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CAPÍTULO 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Análise documental

3.1.3 Projeto Político Pedagógico Escola I

(...) criar uma educação cidadã, responsável, crítica e participativa, que possibilita a tomada de decisões transformadoras a partir do meio ambiente no qual as pessoas se inserem, em um processo educacional que supera a dissociação sociedade/natureza. (BRASIL, 2013c p.166).

Ao discutir sobre a Política Nacional de Formação de Professores (Decreto no

6.755/2009) percebe-se que, entre outras problemáticas, a preocupação ambiental também está

presente, o que se pode constatar no artigo VIII, que trata da sustentabilidade ambiental:

“promover a formação de professores na perspectiva da educação integral, dos direitos

humanos, da sustentabilidade ambiental e das relações étnico-raciais, com vistas à construção

de ambiente escolar inclusivo e cooperativo” (BRASIL, 2013c p.172). Outra política que

aborda o tema é a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795/99), que afirma a

obrigatoriedade da Educação Ambiental no currículo do Ensino Médio.

3.1.3 Projeto Político Pedagógico Escola I

O PPP da escola I apresenta como compromisso a conscientização e transformação

sociocultural da sociedade. Afirma que a educação deve ser prioridade e que a diversidade

regional não seja vista como uma barreira para que propostas e ações pedagógicas inovadoras

sejam orientadoras da prática educativa da escola.

Conforme o PPP, a comunidade escolar da escola I é nitidamente de classe econômica

baixa. Com isso, foi demonstrada certa preocupação quanto ao mercado de trabalho, o que é

exposto em vários trechos do Projeto:

O colégio (...) visando uma educação com qualidade, tem como objetivo (...) no Ensino Médio a consolidação e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos [no ensino fundamental], possibilitando sequencia de estudos, bem como; a preparação básica para o trabalho e a cidadania (PPP, p. 27).

Preparar o aluno para o mundo do trabalho para exercer a cidadania é nosso objetivo primordial (PPP, p. 35).

(...) o Colégio (...) quer preparar cidadãos para a vida real. Desta “vida real” fazem parte os desafios do vestibular, o mundo do trabalho, a responsabilidade social e a formação da personalidade (PPP, p. 49).

Outros objetivos e temas que também são frequentemente citados incluem: a

continuidade dos estudos, a educação sexual, formação de cidadãos críticos e de indivíduos

capazes de transformar a sociedade. A escola adota a pedagogia libertadora de Paulo Freire,

assim, muito se fala, também, sobre a formação de cidadãos transformadores.

(...) contribuir para a formação de um sujeito: criativo, participativo, autônomo, crítico e transformador. Por este motivo adotaremos a concepção libertadora de educação (PPP, p. 30).

Segundo Libâneo (1992), a pedagogia libertadora de Freire propõe a valorização da

experiência de vida como alicerce da relação educativa e a autogestão pedagógica; a

aprendizagem grupal tem mais valor do que o conteúdo a ser ensinado; a prática educativa só

apresenta sentido se dentro de uma prática social junto à sociedade. Se trata de uma educação

crítica pois questiona a relação do homem com a natureza e com outros homens visando uma

transformação. Libâneo salienta ainda que, a pedagogia libertadora apresenta um caráter

político, e, desse modo, sua atuação é mais presente em educação extraescolar, não impedindo,

no entanto, que vários professores adotem seus pressupostos.

A escola objetiva trabalhar com base na contextualização

1

, pois, com relação à

metodologia, procura trabalhar a partir de Temas Geradores. Estes Temas utilizam como ponto

de partida do ensino a realidade do aluno, de modo a tornar o ensino voltado às necessidades e

interesses populares e também mais atraente e significativo para os alunos.

No tocante às competências dos alunos, é estabelecido que devem entender como

utilizar os conhecimentos escolares na vida social, se preparar para a vida profissional com

conhecimentos gerais essencial a qualquer profissão. Assim como, desenvolver trabalhos em

equipe e raciocínio da autonomia e linguagem.

1 Conforme os PCN contextualizar o conteúdo que se quer aprendido significa, em primeiro lugar, assumir que todo conhecimento envolve uma relação entre sujeito e objeto. Na escola fundamental ou média, o conhecimento é quase sempre reproduzido das situações originais nas quais acontece sua produção. O tratamento contextualizado do conhecimento é o recurso que a escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo. Se bem trabalhado permite que, ao longo da transposição didática, o conteúdo do ensino provoque aprendizagens significativas que mobilizem o aluno e estabeleçam entre ele e o objeto do conhecimento uma relação de reciprocidade (BRASIL, 2000a, p. 78)

.

Com relação ao corpo discente, são estabelecidas diversas atividades que devem ser

cumpridas no âmbito da escola como cumprir o regimento, ser assíduo, responsável, conservar

os patrimônios do colégio, entre outros. Já, a respeito de sua atividade pedagógica, o professor

deve estimular a aprendizagem do educando, auxiliá-lo a transformar sua curiosidade em

esforço cognitivo, de modo que consiga organizar os conhecimentos. E, além disso, que possa

atuar de maneira mais humana na sala de aula e não assumir uma posição de detentor do saber.

Este PPP concorda que a atividade docente necessita de profundas reflexões e que destas

possam ser criadas novas práticas pedagógicas, posturas frente e escola e principalmente novas

relações com os alunos na intenção de motivá-los no processo de aprendizagem. Outras atitudes

que o professor deve desenvolver podem se resumir em: considerar conhecimentos prévios e

que estejam relacionados às realidades dos alunos; trabalhar de forma contextualizada e

interdisciplinar utilizando diferentes metodologias; e avaliar de maneira formativa e

permanente.

Segundo o PPP, o currículo deve ser norteado pela interação entre cultura, trabalho,

ciência e tecnologia, buscando atividades que promovam o desenvolvimento da consciência

ecológica, ética e cidadã. Com relação à Biologia, este PPP transcreve as competências e

habilidades de cada disciplina que foram estabelecidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais

(2000). As competências e habilidades a serem desenvolvidas nesta disciplina, são registradas

em três tópicos, nos quais os aspectos ambientais destacados são (BRASIL, 2000b, p. 21):

• Descrever processos e características do ambiente ou de seres vivos, observados em microscópio ou a olho nu.

• Reconhecer o ser humano como agente e paciente de transformações intencionais por ele produzidas no seu ambiente;

• Julgar ações de intervenção, identificando aquelas que visam à preservação e à implementação da saúde individual, coletiva e do ambiente;

• Identificar as relações entre o conhecimento científico e o desenvolvimento tecnológico, considerando a preservação da vida, as condições de vida e as concepções de desenvolvimento sustentável.

A problemática ambiental não é um problema de grande interesse da escola, sendo que,

este tema aparece timidamente em apenas três momentos do Projeto, com exceção do que foi

exposto no currículo que, por sua vez, está de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais

(1999). A temática ambiental aparece primeiramente ao falar sobre a Pedagogia da organização

coletiva da escola, a qual está inserida em vários programas, e sobre as atividades desenvolvidas

na escola:

(...) Promove também a alimentação saudável, bem como, as práticas de atividades físicas e lazer nas escolas. Outro assunto que é abordado é a saúde ambiental e o desenvolvimento sustentável (PPP, p. 32).

Posteriormente, o tema aparece ao abordar os princípios que fundamentam a proposta e

diretrizes de convivência social:

Ampliamos a visão dos conteúdos, para além dos conceitos, inseridos no procedimento para resgatar os valores sociais, focalizando temas como, discriminação social e racial, violência, vandalismo, no meio ambiente, saúde, ciência e tecnologia (PPP, p.35).

E, por último, ao tratar das competências que se deseja que o aluno adquira no Ensino

Médio:

Que se percebam como integrantes do meio ambiente, ao mesmo tempo dependentes e agentes de transformações (PPP, p. 50).