CAPÍTULO 1. APONTAMENTOS SOBRE O BIOMA CERRADO, ENSINO MÉDIO
1.2 Aspectos Ecológicos do Bioma Cerrado
1.2.3 Vegetação
Muitos elementos influenciam na composição florística do bioma, entre eles, o clima,
solo, disponibilidade de água e nutrientes, geomorfologia, topografia, latitude, frequência de
queimadas, profundidade do lençol freático, pastejo e vários fatores antrópicos (RIBEIRO e
WALTER, 1998). A vegetação é muito variada, ocorrendo desde formações campestres,
normalmente com uma cobertura esparsa de arbustos e árvores de pequeno porte, até densas
florestas (RATTER; RIBEIRO e BRIDGEWATER, 1997) com espécies que podem chegar a
alcançar 30 metros de altura (EITEN, 1972).
Com relação ao sentido fitofisionômico, a floresta engloba áreas em que predominam
espécies arbóreas, e estas formam dossel (contínuo ou descontínuo); as savanas representam
locais com árvores e arbustos espalhados sobre um estrato graminoso e não há dossel contínuo;
o campo se refere aos locais com predominância de espécies herbáceas e arbustivas, sendo rara
a presença de árvores (RIBEIRO e WALTER, 1998). Estes autores descreveram 11 tipos
fitofisionômicos para o bioma, e muitos apresentam ainda, alguns subtipos. Dentro das
formações florestais constam a mata ciliar, mata de galeria, mata seca e cerradão; nas formações
savânicas, cerrado stricto sensu (s.s.), parque de cerrado, palmeiral e vereda; e nas formações
campestres campo sujo, campo rupestre e campo limpo.
Entre as fitofisionomias que compõe a formação florestal, a mata seca e o cerradão
ocorrem em interflúvios, nos quais os terrenos são bem drenados (RIBEIRO e WALTER,
xerófitas e o estrato arbóreo pode variar entre 15 e 25 metros de altura. Os solos são ricos em
nutrientes, e pode apresentar vários níveis de caducifolia durante o período seco e, desse modo,
é dividida em alguns subtipos: mata seca sempre-verde, mata seca semidecídua (a mais
comum), e mata seca decídua (RIBEIRO e WALTER, 2008).
O cerradão é uma floresta densa com uma cobertura que varia de 50 a 90%, composta
por árvores com altura entre 8 a 12 metros (OLIVEIRA-FILHO e RATTER, 2002). Como as
árvores não são tão altas, a comunidade herbácea tem maiores chances de se desenvolver
(RIBEIRO e WALTER, 2008). De acordo com Ratter et al. (1973), sua composição florística
varia de acordo com a fertilidade do solo, e pode ocorrer em solos distróficos e mesotróficos.
Segundo Ribeiro e Walter (2008), apesar de ser uma formação florestal, o cerradão apresenta
alguns aspectos xeromórficos, pois estão presentes espécies do cerrado s. s. e espécies florestais,
desse modo, floristicamente é cerrado e fisionômicamente, uma floresta.
Embora alguns autores, como Rezende e Ribeiro (1998), tratem a mata de galeria e mata
ciliar como um mesmo tipo de vegetação, Ribeiro e Walter (2008) as diferenciam com base na
formação de galerias. A mata ciliar apresenta vegetação florestal que acompanha rios de médio
e grande porte, sem formar galerias; sua cobertura arbórea pode variar entre 50% a 90%, ocorre
em áreas planas e em terrenos acidentados e possui três subtipos: sempre-verde, semi-decídua
e decídua, com distintos graus de caducifolia durante a estação seca (RIBEIRO e WALTER,
2008).
A mata de galeria é caracterizada por estar associada a cursos d’água e se destaca por
sua riqueza, diversidade genética e importância na proteção de recursos hídricos, edáficos,
fauna silvestre e aquática (REZENDE e RIBEIRO, 1998). Os rios, no entanto, são de pequeno
porte, pois as matas formam galerias sobre o curso de água; é uma fitofisionomia perenifólia,
as árvores variam entre vinte a trinta metros, com 70% a 95% de cobertura arbórea, e pode ser
classificada em não - Inundável e Inundável, sendo que, a primeira ocorre onde o lençol freático
não fica próximo à superfície do solo, e no último o lençol fica próximo à superfície (RIBEIRO
e WALTER, 2008).
Com relação às formações savânicas, umas das fitofisionomias desta formação é o
cerrado stricto sensu (s. s.), que é dominado por árvores e arbusto com cerca de três a oito
metros de altura (OLIVEIRA-FILHO e RATTER, 2002). Esta fitofisionomia apresenta vários
subtipos em função, principalmente de sua densidade arbórea, são eles: cerrado denso, cerrado
típico, cerrado ralo e cerrado rupestre (RIBEIRO e WALTER, 2008). Conforme Eiten (1972),
sua cobertura pode variar de 10% a 60%. Apresenta certas características de espécies
xeromórficas, tais como, árvores baixas e retorcidas com ramificações irregulares e
normalmente apresentam sinais de queimadas (RIBEIRO e WALTER, 2008). Rigonato e
Almeida (2003) afirmam que, na estação seca, esta é a fitofisionomia com maior frequência de
queimadas.
Outra fitofisionomia, segundo Ribeiro e Walter (2008), é o parque de cerrado,
caracterizado pela localização das árvores, que vivem agrupadas em pequenas elevações
denominadas “murundus”. Estas árvores possuem altura média de três a seis metros e a
cobertura arbórea varia entre 5% a 20%; sua flora é semelhante à do cerrado s. s., porém como
os solos são hidromórficos, as espécies são mais toleráveis à saturação hídrica.
Ainda segundo Ribeiro e Walter (2008), outra fitofisionomia é o palmeiral que apresenta
uma única espécie de palmeira, desse modo, os subtipos variam de acordo com a palmeira
dominante (macaúba, gueroba, babaçu, buriti), e normalmente ocorrem em terrenos bem
drenados, com exceção do buritizal. A última fitofisionomia desta formação é a vereda que
ocorre em locais onde o lençol freático pode chegar a atingir a superfície durante a estação
chuvosa, é muito difundida dentro do bioma e está presente, especialmente, próximo a nascentes
sendo constituída pela palmeira Mauritia flexuosa (buriti) (OLIVEIRA-FILHO e RATTER,
2002).
A formação campestre é composta por três fitofisionomias, entre elas está o campo sujo,
com uma vegetação exclusivamente herbáceo-arbustiva (RIBEIRO e WALTER, 2008),
composta por pequenas árvores e arbustos dispersos na pastagem (OLIVEIRA-FILHO e
RATTER, 2002). Pode ocorrer em solos rasos ou profundos e pouco férteis; seus subtipos são
categorizados em função do lençol freático e da presença de murundus. Quando o lençol
freático é profundo ocorre o campo sujo seco, e quando é alto, o campo sujo úmido, e quando
os murundus estão presentes, ocorre o campo sujo com murundus (RIBEIRO e WALTER,
2008).
O campo limpo consiste em uma vegetação predominantemente herbácea, sem arbustos
ou árvores (OLIVEIRA-FILHO e RATTER, 2002). O solo possui diferentes graus de umidade,
profundidade e fertilidade, e os subtipos também variam em decorrência do lençol freático e
presença de murundus. Em locais onde os murundus estão presentes ocorre campo limpo com
murundus, onde o lençol freático é alto, há o campo limpo úmido, e onde é profundo, o campo
limpo seco (RIBEIRO e WALTER, 2008).
Ainda conforme estes autores, o último tipo é denominado campo rupestre, e apresenta
uma vegetação predominantemente herbáceo-arbustiva, porém podem ocorrer algumas
arvoretas com no máximo dois metros de altura. Normalmente se localiza em altitudes
superiores a 900 metros, seus solos são ácidos e pobres em nutrientes; uma de suas
características é a presença de espécies raras e endêmicas, devido às suas particularidades
ambientais, como a baixa disponibilidade de água.
No documento
BIOMA CERRADO: CONHECIMENTO DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E ABORDAGEM POR PROFESSORES DE BIOLOGIA
(páginas 33-36)