• Nenhum resultado encontrado

1.2 POLÍTICAS EDUCACIONAIS

1.2.2 Programa Nacional do Livro Didático – PNLD 2017

O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), criado com essa denominação em 1985, é uma política educacional de Estado que propicia a avaliação, compra e distribuição de livros didáticos para a Educação Básica em todo o Brasil. Iniciou-se, com outra denominação, em 1937, como Instituto Nacional do Livro. Em 1938, passou a se chamar Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD). No ano de 1971, o Instituto Nacional do Livro (INL) passa a desenvolver o Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental (PLIDEF). Em 1985, com a edição do Decreto n. 91.542, de 19 de agosto de 1985, o PLIDEF dá lugar ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)3. Reestruturado em 1993, o Programa passou por grandes modificações que impactaram a produção do livro e as práticas de ensino na escolarização básica (BRASIL, 2013, p. 9). O Guia do Programa Nacional do Livro Didático – PNLD 2017 – apresenta as resenhas das coleções destinadas aos anos finais do ensino fundamental, aprovadas na avaliação do Programa. O Guia do PNLD é um documento com fundamental importância de análise para a escolha dos livros didáticos, pois nele se encontram os principais apontamentos de críticos em relação ao conteúdo de cada coleção.

Os livros didáticos adquiridos e distribuídos pelo PNLD seguem diferentes etapas de avaliação. O MEC, por meio da Secretaria da Educação Básica e da Comissão técnica para o PNLD, que é composta por um grupo de especialistas de universidades para cada uma das áreas específicas, lança um edital público com os critérios que irão nortear a avaliação. Então as editoras apresentam as obras para avaliação. As Universidades públicas brasileiras participam de edital para avaliar os LDs. Para a disciplina de História, para o PNLD 2017 foi selecionada a Universidade Estadual de Londrina. A coordenação pedagógica de área, as coordenações adjuntas e a assessoria pedagógica, após definição da Universidade selecionada, preparam e coordenam todo o processo de avaliação, com a supervisão da Comissão Técnica do MEC. Duplas de avaliadores leem cuidadosamente cada coleção e emitem seus pareceres. Após um período de discussão entre pareceristas, coordenação de área e coordenação adjunta, as obras são classificadas em aprovadas ou reprovadas. As aprovadas têm suas resenhas lidas por um grupo de professores da rede pública. Esses professores avaliam a resenha

3 Disponível em: < http://www.fnde.gov.br/programas/programas-do-livro/livro-didatico/historico>.

e, principalmente, sua condição de ser um instrumento que favoreça a leitura por parte de outros professores do país (BRASIL, 2016, p.17-18).

São seis os quesitos analisados: 1- Respeito à legislação, às diretrizes e às normas oficiais relativas ao ensino fundamental, que estabelece que a obra deva respeitar toda a legislação básica que orienta o funcionamento do Ensino Fundamental no Brasil. Entre essa legislação está a Lei n. 10.639 e 11.645.; 2- Observância de princípios éticos necessários à construção da cidadania e ao convívio social republicano, que visa excluir obras que veicularem: estereótipos e preconceito de qualquer espécie e que violem os Direitos Humanos; proselitismo religioso ou político; publicidade de produtos; circunstâncias gratuitas e descontextualizadas de violência e de ostentação de armas; 3- Coerência e adequação da abordagem teórico-metodológica assumida pela coleção, no que diz respeito à proposta didático-pedagógica explicitada e aos objetivos visados: não se pode prometer e não cumprir; 4- Correção e atualização de conceitos, informações e procedimentos: a obra não pode conter erros ou desatualizações que impliquem prejuízos ao aprendizado e ao desenvolvimento do pensamento histórico. 5- Observância das características e das finalidades específicas do Manual do Professor e adequação da coleção à linha pedagógica nele apresentada, que devem orientar o professor quanto à legislação priorizada, abordagens teórico-metodológicas, desenvolvimento das atividades, entre outros; 6- Adequação da estrutura editorial e do projeto gráfico aos objetivos didático-pedagógicos da coleção, que atenta aos erros de revisão e de editoração e “problemas importantes que comprometam a utilização didática da obra” (BRASIL, 2016, p. 19-20).

Entre os elementos apontados pelo Guia que podem levar uma coleção à reprovação e que se relaciona com a construção da identidade racial negra está o de número 1, que versa sobre o cumprimento das legislações, entre elas a Lei n. 10.639. O quesito 2 contempla a necessidade de as obras não veicularem “estereótipos e preconceito de qualquer espécie e que violem os Direitos Humanos essenciais”. O elemento 6 trata do projeto gráfico, mas de maneira que parece ser um pouco vaga: “Erros graves de revisão e de editoração, bem como problemas importantes que comprometam a utilização didática” (BRASIL, 2016, p. 20).

A resenha da coleção “História.doc”, que é objeto de análise desta pesquisa, estabelece no item “visão geral” de avaliação da obra:

A temática da História da África e afrodescendentes, desenvolvida nos quatro volumes, também acompanha a narrativa microanalítica com destaque para a

abordagem centrada na biografia de alguns personagens importantes na luta contra a discriminação racial” (BRASIL, 2016, p. 93).

As resenhas avaliam os seguintes temas: Análise da obra; Material do Professor; Manual do Professor Multimídia; Proposta Didático-pedagógica; Formação Cidadã; História da África, afrodescendentes e indígenas; e Projeto Gráfico-editorial. No tema: “A História da África, afrodescendentes e indígenas”, o Guia afirma que a coleção:

A História da África, afrodescendentes e indígenas está inserida nos quatro volumes e em diferentes recortes temporais. Sete capítulos da coleção abordam, de maneira praticamente exclusiva, o continente africano, conteúdo que também aparece inserido em outros capítulos da História do Brasil e dos Estados Unidos. Ao apresentar as populações do continente africano, enfatiza os grupos tribais rurais, os problemas sociais e os conflitos, tratando em menor grau dos povos africanos na contemporaneidade. Destaca-se a abordagem centrada na biografia de alguns personagens importantes na luta mundial contra a discriminação racial, como Nelson Mandela, Macon X, Martin Luther King, Rosa Parker e Abdias Nascimento (BRASIL, 2016, p. 97).

Ainda sobre essa temática, afirma que a abordagem sobre a história dos “afro- brasileiros”, é feita por meio da problematização de questões relacionadas à: “diversidade cultural, aos conflitos, às resistências e às situações de preconceito e de racismo” (BRASIL, 2016, p. 97). A respeito do projeto gráfico, estabelece que “as imagens evidenciam a diversidade étnica da população brasileira, a pluralidade social, regional e cultural do país”.

O Guia oferece a possibilidade de o professor vislumbrar os pontos fortes e fracos das coleções, através de críticas de especialistas, de forma a direcionar sua escolha de maneira fundamentada e de encontro com as principais necessidades dos alunos no processo de ensino-aprendizagem. Isso tudo se as resenhas estiverem falando realmente a verdade a respeito das avaliações.

1.2.3 Documentos oficiais para o ensino de história e as questões étnico-raciais: PCN-