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4. Realização da Prática Profissional

4.1. Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

4.1.2. Conceção do Ensino e da Aprendizagem…uma necessidade

4.1.2.1. Programa Nacional de Educação Física versus Projeto Curricular

A fase de conceção do ensino antevê-se à construção do planeamento, assumindo-se desta forma como um ponto de partida para conhecer toda a envolvente do ensino através da análise de documentos específicos da disciplina (Bento, 2003). Estes documentos, remetendo aos programas nacionais de EF, são elaborados pelo Ministério da Educação e contemplam os diferentes ciclos de ensino, nomeadamente primeiro, segundo e terceiro ciclo, ensino secundário e cursos profissionais. Bento (2003) salienta a importância de uma meticulosa análise, por parte dos docentes, de forma a mapear e planificar um ensino exequível para os seus alunos. Sabendo que a formulação destes programas abrange um elevado contexto, a nível nacional, prevalecem alguns desajustes das realidades das escolas e das características da comunidade escolar e meio envolvente. Como forma de ajustar as metas de aprendizagem impostas pelos PNEF aos diferentes contextos escolares, as escolas elaboram o PCEF que enfatizam conteúdos e objetivos curriculares para os diferentes ciclos da sua comunidade escolar. Como nem todas as instituições escolares possuem estruturas físicas e materiais semelhantes, é na estruturação deste documento que são definidos as modalidades e respetivos conteúdos aos quais a escola consegue dar resposta.

Assumindo que os estudantes estagiários têm à sua responsabilidade uma turma, é do seu encargo planear e elaborar todos os documentos orientadores da prática pedagógica para o presente ano letivo. Neste sentido, após a entrega de todos os documentos pelos quais a escola e o sistema educativo se regem, nomeadamente o PNEF e o PCEF e uma vez distribuídas

as turmas pelos professores estagiários e tomado o conhecimento que a minha turma residente seria do 7.ºano de escolaridade e a partilhada do 6.ºano, foquei exaustivamente a minha atenção e análise crítica nos programas referentes ao 2º e 3º ciclo assim como no PCEF. Como já foi referido anteriormente, este documento é responsável por ditar as modalidades a lecionar durante o ano letivo. Sem dúvida que o estudo inicial destes documentos permitiu uma melhor estruturação das matérias de ensino e organização da prática pedagógica, caracterizando este momento como o grande ponto de partida para a minha intervenção no contexto educativo. Como uma melhor qualidade do ensino pressupõe uma preparação mais fastigiosa no que concerne à elaboração do planeamento (Bento, 2003), a tarefa que se seguiu incidiu sobre a elaboração do Planeamento Anual (PA), apresentando elevada complexidade pois, de forma a cumprir PCEF, a sua construção teve de ser feita seguindo o princípio de uma prática distribuída, isto é, todas as modalidades foram exercitadas ao longo dos três períodos, de forma intercalada.

Numa fase inicial acabei por aceitar e cumprir verdadeiramente aquilo que era implícito no projeto curricular, contudo e conhecendo cada vez melhor a minha realidade, nomeadamente as características da turma, percebi que deveria encarar novamente estes documentos mas numa perspetiva mais crítica. Urgiu assim uma necessidade de reestruturação dos conteúdos, prossupondo maiores tempos de exercitação para uns, redução do grau de complexidade de outros e introdução de alguns não contemplados. Nesta situação em específico, a quantidade não aparentava ser sinónimo de qualidade e penso que o excessivo número de conteúdos começou a prejudicar a exercitação de algumas das matérias de ensino assim como a falta de outros começou a despertar desmotivação para as aulas.

Neste sentido, surge a necessidade de reforma de alguns dos documentos e objetivos inicialmente traçados dada a perceção da nossa realidade quando confrontada com normas orientadoras dos programas que, como em qualquer outro documento, necessitam de ser adaptadas às especificidades dos diferentes contextos. Deve-se para tal adaptar e promover estratégias inicialmente definidas de forma a desenvolver as competências que

devem ser adquiridas e trabalhadas em cada ano de escolaridade, caracterizando este nível de intervenção como mutável. Cabe assim ao professor a importante tarefa de delegar e ajustar os conteúdos às carências das turmas, otimizando a sua ação e o processo de ensino e aprendizagem. Passando para situações mais específicas, modalidades como o voleibol, a ginástica e o badminton foram as que sofreram maiores momentos de reflexão e adaptação, otimizando assim o processo de ensino aprendizagem dos alunos. Desta forma, no que concerne à modalidade de voleibol o nível de adaptações foi fastigioso devido ao extenso número de conteúdos contemplados nos programas e no PCEF. Situada num nível introdutório, conceitos como situação de jogo 4x4 e habilidades técnicas como o passe em suspensão e o bloco individual foram retiradas do quadro de extensão de conteúdos, devido ao escasso tempo disponível para esta modalidade, assim como necessidade urgente de maior tempo de exercitação de habilidades técnicas como o passe, o serviço e, posteriormente, a manchete, em situação de 1x1 e 2x2. No que toca à unidade didática de ginástica esta também acabou por sofrer adaptações o nível dos conteúdos a introduzir e exercitar nas aulas pois, o nível inicial traçado na AD assim o exigiu, prossupondo maiores períodos de exercitação em menor número de conteúdos. Nesta UD e devido às dificuldades sentidas em lecionar as aulas em consequência da desmotivação extrema da turma, optei ainda por introduzir uma disciplina da ginástica não contemplada no PCEF, nomeadamente a ginástica acrobática, de forma a promover uma maior participação dos alunos neste tipo de aulas, otimizando o número de alunos em prática. Esta reestruturação que veio enfatizar o trabalho de pares e de grupo e consequente interação entre os alunos, conduzindo a um maior entusiasmo de todos, permitiu dar resposta às suas vontades mas também aos meus objetivos. Já na modalidade de badminton optei por restruturar a matéria de ensino devido às incongruências existentes, nomeadamente no batimento de drive, específico do jogo de pares mas que, por sua vez, não consta no projeto curricular deste ano letivo.

Consciente que a eficácia do processo de ensino e aprendizagem é influenciada pela capacidade competência crítica do professor quando confrontado com este tipo de documentos orientadores, encará-los como não

estanques mas sim como indicadores primários para situar os alunos num determinados nível, foi algo que robusteceu e fortificou a concretização de todo o trabalho inicial.