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O Projeto Político-Pedagógico e o currículo do curso de Engenharia Elétrica C

No que se refere ao Projeto Político-Pedagógico do curso de Engenharia Elétrica C, que é de uma escola pública de Belo Horizonte, nota-se que essa escola tomou como ponto de partida a integração entre o ensino e a pesquisa.

Há algumas premissas básicas no documento do curso C. Entre elas está a ênfase na diversidade de conhecimento que o aluno de engenharia deve ter para que seja capaz de exercer suas atividades com competências nas áreas específicas, incorporando valores que proporcionem o pleno exercício de sua cidadania. Além disso, para se manter a indissociabilidade entre ensino e pesquisa, o documento aponta para necessidade de se incorporar os avanços científicos e tecnológicos na prática pedagógica.

Para que essas premissas se efetivassem realmente, as discussões da comunidade do Curso de Engenharia Elétrica sobre a reforma curricular tiveram início bem antes da publicação das Diretrizes Curriculares (RES 11/2002), cerca de dez anos antes, sendo que este documento teve sua primeira versão editada em dezembro de 1999, quando já se falava na participação efetiva da escola na elaboração das DCN.

Como se pode perceber, a preocupação com a flexibilização, abrangência e agilidade nas transformações da estrutura do currículo são as

premissas básicas constantes no Projeto Político-Pedagógico do curso C para a elaboração do currículo:

O princípio geral para o estabelecimento da estrutura do currículo do Curso de Engenharia Elétrica é que ele deve evoluir de forma integrada com a sociedade, atendendo suas demandas, mesmo aquelas mais prementes, sem perder de vista a liberdade de pensamento e a geração de novos conhecimentos. O currículo é concebido tendo em vista a formação de um Engenheiro Eletricista com habilidades técnicas, que se caracterizem pela diversidade, atualidade e dinamismo, e com uma visão crítica e ampla a respeito da sua inserção na sociedade.

A estrutura curricular do curso de engenharia C é baseada no processo de flexibilização curricular de modo a permitir: (i) a construção do percurso acadêmico pelo próprio aluno; (ii) a possibilidade de uma formação complementar em outra área, além da formação em área específica do saber; (iii) o aproveitamento de várias atividades acadêmicas diferenciadas para fins de integralização curricular (flexibilização horizontal); (iv) a integração entre a graduação e a pós-graduação, através de atividades acadêmicas comuns; (v) a associação entre o ciclo básico e o ciclo profissional; (vi) a redução de carga horária e de pré-requisitos na estrutura curricular do curso; (vii) a valorização da prática do conhecimento.

A formação do aluno dessa escola, com base no Projeto Político- Pedagógico do curso, pode ser sintetizada da seguinte forma: pelas atividades acadêmicas curriculares mínimas necessárias para a formação do Engenheiro Eletricista, presente no Quadro 7; pelos Certificados de Estudos e por uma proposta de Formação Complementar Aberta.

Quadro 7: Atividades Acadêmicas Curriculares mínimas

Tipo de Atividade Créditos Totais

Disciplinas Obrigatórias do Ciclo Básico 67 (28,88%) Disciplinas Obrigatórias do Ciclo Profissional 57 (24,57%) Disciplinas Obrigatórias Gerais 16 (06,90%) Estágio Curricular Obrigatório 12 (05,17%) Disciplinas e Atividades Optativas do Ciclo

Profissional 80 (34,48%)

Total 232 (100%)

Fonte: Projeto Político-Pedagógico do curso C.

Os Certificados de Estudos – na área de Computação, Controle de Processos, Eletrônica de Potência, Sistemas de Energia Elétrica e Telecomunicações – podem ser comparados com as antigas habilitações ou ênfases, presentes na resolução 48/76. Estes são obrigatórios, sendo que, para a formação mínima, o aluno deve obter, pelo menos, um dos cinco Certificados de Estudos ofertados. Conforme o regulamento:

Outros Certificados de Estudos poderão ser submetidos à aprovação do Colegiado do Curso e o Colegiado nomeará um professor tutor para orientar o percurso do aluno neste novo certificado e o aluno não poderá estar inscrito em mais de um certificado simultaneamente.

A proposta de Formação Complementar Aberta permite a aquisição de conhecimento em outra área de atuação. Construída pelo próprio aluno, com a orientação de um professor, ela é opcional, sendo possível a integralização de 20 créditos em disciplinas curriculares de outras áreas do conhecimento.

É importante salientar que a estrutura curricular do curso C permite ao aluno a oportunidade de adquirir não somente competências técnicas para o

exercício da engenharia; mas também em áreas gerenciais, administrativas, comportamentais, entre outras tão necessárias à formação do engenheiro.

No Quadro 7, está especificado o percentual de disciplinas e atividades optativas do ciclo profissional – 34,48% do total de créditos que o aluno deve cumprir. Encontram-se neste percentual as Atividades Complementares consideradas como atividades geradores de créditos e que são denominadas de "Atividades Especiais".

As Atividades Especiais – Programa de Iniciação Científica, Projeto Orientado, Projeto de Extensão, Programas Acadêmicos, Produção Científica e Ensino a Distância – geram, no máximo 10 créditos optativos, e são desenvolvidas fora da sala de aula, com programação semestral, e cumprem- se a partir do ingresso do aluno no curso. Observa-se, portanto, que tal flexibilização curricular permite, ao aluno de engenharia, uma formação diferenciada e de responsabilidade pela sua vida acadêmica, alinhavando as competências e habilidades necessárias à futura profissão.

Essas atividades estão especificadas no Projeto Político-Pedagógico do curso, transcritas, abaixo, conforme o documento:

as atividades de iniciação científica são as realizadas pelo aluno em um projeto de pesquisa; o Projeto Orientado são as atividades técnicas desenvolvidas pelo aluno na elaboração de projetos no campo da Engenharia Elétrica; o Projeto de Extensão como atividades técnicas desenvolvidas pelo aluno no âmbito de um projeto de interesse da sociedade; os Programas Acadêmicos são atividades técnicas desenvolvidas pelo aluno no âmbito dos Programa de Iniciação a Docência (PIO), Programa de Aprimoramento Discente (PAD) e Programa de Bolsas Acadêmicas Especiais (PAE); a Produção Científica são as atividades desenvolvidas pelo aluno que resulte em trabalho completo em Anais de Congresso ou em

Periódico Científico e as atividades de Ensino a Distância são as não previstas no núcleo central do curso e realizada de forma não presencial.

Cabe ressaltar que as Atividades Especiais são desenvolvidas sob a orientação de um professor pertencente ao quadro docente do curso, com formação para orientar e acompanhar o desenvolvimento dessas atividades.

A atividade de Estágio Curricular Supervisionado apresenta-se bem definida e contém um documento específico, em forma de resolução, que dispõe sobre os critérios para sua realização. Segundo o documento,

o Estágio Curricular Supervisionado é uma atividade pedagógica cuja finalidade é complementar a formação do aluno naqueles aspectos que as disciplinas convencionais não conseguem contemplar, devendo envolver conhecimentos de aplicação prática no ambiente de trabalho, valores pessoais e corporativos, relacionamento humano e trabalho em equipe, aspectos da ética profissional e utilização do tempo na organização empresarial e terá de ser planejada, acompanhada e avaliada.

Percebe-se, portanto, que, nessa instituição, há a preocupação com a integração entre empresa e universidade, de modo que o aluno desenvolva as competências, habilidades e atitudes necessárias a uma boa formação como engenheiro e cidadão.

Outra questão importante, que merece ser enfatizada, diz respeito à estrutura curricular que, bem organizada, permite ao aluno maior flexibilização, visto que, do terceiro ao sétimo período, há a disciplina optativa, escolhida a partir de um leque de matérias ofertadas.

Quanto aos oitavo e nono períodos, estes são compostos somente de disciplinas de formação em ciências humanas e optativas; já no décimo período, o aluno deve realizar somente o Estágio Curricular Supervisionado.

Assim, analisando o Projeto Político-Pedagógico e o currículo, percebe- se a importância dada às Atividades Complementares na formação do aluno e a grande flexibilização curricular presente em quase toda a estrutura do currículo, permitindo ao aluno definir o percurso acadêmico para a realização do seu curso de Engenharia Elétrica.

5.4O Projeto Político-Pedagógico e o currículo