à estruturação da equipe de coordenação do PROFA, a formação foi organizada em forma de curso, tanto para os professores quanto para os coordenadores de grupo, profissionais das Coordenadorias de Educação, que assumiram a tarefa de formar os professores.

Cada uma das Coordenadorias de Educação designou um ou dois profissionais de sua equipe local de formação para atuar como coordenadores de grupo/formadores dos professores inscritos no PROFA. Estes profissionais foram selecionados pelas Diretorias de Ensino, a partir de criterios definidos pela equipe central de SME/DOT.

É comum que projetos e programas novos causem polêmicas, críticas e discussões. Muitas vezes, as polêmicas ocorrem por questões conceituais, dificuldade de compreensão das propostas, estrutura, entre outros. Na SME a questão mais polêmica foi da perspectiva política partidária:

Houve uma série de resistências manifestadas de forma explicita ou não por Dirigentes das Diretorias de Ensino e por membros de sua equipe contra a implantação do PROFA no municipio de São Paulo. As principais diziam respeito a se tratar de um Programa de Formação criado no governo de Fernando Henrique Cardoso – um programa considerado “tucano” e, por essa razão, inadequado para o município de São Paulo, na época administrado pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Apesar da tensa discussão política e filosófica, todas as Diretorias de Ensino optaram pela sua implantação no domínio local, quer pela dificuldade de fazer frente à política educacional definida pelo órgão central, quer pelas demandas de alfabetização constatadas em cada uma das regiões e, ainda, pelo apreço manifestado pelos professores à proposta do PROFA. (Trecho de relato de Rosanea Maria Mazzini Correa – Seção de Apêndices)

Frente a tais dificuldades, a equipe de coordenação do PROFA/SME precisou elaborar critérios compatíveis às possibilidades da rede para estruturar o programa. Desta maneira, criou critérios para realização da seleção e das inscrições dos formadores das coordenadorias de educação para atuarem como formadores do PROFA, que ocorreria de forma descentralizada nas regiões das coordenadorias de educação. Assim, foram inscritos uma média de 40 formadores e todas as diretorias de ensino foram representadas. Neste contexto, ocorreu a formação da Fase 1 do PROFA na SME, para os formadores que atuariam com os professores

alfabetizadores nas regiões. Em seguida, as coordenadorias de educação organizaram as inscrições e outros encaminhamentos necessários para a realização da formação dos professores alfabetizadores de cada região.

A aceitação da formação pelos professores alfabetizadores foi

impressionante. A procura era grande e a permanência dos professores também, considerando que o curso era realizado fora do horário de trabalho e optativo.

A concepção de formação posta nesse percurso era muito diferente das práticas de formação experimentadas pela SME, visto que, além dos encontros organizados e fundamentados na concepção de formação de professores, os quais eram considerados como sujeitos do processo de aprendizagem, utilizava-se a estratégia de resolução de problemas pautada na concepção construtivista de aprendizagem.

Delineado o percurso, a equipe PROFA estabeleceu um canal de comunicação entre a equipe de coordenação e os formadores de grupo que funcionava como uma espécie de supervisão pedagógica. Através de e-mail, telefonemas e/ou visitas regulares nas coordenadorias e dos formadores na secretaria, por solicitação dos próprios formadores ou pela equipe da secretaria, estabeleceu-se um vínculo, uma situação de parceria de tal modo que no processo foi possível compreender a natureza da proposta de formação e, com isso, as questões partidárias cederam espaço para a credibilidade e a compreensão do propósito do PROFA.

Se já não é fácil atuar na alfabetização de crianças a partir da concepção construtivista de conhecimento, também não parece fácil atuar na formação continuada (profissionais com a formação inicial) que necessitam pensar constantemente sua prática pedagógica numa perspectiva reflexiva.

O lugar e a função que o coordenador de grupo formador, ocupou neste programa se particulariza de forma única e inovadora, pois o considera como um sujeito aprendiz em formação, tanto dos aspectos teóricos e conceituais, quanto dos aspectos metodológicos envolvidos na formação de professores. (Trecho de relato de Rosanea Maria Mazzini Correa – Seção de Apêndices)

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