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Profissionalização no partido e pelo partido

Capítulo 3 – Família e escola: contextos de socialização política

4.6 Profissionalização no partido e pelo partido

De acordo com as atividades desenvolvidas pelos jovens, é possível separá-los em dois grupos distintos. O primeiro grupo é de jovens que assumiram cargos públicos comissionados, que permitiram trabalhar melhor para o partido, dedicar-se com maior intensidade à militância e à organização partidária. O segundo grupo é constituído por militantes que receberam apoio financeiro diretamente do partido para desempenhar determinadas funções, notadamente o apoio às organizações estudantis. Poderia haver um terceiro grupo de trabalhadores de partido: aqueles que ocupam cargos remunerados na hierarquia partidária para melhor servir ao partido, mas não há nenhum jovem com essas características entre os estudados. Entre os 21 jovens entrevistados, há ocupantes de cargos em executivas e diretórios de partidos, mas, segundo suas informações, tais cargos não são remunerados.

83 Mandato independente ou militante independente em partidos como o PSOL e o PT são aqueles que não se vinculam a qualquer corrente do partido. Nos registros de militantes dos partidos, há sempre a divisão desses por suas correntes e um grupo definido como “independente”, que não pertence a qualquer das correntes partidárias. 84 Todos eles tinham, no movimento estudantil, seu principal espaço de militância no momento da mudança de partido.

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Assim, no primeiro grupo de trabalhadores em cargos públicos ligados aos partidos, temos Cláudio, Mariano, Julião, Guinevere, Cíntia e Erivelto85. Erivelto (PDT), Cláudio (PSOL) e Julião (PT) trabalhavam como assessores parlamentares no ano de 2009; os dois primeiros para vereadores e o terceiro para um deputado federal. Mariano (PSOL) assumiu a vaga de Cláudio ainda em 2009, quando este deixou a assessoria. Guinevere (PT) também fez parte da equipe de assessores de um vereador petista, enquanto esse estava em campanha para releeição ao legislativo, mas sua experiência como assessora foi bastante curta. Cíntia (PT) ocupava um cargo comissionado em uma administração petista de município da região metropolitana do Rio de Janeiro.

Além dos jovens que ocuparam cargos em legislativos ou executivos municipais ou federais, há ainda o caso de 3 jovens (Mariano, Silvano e Luciano, sendo que o primeiro também aparece no primeiro grupo), que receberam ajuda de custos de seus partidos para desenvolver atividades específicas, indicadas a eles pelo grupo partidário ao qual pertenciam. Essa indicação, em geral, atende a critérios de investimento – dedicação – e atividades desenvolvidas como militante. Dois desses jovens eram militantes do PT quando receberam o apoio e ambos mudaram para o PSOL. O terceiro se filiou diretamente ao PSOL e foi desse partido que recebeu ajuda.

Para Cláudio e Julião, a atividade remunerada de militante significou a garantia de sustento da família para o primeiro e a autonomização em relação aos pais para o segundo. Apesar de a remuneração ser “menor do que muitos acham”, Cláudio afirmou que ela garantia estabilidade financeira à recém-constituída família. Quando sua companheira engravidou, em 2003, ele aceitou um emprego na FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos; mas o trabalho o afastava completamente das atividades militantes, que, naquela época, ainda eram no PT. Em 2004, surgiu a oportunidade de ocupar um cargo no gabinete de um vereador do PT, em município da região metropolitana do Rio de Janeiro; a remuneração era suficiente e o trabalho o colocaria novamente entre militantes. Mas, se o trabalho de assessor, por um lado, o reaproximava dos companheiros de militância, a dinâmica do trabalho de gabinete, por outro, o impedia de praticar a militância “nas bases”. O trabalho, segundo Cláudio, era muito burocrático: “me tornei mais militante da organização do que do movimento”. Ainda assim, demonstrava satisfação com as conquistas e os resultados alcançados pelo mandato do vereador sob sua assessoria. Apesar da satisfação com o trabalho, referia, na entrevista

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realizada em 2009, o desejo de deixar esse cargo, depois de ocupá-lo desde 2005. A aprovação em concurso público para professor da rede municipal de ensino, no final de 2008, abria novas possibilidades, tanto de trabalho quanto de militância.

Me formei muito correndo, no final do ano passado[2008], porque passei no concurso, agora sou professor da Rede Municipal do Rio... então, hoje milito... fiz parte da chapa do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação [SEPE]. Então, sou militante agora tanto partidário, meio institucional – canso um pouco, não tem muito a ver com o meu perfil – como agora no movimento social, do Sepe e tudo mais. (Cláudio, PSOL)

Em 2010, ao realizar nova entrevista, Cláudio revelou que não trabalhava mais no gabinete do vereador, exatamente como intencionava em 2009; havia se “desprofissionalizado” e estava animado com as novas possibilidades que se apresentavam. No final de 2009, foi aprovado em um programa de mestrado e, em meados de 2010, foi aprovado em outro concurso público, dessa vez para professor da rede estadual.

Cláudio deixou a assessoria e Mariano ocupou uma vaga junto ao mesmo gabinete. Mariano assumiu a vaga que foi oferecida à sua corrente e o fez porque conseguiria renda melhor do que a obtida como bolsista universitário. Também assumiu porque os outros militantes aptos a assumir uma tarefa dessa natureza já estavam ocupados e remunerados em outras atividades. A dinâmica cotidiana de Mariano pouco se alterou, uma vez que aquilo que já fazia como militante passou a ser creditado no trabalho de assessor; precisava passar algum tempo no gabinete – tempo equivalente ao gasto nas atividades da bolsa universitária da qual se desligou para assumir o novo emprego – e o restante do trabalho era, de fato, junto à militância do PSOL. Para ele, a grande diferença é que tinha renda um pouco superior para desempenhar atividades com as quais já era familiarizado e que, em sua maioria, já realizava. Para Julião, o trabalho de assessor parlamentar significou a possibilidade de sair da casa dos pais e morar sozinho no centro da cidade. Isso permitia deslocamentos menores para suas atividades, tanto de estudo quanto de trabalho, dava-lhe a oportunidade de viver uma nova experiência, em que precisava organizar o cotidiano de uma casa sozinho, e ainda permitia reduzir conflitos familiares que se acentuavam, especialmente com o pai, em virtude do desejo de que o filho se formasse e trabalhasse para se sustentar. Para Julião, o fato de o pai ter começado muito cedo a trabalhar produzia dificuldades de compreensão sobre a situação do filho, ainda vivendo em sua casa e sendo por ele sustentado. O pai não fazia objeções à militância em si, mas ao fato de o filho demorar a concluir seus estudos universitários. Apesar

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de ainda não ter se graduado, o trabalho e a consequente independência financeira tranquilizavam seu pai. Além disso, morar sozinho e manter a dinâmica inconstante de militante longe do olhar dos pais também fez diminuir tensões que estavam presentes. Nesse caso, era a mãe que se incomodava com os horários inconstantes de chegada em casa. O trabalho como assessor de um deputado federal, que incluía tarefas de organização estadual da corrente da qual faz parte, também lhe conferiu um novo status dentro do partido, abrindo-lhe a participação em novos espaços de influência e decisão, tanto em sua corrente quanto no conjunto do PT.

Guinevere também chegou a ocupar um cargo remunerado, que se relacionava com sua militância, mas o trabalho durou pouco tempo. Foi contratada por um vereador, participou de sua campanha eleitoral, mas disse que enfrentou muitos obstáculos para ter suas ideias ouvidas e contempladas pelos colegas que trabalhavam na mesma tarefa. Ao final de alguns meses, desligou-se do trabalho, alegadamente sem ter recebido toda a remuneração a que teria direito pelo acordo de trabalho informalmente firmado. O seu tempo de trabalho não lhe garantiu, portanto, estabilidade financeira ou maiores ganhos no interior do partido.

Cíntia ocupava um cargo comissionado do poder executivo municipal em Nova Iguaçu. Estava lotada na secretaria de governo, tinha remuneração um pouco superior aos colegas assessores parlamentares e dividia seu trabalho entre a organização de algumas atividades do prefeito e ações da corrente e do partido em diversos espaços. “São oito horas de trabalho [semanais], mas aí essas oito horas são direcionadas de acordo com aquilo que a gente entende como importante para o movimento, para a nossa tendência, para o movimento em si”. Assim, as tarefas relativas ao seu cargo estavam tanto voltadas para o município onde trabalhava quanto para o partido e, neste âmbito, muitas de suas atividades eram desempenhadas na cidade em que reside.

Para os cinco jovens, o trabalho remunerado conquistado via seus partidos representou uma forma de associar, numa só atividade, o sustento financeiro e a permanência da militância como ação central em suas vidas; é um trabalho que, na fala dos jovens, atende a desejo e necessidade. Os trabalhos são variados e todos relataram satisfação com o que faziam, mas também era unânime a idéia de que este é um espaço transitório, momentâneo. Nenhum desses cinco jovens relatou interesse em se manter profissionalizado na militância. Alguns já a deixaram – Guinevere e Cláudio – e já traçavam planos para outro emprego, assim que se graduassem. Como o fim dos estudos superiores não significa 100% de garantia de obtenção

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de um emprego, para esses jovens, ter esta ocupação remunerada representava a possibilidade de buscar um emprego com mais tranquilidade ou mesmo escolher entre alternativas possíveis a que lhes pareça mais interessante, mesmo que tenham que esperar algum tempo para realizar tal escolha. Ou seja, o emprego militante pode permitir um período de “moratória” profissional depois da obtenção do diploma para a escolha de um emprego que mais se adeque a seu perfil e desejo profissional. Está claro que a ocupação desses espaços está submetida aos interesses políticos dos partidos, mas também é certo que não são ocupações de extrema provisoriedade; elas permitem que os jovens tracem planos de médio prazo fundamentados na estabilidade do cargo que ocupam.

O segundo grupo de jovens descrito anteriormente é composto por aqueles que receberam ajuda de custos do partido em que militavam para se dedicar intensivamente, em geral através do movimento estudantil ou, ainda, para realizar um “giro” político. O “giro” foi a razão de apoio financeiro do partido para Silvano e Mariano, em momentos diferente, ambos naturais do norte do país. Eles giraram para o Rio de Janeiro em função do investimento realizado na militância e porque o partido considerou que a presença deles no sudeste do país traria mais vantagens à instituição. Silvano era militante do PT quando foi apoiado e Mariano era do PSOL. No primeiro caso, o jovem recebia ressarcimento de gastos feitos com viagens e uma ajuda para alimentação, pois a maioria das lideranças estudantis residia em São Paulo e ele, ao se mudar do norte do país, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde havia carência de lideranças. Também decidiu estabelecer residência no estado do Rio de Janeiro porque tinha uma base familiar na região metropolitana e porque teria sempre alimentado o desejo de residir na “cidade maravilhosa”. Silvano reconheceu que o giro para o Rio de Janeiro não foi, portanto, produzido apenas por razões políticas, mas também, por um desejo pessoal que pode ser realizado através de sua militância. De acordo com o jovem, não houve qualquer tipo de intervenção do partido sobre sua escolha de morar no Rio de Janeiro, pois a demanda era de que ele morasse mais perto do “centro”86 das atividades da UBES – União Brasileira de Estudantes Secundaristas –, da qual era um dos diretores; na avaliação do coletivo, morar no Rio seria igualmente desejável para as ações da organização.

Mariano também associou, em seu giro, uma demanda do partido com uma vontade sua: queria estudar em uma universidade de qualidade e, de preferência, em um grande centro. Sua vinda para o Rio de Janeiro foi decidida a partir de um convite feito por representantes de sua

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corrente no Rio de Janeiro, depois de ele ter passado dois meses na cidade ajudando a fazer a campanha eleitoral da candidata à presidência da república, Heloísa Helena, e do então deputado federal Babá. Por ser um partido novo e pequeno, tinha poucos recursos para arcar com os custos da transferência do jovem, por isso acertou-se que as despesas iniciais no novo endereço seriam divididas entre o partido e a família do jovem e que os militantes locais ajudariam na busca por um emprego que garantisse o sustento dele, depois desse período inicial. Para Mariano, a aprovação da família quanto à sua decisão de se mudar foi fundamental, assegurando que tal apoio ocorreu pelo desejo sempre manifestado pelo jovem de estudar em um grande centro e também por sua consistente trajetória militante, que dava confiança à família de que a mudança não seria “fogo de palha”. A narrativa do jovem deu conta de que, depois de inúmeras mobilizações estudantis, passeatas e protestos, ele havia dado diversas entrevistas para rádios e TVs em sua cidade natal; por isso, havia se tornado, para a família, uma referência, uma figura importante no cenário político local e mudar-se para o Rio de Janeiro seria uma espécie de prêmio por todo o investimento feito na militância política – investimento que incluía a conversão do pai de apoiador da família Sarney a um defensor das bandeiras defendidas pelo PSOL.

Já Luciano, um carioca, é um caso clássico de profissionalização da militância. Ele recebeu recursos do partido para continuar militando no movimento estudantil secundarista, após concluir o ensino médio. O convite envolvia a manutenção de um vínculo informal com a escola onde estudava – CEFET – e a circulação por determinadas escolas de nível médio, a fim de criar novos grêmios ou garantir que grêmios já existentes continuassem existindo e sendo dirigidos por alunos ligados a seu partido, na época o PT. Sua tarefa era de recrutamento e formação de novos quadros do movimento estudantil, reunindo-se com os integrantes do grêmio, levando a eles temas de discussão e as pautas gerais do movimento estudantil secundarista que eram articuladas pela UBES. Luciano afirmou que não recordava com precisão as datas de início e fim dessa atividade, mas teria recebido ajuda de custo do partido por cerca de dois anos, até decidir que era hora de fazer vestibular e entrar na universidade.

O que difere o caso de Luciano dos outros dois é o fato de que, para os primeiros, foi destinada apenas uma ajuda de custo parcial, na forma de ressarcimento de gastos feitos e de apoio financeiro apenas para mudança e manutenção nos primeiros meses no novo endereço. Já Luciano recebeu uma ajuda de custo que lhe garantiu autonomia financeira dos pais ou outra fonte de renda durante cerca de dois anos, para se dedicar com exclusividade à

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militância. O tema da profissionalização, nos moldes do que ocorreu com Luciano, parece um tabu entre os militantes. O próprio jovem se esquivou do assunto. Nenhum dos 3 jovens falou em valores recebidos a título de ajuda de custo ou remuneração – palavra rechaçada por Luciano, que também preferiu nomear de ajuda de custo os recursos que recebeu. Foram evasivos nas respostas. Reafirmavam que não eram valores altos, apenas para ajudar com despesas. A preocupação deles, certamente, era a de não reforçar um estereótipo corrente, de que militantes se engajam por interesses venais e em busca de benefícios particulares.

Para todos esses jovens, o apoio financeiro do partido, seja por meio da ocupação de cargos ou de apoio financeiro direto, representa um importante suporte em momentos significativos de suas vidas. É uma recompensa pelo investimento militante, pois são os militantes mais dedicados e competentes nas tarefas necessárias que são contemplados pelas ofertas do partido, mas também representa um suporte decisivo em momentos importantes para muitos deles. No que se refere à origem de classe, Mariano, Julião e Silvano são jovens de origem popular e Luciano, Cláudio, Guinevere e Cíntia são de classes médias. Julião contava com o apoio familiar para se sustentar e trabalhar não era uma necessidade, em termos de sobrevivência. Mas, o jovem sentia a pressão, especialmente vinda do pai, para que tivesse um emprego e se sustentasse, pois assim lhe parecia mais adequado. Para Mariano e Silvano, o apoio financeiro do partido foi fundamental para a realização do giro político e para a sobrevivência em novo endereço. Mas, para os jovens de classe média, o emprego obtido como assessor ou o apoio financeiro para trabalhar pelo partido também foram fundamentais para sua sobrevivência, especialmente para a nova família constituída por Claudio e para garantir a saída de casa de Luciano, que relatou grandes tensionamentos com seus pais, relacionados com seu engajamento. O menor impacto do emprego obtido por relações partidárias se relaciona com as jovens Guinevere, que trabalhou por pouco tempo e não recebeu toda a remuneração esperada, e Cíntia, que tinha suporte familiar, mas ampliava suas possibilidades de autonomização.

Para Erivelto, o trabalho no gabinete de um vereador do PDT surgiu quando ele já tinha uma carreira estabelecida – estava formado em Direito e era policial civil concursado desde meados da graduação, exercendo sua função em um grupo especializado da polícia. Foi requisitado pelo gabinete do vereador pedetista numa ação coordenada e solicitada por ele para melhor exercer sua militância. Erivelto relatou diversas tensões internas em seu partido, notadamente nas disputas por exercer a direção local, estadual e nacional da juventude do partido. Ele próprio foi presidente estadual da Juventude, mas em razão de diversos jogos

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políticos realizados pelo partido, a fim de dar visibilidade a um outro jovem, ele acabou sendo tirado de cena. Articulado com o movimento estudantil universitário, fez novas amizades e um amigo em comum com o vereador que acabou por requisitá-lo.

E aí, nesse processo de aproximação, ele me chama pra trabalhar com ele. Aí, eu já tinha feito o concurso, porque eu fiz o concurso quando eu estava no meio da faculdade – pra Polícia Civil –, aí eu já era servidor e aí eu coloco: ‘olha, eu tenho que ser requisitado e tal’. Aí ele me requisita e eu falei: ‘oh, eu vou se eu for requisitado, eu não vou ficar fazendo as coisas de qualquer jeito’. E ele me requisita e ele me chama pra trabalhar com ele e eu vou trabalhar com ele. (Erivelto, PDT)

Erivelto disse que, por ser esportista, começou trabalhando temas do mandato ligados ao esporte e só mais tarde voltou-se para as questões da juventude: “Comecei trabalhando na questão esportiva, mas começo a atuar mais fortemente com relação às questões de juventude, porque isso tem uma demanda em geral muito grande”. Erivelto disse que abriu mão do esporte de alto rendimento em nome da militância, “a militância me afastou do esporte, que pra mim era uma coisa fundamental na minha vida, entendeu?” Disse que seu trabalho também foi influenciado pela militância e que foi por ela que estudou direito e quis ser assessor parlamentar: “Eu acabei me direcionando... hoje eu sou um profissional político, né?”.

Erivelto foi o único dos militantes que trabalhavam ou já haviam trabalhado em atividades ligadas ao partido que falou sobre o desejo de continuar nesse trabalho. É, portanto, o único que deseja ser realmente um profissional do partido, diferentemente dos outros jovens, que viam nessa atividade uma ação passageira.

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Os jovens militantes trilham caminhos diversos até chegar aos partidos em que militam. A maioria chegou aos partidos através do Movimento Estudantil, mas, uma vez engajados no ME, alguns deles experimentaram alguns partidos antes de se filiar, enquanto outros se filiaram sem experimentações prévias. Entre aqueles que não fizeram experimentações, destacam-se os jovens herdeiros de filiações familiares – Julião, Núbia e Mariana – e, entre os que buscaram conhecer diferentes partidos antes de se filiar, destacam-se aqueles cuja

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socialização política familiar e escolar foi incipiente, pouco contribuindo para a consolidação de valores e práticas políticas que orientassem suas escolhas partidárias.

Para os jovens oriundos de famílias engajadas, a militância se dava quase como um fato