• Nenhum resultado encontrado

2 A PLANTA GENÉRICA DE VALORES NO CONTEXTO DAS RECEITAS

3.3 Progressividade tributária

O Princípio da progressividade está previsto no art. 145, § 1º do Constituição Federal: onde cita-se que quando possível, os impostos deverão ter o caráter pessoal, devendo ser escalonados de acordo com a capacidade econômica do contribuinte, remetendo para a administração tributária, especificamente para a conferência da efetividade destes objetivos, buscando-se identificar, obedecendo-se os direitos individuais e de acordo com a lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte (FRIDRICH; BARBOSA; MORENO, 2016).

Ao se analisar este dispositivo constitucional, pode ser observado que a ideia principal do legislador é que o tributo não deve exigir mais do contribuinte do que a sua própria capacidade econômica lhe permite a oferecer, e ainda não deve ultrapassar as suas forças, para que não se torne um tributo injusto ou até mesmo de caráter confiscatória (REGO, 2013).

Ainda, Rego (2013) menciona que o princípio da progressividade tributária propõe que a graduação dos impostos deva ser realizada atendendo-se a elementos pertinente à realização do contribuinte, de forma a aplicar-se apenas em última instância a pessoalidade na tributação.

Para Martins (2014) o princípio da progressividade pode ser entendido, através de sua natureza, como um princípio genericamente desestimulador, ao passo que acaba punindo a eficiência, de forma a desestimular aqueles que passam a ser tributados através das alíquotas mais altas, mas que mesmo assim precisam continuar no processo produtivo.

Bulos (2010), por sua vez, afirma que o princípio da progressividade na prática é aquele reportado aos impostos sobre a renda - IR e ao Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU. O autor refere-se ainda a estes, no momento em

37 que afirma ser progressivo o imposto onde a sua alíquota aumenta na mesma proporção em que aumenta a sua base imponível.

De acordo com Fridrich; Barbosa; Moreno (2016) o princípio da progressividade é um princípio que consagrou a promoção da justiça fiscal, de forma a impor aos cidadãos com maior poder aquisitivo a realizar o pagamento de maiores tributos, onde o “aumento da carga tributária se dá em relação à majoração das alíquotas, ao passo que se dá o aumento da base de cálculo”.

Dessa forma, o princípio da progressividade poderia ser utilizado para o atendimento de finalidades fiscais e com conotação extrafiscal. Portanto, ficou livre para o legislador ordinário a possibilidade de utilizar como critério a imposição da renda para a progressividade dos tributos. Nesse sentido, a Constituição Federal não efetivou nenhum tipo de limitação (FRIDRICH; BARBOSA; MORENO, 2016).

Por outro lado, cabe ressaltar que não se pode confundir a progressividade com proporcionalidade. Pois, de acordo com Martins (2014) “a progressividade promove a elevação proporcional de determinadas alíquotas de acordo com o aumento do valor de riqueza tributado”. Por outro lado, contrário a isso, no caso da proporcionalidade, a alíquota é invariável, onde altera-se apenas o montante que precisa ser pago na razão direta do aumento da riqueza que foi tributada.

3.3.1 Progressividade tributária no tempo

Como já mencionado, os tributaristas costumam dividir a progressividade em fiscal e extrafiscal. Dessa forma, se tem a progressividade fiscal ao passo que esta é fixada em função da base de cálculo do imposto. Já a progressividade extrafiscal é fixada em função de um fator externo ao direito tributário, onde possui a função de atingir algum tipo de objetivo social ou econômico, que é comumente chamado de progressividade no tempo (METTA, 2013).

Par entender melhor recorre-se ao exemplo do IPTU, onde se usa o valor venal do imóvel para o fixar, sendo assim, de natureza arrecadatória. Além disso, em casos de algum tipo de penalização imposta ao proprietário do imóvel urbano não edificado,

38 subutilizado ou não utilizado, ao passo que este se negar a dar um adequado aproveitamento a seu imóvel, conforme o estabelecido no plano diretor pode ser dado por lei específica através de um mecanismo de progressividade no tempo. Portanto, esta penalidade pode ser aplicada por lei, mesmo após a imposição da penalidade de parcelamento ou edificação compulsória (METTA, 2013).

Ainda sobre isso, o autor Harada (2001) estabelece algumas diferenças importantes entre a progressividade fiscal e a extrafiscal, onde cita que:

A progressividade fiscal, decretada no interesse único da arrecadação tributária tem seu fundamento no preceito programático representado pelo § 1.º do art. 145 da CF, segundo o qual sempre que possível, o imposto será graduado conforme a capacidade econômica do contribuinte.

Já a progressividade extrafiscal tem seu fundamento no poder de polícia.... Assim, a progressividade extrafiscal, tanto aquela prevista no § 1.º do art. 156 da CF (progressividade genérica) como aquela prevista no § 4.º, II do art. 182 da CF (progressividade específica), tem objetivo ordinatório. O fim visado não é o aumento da arrecadação tributária" (HARADA, 2001, p. 329/331)

Dessa forma, pode ser visto que o art. 182, § 4.º da Constituição Federal deixou bem oportuno esta possibilidade de progressividade no tempo, conforme o texto a seguir:

Art. 182...

§ 4º É facultado ao Poder Público Municipal, mediante lei específica para a área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I- parcelamento ou edificações compulsórios;

II- Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III- Desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais”.

Porém, cabe ressaltar ainda que o IPTU progressivo extrafiscal, que está previsto no texto do art. 182 da CF, conforme descrito acima, não pode ser exigido

39 anteriormente à municipalidade concluir o parcelamento ou edificações compulsórios, pelo fato de que este dispositivo legal estar se referindo apenas à sucessibilidade das condições. Dessa forma, apenas posteriormente o parcelamento ou edificações compulsórios, realizados, é que seria possível instituir-se o imposto IPTU progressivo no tempo, de acordo com o texto previsto no inciso II (METTA, 2013, p. 2).