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4. Caracterização da empresa estudada e do ambiente de simulação

4.4. Proposta para utilização do método da Corrente Crítica na empresa estudada

A simulação realizada nesta tese fez uso de softwares disponíveis no mercado e utilizou o mesmo procedimento empregado e devidamente adaptado na dissertação de mestrado de Campanini (2008), na qual foi aplicado para simular a realização de um único projeto em uma empresa de bens de capital.

Na dissertação supracitada, foi estabelecido um cronograma de atividades para representar a maioria dos equipamentos fabricados na empresa naquele período do estudo. Este cronograma englobou todo o processo produtivo de um

equipamento, ou seja, desde o momento da elaboração dos seus desenhos até a atividade de expedi-lo.

A variável analisada, na simulação da dissertação, foi o tempo, o qual foi medido em dias. O lead time médio dos projetos estudados fica em torno de sete meses ou duzentos e dez dias e, com isso, suas atividades têm durações que permitem uma atualização que seja no mínimo diária. Qualquer atualização inferior a um dia seria inviável, pois, os cronogramas dos projetos, que são os documentos oficiais de acompanhamento dos contratos, têm a duração mínima de um dia para cada atividade.

Os dados coletados para a simulação da dissertação foram originados de especialistas que estimaram seus valores. Tais valores trazem embutidas margens de segurança baseadas nas suas piores experiências anteriores. As durações estimadas para cada uma das atividades da rede do projeto adotada para o estudo podem ser vistas na Figura 4.1.

Figura 4.1: Estimativas de tempo Fonte: Adaptado de Campanini (2008)

A seguir, na Figura 4.2, podem ser observados os tempos estimados dispostos nas atividades seqüenciadas na rede de atividades do projeto estudado.

Figura 4.2: Atividades do projeto em rede Fonte: Campanini (2008)

A rede de atividades mostrada na Figura 4.2 foi o ponto de partida para o estudo da simulação realizada na dissertação. Ela foi a base para aplicação do método da Corrente Crítica. A Figura 4.3 exibe a mesma rede com parte dos tempos das atividades subtraídos. No estudo o tempo de cada uma das atividades foi reduzido em 50% para a construção dos pulmões de tempo, como demonstrado no tópico 3.3.3.3 deste texto.

Figura 4.3: Rede de atividades com tempos subtraídos das atividades Fonte: Campanini (2008)

Com os tempos subtraídos, no próximo passo do método foi a criação dos pulmões de tempo. Para este exemplo, foram criados dois pulmões de tempo, o pulmão de Convergência e o pulmão de Projeto. Tais pulmões podem ser vistos na rede de atividades apresentada na Figura 4.4.

Figura 4.4: Adequação da rede de atividades ao método da Corrente Crítica Fonte: Campanini (2008)

Os tempos para a realização das atividades foram gerados aleatoriamente, seguindo uma distribuição de probabilidade lognormal. Esta distribuição é citada por Harrel et al. (1995), por Law e Kelton (2000), por Newbold (2002), por Leach (2004) e por Xie et al. (2010), como sendo a mais adequada para representar os tempos de realização de tarefas.

O andamento do projeto simulado foi monitorado e controlado por meio de gráficos de controle dos pulmões de tempo. Com os tempos das atividades gerados,

os valores foram sendo plotados nos gráficos de controle dos pulmões de tempo e ações foram sendo tomadas à medida que fossem necessárias.

Já para um ambiente com mais de um projeto, outras variáveis precisam ser analisadas e consideradas na simulação. A seguir é apresentada uma primeira prospecção do que foi considerado neste doutorado.

A rede de projetos apresentada na Figura 4.5 mostra a rede de alguns projetos. As letras representam os recursos e os números representam a quantidade de dias para a realização das atividades.

Figura 4.5: Redes de atividades de 3 projetos

O exemplo da Figura 4.5 mostra três redes de atividades, sendo cada uma delas um projeto distinto. Como pode ser observado, cada projeto necessita de recursos específicos, representados por letras, e durante alguns tempos específicos, representados pelos números.

Tendo como base esses três projetos representando um ambiente de múltiplos projetos, o primeiro passo para a aplicação do método da Corrente Crítica, segundo Cohen et al. (2004), é tratar cada projeto da rede como um único projeto. Dessa forma cada projeto terá os tempos de cada uma das atividades reduzidos em 50%, para depois criar os pulmões de tempo dos projetos. A Figura 4.6, a seguir, apresenta essa redução nos tempos das atividades para cada um dos projetos.

Figura 4.6: Redução dos tempos das atividades em 50%

De acordo com Cohen et al. (2004), o próximo passo da aplicação do Método da Corrente Crítica no ambiente de múltiplos projetos, é a resolução de conflitos entre o recurso gargalo por meio da defasagem dos projetos. De acordo com Leach (2004), é o recurso gargalo, também chamado de recurso tambor dos projetos, que vai determinar a data de início de cada projeto. Como pode ser observado na Figura 4.7, existe conflito na utilização do recurso “C”.

Figura 4.7: Conflito de recurso

Este conflito do recurso “C” poderá ser solucionado defasando sua utilização ao longo do tempo. A Figura 4.8 que segue, mostra a resolução deste conflito com a disposição do uso do recurso “C” em seqüência.

Figura 4.8: Resolução do conflito do recurso “C”

Com a resolução do conflito na utilização do recurso “C”, o próximo passo do método da Corrente Crítica é a identificação da Corrente Crítica entre todos os projetos, a qual é estabelecida pela seqüência das atividades dos projetos que tenham a maior duração, incluindo a dependência entre recursos. A Corrente Crítica do exemplo em referência pode ser vista na Figura 4.9, a seguir, representada pela linha tracejada.

Figura 4.9: Identificação da Corrente Crítica no ambiente de múltiplos projetos

A criação dos pulmões de tempo é o próximo passo do método. A Figura 4.10 apresenta os pulmões de tempo necessários para a rede de projetos exemplificada, assim como suas localizações.

Figura 4.10: Localização dos pulmões de tempo no ambiente de múltiplos projetos

Foram necessários quatro pulmões de tempo para a rede de projetos mostrada na Figura 4.10. Como pode ser visto, são três Pulmões de Projeto representados por “PP” e um Pulmão de Convergência representado por “PC”. Cada um dos pulmões de tempo é composto por 50% do tempo subtraído das atividades que o precede.

Cohen et al. (2004) citam que após a identificação da Corrente Crítica no ambiente de múltiplos projetos, o Pulmão de Capacidade deverá ser colocado entre as atividades que utilizam o recurso tambor em diferentes projetos. Ainda segundo esses autores, não existe na literatura um padrão que estabelece o tamanho do Pulmão de Capacidade, contudo, eles sugerem que tenha 50% da duração prevista para a atividade do recurso tambor. A Figura 4.11 mostra a localização dos Pulmões de Capacidade e seus valores com base nos autores citados neste parágrafo.

Figura 4.11: Localização dos Pulmões de Capacidade

Da forma que foi sugerido por Cohen et al. (2004), os Pulmões de Capacidade estão protegendo o recurso tambor de eventuais atrasos que possam ocorrer

na sua utilização por atividades de projetos distintos. Os valores destinados aos Pulmões de Capacidade foram de 50% da duração estimada para sua atividade. Os valores incluídos nos Pulmões de Capacidade foram subtraídos dos Pulmões de Projeto dos respectivos projetos onde estão localizados.

Como pode ser notado, quando se aumenta a quantidade de projetos a ser considerada em uma simulação, a aplicação do método da Corrente Crítica, se torna mais complexa, pois, as variáveis a serem consideradas tendem a aumentar.