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Proposta curricular da SEE para os ensinos Fundamental e Médio

CAPÍTULO 2 POLÍTICAS DE USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO

2.6 Proposta curricular da SEE para os ensinos Fundamental e Médio

Esse documento, elaborado pela Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, ancorada na LDB, tem como objetivo:

[...] o desenvolvimento das habilidades necessárias para que o aluno possa lidar com as situações práticas do uso da língua estrangeira, tendo em vista sua competência comunicativa, tanto na modalidade oral quanto na escrita, pautando-se pela flexibilidade nas escolhas dos procedimentos didáticos. Adota-se uma abordagem comunicativa com ênfase no desenvolvimento de habilidades para o uso da língua estrangeira em situações reais de comunicação15(PCSEE, 2005, p. 1).

Neste trabalho, o documento será identificado pela sigla PCSEE, para facilitar as citações. Logo em suas primeiras páginas, ao especificar as razões para se ensinar língua estrangeira em uma escola pública, fica evidenciado:

A aprendizagem de uma língua estrangeira, junto com a língua materna, é um direito de todo cidadão, conforme expresso na Lei de Diretrizes e Bases (1996). Embora esse seja um direito assegurado ao aluno da EDUCAÇÃO BÁSICA, a Escola Pública da Rede Estadual ainda não oferece as condições necessárias para o desenvolvimento adequado de habilidades comunicativas na língua estrangeira, configurando-se o cenário atual em termos das seguintes características: número de horas reduzido a, no máximo, duas horas 15 Todas as citações desse documento em que aparecerem trechos negritados, a responsabilidade pelos

de aula por semana; desvalorização da disciplina em relação a outras consideradas mais “nobres e importantes”; turmas numerosas, sem possibilidade de formação de subgrupos, material didático pouco adaptado ao contexto do aluno e à situação de aprendizagem; carência, na maioria das vezes, de material de suporte como salas-ambientes, gravadores, vídeos, biblioteca especializada, acesso à Internet, entre outros (PCSEE, 2005, p. 7). Portanto, não é de desconhecimento governamental a dificuldade encontrada pelas escolas públicas para implantar um ensino de língua estrangeira de qualidade e eficiência. No entanto, a importância de se aprender outra língua é um quesito fundamental na ampliação das visões de mundo do aluno:

[...] a aprendizagem de língua estrangeira contribui para o processo de formação integral do aluno e representa muito mais do que uma mera aquisição de formas e estruturas linguísticas em um código diferente. Ao mesmo tempo que aumenta a compreensão da linguagem e de seu funcionamento, também desenvolve uma maior consciência da própria língua materna. Por meio da língua estrangeira, ampliam-se as possibilidades de o aluno agir discursivamente no mundo e de compreender outras manifestações culturais próprias de outros povos (PCSEE, 2005, p. 7). O principal objetivo do ensino da língua estrangeira é “o desenvolvimento de habilidades para o uso da língua em situações reais de comunicação nas modalidades oral e escrita”. Ou seja, o ensino de gramática deve ceder lugar aos aspectos funcionais da linguagem, na construção da cidadania.

Concentram-se os procedimentos pedagógicos na integração destes quatro componentes de competência comunicativa: competência lingüística (conhecimento léxico-sistêmico e fonético-fonológico); competência textual (conhecimento sobre textualidade, continuidade temática, gêneros textuais, tipos de texto etc.); competência sociolingüística (adequação da linguagem às situações de interação) e competência estratégica (uso consciente de estratégias para lidar com situações e contextos pouco conhecidos nas várias interações do dia-a-dia por meio da língua estrangeira, tanto na modalidade oral quanto na escrita)

[...]

As formas gramaticais deixam de ser aprendidas/enfatizadas como um fim em si mesmas para serem entendidas e internalizadas como meios pelos quais é possível expressar propósitos comunicativos de acordo com o contexto das interações sociais (PCSEE, 2005, p. 8).

Consideramos pertinente reproduzir nesse trabalho a figura do documento que ilustra a interação entre esses diversos tipos de competência:

FIGURA 3 - Os quatro componentes da competência comunicativa Fonte: Proposta Curricular da SEE-MG, 2005

Como se percebe, essas competências atuam de forma integrada no ensino de línguas e devem ser perseguidas como metas pelos professores nos diversos segmentos da escola pública.

Na aprendizagem de uma língua estrangeira, entram em ação três tipos de conhecimento, a saber:

Saliente-se que, ao construir significados em suas interações com textos orais ou escritos para atingir seus objetivos comunicativos por meio da língua estrangeira, o aluno faz uso de três tipos de conhecimento: o conhecimento de mundo, o conhecimento léxico-sistêmico e o conhecimento sobre textos (organização textual) (PCSEE, 2005, p. 10).

A Figura 4, transcrita do documento, ilustra a integração entre esses três tipos de conhecimento:

FIGURA 4 - Os três tipos de conhecimento Fonte: Proposta Curricular da SEE- MG, 2005

Na seção “Novas tecnologias e ensino de língua estrangeira”, que interessa particularmente a essa pesquisa, são expostos alguns apontamentos pertinentes à nossa proposta.

Parte dos nossos alunos do Ensino Fundamental já pertence à era do ciberespaço: eles fazem downloads de filmes, conversam com amigos nas salas de bate-papo on-line, enviam e recebem e-mails, montam seus álbuns de fotografia (fotologs) e criam suas próprias homepages. O aprendizado pode se tornar mais motivante e desafiador caso o professor possa vir a capitalizar esses interesses dos alunos, visando ao desenvolvimento da competência comunicativa em língua estrangeira (PCSEE, 2005, p. 25). Nesse trecho, podemos verificar que são levados em consideração alunos de classe média, que têm acesso aos computadores em casa, ou nas escolas particulares. Não é o caso dos que estudam em escolas públicas, a maioria advinda das classes populares e que não tem acesso aos computadores nem conhecimento de como fazê-lo. Mesmo com a proliferação de lan houses, o custo, para o aluno das classes desprivilegiadas, é alto, o que impossibilita seu acesso contínuo às informações.

Observamos, portanto, a necessidade de implementar a “alfabetização digital” nas escolas, com a máxima urgência, para que o ensino de LI não se circunscreva às repetições de fórmulas gramaticais e de diálogos desvinculados da realidade dos alunos. Não basta que as diretrizes governamentais sejam progressistas, se a situação real das escolas não condiz com esse discurso.

A escolha desses documentos fundamentou-se no critério de amplitude: em primeiro lugar, buscamos um documento de sugestões, em âmbito internacional, publicado pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. As diretrizes desse órgão são normalmente consideradas, quando se vai conceder financiamento para projetos educacionais do Governo, por isso, consideramos significativo estudar o que esse documento diz a respeito de inclusão digital no ensino de LI. Em seguida, foi mostrado o documento máximo que regulamenta a Educação no Brasil; ainda em âmbito federal, foram revelados, também, documentos que versam a respeito de inclusão de novas tecnologias na Educação e, finalmente, as diretrizes estaduais para o ensino de LI na escola pública.