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Relação com a comunidade educativa

No documento A prática docente: um olhar autorreflexivo (páginas 43-48)

Considero que a relação entre professor e aluno deve pautar-se pelo respeito mútuo, existindo autoridade por parte do docente, mas não autoritarismo. Esta autoridade deve surgir como consequência da relação e não como uma imposição forçada, baseada no receio de castigos e punições.

Ao longo da minha carreira tenho tentado criar com os alunos uma relação pautada pela empatia, confiança e respeito mútuo. Esforço-me para que as aulas decorram num ambiente formal mas descontraído onde cada um se sente à vontade para intervir, seja para questionar, seja para dar opinião.

Grande parte da nossa aprendizagem faz-se socialmente e, tomando como base a teoria de Bandura, por modelagem e de forma vicariante. O professor é constantemente alvo de atenção e serve como modelo, tanto por bons como por maus motivos. Assim, tenho sempre presente que não se pode exigir se não se for cumpridor, e que o conhecido ditado popular faz o que eu digo, não faças o que eu faço, não cumpre os seus objetivos educacionais, uma vez que o educador não se pode ver como exceção e ter um comportamento que não se coaduna com o discurso, já que a um educador (seja pai ou professor) pede-se coerência entre discurso e comportamento.

Por outro lado, as funções do professor não se esgotam na sala de aula e o apoio dado aos alunos não se esgota na transmissão de informações relacionadas com a disciplina lecionada.

Deste modo, a minha relação com os alunos tem-se pautado pela proximidade. Fruto da minha personalidade estabeleci sempre uma relação de empatia com a maioria dos alunos, estando presente dentro e fora das aulas, o que os leva a verem-me não só como professora

de Filosofia, mas como alguém que pode discutir com eles a escolha dos Exames a realizar, as opções a escolher no décimo segundo ano ou a que Cursos e a que Universidades concorrer.

Tendo consciência de que a maioria dos Pais/Encarregados de Educação não tem possibilidade de ajudar os seus filhos em situações como as descritas, uma vez que não detêm os conhecimentos adequados, penso que os professores, a par dos Psicólogos Educacionais, têm aqui um papel fundamental e, neste sentido, tenho estado presente sempre que tal me é solicitado.

2.2. Relação com os Pais/Encarregados de Educação

No presente ano letivo os meus contactos com os Pais/Encarregados de Educação têm sido escassos, pois que não exerço as funções de Diretora de Turma, sendo este o cargo que, por excelência, proporciona o contacto entre professor e encarregados de educação.

Posto isto, focarei a minha reflexão nas relações estabelecidas em anos anteriores.

Sendo apologista de que os agentes educativos devem trabalhar em conjunto, enquanto Diretora de Turma tentei sempre estabelecer uma relação de proximidade com os Encarregados de Educação. Na maioria das vezes, as crianças e jovens passam mais tempo na escola do que em casa com os pais (principalmente quando o nosso sistema educativo defende a “escola a tempo inteiro”) e isso permite que os professores estabeleçam com os alunos uma relação privilegiada e que se apercebam mais facilmente dos seus desejos, ambições, ansiedades ou angústias. Daí que professores e pais devem necessariamente trabalhar em conjunto.

Ao Diretor de Turma cabe o papel de intermediário quer entre alunos e restantes professores quer entre a escola e os Encarregados de Educação, neste sentido será, antes de mais, um mediador.

Penso que muitos dos desentendimentos entre os Pais e a Escola são devidos à falta de informação e de conhecimento de cada uma das realidades face à outra. Assim, os professores veem alunos, mas por vezes esquecem-se que cada um desses alunos é um indivíduo concreto com uma situação familiar específica que necessariamente interferirá

(para o bem e para o mal) na sua aprendizagem. Os contextos em que cada um de nós se insere e com os quais interage não são realidades isoladas mas interdependentes, sendo que uma alteração numa delas implica necessariamente consequências nas outras, tal como defende Bronfenbrenner.

Neste sentido, a relação que tento estabelecer com os pais é de respeito e confiança mútua, dando e recebendo informações sobre os diferentes micro contextos do aluno. Penso que esta troca de informações é essencial para uma convivência sã entre os diversos agentes educativos. A escola e a família devem ser partes integrantes de um todo e, como tal, deverão convergir numa mesma direção. Ora, tal convergência só é possível se houver partilha e comunicação entre as partes.

Assim, é fundamental que os professores do Conselho de Turma tenham consciência de que os alunos têm vivências que interferem com o seu comportamento e no seu processo de aprendizagem e tais informações só são possíveis se houver uma relação de confiança entre o Diretor de Turma e o Encarregado de Educação do aluno.

Por outro lado, os pais têm conhecimento do filho em contexto familiar, faltando-lhes por vezes a consciência de que em grupo os comportamentos são distintos, para além disso, devem ter conhecimento das reais dificuldades/potencialidades que o seu educando apresenta e tal conhecimento só é possível a partir do momento em que se disponibilizam a ir à escola e a manter um contacto assíduo com o Diretor de Turma.

É do conhecimento geral que entre as tarefas laborais e as domésticas os pais/mães não dispõem de muito tempo para a escola dos filhos, sendo que muitos entregam por completo a função educativa nas mãos da Escola, demitindo-se das suas verdadeiras funções enquanto pais e educadores.

Muitos encarregados de Educação assumem desde logo ser incompetentes no que concerne ao acompanhamento escolar dos seus educandos, não estando aptos quer no que concerne a eventuais esclarecimentos de dúvidas que a um possível controlo do estudo que deverá existir em casa.

Assim, porque entendo que o acompanhamento é essencial e também compreendo que não seja fácil a deslocação, principalmente em locais onde os transportes públicos são inexistentes, na primeira reunião do ano letivo disponibilizo, a par do meu horário de

atendimento, o meu contacto telefónico para o caso de necessitarem de comunicar comigo e não tenham disponibilidade para uma deslocação, mostrando-me desde logo disponível para responder a solicitações relacionadas com o percurso e desempenho escolar dos seus educandos.

Para além desta relação formal, estabeleço muitas vezes uma relação mais informal com os Encarregados de educação proveniente do acompanhamento dos alunos, quer por mim quer por eles, nas atividades extracurriculares.

No sentido em que algumas destas atividades implicam a apresentação pública, os Encarregados de Educação são sempre convidados a assistir e alguns deles aderem. Foi o exemplo de uma das sessões no Tribunal de Penafiel em que os alunos viram a sala de audiência cheia com os pais e Encarregados de Educação que se deslocaram ao tribunal para assistir à atuação dos seus educandos. Tais atividades têm também contribuído para uma maior aproximação entre a escola e a família.

2.3. Relação com os colegas e restantes funcionários

É política do Externato de Vila Meã não contratar professores para horários incompletos e distribuir as horas letivas pelos professores existentes. Assim, a maior parte dos docentes que aqui lecionam têm horários bastante preenchidos, que variam entre as vinte e quatro e as trinta e três horas letivas, às quais se somam as horas de complemento educativo. A este facto acresce que os docentes não recebem subsídio de alimentação, sendo em contrapartida disponibilizado o almoço na cantina da escola. Estes dois factos enunciados levam a que os docentes passem a maior parte do seu dia na escola e desfrutem de refeições em comum. Esta escola caracteriza-se, assim, por fomentar um maior contacto entre colegas o que inevitavelmente leva ao estabelecimento de laços de amizade e a uma maior partilha das vivências de cada um.

Posto isto, a relação que mantenho com grande parte dos meus colegas ultrapassou já a fronteira de uma relação laboral tendo-se transformado numa relação de amizade que transcende as fronteiras da escola.

A relação que mantenho com os meus colegas de trabalho é, assim, caracterizada pela partilha e pelo trabalho em conjunto com o objetivo de um enriquecimento conjunto e uma

melhoria na forma de trabalhar com os alunos. A título de exemplo, posso enunciar algumas das atividades já mencionadas, assim os “Jovens empreendedores” é realizada em conjunto com a colega de Economia; a visita de estudo a Oxford será uma realização conjunta entre os vários Departamentos Curriculares, contando com a colaboração de professores de Inglês, Matemática, Música, Economia e Filosofia ou por exemplo o “Parlamento Europeu dos Jovens”, realizado em colaboração com colegas do Grupo Disciplinar de Inglês.

Também nas aulas se faz notar esta colaboração, nas minhas aulas de Psicologia B, em colaboração com os colegas de História A e de Português, no final de cada Unidade Letiva, solicito aos alunos que elaborem textos escritos acerca de conteúdos lecionados utilizando a estrutura formal aprendida em Português e em História. Esta atividade tem como objetivo consolidar as aprendizagens na disciplina que leciono e, simultaneamente, permitir o treino na elaboração de textos argumentativos/expositivos, alvo de avaliação nos Exames Nacionais de Português e História A.

Penso que o facto de ser um corpo docente que se caracteriza pela estabilidade e pela boa relação entre colegas permite interações e partilhas que contribuem para uma melhoria constante da prática letiva.

No que diz respeito aos restantes funcionários tento manter uma relação cordial e baseada no respeito mútuo, considerando que todas as funções exercidas dentro de uma entidade são essenciais para o bom funcionamento da mesma, sendo que o reconhecimento da importância do trabalho dos restantes funcionários se apresenta como condição facilitadora das relações entre todos os colaboradores de uma instituição.

Qualquer empresa está sujeita ao cumprimento de determinadas regras sob pena de não alcançar os objetivos estabelecidos. Deste modo, tento cumprir as regras no que concerne a prazos (por exemplo para solicitar os serviços de reprografia ou relativos a serviços de secretaria), bem como colaborar com o Departamento da Qualidade no sentido de otimizar os documentos e os processos burocráticos. Mantenho também uma relação próxima com a Psicóloga Educacional, acompanhando os alunos do Secundário em algumas ações e visitas no âmbito da orientação vocacional.

No documento A prática docente: um olhar autorreflexivo (páginas 43-48)

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