6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1. Proposta metodológica para o Plano de Manejo Simplificado/ Usos
Etapa 1 - Seleção da área
A região de Pouso Alto, com 9,6 mil hectares, situa-se entre os paralelos 13° 60’ 10” de latitude e 47° 27’ 29” de longitude, e abrange as serras do Segredo, do Silêncio e do Cristal, e os córregos Lajeado, Segredo e São Paulo. A área pretendida como reserva extrativista corresponde à antiga fazenda Campo Alegre, ao lado da rodovia GO 440. Trata-se de área estratégica para a preservação dos recursos hídricos da região, onde estão as cabeceiras mais altas do rio Tocantins, e também de sítios históricos da época da escravidão - Gruta da Igrejinha, Rego dos Bandeirantes e Muros dos Escravos. Dessa área, 35% seriam destinados a reserva legal e 65% à produção por meio de manejo sustentável.
A área escolhida para um experimento de manejo sustentável envolvendo o extrativismo de flores ornamentais e plantas medicinais, de 80 hectares, situa-se
dentro da fazenda Campo Alegre. A idéia é de que o experimento seja coordenado pelas associações locais, com orientação técnica do IBAMA e da EMBRAPA.
Etapa 2 - Caracterização socioeconômica e florestal
A ser realizada com o apoio de um questionário que aborde aspectos sociais e econômicos, bem como levante informações a respeito do cerrado ou campo sujo existente na área selecionada. Essa caracterização será bastante útil no planejamento do uso múltiplo da área, pois espelha o todo, além de identificar o potencial de exploração dos recursos naturais disponíveis.
Etapa 3 - Planejamento das Atividades de Manejo
a) Inventários florísticos (IF): básicos para o planejamento de todas as
atividades a serem desenvolvidas na área, deverão ser realizados em dois níveis, pelos próprios extrativistas, com apoio técnico especializado (IBAMA, EMBRAPA). O primeiro terá um caráter de diagnóstico e possibilitará determinar a aptidão da área selecionada para o manejo, bem como as estratégias de intervenção mais apropriadas. O método adotado neste nível será o sistemático, onde serão distribuídas 8 (oito) parcelas amostrais (FIGURA 15) de 10 x 100 m para cada talhão, o que representa 5,0% de intensidade amostral. Também será avaliada a regeneração natural por meio da medição de subparcela de 10 x 10 m. O segundo nível refere-se a um inventário pré-exploratório e aborda toda a área (100%), com vistas a determinar o volume de flores a ser retirado, além de permitir o planejamento da exploração dos produtos não-madeireiros.
80 ha
FIGURA 14 - Disposição das parcelas para implantação do experimento de manejo sustentável
b) Compartimentalização: a área será dividida em 8 (oito) compartimentos
(talhão), correspondente ao manejo de 80 ha, com isso, serão explorados cerca de 100% da área, sendo que cada compartimento terá cerca de 3,5 ha, serão explorados a cada ano 3,5 ha de Cerrado em cada compartimento. No total (para oitos compartimentos), serão explorados 28 ha ao ano.
c) Ciclo e intensidade de corte: o período mínimo entre um corte e outro
(ciclo), em cada compartimento de manejo, deve ser de 6 (seis) meses. Esse tempo curto é sugerido projetando-se uma intensidade de coleta em torno de 5 t./ha (considerada muito baixa se comparada à média de 10 t./ha praticada na exploração convencional atual. A exploração média por semestre, de acordo com a intensidade de extração de flores estabelecida, será em torno de 5 t. de flores por compartimento. Assim, a exploração para os 8 (oito) compartimentos média por ano, de acordo com a intensidade de desbaste estabelecida, será em torno de 40 t. de flores.
100 m Parcelas Amostrais
Nível I (parcelas 10x100 m): touceira de flores < = 50 cm
Nível II (parcelas 10 x10 m): touceira de flores entre : 10 cm a 50 cm
10 m
Nível I Nível II
d) Exploração de flores: deve ser realizada manualmente, com a utilização
de tesoura e facão. As flores seriam retiradas de forma a não prejudicar a touceira-mãe e procurando reduzir ao máximo os danos à planta através de corte orientado. O transporte das flores (na forma de fardos, maços etc), da área até ao galpão por veículos da associação e o transporte secundário (aos centros de consumo), por caminhões.
e) Tratamentos silviculturais: na condução da regeneração natural devem
ser utilizadas técnicas de regeneração e enriquecimento, tais como o lançamento de sementes ou mesmo plantio de mudas de espécies valiosas.
Etapa 4 - Monitoramento Ambiental
Objetiva estudar as respostas do Cerrado às intervenções previstas, bem como avaliar os efeitos dessas intervenções nos ecossistemas. É uma forma de identificar possíveis falhas no processo para se fazer as correções julgadas necessárias, dentro do compartimento de manejo, através de inserções de parcela ou manejo.
Etapa 5 - Processamento primário das plantas coletadas
O processamento das plantas será feito dentro de uma estufa de alvenaria com tecnologia moderna e de baixo custo, utilizada na secagem de castanha do Brasil no estado do Acre, evitando a perda do material coletados, melhorando a qualidade e as quantidades dos produtos beneficiados.
Etapa 6 – Comercialização
Deve obedecer as regras de mercado. Para conhecer essas regras, devem ser efetuados estudos periódicos de situação (mercado), de modo a identificar qual ou quais as opções que se apresentam como mais viáveis. Num primeiro momento, o principal mercado será o local, que todavia poderá expandir-se
à medida que melhorem os processos de beneficiamento e os meios de escoamento da produção, com a formação de vendas em cooperativa, evitando o atravessador.
Como preparação para a aplicação da metodologia proposta, deve ser realizado o treinamento inicial dos extrativistas e beneficiadores em técnicas adequadas de manejo de uso múltiplo sustentável.
A cada ano de execução do Plano de Manejo deve ser realizada uma avaliação do impacto social e econômico das atividades implementadas, especialmente no que se refere à melhoria da qualidade de vida dos extrativistas e artesãos diretamente envolvidos, que pode ser expressa em índices socioeconômicos.
Uma vez implementado o Plano de Manejo Simplificado proposto acima, com apoio permanente de órgãos governamentais como o IBAMA e a EMBRAPA, as atividades na área consistirão, basicamente, no ordenamento operacional das próximas intervenções, no suporte à comercialização da produção e no monitoramento dos efeitos do manejo florestal - no campo e nas condições socioeconômicas dos participantes. Esse monitoramento fornecerá elementos técnicos indispensáveis para o aprimoramento das intervenções subseqüentes, de modo a assegurar o êxito do manejo florestal de uso múltiplo.
Os resultados obtidos serão apresentados conforme cada objetivo especifico, proposto anteriormente.
Segundo os depoimentos dos entrevistados, a dinâmica comercial de produtos extrativistas entre as décadas de 70 e 80 era muito intensa, pois a maioria da população de Alto Paraíso tinha nestes produtos sua principal fonte de renda. Para eles, “o comércio era forte e os preços eram bons”.
O sistema mais comum de comercialização de produtos tinha origem no produtor/extrator, que vendia sua produção familiar ou individual para um comprador da comunidade. Este, previamente em acordo, com o atravessador que comprava toda a safra da região de coleta. Destes locais a mercadoria seguia para um
comerciante de maior porte, podendo ser também um exportador, geralmente localizado na cidade de Curvelo, Diamantina em Minais Gerais.
A tabela a seguir representa as quantidades médias comercializadas desses produtos a cada safra no município de Alto Paraíso, pelo grande comerciante da época.
TABELA 8 - Preço do Produtos florísticos comercializados em Alto Paraíso – GO
Kg Valor em salários mínimos
300 Meio salário mínimo
500 Um salário mínimo
600 Um salário mínimo e vinte e cinco centavos
800 Um salário mínimo e meio
1000 Dois salários mínimos 2000 Quatro salários mínimos 3000 Cinco salários mínimos
FONTE: Chapada dos Veadeiros no Marco Teórico o Desenvolvimento Sustentável
Observa-se a falta de dados oficiais sobre a questão na mesma época, mesmo considerando que a amostra utilizada para obtenção desses dados não é representativa.
Quanto ao controle de qualidade dos produtos, os depoimentos revelam que as flores eram avaliadas principalmente pelo seu estado de desidratação e pela cor, o que atestava o procedimento correto de secagem das flores. No entanto, os extrativistas esclareceu que na verdade esses parâmetros não tinham importância para o comerciante local, mas era nesta hora que a qualidade determinava o preço a ser pago.
Perguntados se o declínio do comércio extrativo havia mudado a vida das pessoas do ponto de vista de renda, a maioria os respondeu que sim, dizendo que hoje todos estão mais pobres.
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ANEXO A
MODELO DE FORMULÁRIO APLICADO NA PESQUISA DE CAMPO 1 – Identificação
01 – Nome :___________________________________ 02 – Idade:_________ 03 – Endereço: ____________________________
04 – Local de residência :
área urbana:_________; areal rural:________; outro local :____________ 05 – Participação de alguma entidade:
05.1 – Religiosa ?:____________________________ 05.2 – Cooperativa ?;__________________________ 05.3 – Associação?:___________________________ 05.4 – Sindicatos?:____________________________ 2 – Moradia:
02.1 – a casa onde mora é própria ? :________________________________ 02.2 – condições de moradia? :_____________________________________ 02.3 – tem rede elétrica? : ____________; 02.4 – outros:_________________ 3 – Transporte
03.1 – qual o transporte que utiliza?:___________________________________ 03.2 – qual a dificuldade encontrada nos transportes? ____________________ 03.3 – qual a distancia do serviço?:_____________________________________ 4 – Características do Extrativista
04.1 – Trabalha hoje com extrativismo de flores? 1 – SIM :______; 2 – Não ____ 04.2 – se não, em que ano trabalhou ? _________________________________ 04.3 – quais os principais motivos que o levaram a parar a colher
flores?:__________________________________________________________ 5 – Que tipo de flores colhe? _____________________________________ 6 – Como Realiza a colheita
06.1 – Colhe tudo? _________; 06.2 – Colhe seletivamente?:_________; 06.3 – Colhe sozinho ?___________; 06.4 – Colhe com a família;______; 06.5 outros?_______
7 – Nome dos compradores: (quantidade vendida em Kg/safra).
07.1 – Turista ? ___________; 07.2 – Intermediário (nome) ?________________; 07.3 – Lojas ?________________; 07.4 – outros?________________________
ANEXO B
Modelo de Projeto de Manejo Florestal Comunitário/Individual Sustentável Simplificado elaborado pelo IBAMA
Gerência Executiva do IBAMA – GEREX: __________/_____.
Protocolo: Ano: 1 – Informações Gerais: 1.1 – Requerente: Nome:_______________________________________________________ Endereço completo: ____________________________________________ C.P.F: ___________________ Registro nº IBAMA:____________________ 2 – Informações da Propriedade/Posse: Denominação: ________________________________ Localização: __________________________________ Área total manejada: ____________________________ Área de Reserva Legal: _________________________ Área de Preservação Permanente: ________________ Área já Convertida:_____________________________
Produto/Espécie a ser manejada: __________________________ Área a ser manejada: ___________________________________ 3 – Coordenadas Geográficas
Local Latitude:____________ Longitude: __________________ ______________________________ Data : _______/______/______ Proprietário/Possuidor Testemunhas: Nome:___________________________________________________ RG/N°_______________________ CPF/N°:___________________ _____________________________ Assinatura Nome :_________________________________________________ R.G/N°_______________________ CPF/N°:____________________ _____________________________ Assinatura ____________________________________________ Visto e carimbo do técnico da DITEC:
Plano Operacional Anual (POA) de PMFS Individual 1 – Identificação do POA – Plano Operacional Anual
Detentor: _______________________________________________ CPF:___________________ Protocolo/Ano: __________________ GEREX/IBAMA: ________________________
Denominação da Propriedade: ___________________________________________ Coordenadas Geográficas
Local Latitude:____________ Longitude: __________________
2–Sistema de Exploração:______________________________________________ Número de Ordem do POA: __________ N° UPA:________ Área da UPA1100:_______ Quantitativo da UPA a ser autorizada:_______________(m³ / kg / outros)
Quantidade média autorizada por ha: _______________ Equipamento de corte/abate: ______________________ Pessoal envolvido no corte/abate: __________________ Meio de transporte: ______________________________ Tratos culturais previstos: _________________________
3 – Beneficiamento e Comercialização:
Forma de beneficiamento: _________________________ Local de comercialização: _________________________
COORDENADAS GEOGRÁFICAS DA UPA
Descrição do Ponto
Latitude Longitude Descrição do Ponto Latitude Longitude ______________________________________ Data:______/_______/________ Propriedade/Possuidor Testemunhas: Nome: _________________________________ CPF/N°:_____________ RG/N°_____________ _____________________________ Assinatura Nome: _________________________________ CPF/N°:_____________ RG/N°_____________ _______________________________ Assinatura 1 100
PLANO DE COLETA ANUAL – PCA (PROPOSTO PARA FLORES) 1 – Identificação do POA. Detentor: ______________________________________ C.P.F:______________ Protocolo/Ano do PMFS INDIVIDUAL:_______________ GEREX/IBAMA:________________ Denominação da Propriedade:
Número do POA:______________ Número da UPA:_______________ Espécie a ser explorada: ______________________ Área UPA:______________
Área (ha) Quantidade
(unidade) Descrição Consumidores Relação dos
Quantidade Total:______________________ (Unidade)
_____________________________ Data:______/______/_____
PLANO DE COLETA ANUAL – PCA (Plantas Medicinais) Relações de indivíduos a serem coletados – PMFS INDIVIDUAL
1 – Identificação do POA
Detentor :_______________________________________CPF:______________ Protocolo/Ano do PMFS INDIVIDUAL:________________GE REX/IBMA:_______ Denominação da propriedade: _________________________________________ N° POA:____________ Número da UPA:___________ Área UPA:___________ Espécie a ser Explorada: ________________
Ficha:_____________ De:_________________
Área N° Cap N° Quant.
Unid. Espécie Destinação Observação
QUALIDADE TOTAL:_______________
____________________________________ DATA:______/_____/_____ Proprietário Possuidor
RELATÓRIO DOS INDIVIDUOS COLETADORES – PMFS INDIVIDUAL 1 – Identificação do POA
Detentor:____________________________________CPF:__________________ Protocolo/Ano:__________________________GEREX/IBAMA:______________ Denominação da Propriedade:_________________________________________ Número do POA:__________ N° UPA:___________ Área UPA:_________ Espécies Exploração:
Número Quantidade (Unidade)
Número Destinatário Consumidores Área Ha Número CAP (cm) Volume
Unid.
Quantidade/Volume total explorado: ____________________
__________________________________ Data:_______/______/______
RELATÓRIO ANUAL DE ATIVIDADES – PMFS SIMPLES 1 – Identificação do PMFS INDIVIDUAL Detentor:______________________________________ CPF:_______________ Protocolo/Ano:_________________GEREX/IBAMA:________________________ Denominação da Propriedade:_________________________________________ 2 – Sistema de Exploração:
Área total manejada: ____________ ha
Número de ordem do POA:________ N° ________ Área UPA:___________ha Quantidade/Volume total autorizado:____________________________________ Quantidade/Volume explorado: ________________________________________ Pessoal envolvido coleta/corte/abate: ___________________________________ Meio de transporte: _________________________________________________ -Trato Silviculturais realizados : ________________________________________ - Espécie/Produtos Explorados: ________________________________________ 3 – Beneficiamento e Comercialização: Formas de beneficiamento: ___________________________________________ Local de comercialização:_____________________________________________ Comprador (es): ____________________________________________________ __________________________________ Data: _____/____/_____ Proprietário Possuidor