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PROJETO DE VIDA NA ADOLESCÊNCIA NO PROGRAMA ENSINO

Neste capítulo, apresentamos num primeiro momento, o conceito de adolescência, a partir da concepção teórica de Arminda Aberastury e Maurício Knobel. Na sequência, discorremos sobre o conceito de Protagonismo Juvenil, baseado na concepção teórica de Costa (2000). Num terceiro momento, apresentamos conceito de Projeto de Vida no PEI embasados e documentos oficiais do PEI, tendo como referencial teórico o pesquisador Costa (2001, 2006, 2008, 2010, 2010a e 2010b). Por fim, discorremos sobre o modelo pedagógico do PEI.

2.1 – Adolescência

Adolescência é uma etapa de desenvolvimento do indivíduo marcada pela transição da juventude para a vida adulta. É nessa fase que se inicia a puberdade. É um momento em que surge muitos questionamentos sobre: Quem sou eu? O que quero ser e fazer? O adolescente passará a fazer escolhas em relação ao estudo, profissão, trabalho, lazer, amizades e relacionamentos afetivos. Segundo Outeiral, (1994, p. 5), “a adolescência é basicamente um fenômeno psicológico e social (...) terá diferentes peculiaridades conforme o ambiente social, econômico e cultural em que o adolescente se desenvolve”. É nesse período de descobertas e de desenvolvimento pessoal e social que se inicia a elaboração de seu projeto de vida.

Observa-se que há discussões no estabelecimento de limites cronológicos para a adolescência. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-

Americana da Saúde (OPAS, 2003) definem os limites da adolescência entre 10 e 19

anos, já a Organização das Nações Unidas (ONU) entre 15 e 24 anos. Em nosso país, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, de 1990, considera criança a pessoa até 12 anos de idade incompletos e define a adolescência como a faixa etária de 12 a 18 anos de idade (artigo 2o), e, em casos excepcionais e quando

disposto na lei, o estatuto é aplicável até os 21 anos de idade (artigos 121 e 142). O

ECA em seu artigo 6o define “criança e adolescente como pessoas em

desenvolvimento”.

Já o Ministério da Saúde, em suas normas e políticas de saúde, adota os limites da faixa etária de idades de 10 a 24 anos. Contudo, internacionalmente têm sido

adotados como limites cronológicos para a adolescência as idades entre 12-14 e 24- 25 anos. Podemos verificar que não há um consenso comum entre o limite cronológico, contudo, observamos que se tem estendido cada vez mais a faixa etária para se classificar um indivíduo como adolescente.

Para Costa (2000) a adolescência é uma fase de transição, ou seja, fase de travessia. E são muitas as travessias da adolescência. Travessia entre a heteronomia da infância e a autonomia da idade, adulta, entre o mundo da educação e o mundo do trabalho, entre a condição de filho e a possibilidade de fazer filhos. Para empreender essas travessias, o adolescente passará por uma trajetória biográfica (estudo, trabalho, participação em grupos, entidades e movimentos de diversas naturezas) e por uma trajetória relacional (conjunto das relações interpessoais por ele estabelecidas ao longo de sua trajetória biográfica com o mundo adulto e com seus pares, outros adolescentes) (COSTA, 2000, p. 11).

Aberastury e Knobel (2003, p. 1) asseguram que a adolescência é um processo de desenvolvimento do indivíduo no qual se deve aceitar e compreender sua aparente patologia com o propósito de conhecer a realidade do adolescente, que passa por desequilíbrios e instabilidades extremas. Em nosso meio cultural, mostra-nos períodos “de audácia, timidez, descoordenação, urgência, desinteresse ou apatia, que se sucedem ou são concomitantes com conflitos afetivos, crises religiosas [...] e postulações filosóficas, ascetismo, condutas sexuais” (Idem, p. 1). Tudo isto é o que os autores denominam de “síndrome normal da adolescência”.

Para Aberastury e Knobel (2003), o adolescente tem que conviver com a superação de três lutos correspondentes “às perdas do corpo infantil”, “da identidade da infância” e “da figura protetora dos pais” e, a maior ou menor anormalidade desta síndrome normal dever-se-á, em grande parte, aos processos de identificação e de luto que tenha podido realizar o adolescente. “Na medida em que tenha elaborado os lutos o adolescente verá seu mundo interno mais fortificado e, então, essa fase de “normal anormalidade” será menos conflitiva e, consequentemente, menos perturbadora” (2003, p. 1).

Aberastury e Knobel (2003) sintetizam as características da adolescência descrevendo a seguinte sintomatologia que integraria a “síndrome do adolescente normal”: 1º) busca de si mesmo e da identidade; 2º) tendência grupal; 3º) necessidade de intelectualizar e fantasiar; 4º) crises religiosas; 5º) deslocalização temporal; 6º) evolução sexual manifesta; 7º) atitude social; 8º) contradições sucessivas em todas

as manifestações da conduta; 9º) separação progressiva dos pais; e 10º) constantes flutuações do humor e do estado de ânimo. Vejamos:

1º) Busca de si mesmo e da identidade – A criança entra na adolescência com

dificuldades, conflitos e incertezas que se acentuam nesse período da vida. Nesse período realiza um verdadeiro processo de luto pelo qual, no início, nega a perda de suas condições infantis e tem dificuldades em aceitar as realidades mais adultas que vão sendo impostas, entre as quais se encontram as modificações biológicas e morfológicas do seu próprio corpo. Isso contribui para criar um sentimento de despersonalização unido à elaboração psicológica da identidade. Busca também a separação dos pais para construir sua própria identidade (ABERASTURY e KNOBEL, 2003, p. 1-2).

2º) Tendência grupal – Na busca da identidade o adolescente recorre como

comportamento defensivo à busca de uniformidade, que pode proporcionar segurança e estima pessoal. Aí surge o espírito de grupo pelo qual o adolescente mostra-se tão propenso. Então, ele passa a pertencer mais ao grupo de semelhantes do que ao grupo familiar. Foge da liderança dos pais e submete-se a liderança de outro adolescente. Não consegue se separar do grupo nem de suas atividades ou ações. Por essa razão, tende-se às regras do grupo, em relação a modas, vestimenta e costumes. Pois, no grupo o adolescente acha reforço para os aspectos mutáveis de seu ego. O grupo forma assim a mudança necessária no mundo externo para ele conseguir a individualização adulta. Após a experiência grupal, o indivíduo começa a separar-se da turma e assumir a sua identidade adulta (ABERASTURY e KNOBEL, 2003, p. 2-3).

3º) Necessidade de intelectualizar e fantasiar – O fantasiar e o intelectualizar servem como mecanismos defensivos frente a essas situações de perdas dolorosas enfrentadas pelos adolescentes. Isso permite uma espécie de reajuste emocional no qual acontece um desenvolvimento da intelectualização que leva à preocupação por princípios éticos, filosóficos, sociais, surgem as ideias de salvar a humanidade, inicia-se a escrever versos, contos e aplicar-se a atividades literárias e artísticas (ABERASTURY e KNOBEL, 2003, p. 3).

4º) Crises religiosas – Durante a adolescência a preocupação metafísica surge com as tão frequentes crises religiosas que são tentativas de solucionar a angústia que vive o seu ego, na sua busca de identificações positivas e do confronto com o fenômeno da morte definitiva de uma parte do seu ego corporal. Observa-se que o adolescente pode se manifestar

como um ateu exacerbado ou como um místico muito fervoroso (ABERASTURY e KNOBEL, 2003, p. 4).

5º) Deslocalização temporal – O pensamento do adolescente, tanto frente ao temporal como ao espacial, adquire características muito especiais. “É possível dizer que o adolescente vive com uma “deslocalização” temporal, convertendo o tempo em presente e ativo numa tentativa de manejá-lo. As urgências são enormes e, às vezes, as postergações são aparentemente irracionais” (ABERASTURY e KNOBEL, 2003, p. 4).

6º) Evolução sexual manifesta – Na evolução do autoerotismo à heterossexualidade

que se nota no adolescente o início do exercício genital, que tem características especiais nessa fase do desenvolvimento. Ao ir aceitando sua genitalidade o adolescente inicia a busca do parceiro. O primeiro caso de amor ocorre na adolescência precoce e costuma ser de grande intensidade. O exibicionismo e o voyerismo se apresentam nas vestimentas, no cabelo e no tipo de danças. “Nesse período evolutivo a importância das figuras parentais reais é enorme. A cena primária é positiva ou negativa conforme as primeiras experiências e a imagem psicológica que os pais reais externos proporcionam” (ABERASTURY e KNOBEL, 2003, p. 4-5).

7º) Atitude social reivindicatória – A família é a primeira expressão social que

influência e define grande parte do comportamento dos adolescentes. Entretanto, o meio em que o adolescente vive também definirá novas possibilidades de identificações. “A adolescência é recebida predominantemente de maneira hostil pelo mundo dos adultos criando-se estereótipos com os quais se tenta definir, caracterizar, assinalar e isolar os adolescentes do mundo dos adultos” (p. 5). O adolescente nesse processo nota que não é ele quem muda, quem abandona o seu corpo e o seu papel infantil, “mas que são os seus pais e a sociedade que se negam a seguir funcionando como pais infantis que têm com ele atitudes de cuidado e proteção ilimitados. Descarrega então contra eles o seu ódio e a sua inveja e desenvolve atitudes destrutivas” (p. 6) (ABERASTURY e KNOBEL, 2003, p. 5-6).

8º) Contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta – O

adolescente não se permanece numa linha de conduta rígida, pois tem uma personalidade permeável, que recebe tudo e que também projeta enormemente. No adolescente, um indicativo de normalidade se observa na fragilidade da sua organização defensiva. “É o mundo adulto quem não suporta as mudanças de conduta do adolescente, quem não aceita que o adolescente possa ter identidades ocasionais, transitórias e circunstanciais, e exige dele uma identidade adulta” (p. 6). Essas

contradições, com a variada utilização de defesas, facilitam a elaboração dos lutos típicos desse período da vida e caracterizam a identidade adolescente (ABERASTURY e KNOBEL, 2003, p. 6-7).

9º) Separação progressiva dos pais – Uma das atitudes básicas é a de ir separando-

se dos pais, o que está favorecido pelo determinismo que as transformações biológicas impõem nesse momento cronológico do indivíduo. A presença de boas figuras parentais, com papéis bem definidos, e uma cena primária amorosa e criativa, permitirá uma boa separação dos pais e facilitará ao adolescente a passagem à maturidade. Quando a relação com os pais está dissociada e estes são vistos então como imagens muito más ou muito boas, o adolescente busca substitutos parentais como professores, heróis reais e imaginários, companheiros mais velhos, que adquirem características parentais, e podem começar a estabelecer relações que nesse momento satisfazem mais(ABERASTURY e KNOBEL, 2003, p. 7).

10º) constantes flutuações do humor e do estado de ânimo – A sensação de

fracasso frente a esta busca de satisfações pode ser muito intensa e obrigar o adolescente a se refugiar em si mesmo e no mundo interno que se foi formando durante sua infância. “As mudanças de humor são típicas da adolescência e é preciso entendê-las sobre a base dos mecanismos de projeção e de luto pela perda de objetos. Ao falharem essas tentativas de elaboração tais mudanças de humor podem aparecer como pequenas crises maníaco-depressivas” (ABERASTURY e KNOBEL, 2003, p. 7).

A síndrome da adolescência normal trata-se logicamente de uma apresentação esquemática de um processo fenomenológico que possibilita contemplar a expressão da conduta e determinar as características da identidade e do processo adolescente. Somente quando o mundo adulto o “compreende adequadamente e facilita a sua tarefa evolutiva o adolescente poderá desempenhar-se correta e satisfatoriamente, gozar de sua identidade, de todas as suas situações, mesmo das que, aparentemente, têm raízes patológicas, para elaborar uma personalidade mais sadia e feliz” (ABERASTURY e KNOBEL, 2003, p. 37).

Com o estabelecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, a legislação brasileira começou a possuir leis para a proteção integral da criança e do adolescente. De acordo com o artigo 53º do ECA, “a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”.

Conforme o ECA, a missão de conduzir o desafio da institucionalização da nova maneira de ver a criança e o adolescente como prioridade absoluta para a família, a comunidade, a sociedade e o poder público: “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária” (art.4º); como sujeitos de direitos: “A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis” (art.15º); como sujeitos em

desenvolvimento: “ Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a

que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.” (art.6º); nessa perspectiva, sendo sujeitos protagonistas de seus próprios direitos e de suas histórias.

Quanto a concepção de adolescência os fundamentos pedagógicos do Programa Ensino Integral (PEI) baseiam-se no autor Antônio Carlos Gomes da Costa, que tem uma visão de promover o desenvolvimento positivo do indivíduo, especialmente ao se conscientizar que os adolescentes representam o futuro da humanidade. Costa é o autor que pauta os quatro princípios pedagógicos do PEI (Quatro Pilares da Educação, Pedagogia da Presença, Protagonismo Juvenil e Educação Interdimensional), e, junto com Maria Adenil escreveu:

(...) temos que pensar no significado de adolescência como fase de transição, ou seja, fase de travessia (...) entre a heteronômica da infância e a autonomia da vida adulta, entre o mundo da educação e o mundo do trabalho, entre a condição de filho e a possibilidade de fazer filhos. Para empreender essas travessias, o adolescente passará por uma trajetória biográfica (estudo, trabalho, participação em grupos, entidades, movimentos de diversas naturezas), e por uma trajetória relacional (conjunto de relações interpessoais por ele estabelecidas ao longo de sua trajetória biográfica com o mundo adulto e com seus pares). (COSTA e VIEIRA, 2006, p. 21).

Os autores entendem que a adolescência acontece dentro da faixa etária dos 12 aos 18 anos, como é defendido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Eles enxergam o adolescente como “sujeitos em desenvolvimento”, “fonte de liberdade (opção), de iniciativa (ação) e de compromisso (responsabilidade) ” (COSTA e VIEIRA, 2006, p. 15), o que fundamenta a concepção de Protagonismo Juvenil que

estudaremos a seguir. Baseamos o nosso estudo sobre Protagonismo Juvenil em Antônio Carlos Gomes da Costa, porque a Proposta Pedagógica do Programa Ensino Integral fundamenta-se em seus estudos.

2.2 – Protagonismo Juvenil

De acordo com Costa (2001, p. 20), a origem etimológica da palavra “protagonismo” vem da junção de duas palavras gregas: Protos (Πρώτος), que significa o primeiro, o principal. Agon (Ἀγών), significa luta. Agonistes (Αγωνιστής) significa lutador. Protagonista, portanto, designava o lutador principal de um torneio”. A palavra foi inicialmente incorporada pelo teatro e pela literatura para designar o ator ou personagem principal. Portanto, protagonismo juvenil significa que o jovem tem de ser o ator principal em todas as etapas das propostas a serem construídas em seu favor.

Segundo Costa (2001, p. 19), o termo protagonismo juvenil tem sido usado na Educação Brasileira desde a década de 1990, e passou a ser usado pelos educadores para apontar “os processos, movimentos e dinamismos sociais e educativos em que os jovens, ajudados ou não por seus educadores, assumem o papel principal”.

Para Costa o protagonismo deve contribuir para o desenvolvimento humano e para a formação de um novo cidadão, trabalhador.

A importância estratégica do protagonismo vem do fato de ele contribuir de forma inegavelmente relevante para a formação de pessoas, cidadãos, trabalhadores de tipo novo, ou seja, dentro da visão ético-política contida no Paradigma do Desenvolvimento Humano. Esses jovens tem uma possibilidade muito grande de, a médio e longo prazo, tornarem-se líderes de processos de mudança em seus respectivos âmbitos de atuação, contribuindo para que nosso país possa romper com as velhas culturas impeditivas de emancipação econômica, da promoção social e da libertação cultural de grande parte do nosso povo, que, neste início de um novo milênio, se encontra ainda imerso numa realidade marcada pela pobreza, ignorância e brutalidade. (COSTA, 2001, p. 102)

Costa enfatiza sobre a importância da concepção de espaços e tempos escolares que ofereçam aos alunos a participação ativa, na solução dos problemas enfrentados pela escola e pela sua comunidade, potencializando suas habilidades e

possibilitando “o seu crescimento constante como pessoa, como cidadão e como trabalhador”. Costa expõe os pilares do protagonismo juvenil, afirmando que:

O termo Protagonismo Juvenil, enquanto modalidade de ação, é a criação de espaços e condições capazes de possibilitar aos jovens envolverem-se em atividades direcionadas à solução de problemas reais, atuando como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso. [...] O cerne do protagonismo, portanto, é a participação ativa e construtiva do jovem na vida da escola, da comunidade ou da sociedade mais ampla. (COSTA, 2001, p.179).

Costa defende que o Protagonismo Juvenil deve ser aplicado aos estudantes do Ensino Médio, pois estão dentro da faixa etária estabelecida pelas Nações Unidas como juventude e, por identificá-los como agentes em potencial para as transformações sociais.

Segundo esse critério cronológico, jovem é a pessoa que está na faixa etária compreendida entre 15 e 24 anos. Essa definição, útil do ponto de vista demográfico, é complicada do ponto de vista jurídico, pois compreende pessoas que estão na menoridade e na maioridade, portanto detentoras de status legais inteiramente distintos. (COSTA, 2006, p. 67)

O conceito de Protagonismo Juvenil está explicito nos textos dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio e nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Vejamos:

Espera-se que a escola contribua para a constituição de uma cidadania de qualidade nova, cujo exercício reúna conhecimentos e informações a um

‘protagonismo’ responsável, para exercer direitos que vão muito além da

representação política tradicional: emprego, qualidade de vida, meio ambiente saudável, igualdade entre homens e mulheres, enfim, ideais afirmativos para a vida pessoal e para a convivência. Mas também de professores(as) e de diferentes pessoas que compõem a escola (DCNEM, 1998, p. 59).

As Diretrizes do Programa Ensino Integral, também apresentam o conceito de Protagonismo Juvenil com a seguinte definição:

é um processo no qual o jovem é simultaneamente sujeito e objeto das ações no desenvolvimento de suas próprias potencialidades (...). O aluno é o ator principal na condução de ações nas quais ele é sujeito e simultaneamente objeto das suas várias aprendizagens. No desenvolvimento dessas ações de Protagonismo Juvenil, o jovem vai se tornando autônomo à medida que é capaz de avaliar e decidir com base nas suas crenças, valores e interesses; vai se tornando solidário, diante da possibilidade de envolver-se como parte da solução e não do problema em si; e competente para compreender gradualmente as exigências do novo mundo do trabalho e preparado para a aquisição de habilidades específicas requeridas para o desenvolvimento do seu Projeto de Vida. (SÃO PAULO, 2014, p. 15)

um “processo pedagógico no qual o aluno é estimulado a atuar criativa, construtiva e solidariamente na solução de problemas reais na escola, na comunidade e na vida social” (SÃO PAULO, 2014b, p. 2).

Figura 2 – O Aluno Idealizado no PEI

Fonte: SEE/SP, 2014

As Diretrizes do Programa Ensino Integral asseguram que para formar o jovem idealizado (autônomo, solidário e competente) a ação pedagógica dos educadores deve ser transformada de modo que o jovem seja tratado como fonte de iniciativa porque desenvolver capacidade de agir, “não sendo passivo no processo pedagógico; como fonte de liberdade porque a ele devem ser oferecidos cursos alternativos para aprender e avaliar e tomar decisões e fonte de compromisso, porque deverá aprender a responder pelos seus atos, sendo consequente nas suas ações” (SÃO PAULO, 2014, p. 15). Para que isso ocorra, é indispensável que o ambiente escolar seja cuidadosamente planejado de modo permitir ao educando conquistar a “autoconfiança, autodeterminação, autoestima, autonomia, capacidade de planejamento, altruísmo, perseverança, elementos imprescindíveis no desenvolvimento de suas habilidades e competências na conquista de sua identidade pessoal e social” (Idem, p. 15).

O Programa Ensino Integral visando desenvolver o Protagonismo Juvenil em seus alunos estabeleceu os líderes de turma e os clubes juvenis. Vejamos:

Como a proposta do Protagonismo Juvenil do Programa Ensino Integral da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo está baseada principalmente nos estudos de Antônio Carlos Gomes da Costa, passaremos, então, a estudar as principais teorias de Costa em relação ao protagonismo dos jovens.

Educar, de acordo com a visão de Costa (2000) é criar espaços para que o educando possa empreender ele próprio a construção do seu ser, ou seja, a realização de suas potencialidades em termos pessoais e sociais. Para o autor, o educando, dentro da visão de protagonismo juvenil, passa a ser, não um recipiente passivo, mas uma fonte autêntica de iniciativa, compromisso e liberdade:

Fonte de iniciativa significa que o educando deve agir, ou seja, não deve ser

apenas um espectador ou receptor do processo pedagógico. Ele deve situar- se na raiz mesma dos acontecimentos, envolvendo-se na sua produção;

Fonte de liberdade significa que o educando deve ter diante de si cursos

alternativos de ação, deve decidir, fazer opções, como parte do seu processo de crescimento como pessoa e como cidadão;

Fonte de compromisso significa que o educando deve responder pelos seus

atos, deve ser consequente nas suas ações, assumindo a responsabilidade pelo que faz ou deixa de fazer (COSTA, 2000, p.49).

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