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Projetos para o futuro

No documento A prática docente: um olhar autorreflexivo (páginas 53-58)

Neste momento encontro-me sensivelmente a meio da minha carreira profissional, como tal sinto que muito tenho ainda para fazer e melhorar no que concerne à prática letiva.

Sempre considerei que um dos perigos da efetivação num estabelecimento de ensino se prendia com a possibilidade de estagnação nas aprendizagens, ou seja, com a cristalização de uma determinada forma de abordar a prática letiva, por outro lado, tal como já referi, o facto de trabalhar numa escola com um corpo docente estável diminui o contacto com professores com outro tipo de vivências que não as daquela realidade. Neste sentido, tenho tentado combater esta potencial inércia com a frequência de ações de formação ou encontros de professores que permitam a partilha de conhecimentos e de diferentes modos de abordar o ensino. Facto que pretendo continuar a fazer de modo a evitar a estagnação e permitir continuar a “chegar” aos alunos.

De facto, a faixa etária que separa o professor dos seus alunos é, a cada ano, mais larga e consequentemente as diferenças no modo de compreender a realidade cada vez mais acentuadas. Um dos meus objetivos é tentar atenuar tal distanciamento, não por via da idade (uma vez que tal se mostra geneticamente impraticável) mas por via de um estudo contínuo. O facto de ingressar num outro Curso Superior permite-me manter a visão do que é ser estudante e ter um entendimento mais próximo da realidade dos meus alunos. Por vezes os professores esquecem-se que já foram alunos, esquecem que também vivenciaram o ensino sob o ponto de vista do estudante e esse “sono letárgico” que por vezes nos assola impede uma eficaz transmissão dos conteúdos no sentido em que cria uma barreira entre professor e alunos, entre aquilo que o professor diz e aquilo que os alunos entendem. Deste modo, é meu objetivo continuar a estudar, não tanto para alcançar um grau superior mas para me permitir melhorar a minha prática letiva, uma vez que, por um lado, a atualização científica e, por outro lado, o contacto com novas práticas pedagógicas se apresentam como fundamentais ao exercício da profissão docente.

Para além disso, é também meu objetivo continuar a procurar atividades extracurriculares que promovam o desenvolvimento das competências já referidas. Parece-me que também a este nível a inovação é fundamental, as necessidades e as motivações dos alunos não são sempre as mesmas, vão-se modificando ao longo do tempo, como tal procurarei inovar no sentido de continuar a promover atividades diferentes que permitam desenvolver as mesmas competências filosóficas, porque essas sim, mantêm-se as mesmas desde a Grécia Antiga de Sócrates aos tempos atuais dos nossos alunos.

CONCLUSÃO

Ao longo do presente relatório pretendeu-se retratar a meu percurso profissional e a forma como vivencio e encaro a especificidade da disciplina de Filosofia no Ensino Secundário. O facto de fazer referência a algumas das teorias acerca da educação e ao proceder à descrição da minha experiência profissional, a realização deste trabalho permitiu-me contatar e desvendar certos conceitos e conhecimentos que estavam latentes mas que se apresentam como essenciais para a compreensão do ensino.

O objetivo deste relatório não se prendeu com uma descrição exaustiva das diversas perspetivas sobre a educação, mas tão só com o identificar quais as teorias e os modelos acerca da aprendizagem que me permitiram uma melhor compreensão e fundamentação da minha atividade letiva.

A realização deste projeto permitiu-me repensar o ensino e a aprendizagem bem como toda a sua envolvente. O facto de ter procurado perceber quais as teorias e os modelos que fundamentam a minha prática proporcionou-me uma visão mais profunda e esclarecida acerca da perspetiva que adoto face à escola e ao ensino.

Em jeito de síntese podemos recorrer a uma metáfora de forma a salientar os contributos deste trabalho para a minha formação. Assim, tal como se pode viver sem pensar na forma como se vive, também se pode ensinar sem pensar criticamente no modo como se ensina. A verdade é que não se viverá nem se ensinará tão bem.

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