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O Projeto Político-Pedagógico e o currículo do curso de Engenharia Elétrica B

Quanto ao Projeto Político-Pedagógico do curso de Engenharia Elétrica B, que é de uma escola privada de Belo Horizonte, a organização desse documento foi elaborada de acordo com os padrões de qualidade definidos pelo instrumento de avaliação de cursos de graduação da Comissão de Avaliação da Educação Superior do Ministério da Educação, que se subdivide em três partes: a organização didático-pedagógica, o corpo docente e as instalações físicas.

Percebe-se, nesse documento, a preocupação em atender às exigências legais, não somente aquelas do instrumento de avaliação, mas também das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Engenharia (11/2002). Entende-se que esse fato se deve à preocupação com as visitas in loco, empreendidas periodicamente pela Comissão de Avaliação do MEC, para reconhecimento e/ou avaliação do curso.

Analisando o objetivo do curso e o perfil do egresso que essa escola pretende formar, percebe-se que a formação do engenheiro dessa instituição está centrada no domínio das práticas e técnicas da modalidade de Engenharia Elétrica, para a solução de problemas de engenharia; na formação generalista, com sólido conteúdo nas áreas de formação básica, geral e específica do curso, incluindo aqui os referenciais ético, social, ambiental, humanístico, empreendedor, com habilidades técnicas para acompanhar o desenvolvimento tecnológico da área. Há, assim, maior ênfase na formação técnica desse profissional.

Para Veiga (1998, p. 22), é o Projeto Político-Pedagógico o “definidor de critérios para a organização curricular e a seleção de conteúdos”. Analisada a estrutura curricular do curso, está visivelmente presente a ênfase na formação técnica, pois os conteúdos específicos e profissionalizantes abrangem aproximadamente 65% do total da carga horária, ficando os outros 35% para os conteúdos básicos, destacando-se, nesses grupos, as disciplinas de matemática, com a maioria, física e química, seguidas das disciplinas de formação humanística. Esse Projeto Político-Pedagógico não apresenta a organização curricular em eixos.

A direção do curso compreende a coordenação, considerada como órgão executivo de ação, e o colegiado, órgão consultivo e normativo, composto pelo coordenador, na condição de presidente, por professores do curso e por um representante dos alunos. São essas instâncias que discutem a organização acadêmica, didático-pedagógica e disciplinar, e que se destinam a atender às demandas do corpo docente e discente.

Quanto às Atividades Complementares, o curso contempla o desenvolvimento de atividades curriculares e extracurriculares. No grupo das curriculares, estão as atividades de Estágio Supervisionado e de Trabalho de Final de Curso; as outras atividades – de iniciação científica, monitoria, visitas técnicas, trabalhos em equipe – são consideradas opções livres do currículo.

Nesse projeto, está bem definido como será acompanhado o estágio curricular supervisionado, discriminado no art. 7º das DCN (11/2002), considerando sua importância, quando de sua realização pelo aluno, objetivos, supervisão na empresa, orientação na escola, acompanhamento e atividades,

avaliação e carga horária obrigatória. Esses aspectos estão assim descritos no texto do Projeto Político-Pedagógico do curso B:

A realização de estágios é fundamental para a integração teoria- prática no Curso, sendo desenvolvidos nas modalidades tempo parcial e tempo integral [...] com relação às atividades de estágio, o Projeto Pedagógico do Curso objetiva: Intensificar o Programa de Estágios, em suas várias modalidades, em empresas e organizações fora do âmbito da Universidade e discutir e avaliar a política de estágios, promovendo os aperfeiçoamentos necessários à sua execução, acompanhamento, avaliação e demais aspectos operacionais envolvidos [...] preferencialmente, a atividade de estágio deve ser realizada quando o aluno já contar com uma base sólida no campo do estágio, para um melhor aproveitamento [...] A carga horária mínima tem um total de 160 horas obrigatórias, conforme Art. 7º das Diretrizes Curriculares do Curso de Graduação em Engenharia [...] para o desenvolvimento do estágio, o aluno conta com um professor-orientador do quadro docente do curso de Engenharia Elétrica e com um supervisor na empresa. O acompanhamento é efetuado através de relatórios parciais desenvolvidos pelo aluno estagiário [...] ao final do estágio, como parte do processo de avaliação do mesmo, o aluno elabora um relatório final do estágio, em que são detalhadas as atividades desenvolvidas.

Nesse projeto, também está bem definido como será organizado o Trabalho Final de Curso, que consta do parágrafo único do art. 7º das DCN (11/2002), no qual se explicita, de maneira clara a dinâmica, que serão utilizadas para a realização do mesmo, a supervisão, a orientação e o acompanhamento dos alunos, quando matriculados nas disciplinas dessa atividade. Assim descreve o texto:

A grade curricular do Curso de Engenharia Elétrica contempla duas disciplinas associadas à atividade de Trabalho Final de Curso: Trabalho Final de Curso I e II [...] o professor desta disciplina apresenta ao aluno as diversas áreas (incluindo as pesquisas em andamento) da Engenharia Elétrica que são desenvolvidas no Curso, bem como os professores envolvidos em cada área. Em seguida, o

aluno define (com o auxílio do professor da disciplina) o professor (e área) que melhor se ajusta ao seu interesse técnico/científico, que irá orientá-lo durante o período de realização da disciplina (sempre acompanhado pelo professor responsável pela disciplina). No último período do curso (9º período para o turno diurno e 10º período para o turno noturno), o aluno, ao se matricular na disciplina Trabalho Final de Curso II, deve preparar um trabalho escrito (monografia) e fazer uma apresentação oral, mediante uma banca examinadora que será composta por professores do curso e de outras instituições. Cada professor-orientador deverá orientar no máximo 4 alunos, sendo que cada aluno deverá apresentar um trabalho individual.

Cabe ressaltar que, nesse curso, a orientação do Trabalho de Final de Curso e de Estágio Supervisionado é individual, o que permite excelente acompanhamento dessas atividades pelo professor-orientador, motivando o aluno a desenvolver habilidades úteis à sua formação, como: melhor comunicação oral e escrita, desenvolvimento de pesquisa, aplicação dos conhecimentos teóricos constantes da estrutura curricular do curso, competências científicas e técnicas, responsabilidade no cumprimento das atividades de acordo com cronograma, entre outras.

As Atividades Complementares de pesquisa são classificadas, no projeto do curso B, como iniciação científica e têm como objetivo: “(i) possibilitar o desenvolvimento das habilidades de pesquisa necessárias à formação do sujeito acadêmico; (ii) promover a integração da Iniciação Científica, do Ensino e da Extensão, a partir de atividades curriculares e extra- curriculares; (iii) promover a integração entre os cursos e a realidade do mundo do trabalho em que eles se inserem, visando à integração entre Universidade e comunidade; (iv) promover a integração entre os cursos e seus Departamentos, através de atividades conjuntas e de objetivos comuns”.

O texto do projeto destaca, ainda, que “a aplicação do método científico em variadas situações e contextos, a análise dos problemas com visão crítica e a proposição de soluções com criatividade, são atitudes que deverão ser desenvolvidas nos alunos de Engenharia Elétrica, quaisquer que sejam os setores em que irão atuar”.

As atividades de extensão constantes desse Projeto Político- Pedagógico são bem definidas: “todas as ações coordenadas e/ou desenvolvidas por professores ou grupos de alunos da graduação, tendo como objetivo principal a implementação de ações em parceria com a comunidade extra-acadêmica, incluindo, entre outros de natureza equivalente, cursos, palestras, encontros e jornadas abertas à comunidade; eventos comunitários destinados à promoção cultural e desenvolvimento social e desenvolvimento tecnológico”. Valoriza-se a sua importância no contexto social, técnico e científico e o seu papel na ampliação e no fortalecimento do ensino e dos conhecimentos adquiridos pelo aluno.

No projeto, também estão bem definidos os objetivos estabelecidos no setor de extensão: “identificar segmentos econômicos, sociais e do setor produtivo onde possam ser desenvolvidas ações extensionistas na área de Engenharia Elétrica pelos alunos de graduação e oferecer Cursos de Extensão de interesse para a comunidade externa (profissionais autônomos, empresas do setor, professores de outras instituições, etc.)”.

É importante acrescentar que, no curso de Engenharia Elétrica B, existe ainda uma outra modalidade, a das Atividades Complementares de ensino, “entendidas como todas as ações coordenadas e/ou desenvolvidas por

professores ou convidados, tendo como objetivo principal fortalecer o ensino e ampliar os conhecimentos dos próprios alunos do curso de graduação, incluindo, entre outros de natureza equivalente, os seminários, palestras e visitas técnicas, os núcleos de estudos temáticos, os cursos extracurriculares para alunos da graduação e as jornadas acadêmicas”.

Quanto ao programa de monitoria, o Projeto Político-Pedagógico do curso B apresenta como objetivos principais a “redução dos níveis de evasão no Curso e o surgimento e florescimento de vocações para a docência e a pesquisa, além de promover a cooperação acadêmica entre discentes e docentes”, e evidencia a necessidade do fortalecimento dessa atividade complementar, pois permite que o aluno-monitor aprofunde seus conhecimentos e auxilie na formação de seus colegas, suscitando até mesmo o interesse pela área acadêmica.

Também é interessante notar, nesse documento, o tópico denominado como “Atendimento ao aluno”, que se subdivide em duas partes: o atendimento pedagógico, acompanhado pela coordenação do curso, através de reuniões com os representantes de turma, para sugestões e reclamações que são registradas em atas; e o acompanhamento psicopedagógico, fornecido pela escola com o objetivo de “prestar atendimento individual e grupal a alunos com dificuldade na aprendizagem e de adaptação à vida universitária”.

Esses são os pontos que merecem destaque no Projeto Político- Pedagógico do curso de Engenharia Elétrica B. Por meio dele, nota-se a presença, de forma marcante e definida, das Atividades Complementares; porém, como ponto negativo, verifica-se a falta de flexibilização curricular dada

na estrutura do currículo, organizado em disciplinas e com carga horária obrigatória.

5.3O Projeto Político-Pedagógico e o currículo