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3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

3.4 A Escola

3.4.2 Professora Cooperante e Professor Orientador

Segundo Silva et al. (2017), o estágio assume um papel fundamental no processo formativo de aprender a ser professor, visto que é neste que os estudantes têm a oportunidade de aceder ao contexto real de ensino e vivenciar experiências que os marcam para sempre. As experiências adquiridas em contexto de estágio irão perdurar para a vida e, por isso, é essencial haver um elemento hospitaleiro e integrador no contexto escolar, nomeadamente, o PC. Deste modo, o PC tem a responsabilidade de orientar o processo de estágio no contexto escolar, estando incumbido de criar condições para a integração plena do EE na comunidade educativa (Silva et al., 2017) e, para além disso, também tem como objetivo que os EE entendam e experienciem a escola como um todo. Assim, o PC procura encontrar diversas estratégias que reforcem a aprendizagem dos EE (Silva et al., 2017). Face a este entendimento, numa primeira fase do estágio, os PC pretendem que os EE se familiarizem com a escola, com os documentos estruturantes da escola e da disciplina de EF e os normativos do estágio (Silva et al., 2017). Assim, no início do EP, a PC apresentou-nos a escola, a diretora e todos os professores pertencentes ao departamento de EF, o material de EF existente, etc. Nos primeiros contactos

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com a PC, percebi desde logo que se tratava de uma pessoa experiente, carismática, rigorosa, entusiasta e com gosto por aquilo que faz. Rapidamente percebi que é uma pessoa que tem prazer em partilhar os seus conhecimentos e, acima de tudo, é uma pessoa humilde, pois assume que para ela também é um ano de aprendizagem. No início do ano, a intenção da PC era que nos ambientássemos à escola e aos seus princípios, de forma a enquadrarmos as tarefas a realizar na escola e a perspetivarmos a nossa ação.

Alarcão (1996) afirma que o EE pratica sob a orientação de um profissional – o PC –, que simultaneamente treinador, companheiro e conselheiro, lhe faz a iniciação e o ajuda a compreender a realidade. Sinto que esta frase espelha inteiramente a PC. Desde cedo se mostrou interessada em nos conhecer, em criar uma relação próxima, em perceber se nos estávamos a integrar, tornando- se numa conselheira e, sobretudo, numa amiga. A PC considera-nos os seus “meninos” e ao longo do ano fez sempre de tudo para nos proporcionar as melhores experiências. É uma pessoa preocupada, que quer o nosso bem e, exemplo disso, foi o email que nos enviou numa das visitas do PO à escola (Figura 8).

Segundo Silva et al. (2017, p. 18), “a preocupação central que sobressai do discurso dos PC é a necessidade de serem capazes de contribuir de forma efetiva para formarem professores responsáveis e competentes”. Assim, com o intuito de vivenciarmos toda a profissão, sermos integrados na vida da comunidade educativa, e percebermos as enumeras tarefas que o professor desempenha na escola, a PC encarregou-nos de a acompanharmos nas tarefas

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da Direção de Turma, inclusive participarmos em reuniões com Encarregados de Educação e, para além do trabalho burocrático, também nos responsabilizou pela dinamização de atividades.

De acordo com Silva et al. (2017), o PC assegura a regularidade e a proximidade de um acompanhamento sistemático. A PC esteve sempre presente em todos os momentos, desde aulas, atividades, reuniões com os Encarregados de Educação, de Conselho de Turma e de NE, visitas de estudo, etc. Ao longo do ano, a PC teve uma presença forte nas nossas vidas e o facto de termos estado todos os dias juntos e esta incentivar o NE a trabalhar em equipa e a conviver, proporcionou a criação de uma comunidade de prática. Segundo Souza-Silva e Schommer (2008), uma comunidade de prática é um grupo de pessoas que se aglutinam entre si para desenvolver um domínio do conhecimento, vinculado a uma prática específica. Antonello e Ruas (2005) defendem que a comunidade de prática é um ambiente propício para o desenvolvimento de competências, visto disponibilizar espaço e contexto de interação, trocas, ação e práticas. A PC sempre transmitiu a importância do trabalho em grupo, de partilha e de comunidade. Assim, ao longo do ano tivemos a oportunidade de assistir e partilhar práticas, o que permitiu a vivência de experiências muito ricas. À medida que os recém-chegados se movem da periferia para o centro destas comunidades, tornam-se mais ativos e envolvidos na construção da cultura da mesma (Antonello & Ruas, 2005). O facto de passarmos muito tempo juntos enquanto NE possibilitou que nos conhecêssemos e aprendêssemos a confiar uns nos outros. Isto permitiu que dentro do NE as ideias fluíssem mais facilmente, pois não tínhamos receio de nos expressarmos. Esta abertura e a confiança nutrida uns pelos outros foi um dos fatores que proporcionou o sucesso das atividades que desenvolvemos ao longo do ano.

No que diz respeito a estratégias, os PCs sublinham o trabalho em conjunto, o questionamento, a reflexão e as correções como forma de levar o EE a encontrar as melhores soluções (Silva et al., 2017). Nesse sentido, a PC sempre nos incentivou a refletir, a partilhar experiências e conhecimentos, a encontrar soluções para problemas relacionados com as práticas e a recorrer ao NE e à mesma sempre que necessário. Desta forma, a PC possibilitou que aprendêssemos uns com os outros e ampliássemos os nossos repertórios de

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experiências. Para mim, as reflexões foram dos momentos mais marcantes, visto que foi algo que eu não estava habituada a fazer regularmente. A reflexão foi uma estratégia utilizada recorrentemente, principalmente, no final das aulas. Assim, no início do ano, as observações efetuadas pela PC eram no sentido de “desmontar” o conhecimento académico de forma a adaptá-lo às características do contexto e dos alunos (Silva et al., 2017). Os momentos de reflexão foram sempre bastante importantes, dado que promoveram discussões sobre as aulas, permitiram o questionamento e desenvolvimento do espírito crítico. Alarcão (1996) afirma que o PC tem como tarefa demonstrar, questionar, aconselhar e exercer espírito crítico.

No que concerne ao PO, fiquei desde logo com uma impressão positiva aquando da aula de apresentação. Considero ser uma pessoa muito acessível, simpática, organizada, preocupada e bastante prestável. É uma pessoa muito experiente, que sempre tentou enriquecer a minha prática, procurando despertar o interesse pelos modelos de ensino. Uma das coisas que o PO nos transmitiu e, que me ficou na memória, é que devemos aproveitar o ano de estágio para experimentar. Devemos usufruir da oportunidade de termos um PC e um PO com muita experiência e que estão por dentro das “novidades” da EF para experimentarmos na prática novos modelos de ensino, saindo assim das rotinas e, ao mesmo tempo, enriquecermos as aprendizagens dos alunos e exaltarmos a imagem da EF nas escolas. O PO demonstrou-se sempre disponível para acompanhar o meu percurso. Apesar de o PO estar mais distante quando comparado à PC, considero que conseguiu ter uma presença forte no meu percurso académico, pois conseguiu estar sempre presente quer através da marcação de reuniões, quer por utilização do email e/ou da basecamp. O PO foi uma pessoa que participou de forma significativa na minha formação profissional. As aulas observadas foram momentos de algum nervosismo, mas, sobretudo, de grandes aprendizagens, uma vez que no final das mesmas eram realizadas reflexões nas quais eram partilhados diferentes pontos de vista, que me permitiram crescer e procurar outros caminhos, como evidencia a reflexão que se segue:

“Considero que a vinda do professor à escola foi positiva e foi um momento construtivo, uma vez que tivemos contacto com novas perspetivas.” (RA – aula 21 e 22 – 23 de outubro, 2018)

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Segundo Marcelo Garcia (2010), o conhecimento é adquirido através da experiência e da deliberação, e os professores aprendem quando têm oportunidade de refletir sobre o que fazem. O PO analisava as nossas dificuldades e procurava encontrar soluções e, ao mesmo tempo, incentivava- nos a pesquisar, com o objetivo de melhorarmos a nossa prática e promovermos melhores experiências de aprendizagem aos alunos. Considero que estas reflexões foram essenciais para desenvolvermos o espírito crítico e crescermos dentro da profissão, como demonstra a seguinte reflexão:

“Como poderei incutir a responsabilidade pessoal? O professor orientador deu um simples exemplo que permite que todos os alunos assumam responsabilidade na construção da tarefa: “cada aluno tem de contribuir com um passo de aeróbica para a coreografia”.” (RA – aula 79 e 80 – 26 de fevereiro, 2019)

A orientação do relatório de estágio, é da responsabilidade do PO, bem como os projetos e estudos de investigação realizados pelos EE sobre as suas práticas. (Silva et al., 2017). Assim, ao longo do ano, o PO mostrou-se sempre disponível para reunir connosco, criando um doodle através do qual podíamos agendar reuniões. Para além disso, às segundas feiras marcou também reuniões conjuntas com outros NE para tratar de diversos assuntos, entre os quais o projeto de investigação-ação e o relatório de estágio. Através destas estratégias, o PO tentou elevar a qualidade dos relatórios de estágio e inovar os mesmos com o objetivo de valorizar, sempre, o nosso trabalho. Considero que o facto de ter elaborado um mapa no qual estavam assinalados momentos de entrega de diferentes partes do relatório ajudou bastante a organizar e a orientar a elaboração do mesmo. É de salientar o seu compromisso, a sua disponibilidade e todo o apoio prestado ao longo deste ano escolar. Teve a preocupação em estimular a autonomia, a descoberta guiada e a pesquisa, despertando em mim a curiosidade em querer saber mais e, acima de tudo, acreditou sempre no nosso valor. Realço que foi um elemento que marcou o meu ano de estágio e, por isso,

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gostaria de lhe agradecer todas as palavras de incentivo e de alento partilhadas num dos últimos emails (Figura 9).