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6.3 Resultado

6.3.3 Professores Supervisores

Quanto aos professores supervisores, ao responderem sobre se o estágio supervisionado estava preparando os estudantes de pedagogia para o exercício da docência, ou seja, para a regência de sala de aula, alguns se abstiveram, outros disseram:

“Não. O curso por si só não dá conta de formar. Na Faculdade se trabalha muito a teoria, na prática os estagiários não conseguem fazer esta relação. O futuro docente deverá continuar buscando por sua formação continuada” (PS - 4).

“Não. Alguns estagiários são inseguros, o planejamento é feito em cima de uma única aula a ser ministrada” (PS-5).

“Não. Os cursos de pedagogia de uma maneira geral, não dão conta dos aspectos práticos, porque a realidade de salas lotadas, com alunos sem acompanhamento da família entre outros problemas só é vista na prá tica e isto o estágio não favorece porque é muito curto o tempo de regência do estagiário” (PS-7).

“Se fosse o estágio em 3 momentos, poderíamos avaliar melhor. Nesse caso, fica restrito somente a observação, sem atuar, compromete assim avaliar outros aspectos” (PS-8).

“Não. Acredito que a prática se aprende no dia a dia” (PS-10).

“Não. Pois o curso de pedagogia de maneira geral não dá conta dos aspectos práticos. [...] Normalmente os estagiários apenas observam, não praticam” (PS-12).

“Não. A teoria é ótima, mas a prática tem suas peculiaridades. [...] Ainda não tive oportunidade de avaliar pois os mesmos não participam das aulas, apenas observam do fundo da sala” (PS-13).

“Sim, pois prepara os estagiários para a prática” (PS-14).

“Nem sempre. A cada dia a rotina é diferente. A dinâmica do trabalho pedagógico requer cada vez mais conhecimentos para acompanhar e atuar na profissão com sucesso” (PS-15).

Os professores supervisores afirmam que o Estágio Supervisionado não estava preparando o aluno para atuar na docência. Alguns professores supervisores dizem, inclusive, que o estagiário não participava do processo pedagógico, apenas observava do fundo da sala e tirava

dúvidas. Uma professora supervisora é bem contundente ao afirmar que “nenhum curso prepara

o aluno para a prática, mas apenas com teoria”.

Sua fala, assim como as de outros sujeitos, vai ao encontro do pensamento de Zanella e Tescarolo (2010), quando afirmam que tanto no estágio da graduação, quanto nos da maioria dos professores iniciantes, os estagiários não recebem os elementos básicos necessários à formação docente para atuação prática em sala de aula. Considerando a declaração acima e as falas dos egressos, reiteramos a nossa convicção sobre a importância do cumprimento das determinações constantes das Diretrizes curriculares para o curso de pedagogia quando diz em seu inciso:

IV - Estágio curricular a ser realizado, ao longo do curso, de modo a assegurar aos graduandos experiência de exercício profissional, em ambientes escolares e não escolares que ampliem e fortaleçam atitudes éticas, conhecimentos e competências.

Segundo os sujeitos participantes da pesquisa importa haver condições que possibilitem vivenciar a realidade da docência através de observação e experimentos antes de enfrentarem o estágio supervisionado porque isto contribuiria para ampliar as experiências em sala de aula durante o curso, valorizando a socialização de vivências pedagógicas ao longo da formação, considerando a necessidade de inter-relação das disciplinas que contribuem para a construção do conhecimento técnico/prático. Na preparação para o desenvolvimento das práticas para o ensino é importante que as atividades didático-pedagógicas sejam realizadas no contexto escolar.

A análise sobre a contribuição do estágio curricular supervisionado na preparação do professor para atuar em sala de aula, nos depoimentos apresentados acima, nos propiciou entender que o processo de ensino no curso de Pedagogia está sendo desenvolvido de forma dicotômica, ou seja, centrado na separação entre teoria e prática, como componentes isolados e até mesmos opostos.

Isso indica que o planejamento/organização e o desenvolvimento do estágio precisam ser realizados integradamente. Para isso é necessário que o conjunto dos professores discuta e compreenda todos os componentes constitutivos do Projeto Pedagógico do Curso.

Entender, também, que houve pouca atividade de efetiva prática pedagógica ao longo do curso, assim como no Estágio Supervisionado. No que concerne aos Anos Iniciais, estas só foram desenvolvidas no contexto do estágio supervisionado II. Todavia, apesar de que a dicotomia teoria e prática não se constituir em exclusividade do curso de Pedagogia da FACED, ela precisa

ser urgentemente enfrentada para que esta instituição realmente consiga, além de uma formação em Pedagogia, preparar o discente para atuar na sala de aula com competência. A função do Curso de Pedagogia é:

Qualificar a formação de docentes como um projeto político -emancipatório; organizar o campo de conhecimento sobre a educação, na ótica do pedagogo; articular teoria educacional com prática educativa, transformar espaços potenciais educacionais em espaços educativos/formadores; qualificar o exercício da prática educativa com vistas a diminuir práticas alienantes, injustas, excludentes da escola e da sociedade e, assim, encaminhar a sociedade para processos cada vez mais humanizadores [...]. Em sua trajetória multissecular, a característica mais preponderante da pedagogia pode ser identificada pela relação teoria-prática (LIBÂNEO, 2007, p. 90).

A relação teoria-prática conforme defende Libâneo, ou seja, o exercício da docência foi insistentemente requerido por egressos do curso de Pedagogia da FACED, visando a melhoria do Estágio supervisionado II:

“Que o acadêmico de pedagogia tenha um tempo específico, maior, de docência para estar melhor preparado para a sala de aula” (PE-1).

“Que o estágio comece desde cedo, no segundo semestre, e não nos períodos finais do curso, porque o aluno fica muito sobrecarregado com a f alta de tempo para se dedicar ao estágio tendo que elaborar seu projeto de pesquisa e o TCC”

(PE-2).

“Que haja em todos os períodos, um trabalho na escola em que se vai estagiar”

(PE-3).

“Que o período de estágio curricular seja iniciado a partir da metade do curso e não somente nos três últimos períodos” (PE-4).

“Que sejam proporcionadas vivências com desafios relacionados aos pais, ou seja, presenciar algumas reuniões de pais, diante dos mesmos, afinal, notamos o quanto o professor tem perdido sua credibilidade perante uma situação relacionada a disciplina e aprendizagem do aluno” (PE-5).

“Mais tempo para o estágio supervisionado do estudante” (PE-6).

A análise realizada a partir dos depoimentos dos partícipes da pesquisa nos encaminha à necessidade de conclamar a FACED para ressignificar o estágio supervisionado na formação de professores para os Anos Iniciais. Pois, no que se refere à docência enquanto vivência pedagógica, as falas dos sujeitos evidenciaram o que o depoimento de um professor orientador

clarificou: “O Estágio Supervisionado necessita possibilitar tempo significativo de convivência

do estagiário com o trabalho escolar e com os alunos, objeto de sua atenção. O estágio tem sido insipiente para apreensão e amadurecimento dos fatores determinantes do trabalho realizado na escola” (PO-3). Isto é corroborado pela perspectiva de experiências de ensino e aprendizagem

requeridas no Projeto Pedagógico deste Curso de Pedagogia/2008 que estabelece: “Ao chegar ao Estágio Supervisionado, o graduando de Pedagogia deve ter se apropriado, internalizado e exercitado teorias, conceitos, métodos e técnicas, de compreensão do fenômeno/processo educacional, de organização pedagógica de experiências de ensino e aprendizagem” (p. 25). Isto reforça, conforme Libâneo (2007), a característica mais preponderante da Pedagogia identificada pela relação teoria-prática.

Ao nosso entendimento, convém que sejam acolhidas as reflexões dos egressos do curso. Afinal, eles, enquanto profissionais do ensino também identificaram dificuldades que podem ser sanadas mediante uma reestruturação do currículo.

6.4 Sugestões dos Participantes da Pesquisa para a melhoria do Estágio Supervisionado II