• Nenhum resultado encontrado

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA DA INSTITUIÇÃO

2.1.3 Instrumentos da gestão universitária

2.1.3.6 Projeto Pedagógico do Curso

O Projeto Pedagógico do Curso compõe um dos documentos de gestão universitária que fornece aos docentes, técnicos e discentes a estrutura e a organização de um curso, a partir dos fundamentos filosóficos e legais do Projeto Pedagógico Institucional, de acordo com o que dispõe a LDBEN, seguida pelas normas e pareceres emitidos pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e do Conselho Estadual de Educação (CEE), quando a instituição de ensino superior pertencer ao sistema estadual de ensino.

A elaboração de tal projeto deve estar sob a responsabilidade do órgão responsável pela oferta do curso no âmbito da instituição, incentivando-se a participação da comunidade acadêmica, propiciando o diálogo crítico e contínuo entre docentes, discentes, técnico-administrativos e gestores, observando-se as peculiaridades do ambiente no qual o curso deverá funcionar.

Registre-se a participação do ambiente externo, isto é, da comunidade externa, levando-se em conta sua economia, cultura, clima, aspectos naturais, entre outros, que também são utilizados como referência para estabelecer as diretrizes, propósitos e procedimentos a serem adotados com o objetivo de formar profissionais, finalidade do Projeto Pedagógico.

Para Santos et al. (2005), em relação ao processo de concepção do projeto pedagógico, há que ser enfatizado:

• registra, em qualquer área de conhecimento, intenções políticas, filosóficas, científicas e pedagógicas com o objetivo de contribuir para implementar qualidade nas ações de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas no curso;

• representa um “compromisso confirmado e aceito para ser cumprido por todos aqueles que compõem a comunidade do curso.”

• trata-se de “um documento amplo e aberto que serve de parâmetro para as decisões referentes ao ato educativo, pois orienta todas as ações relacionadas ao processo de formação de um profissional”;

• subsidia a avaliação do curso, seja ela interna ou externa, observando-se os descompassos durante o desenvolvimento das atividades, permitindo os ajustes, se a avaliação for realizada de forma responsável, consciente e por pessoas que conheçam o projeto proposto; e,

• contem informações concernentes ao projeto de criação de curso, projeto de reconhecimento de curso ou de renovação de reconhecimento de curso, sem contudo, ser confundido com tais documentos.

Registre-se que, sendo detentora de autonomia para elaborar a estrutura curricular, cabe à universidade atender ao disposto nas normas, em especial, daquelas baixadas pelo Conselho Nacional de Educação. A base para a formulação da estrutura curricular consiste nos princípios adotados, nos objetivos do curso na elaboração do Projeto Pedagógico e no perfil estabelecido para o egresso, cujo perfil deve abrigar, além da formação cultural e humanística, os aspectos inerentes à formação técnico-científica, necessários ao cidadão e profissional. No Anexo C encontram-se dispostos os principais componentes de um Projeto Pedagógico, bem como o que deve evidenciar tal projeto.

No processo de formação, devem estar presentes a interdisciplinariedade e a transdiciplinaridade, favorecendo a integração de diferentes disciplinas e áreas de conhecimento, a previsão de área de atuação e as possibilidades de inserção no mundo do trabalho, “as expectativas sociais e as possibilidades institucionais apresentadas para sua formação” (SANTOS et al., 2005), contemplando-se:

a) procedimentos metodológicos de ensino, os quais são estruturados a partir da compreensão do processo ensino-aprendizagem, consistindo, de maneira geral, em conhecer o grau de autonomia e a competência do discente na elaboração e significação do conhecimento. Os itens mencionados subsidiam e orientam as práticas didáticas dos docentes, que na universidade devem incluir a pesquisa e a extensão como atividades indissociáveis do ensino; e,

b) processo de avaliação, que abrange a avaliação da aprendizagem e a avaliação do curso, ambas realizadas pelo Colegiado do Curso, como o órgão responsável pelo desenvolvimento do Projeto Pedagógico, ou, ainda, pelo funcionamento do curso. Em relação ao processo de avaliação da aprendizagem, a partir do que prevê o respectivo Projeto Pedagógico, compete ao Colegiado do Curso a responsabilidade de propor os procedimentos, critérios e a periodicidade do processo avaliatório. Já a avaliação do curso corresponde a uma etapa do planejamento, consistindo na avaliação do desenvolvimento do próprio Projeto Pedagógico, sendo utilizada na identificação de pontos fortes e de entraves ou dificuldades em relação ao inicialmente previsto, com vistas a ajustes ou remanejamentos. Quanto ao tempo mínimo e máximo de integralização e, considerando a garantia de autonomia da universidade no que tange à área acadêmica, o Projeto Pedagógico deve prever o tempo ideal para a integralização curricular, observando a duração mínima do ano letivo regular de 200 (duzentos) dias letivos, em obediência à legislação, assim como estabelece a variação do número de aulas diárias, o número de semanas no semestre letivo e os horários de funcionamento dos cursos.

Atente-se que a presença de fatores contingenciais pode demandar do aluno a necessidade de abreviar ou alongar a sua permanência na universidade, cabendo a recomendação para que, ao determinar o período regular para a conclusão do curso seja evitada uma sobrecarga de trabalho concernente às atividades do curso. Para o tempo máximo, recomenda-se o

acréscimo de até 50 % (cinqüenta por cento) sobre a duração prevista inicialmente no Projeto Pedagógico.

Tendo em vista os aspectos expostos, depreende-se que o Projeto Pedagógico de um curso é o documento que orienta o caminho a ser traçado, objetivando a formação do profissional, com as características da instituição na qual estudou. A elaboração e o desenvolvimento deste Projeto devem acontecer de forma integrada, com a participação do Colegiado do Curso, de docentes e discentes e da comunidade externa, permitindo reconhecer suas demandas, abrangendo, também, as referências filosóficas, políticas, sócio-econômicas, culturais, científicas, didático-pedagógicas e técnicas, tanto quanto orientando as ações dos gestores da instituição.

Os instrumentos de gestão universitária aqui elencados compõem uma base para assegurar a ação da instituição universidade a longo, médio e curto prazo de maneira contínua e, preservando as respectivas características (identidade) posto que são concebidos ou elaborados em conformidade com a missão e visão da própria instituição.

Todos os instrumentos de gestão abordados são discutidos e aprovados pelos órgãos competentes, os Conselhos Superiores, compostos por representações docentes, do pessoal técnico-administrativo e dos discentes, bem como pelos dirigentes, tanto assim que as decisões com ampla repercussão no funcionamento da instituição, concernentes às áreas acadêmicas e administrativas, são de responsabilidade daqueles órgãos colegiados.

Explicitadas as bases institucionais de uma universidade, em particular aquela administrada pelo setor público, o assunto a seguir engloba a sua organização, configuração, relações de poder e processo decisório.